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História Kairos - Down


Escrita por: AnaRachelCamren

Notas do Autor


GENTE, q dia foi esse?? A gente não teve um minuto de paz nesse fandom, jesus!!

Capítulo 15 - Down


Fanfic / Fanfiction Kairos - Down

P.O.V Camila

Depois que chegamos em casa, os meninos pediram para brincar com massinha de modelar e eu concordei, ajeitando um cantinho na sala para forrar com plástico, evitando, assim, manchas e massinha grudada no chão. Enquanto os dois brincavam, não pude deixar de observar Logan atentamente: seu sorriso inocente ajudando o irmão a abrir os potes, sua gargalhada,  seus olhos doces. Qual a chance de aquilo tudo que tinha acabado de acontecer ser fruto da sua imaginação? Durante todo o tempo cuidando deles, nunca o vi jogar nenhum jogo violento, nenhum sequer. Pelo contrário, só gostava dos infantis, de corrida e esportes.

Porém, é um fato comprovado que crianças nessa idade são como esponjas, absorvem tudo ao seu redor. Liam talvez ainda fosse muito pequeno para entender o que estaria acontecendo, mas o Logan...2 anos faziam uma grande diferença, o que era claro entre eles já que o mais velho estava sempre ensinando algo novo para o pequeno. Só de pensar naquela possibilidade, daquilo que ele disse ser real, era a mesma sensação de como se minhas entranhas se misturassem como uma sopa dentro de mim.

- Camila, você não vai nos ajudar a construir a cidade? - Logan me cutucou, me despertando.

- Uma cidade de robôs! - o outro completou, em um tom maravilhado, como se fosse a ideia mais genial que um ser humano já teve, e eu comecei a moldar um pedaço de massa laranja. Não estava com a menor vontade de brincar daquilo mas concordei, afinal, seria só por poucos minutos até eles enjoarem e optarem por outra brincadeira.

Entretanto, eu não podia estar mais enganada dessa vez. Eles só cansaram depois de horas, quando já tínhamos moldado praticamente os Estados Unidos inteiro de massinha, com casas, shoppings, um parque e até um estacionamento para os carros dos robôs. Logan se recusou a destruir o trabalho mesmo depois de eu tentar explicar umas mil vezes que se não guardasse no pote a massa endureceria, e nos fez colocar tudo dentro de um aquário velho no quarto.

Quando finalmente terminamos, na mesma hora que eu ia checar a hora em meu celular, o barulho de chaves abrindo a porta chegou até nossos ouvidos e os meninos correram como duas flechas para ver a mãe. Enchi meus pulmões de ar e os segui, com o lábio inferior sendo pressionado entre meus dentes para tentar aliviar a tensão.

- Boa noite, Lauren - falei, quase hesitando, quando a vi entrar em casa rapidamente, tirando os saltos e jogando a bolsa em qualquer canto da sala. Nem ao menos parou para me responder direito.

- Boa noite, Camila. Como foi com a diretora do Logan hoje? - não parava de se mover de um lado para o outro.

- Bom...ele foi suspenso pelos próximos dois dias.

- Oh não, o que você aprontou, meu macaquinho? - abaixou carinhosamente na altura do mais velho, aproveitando para ajeitar seus cabelos lisos com a ponta dos dedos.

- Então, sobre isso, Lauren...

- Droga! - me interrompeu ao passar os olhos no relógio - Eu estou mais atrasada do que eu pensava! Camila, será que você pode ficar com eles por mais algumas horas? Eu pretendia deixa-los com a Taylor mas não vai dar tempo.

- Hoje? - estranhei - Você vai sair agora?

- Vou.

- A essa hora? Pra onde você vai? - contrai o cenho e por alguns rápidos segundos ela me encarou em silêncio. Quando achei que não ia responder, sorriu e falou tranquilamente.

- Ah, um rapaz que eu conheci na praia vai me pegar para jantar.

- O Luis? - ergui as sobrancelhas, cruzando os braços sem perceber.

- Como você sabe do Luis?

- Os meninos me contaram. Esse cara praticamente te obrigou a dar seu telefone pra ele e você ainda aceita sair com ele?

- Isso não é verdade - me encarou séria e eu rolei os olhos - E só pra você saber, não que seja da sua conta, mas fui eu que liguei pra ele.

- Você? - meu tom de voz foi diminuindo aos poucos.

- Sim. Pra falar a verdade eu já estava com vontade de fazer isso desde aquele dia da praia. O Luis parece ser um cara muito legal e já está mais do que na hora de eu me abrir pra uma pessoa com quem realmente possa dar certo.

- Entendi - balancei a cabeça, sentindo um bolo se formar bem no meio de minha garganta - Espero que você aproveite bastante o seu encontro, Lauren. E pode ficar despreocupada que eu fico com os meninos.

- Obrigada, Camila - sorriu, depositou um beijo na bochecha de cada um dos filhos e correu para se arrumar.

