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História Kairos - Write on me


Escrita por: AnaRachelCamren

Capítulo 4 - Write on me


Fanfic / Fanfiction Kairos - Write on me

P.O.V Camila

Desci do ônibus conferindo pela milésima vez o endereço na tela do meu celular e comecei a andar ao finalmente me convencer de que eu estava na rua certa. As casas ali eram todas pequenas ou médias, tipicas de um bairro de classe média e me faziam lembrar da vizinhança de minha avó, em Cuba. Olhei ao redor, identificando as casas de numeração 20 a 40, e franzi a testa. Se eu estava no lugar certo, porque não via nenhuma casa 5?

Nesse momento uma mulher baixinha e ruiva vestindo um uniforme branco passou ao meu lado, segurando a mão de duas meninas gêmeas vestidas em vestidos rosas exatamente iguais.

- Hum...com licença - a cutuquei rapidamente e fui recebida com um sorriso amigável - Você sabe dizer onde fica essa casa aqui? - inclinei o celular em sua direção.

- Ah, sim! Vejam, meninas! - sacudiu os braços, fazendo as meninas, de aparentemente 3 ou 4 anos, balançarem - Essa moça está indo para a casa do Liam!

- Liam?

- É, um dos filhos da senhora Jauregui. Ela se mudou para cá com os meninos a poucos meses - sorriu - O mais novo estuda na mesma classe das meninas. Você está vindo trabalhar como babá?

- Eu espero que sim - ri - Hoje é minha entrevista.

- Oh, que ótimo! Boa sorte então. Eu trabalho naquela casa ali - se virou para trás para apontar para uma casa verde com pequenas palmeiras na frente - Qualquer coisa que precisar, já sabe onde conseguir. Meu nome é Ashley - piscou, estendendo a mão e eu corei, sentindo minhas bochechas queimarem.

- Camila - aceitei seu aperto de mão - Hum...e a casa fica...

- Ah, é só seguir direto e virar na primeira a esquerda. Ela é branca com o telhado bege e tem o jardim mais bonito do bairro, impossível errar - riu.

- Certo, muito obrigada. Nos vemos por ai então, Ashley.

Acenei timidamente para ela e para as duas meninas que pareciam entretidas em uma discussão silenciosa sobre quem alimentaria os patos do parque primeiro. Ela fez o mesmo então comecei a seguir o caminho indicado, chegando rapidamente em frente à casa número 5. O jardim era mesmo o mais cuidado da região, e as luvas e equipamentos de jardinagem do lado do portão da garagem denunciavam que a tal Lauren se dedicava mesmo a suas plantas. Não pude deixar de sorrir. Eu também adorava flores, e muitas vezes, quando era criança, passava tardes suja de terra cuidando das minhas mudinhas no quintal de casa. Se eu fechasse os olhos com força, ainda podia sentir o perfume delas acariciando minhas narinas.

Suspirei, despertando dos meus devaneios, e passei a mão por minha roupa e meu cabelo uma última vez, para ajeitar possíveis fios desalinhados, e toquei a campainha. Porra, como eu estava nervosa. Bati o pé, tentando respirar fundo, mas pelos segundos que se seguiram nada aconteceu então toquei de novo. Novamente, nenhuma resposta do outro lado. Quando eu estava prestes a pegar meu celular no bolso para ligar para a dona da casa, o som de pequenos pezinhos e algo sendo arrastado cautelosamente no piso me parou. Então, a porta se abriu e do lado de dentro saiu um pequeno homenzinho de grandes olhos castanhos e bochechas gorduchas e rosadas. Quando viu que eu era uma pessoa totalmente desconhecida, se escondeu atrás da porta, deixando de fora apenas sua cabeça, assustado.

- Liam! - um menino um pouco maior apareceu de dentro da casa. Ele tinha cabelos um pouco mais escuros, porém, os mesmos grandes olhos amendoados - Quantas vezes a mamãe vai ter que dizer para você não abrir a porta sem a autorização dela?! - puxou o menor pelo braço e então se virou em minha direção - E quem é você?

- Meu nome é Camila - respondi, totalmente desconcertada. Crianças não eram muito o meu forte.

- Camila, você quer entrar e ver o meu novo carrinho do Batman? - o pequeno perguntou animadamente, tentando se livrar das mãos do irmão.

- Liam, não! Lembra do que a mamãe disse sobre falar com estranhos?

- Mas ela não é mais um estranho! Seu nome é Camila - ri.

- Hum...meninos - cocei a cabeça, esperando desesperadamente que um adulto aparecesse para lidar com essas duas crianças - A mãe de vocês está em casa? Ela combinou de...

