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História Kairos - On


Escrita por: AnaRachelCamren

Capítulo 11 - On


Fanfic / Fanfiction Kairos - On

P.O.V Camila

Meu despertador tocou alto, e eu soltei um rugido mais alto ainda, esticando meu braço para desliga-lo. Bocejei, olhando ao redor, e sentei na cama com os olhos arregalados ao ver que já era de manhã e que eu ainda estava usando o biquíni de ontem. Lembrei que eu tinha chegado em casa, me jogado na cama e pegado no sono. Ou seja, eu estava dormindo a quase 20 horas. Como se em resposta ao despertar da minha quase hibernação, meu estômago roncou em um estrondo intenso. Realmente, eu nunca tinha passado tanto tempo sem comer. 

Levantei para tomar um banho rápido, parando antes apenas para checar meu celular, e ao ver 17 chamadas perdidas e 9 mensagens da Ashlee, revirei os olhos, seguindo para o banheiro.

Coloquei Sleeping At Last no último volume e entrei no chuveiro, ligando a água no mais quente possível, para sentir minha pele arder ao entrar em contato com ela. Fechei os olhos e deixei que ela lavasse todo o meu corpo e meu cabelo e me relaxasse ao mesmo tempo. Esfreguei meu shampoo favorito, de morango, no meu couro cabeludo, deixando depois que escorresse por todo o comprimento dos fios. Quando me certifiquei que ele estava bem limpo, o penteei e me ensaboei. Poucos minutos depois, já estava pronta para sair.

- Meu Deus, ela está viva! - Dinah gritou ao me ver entrar na cozinha.

- Muito engraçadinha você - fingi um sorriso, e abri a geladeira para pegar um copo de leite.

- É sério, Mila, a gente passou uns 10 minutos tentando te acordar mas você nem reagia.

- Nossa, e nem por um momento vocês se preocuparam a ponto de chamar uma ambulância?

- A Ally sugeriu, mas eu chequei sua temperatura e você estava quente...bom, pelo menos morta a gente sabia que você não estava - deu de ombros - Ai combinamos de tentar te acordar de novo se você não despertasse até amanhã.

- Amanhã?! 48 horas depois?! - assentiram - Meu Deus, eu realmente espero nunca precisar de vocês pra nada.

- Não exagera, sua ingrata - apertou os olhos, balançando a cabeça - E saiba que a gente ia sentir muito a sua falta se você morresse. 

- Sei - revirei os olhos - Vocês não iam nem no meu enterro.

- Ué, eu achei que você queria ser cremada.

- Ei, vamos parar com essa conversa? Que coisa trágica - Ally nos interrompeu com uma cara feia enquanto alimentava os gatos - Acho bom as lindinhas se apressarem ai se quiserem pegar minha carona, eu já estou pronta.

- Valeu Allycat, mas eu acho que só vou mais tarde.

- Hum...acho melhor você ir com a gente, Mila - falou, séria - A diretora te procurou o dia todo ontem.

- O que? Por que? O que aquela velha quer comigo agora?

- Eu não sei, por isso é melhor você estar lá o mais cedo possível.

- Tá - bufei - Vou pegar minha mochila.

...

 

Depois de sair do carro da Ally e me despedir das meninas, segui para o meu armário para pegar os livros para as próximas aulas e depois passaria na sala da diretora. Porém não foi preciso.

- Camila? - senti uma mão no meu ombro e me virei, dando de cara com o meu professor de filosofia.

- Oh, oi Sr. Moore. Hum...tudo bem com você? - franzi a testa, confusa.

- Tudo certo. Eu imagino que você já tenha sido avisada por suas colegas de apartamento que a direção estava a sua procura ontem - cruzou os braços gordos e peludos enquanto me encarava, sério.

- Já sim. Por que? Algum problema?

- Nenhum, nós só precisamos que você nos entregue um atestado que justifique sua falta no meu teste surpresa ontem.

- Teste surpresa? - engasguei.

- Sim.

- Atestado?

- Senhorita Cabello, você está com problema de audição? Precisa que eu repita a frase?

- Não, não. O que acontece, Sr. Moore - cocei a cabeça - É que eu não tenho um atestado. Não tem nenhum jeito de você me deixar fazer o teste hoje? Eu estou super disponível para faze-lo agora, inclusive! Já nem estava pensando em ir para a primeira aula mesmo.

