A natureza do universo é esquecer. Basta olhar para a época em que nós não estávamos aqui. Todos os animais morriam e nada poderia lembrar deles. O canto de um pássaro durava alguns instantes e, logo após, desaparecia. As ondas de som perdiam intensidade tão rapidamente que apenas a repetição daquele canto poderia fazer alguém lembrar dele. Uma espécie que eventualmente entrasse em extinção estaria para sempre esquecida. E mesmo que haja certa tristeza em pensar que as coisas tendem a simplesmente deixar de existir, isso não passa de uma visão humana sobre a natureza, uma perspectiva que em nada mudará o rumo do universo.
Por algum motivo, nós não gostamos de esquecer. É triste, melancólico, niilista. Nós criamos tecnologias capazes de armazenar informações e recordar coisas. Recordar é dar vida falsa e nova a algo que já não vivia. Tiramos fotos, gravamos áudios, escrevemos livros, contamos histórias. Tudo na intenção de perpetuar, por um pouco mais de tempo, aquilo que inevitavelmente morrerá.
Sinceramente...
A recordação é a falsidade mais interessante que já nos aconteceu. Em alguns casos, nos leva a situações péssimas e nos afunda em poços profundos. No entanto, se não existissem tais poços, não seríamos quem somos. É por causa das lembranças que podemos perpetuar sentimentos, é por causa das lembranças que podemos viver.
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