Minha barriga mais uma vez roncou, minha fome estava mil vezes maior. Juntei as minhas fotos e as guardei novamente em minha bolsa. Levantei do chão e andei para a saída do bosque.
Caminhei em passos lentos até a minha casa, eu não quero chegar em casa, não quero ter que encarar a minha mãe mais tarde, eu sei o que vai acontecer.
Entrei pelo portão já procurando minha chave dentro da bolsa, nenhum carro estacionado no quintal, ótimo! Passei a chave, destrancando a porta e entrei. A sala estava completamente vazia.
— Giulia? Pai? — chamei fechando a porta atrás de mim.
— Oi, filha, aqui na cozinha. — respondeu meu pai.
Caminhei em direção a cozinha, meu pai estava de pé, em frente à torradeira.
— Boa tarde, papai. — falei enquanto sentava à mesa.
— Quer uma? — perguntou ele me olhando rapidamente.
— Quero sim. — respondi abrindo um sorriso.
Vi quando ele pegou duas torradas já prontas e as colocou em um prato, em seguida colocou mais duas fatias de pão na torradeira.
— Como foi a aula?
— Foi muito boa. — respondi sorrindo ao lembrar das fotos que eu havia conseguido revelar.
— Você brigou com a sua mãe de novo? — perguntou ele após largar um prato com duas torradas em minha frente.
— Talvez, mas a mamãe às vezes passa do limite. — respondi colocando um pouco de café em uma xícara que estava sobre a mesa. — Como o senhor sabe?
— Sim, eu concordo. Sua mãe me ligou a poucos minutos... — disse ele. — Avril, você quer conversar sobre algo? Sabe que pode falar sobre tudo comigo.
— Eu sei sim, papai, mas esta tudo bem. — respondi. — Acho que vou comer isso lá no quarto.
Dei um beijo na testa do meu pai, coloquei minha bolsa em meu ombro, a xícara de café em uma mão e o prato com as torradas em outra e caminhei em direção ao meu quarto.
Larguei meu lanche sobre a minha mesa e sentei em minha cama, com minha bolsa em minhas penas. Tirei todas as fotos que eu havia revelado, coloquei minha bolsa de lado e levantei com as fotos em mãos.
Comecei a colocar uma a uma em minha parede com fita adesiva, sorri ao ficar apenas com a foto que eu mais gostava em mãos, uma que eu havia tirado a umas semanas atrás, Taylor sorrindo ao me ver, aquela foto era sem duvidas uma das mais especiais.
Coloquei-a na outra parece, a que fica perto da minha cama, essa é a parede especial para fotos especiais.
Passei praticamente o resto da tarde dentro do quarto, aproveitei para fazer as tarefas atrasadas. Olhava meu celular de 10 em 10 minutos, mas nada, nenhuma noticia da Taylor.
Larguei meus cadernos e livros sobre a minha mesa e me joguei na cama.
(...)
— Avril? — abri os olhos com alguém balançando meus ombros.
— Giulia? — perguntei um pouco confusa olhado ao redor.
— Tudo bem? Acho que você dormiu. — disse ela sentando ao meu lado. — Lindas fotos.
— Obrigada. — falei enquanto sentava na cama.
— Mamãe esta chamando para jantar. — disse ela.
— Estou sem fome. — respondi rapidamente enquanto observava ela levantar.
— Eu não sei porque, mas a mamãe disse que você esta de castigo e não pode sair de casa. — disse ela fazendo uma careta.
— Droga. — murmurei.
— Avril, desce, vamos jantar, o papai e eu estamos lá também.
— Eu sei, Giulia, mas desde quando você e o papai impediram ela de pegar no meu pé? — perguntei a olhando.
— Tudo bem, quer que eu traga algo para você comer? — perguntou.
— Esta tudo bem, eu nem estou com fome mesmo, esta tarde, vou tomar banho e dormir. — falei levantando da cama.
— Ok então, boa noite. — disse ela antes de depositar um beijo em minha bochecha.
Giulia saiu do meu quarto fechando a porta logo atrás de si. Eu estava com fome sim, mas não ia dar o gosto a minha mãe, não dessa vez.