- Sim, mas ela pegou no sono enquanto assistiamos Charlie e Lola. Mas vem, vamos acorda-la! - e antes que eu pudesse falar algo, Liam segurou meus dedos com sua mão gordinha e me arrastou para dentro da casa com uma força que ninguém imaginaria que uma criança daquele tamanho poderia ter. Me levou mais precisamente para a sala, onde uma mulher dormia, completamente encolhida e rodeada de carrinhos, livros emborrachados e bonecos. Seus cabelos pretos caíam sobre sua pele exageradamente branca provocando um contraste hipnotizante, e por um momento eu pensei estar de frente para Branca de Neve. Dormia com a boca entreaberta e a respiração leve, e eu deixei escapar um leve sorriso.

- Hum...eu acho melhor se eu voltar um...

- Mamãe! Mamãe! - ignorando totalmente o que eu falava, Liam começou a pular no colo da mãe, balançando seus ombros violentamente - Mamãe, acorde!

- O que? - abriu os olhos lentamente, revelando um estonteante par de olhos verdes claros e brilhantes.

- Mamãe, a Camila está aqui! - falou segurando o rosto da mãe e ela franziu as sobrancelhas, olhando para o lado em seguida e arregalando os olhos ao me ver.

- Oh meu Deus! Camila, mil desculpas! - levantou na velocidade da luz, cobrindo o corpo com uma das cobertas e com o rosto da cor de um tomate - Eu...eu apaguei totalmente.

- Tá tudo bem, Lauren - ri - Os meninos me mantiveram ocupada.

- Os meninos... - então pareceu processar o que tinha acontecido - Liam, o que eu te disse sobre abrir a porta sem minha autorização? - o pequeno se encolheu - Eu vou me trocar e volto em um segundo. Mas não pense que isso acabou aqui, mocinho - anunciou e então correu, desaparecendo dentro de um dos cômodos da casa. Quando estava se afastando, não pude deixar de reparar na parte de trás do seu corpo, que estava descoberta. Suas coxas eram perfeitamente delineadas assim como sua bunda, semi coberta por uma calcinha vermelha. Sacudi a cabeça, rindo.

Sentei no sofá, afastando um pouco as coisas que estavam ali, e olhei ao redor. A casa não era pequena, mas também não era grande...tamanho perfeito para uma família de 4 pessoas, eu diria. Uma televisão ficava em frente ao sofá na sala de paredes de tom amarelo bem claro e uma estante cheia de livros ao lado do balcão da cozinha. Perto da geladeira um quadro de avisos com várias fotos dos dois meninos e uma fruteira de três andares.

- Quer alguma coisa para beber, Camila? Água, suco, chá...? - tomei um susto com a voz que me tirou dos meus pensamentos e me concertei no sofá ao perceber que Lauren já tinha voltado e estava parada em minha frente com uma calça cinza de moletom e uma regata branca que marcava seu sutiã, visivelmente pequeno para o tamanho de seus seios - Camila?

- Não, não, obrigada - cocei a garganta.

- Tudo bem então - se sentou - Bom, acho que você já conheceu meus pequenos, Liam, de 3 anos, e Logan, de 5. Você já tem experiência com meninos dessa idade?

- Hum...já sim - menti - Muita.

- Ótimo! E você trouxe o número de suas referências?

- Referências?

- É. Seus antigos patrões, para que possam me dar uma avaliação do seu trabalho.

- Oh - engoli saliva. Por essa eu não esperava - Na verdade, todos esses trabalhos foram em Cuba.

- Em Cuba? - me encarou confusa mas logo depois assentiu a cabeça, como se tivesse lembrado de algo - Ah, claro! A Taylor me disse que você não é daqui e que veio para estudar.

- Isso, eu curso jornalismo.

- Entendo. Mas não se preocupe, vamos tentar conciliar o seu horário da faculdade com a rotina dos meninos.

- Certo - sorri - Você e seu marido trabalham o dia todo?

- Eu sou divorciada, Camila - falou séria - Mas sim, eu vou começar a trabalhar o dia todo, tirando a noite, é claro. Os meninos estão na escola a manhã inteira, então preciso de você aqui com eles quando chegarem. Será que vai ser possível para você? - continuou a me olhar séria, com os olhos verdes penetrantes oscilando entre claro e escuro. Eles fizeram um arrepio percorrer todo o meu corpo, como uma corrente elétrica.

- Vai sim. Hum...não se preocupe muito com a minha faculdade. Digamos que eu sou bem flexível com meus horários.

- Ótimo! A Taylor me disse que comentou com você sobre o pagamento. Você está de acordo com aquele valor? - assenti - Então, Camila, não vejo porque não te contratar.

- Muito obrigada, Lauren, pode ter certeza que eu vou cuidar dos seus filhos da melhor maneira possível.

- Assim espero, Camila - e pela primeira vez naquela tarde, ela sorriu.

 

 



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