Enquanto isso, enchi a banheira para dar banho nos meninos e coloquei nuggets de frango no forno para o nosso jantar. Depois de uns vinte minutos, Lauren deixou seu quarto e imediatamente o cheiro de seu perfume cítrico acariciou minhas narinas, me embriagando mais facilmente do que qualquer alcool. Vestia um vestido azul escuro que marcava um pouco abaixo do meio de suas coxas e um par de saltos finos pretos com detalhes pratas da mesma cor do colar e dos brincos que usava.

- Mamãe, você está parecendo uma princesa! - Liam a elogiou deslumbrado, com os olhinhos brilhando.

- Obrigada, meu pequeno príncipe! - então se virou pra mim - Como estou, Camila?

- Acho que o Liam já disse tudo. Você está linda, Lauren. O Luis é um cara de sorte - me encolhi, forçando um sorriso e ela desviou o olhar, fingindo conferir algo em seus sapatos. Quando estava prestes a falar alguma coisa, ouvimos uma buzina alta do lado de fora e um carro preto parou na frente da porta.

- Deve ser ele - passou a mão pelo vestido uma última vez para se ajeitar, sem ter nem ao menos um fio fora do lugar - Tchau, meninos, tchau, Camila - acenou e eu abaixei a cabeça, sentindo meus olhos arderem ao vê-la bater a porta.

 

P.O.V Lauren

Ao me ver sair de casa Luis saiu do carro para abrir a porta do carona para mim. Vestia uma calça jeans clara rasgada nos joelhos, uma camisa social preta e basqueteiras brancas, o que me fez soltar uma gargalhada baixa.

- Ei, eu vi isso! - fingiu ficar chateado - Pega leve, eu sou um mero salva-vidas, não tenho roupas arrumadas o bastante para sair com uma mulher linda como você.

- Obrigada pelo elogio, Luis - corei - Mas eu gostei da combinação, achei bastante...única.

- Hum...combinação única - assentiu repetidamente, olhando pra cima como se processasse o que eu acabara de dizer - Acho que esse é o melhor elogio que já recebi de alguém, então, me sinto honrado - brincou e eu ri - Então, o que a senhorita deseja comer hoje? Anêmonas, ostras, peixes ou cavalos-marinhos?

- O que? - franzi as sobrancelhas.

- Não me culpe, foi isso o que apareceu quando eu pesquisei no Google o que sereias comem - deu de ombros e eu revirei os olhos ao ver que entraríamos naquela história de sereia de novo.

- Pois fique sabendo que essa sereia aqui não é uma grande fã de frutos do mar.

- Hum...então acho que isso já é um ponto pra mim nesse encontro! Fiz uma reserva para nós dois na minha churrascaria brasileira preferida. Quer dizer, a comida nem se compara à do Brasil mas dá pra você pelo menos sentir um gostinho do meu país.

- Você é brasileiro? - abri a boca e ele concordou, parecendo orgulhoso - Uau! Eu sempre tive vontade de ir lá, parece ser lindo. No ensino médio tinha uma amiga minha que era brasileira, do Rio, eu acho - ao dizer o nome da cidade, esperei sua aprovação se tinha pronunciado corretamente, e só então prossegui - E um dia ela levou uma panela de um doce muito gostoso, mas eu não lembro o nome agora...

- Brigadeiro? - riu, sem tirar os olhos do volante e eu dei pulinhos no banco.

- Isso! Meu Deus, nunca comi nada tão gostoso!

- Tenho certeza que o meu é ainda melhor. Quando você for lá em casa eu faço - piscou o olho pra mim e eu enrubesci - Pronto, chegamos - anunciou e eu estiquei meu pescoço na janela para enxergar melhor o lugar. O restaurante era marrom, com vários pequenos holofotes na entrada e com seu nome em letras grandes e iluminadas na frente. Foi muito gentil da parte dele me levar em um lugar como aquele, que além de lindo, provavelmente também era caro.

Depois de estacionar, Luis saiu do carro rapidamente e veio abrir a porta para mim. Estendeu o braço para que eu entrelaçasse o meu ali e me senti desconfortável pela primeira vez naquela noite quando o fiz.

- Reserva para Luis Felipe, mesa para dois - falou para uma das garçonetes na bancada de madeira logo na entrada e ela nos guiou até uma das mesas do final, na área externa. As mesas estavam quase todas vazios então não havia nenhuma necessidade dele ter feito reserva, mas confesso que achei fofo da parte dele. Quando sentamos, a mesma moça nos entregou os cardápios e voltou para a entrada do restaurante.

- O que você geralmente pede quando vem aqui?

- Hum...levando em conta o fato de que eu só vim aqui duas vezes nesses sete anos que moro aqui, sugiro que você peça esse aqui - apontou para o prato de número 57 que descreviam como um mix de picanha, calabresa, salada, arroz e farofa - Nunca comi, mas dizem ser o melhor.

- Bom, então vamos pedir um desse para nós dois? Pela quantidade de coisas eu não vou conseguir comer nem metade - na verdade estava mais para "pelo preço disso aqui você vai ter que morar na rua por seis meses para conseguir pagar pelo menos a metade".