- Sua primeira aula é a minha, senhorita Cabello - falou sério e eu abri a boca para me justificar mas nenhum som saiu dela. Respirou fundo - Camila, esse foi o terceiro teste da minha matéria que você faltou esse semestre. Desse jeito você não me dá outra escolha a não ser te reprovar.

- Me reprovar? Mas...mas eu achei que minhas notas estavam na média.

- Sim, nas provas que você fez seu desempenho foi mediano, mas sem as notas dos testes que você faltou, sua pontuação caiu muito.

- Não tem nada que eu possa fazer? Um trabalho extra, uma segunda chamada...?

- Sinto muito, Camila, mas você deveria ter corrido atrás disso antes.

- Você inventa de fazer a merda de um teste surpresa e a culpa é minha? - revirei os olhos e ele apertou os lábios.

- Essa é exatamente a finalidade dos testes surpresa.

- Que seja.

- Tudo bem. Bom, eu vou indo. Vejo você na aula - acenou para mim com a cabela e seguiu pelo corredor em passos rápidos. Depois de pegar os livros e trancar o armário, o acompanhei.

Depois de tanto tempo matando aquela aula, acho que não lembrava o quanto ela podia ser torturante. O que era para ser apenas 60 minutos acabou passando mais lento do que uma lesma apostando com uma tartaruga quem consegue ser mais devagar. As outras também não foram melhor, e eu praticamente voei para fora da faculdade quando o sinal tocou. Graças a ele eu não cometi suicídio me jogando de uma daquelas janelas.

Peguei o ônibus de sempre para a casa da Lauren e aproveitei aquele tempo que eu tinha até lá para atualizar minhas redes sociais. A primeira foto que apareceu quando abri o Instagram foi uma postada a poucos minutos por minha mãe, da família inteira comemorando o aniversário de minha avó. Sorri fraco e pensei em comentar, mas meus dedos hesitaram. Eu sentia tanta falta de casa que as vezes era difícil controlar a vontade de arrumar as malas e pegar um voo só de ida pra lá. Mas ao mesmo tempo todos pareciam tão felizes sem mim...quando eu estava por perto tinha sempre tantas brigas, estresse, gritaria. Agora que eu estava longe, eles finalmente tinham se livrado da menina mimada e problemática que sempre estragava tudo.

Suspirei ao ver que já estávamos chegando no ponto e apertei o botão para que o ônibus parasse. Depois que desci dele, a medida que eu andava até a casa, torci para que os meninos não estivessem mais chateados comigo.

- Camila! - Logan comemorou ao me ver e eu abri um sorriso enorme. Estava tudo bem. Liam veio logo em seguida, correndo, para me agarrar pelas pernas.

- Meus amores! Como vocês estão?

- Camila, você pode me ajudar a fazer um desenho para a aula amanhã? - o mais novo pediu, com um biquinho irresistível, e o mais velho balançou a cabeça, bravo.

- Não! - me puxou - Ela vai me ajudar com meu dever de matemática primeiro! É muito mais difícil!

- Mas eu pedi primeiro, Logan! - bateu os pés.

- Meninos, calma! - intervi, colocando minha mochila em cima do balcão - Eu vou ajudar os dois. Logan, eu vou ajudar  seu irmão primeiro porque vai ser mais rápido. Enquanto isso você vai tentando fazer os exercícios. Pode ser? - Liam pulou de excitação mas Logan cruzou os braços - Por favor?

- Tá - revirou os olhos e eu passei a mão por sua barriga, fazendo carinho.

- Obrigada, meu anjo. Agora vai lá estudar no seu quarto - e então me virei para Liam, que já estava sentado no chão com todos os lápis de cor espalhados ao seu redor, e um grande papel em sua frente.

- Então, sobre o que você tem que desenhar? Ou é tema livre?

- Alguma coisa legal que eu fiz essa semana...eu quero desenhar o Logan, a mamãe, eu e o Luis e o castelo que a gente fez na praia ontem!

- Luis? - estranhei.

- É, um homem que a mamãe conheceu na praia ontem - deu de ombros - Ele pediu o número dela quando a gente estava indo embora.

- Boa tarde, Camila - Lauren entrou na sala, pronta para voltar para o trabalho - Você pode vir aqui um segundo? - assenti, pedindo para Liam ir começando sem mim e a segui até a cozinha.

- Hum...aqui está pelas suas horas de ontem, na praia - contou algumas notas de dinheiro - Eu deixei algumas compras na geladeira e...

- Ah não, de novo isso não - revirei os olhos, bufando. 

- O que?

- Eu não quero esse dinheiro, isso é ridículo, Lauren - neguei com a cabeca quando ela tentou me empurrar as notas.

- Ridículo foi eu ter te tirado do seu dia de folga para me fazer companhia na praia, então por favor, aceite - tentou me empurrar o dinheiro mais uma vez, só que dessa vez eu o peguei.

- Eu não quero essa merda, eu não fui por isso! - gritei, puxando seu braço para enfiar o dinheiro de volta na sua mão. Sem querer cravei minhas unhas ali e depois o empurrei de volta com mais força do que o planejado e ele bateu com tudo na geladeira, provocando um barulho muito alto. Lauren soltou um gemido de dor e automaticamente empalideceu, e quando foi levar a mão trêmula ao local machucado, procurou algo para se apoiar, quase caindo em falso.

- Lauren? - corri para ajuda-la a continuar em pé, a segurando firme pela cintura - Desculpa, mil desculpas. Você está bem?

- Desculpa, Camila. A culpa foi toda minha - falou fraco.

- O que? Lauren, eu que tenho que te pedir desculpas - quando encostei em sua mão, me assustei ao ver o quanto estava fria - Meu Deus, você está gelada. Vem, você precisa sentar - a guiei cuidadosamente até o sofá.

- Me desculpa, Camila. Eu não deveria... - sussurrou.

- Meu Deus, por que você continua pedindo desculpas se você não fez nada? - falei alto e ela abaixou a cabeça, com os olhos marejados.

- Eu...eu...estou bem, Camila.

- Não, não está - a olhei preocupada - Eu vou medir sua pressão.

- Não precisa - respirou fundo. De canto de olho pude ver Logan, que tinha saído de seu quarto, assistir tudo encostado na parede do corredor, e quando viu que eu estava vendo, correu de volta para dentro. Franzi as sobrancelhas, confusa.

- Vou pegar um copo de água gelada então - ela assentiu, fechando os olhos em seguida, com a cabeça apoiada em um travesseiro e eu aproveitei para ir até Logan.

- Está fugindo de mim, meu amor? - ri, fazendo carinho em sua cabeça e ele negou com a mesma - Então por que correu quando eu percebi que você estava nos olhando lá na sala?

- Não sei - deu de ombros.

- Foi por que você viu a mamãe passar mal e ficou com medo? - negou com a cabeça - Por que foi então? - não respondeu - É normal isso acontecer com a mamãe?

- O barulho? - finalmente olhou nos meus olhos e eu franzi a testa, sem saber do que ele estava falando. Que barulho? Mas assenti assim mesmo - Sim.

- Entendi - menti - Vou deixar você continuar seu dever então - deixei um beijo em sua testa e sai, indo na cozinha pegar o copo de água.

- Como você está se sentindo? - afastei uma mecha que teimava em cair sobre seus olhos e a entreguei o copo.

- Bem - respondeu, já com mais cor nas bochechas - Acho que foi só uma rápida queda de pressão mesmo.

- E é normal de acontecer? Você tem algum problema de pressão baixa?

- Não, nunca aconteceu, na verdade - balançou a cabeça - Obrigada, Camila - me devolveu o copo de água vazio e se apoiou no braço do sofá para tentar se levantar.

- Ei, ei, onde pensa que vai? - a abaixei pela cintura - Você vai ficar deitadinha ai, e eu vou preparar alguma coisa pra você comer.

- O que? Camila, eu tenho que ir trabalhar.

- Você tinha que ir trabalhar. Pode me dar o número de sua chefe que eu vou ligar e explicar que você passou mal.

- Mas eu já estou bem - insistiu.

- Mesmo assim, não vamos arriscar. 

- Que eu saiba você é babá dos meus filhos e não minha - bufou.

- É, mas hoje você tá precisando ser cuidada também. Me deixa fazer isso, ok? - falei calmamente, passando os dedos gentilmente pelo seu braço e um pequeno sorriso brotou no canto de seus lábios.

Aquela era a única resposta que eu precisava.

 



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