- Funciona pra mim. Eu não estou com tanta fome mesmo - deu de ombros e fez sinal para a garçonete, que voltou e anotou nosso pedido em seu bloquinho - Ei, você jura que não está mesmo me usando como amante? - falou de repente - É difícil acreditar que uma mulher como você estava por ai solteira, dando sopa em Miami.

- Pode ficar tranquilo - ri - É que na verdade eu passei por um divórcio recentemente. A alguns meses atrás, na verdade - dei um gole na minha água quando terminei de falar, deixando bem claro com meu rosto que eu não queria dar detalhes sobre o assunto - Mas agora decidi me abrir para novas pessoas.

- Algum motivo em especial? 

- Não - respondi rapidamente, antes mesmo de ele terminar de falar - Nenhum motivo em especial.

- Hum...entendo. Bom, sei como são as decepções amorosas, já passei pelas piores. Mas então, o que você procura nesse novo homem? Quer dizer, o que seria mais ou menos um homem ideal pra você? - me olhou com expectativa e eu engasguei com o pouco de água que ainda tinha na boca. E o pior é que eu realmente me esforcei para tentar responder à pergunta, mas nada vinha a minha mente.

- Não sei se existe um homem ideal - enfatizei o adjetivo - Mas acho que uma pessoa sincera, meiga, que seja carinhosa comigo e com meus filhos... - me conti ao ver o rumo que aquilo estava levando - E você, o que busca em uma mulher?

- Hum...que tal um belo par de olhos verdes e um sorriso lindo? - segunda vez me sentindo desconfortável. Forcei uma risada, sentindo minhas bochechas mudarem de levemente rosa para vermelho intenso e ele balançou a cabeça, percebendo que tinha vacilado - Desculpa. Muito atirado para um primeiro encontro?

- Um pouco - torci a boca. E então, antes que um silêncio mortal e constrangedor tomasse a mesa, a garçonete chegou com nossos pratos. Salvos pelo gongo.

Jantamos praticamente em silêncio, as vezes comentando sobre o sabor da comida e o Luis contando alguns detalhes da sua vida no Brasil, antes de se mudar para Miami. Quando terminamos, a garçonete retirou nossos pratos e eu não segurei um bocejo. Meu organismo já estava tão acostumado a chegar cansado do trabalho que, passando um pouco do meu horário de dormir, eu já me sentia exausta. 

Depois de decidirmos que nenhum de nós teria estômago para sobremesa, Luis pediu a conta e pagou por tudo, mesmo depois de eu ter insistido umas mil vezes para que me deixasse pagar metade, o que foi muito gentil da parte dele. Como um verdadeiro cavalheiro, abriu a porta do carro para mim de novo e a bateu com cuidado. Durante o caminho, como conhecia aquela parte da cidade melhor do que eu, foi me mostrando lugares que gostava de ir e até mesmo uma lanchonete onde trabalhou logo que chegou aqui nos Estados Unidos.

- Prontinho, está entregue - falou ao estender a mão para me ajudar a sair do carro, um pouco mais baixo do que o normal.

- Muito obrigada, Luis - sorri sincera - A comida estava ótima, e sua companhia melhor ainda.

- Eu que agradeço, Lauren. Quando eu te vi na praia aquele dia eu...sei lá, eu nunca tinha conhecido uma mulher tão linda e tão doce - se aproximou lentamente.

- Hum...obrigada. Você também é um cara muito bacana - cocei a nuca, um pouco desconcertada - Agora eu realmente preciso entrar...

- Tudo bem. Eu te ligo depois, ok? - me olhou com expectativa e eu assenti, me despedindo com um sorriso, pronta para me virar e abrir a porta com as chaves que já estavam nas minhas mãos - Lauren, espera. Tem uma coisa que eu preciso fazer antes que você vá.

- O que?

E então, me puxou pelo braço e colou nossos lábios.

 

P.O.V Camila

- Boa noite, Liam. Boa noite, Logan - dei um beijo de boa noite na testa de cada um dos dois, que murmuraram uma resposta inaudível como resposta, e apaguei a luz, encostando a porta e voltando para a sala.

A bagunça que os meninos tinham feito no tapete ainda estava lá, e eu resolvi limpar, mesmo já sendo tarde, antes que aquela ansiedade me matasse. 

Quando eu finalmente terminei de guardar todos os brinquedos na caixa e os pedaços de massinha no balde de lixo, estava prestes a ligar a televisão, mas o barulho de um carro parando na porta me chamou atenção. Joguei o controle para o alto e corri para a janela, me escondendo atrás das cortinas enquanto o tal de Luis a ajudava a descer do carro. Nem ao menos o conhecia, mas já não gostava dele e daquele sorrisinho cínico que não deixava seus lábios.

Quando se aproximaram da porta, a ouvi agradecer pelo jantar e pela companhia dele e rolei meus olhos em completo silêncio. Pareceram conversar por mais alguns minutos, quando de repente a Lauren se virou para entrar em casa. Não segurei um sorriso vitorioso, e quando estava levantando para correr de volta para o sofá, ele puxou seu braço, e eu congelei. Não, não, não...

E antes que eu tivesse tempo de piscar, eles se beijaram.



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