Peguei minha roupa e entrei no banheiro.Um banho morno tem o poder de acalmar qualquer pessoa, isso sem duvidas é verídico. Após o banho coloquei meu pijama e sai do banheiro. Eu poderia gritar se a figura loira parada no meio do meu quarto, olhando para a minha parede, não fosse tão familiar.
— Achei que não nos veríamos hoje. — falei baixinho.
Taylor virou-se para mim e sorriu de forma encantadora.
— Boa noite, pequena. — disse ela ao se aproximar de mim.
— Por que você saiu correndo? Que horas você foi embora? Você poderia ter ficado, você sabe. — perguntei. Taylor apenas começou a sorrir e a balançar a cabeça de forma negativa. — Do que você esta rindo? — perguntei enquanto eu sentava em minha cama, Taylor sentou ao meu lado.
— Me desculpa, eu apenas tinha que ir. — respondeu Taylor enquanto olhava para a parede.
— Como foi o seu dia? — perguntei.
— Há, foi normal, sabe, igual todos os outros. — respondeu ela enquanto cerrava as sobrancelhas. — E o seu? — perguntou ela.
— Tudo ia bem, até o Foster aparecer aqui pela manhã. — falei suspirando.
— Quer me contar sobre isso? — perguntou.
— Quem sabe outra hora, é algo chato, não vale a pena perder a noite por isso. Eu estou feliz que você esteja aqui, de verdade. — sorri.
— Eu não ia vir aqui hoje, mas eu precisava te dar isso. — disse ela tateando os bolsos da jaqueta que usava.
Taylor colocou a mão no bolso e puxou uma pequena e delicada pulseira dourada.
— Nossa, que linda. — falei enquanto a observava, ela não tinha nenhum pingente, mas não deixava de ser linda.
— É para você. — disse ela já abrindo a pulseira. — Não diga não, pois eu não irei aceitar. — completou enquanto fechava a pulseira em meu pulso.
— Ela é linda, obrigada! — falei enquanto passava minha mão em seu rosto.
— Ficou linda em você. — disse ela com um sorriso meigo no rosto. — Preciso ir agora.
— Fica! — pedi.
Taylor colocou sua testa na minha e segurou com força em minha nuca.
— Eu realmente não posso. — sussurrou ela.
Minutos se passaram sem falarmos nada, mesmo não sendo aquele silencio constrangedor, eu precisava falar.
— É para fingir que eu não estou sentindo isso com mais força do que antes? — perguntei olhando no fundo dos olhos dela. — Fica aqui, deixa eu cuidar de você. — falei colocando minhas duas mãos em seu rosto, uma de cada lado.
Taylor não falou nada, sua cabeça deslizou para o lado e se encaixou em meu ombro, seus braços passaram ao redor da minha cintura, passei meus braços ao redor de seu corpo e a puxei para mim com força. Os braços de Taylor me apertaram também com força, a respiração dela começou a ficar desregular, seus gemidos eram baixos, porém sua cabeça estava tão próxima ao meu ouvido que eu conseguia escutar. Senti um nó em minha garganta e meus olhos se encheram de lágrimas, em segundos meu rosto estava encharcado, assim como a minha blusa por culpa das lagrimas de Taylor.
— Me desculpa. — sussurrou ela com a voz falha.
— Não precisa se desculpar, esta tudo bem. — sussurrei em resposta, passando uma de minhas mãos em meu rosto para tentar conter as lagrimas.
— Não chora por minha culpa. — disse Taylor levantando um pouco a cabeça, olhando para mim.
— Você deveria se preocupar se eu não chorasse por você. — falei e abri um breve sorriso.
— Preferia escutar você dizer que me odeia a ver lagrimas nos seus olhos. — sussurrou ela. — Doeria menos.
— Eu nunca diria isso, você sabe que eu não posso te odiar. Você é a melhor pessoa que alguém pode conhecer. — falei enquanto acariciava seu braço.
— Você tem certeza disso? — Taylor perguntou enquanto limpava o rosto, tirando as lagrimas que ali insistiam em cair.
— Eu sei, eu sinto, não precisa me contar as coisas para saber que você não faz nada de errado, e se faz, eu sei que tem uma boa explicação.
Taylor deslizou e deitou a cabeça sobre minhas pernas. Comecei a acariciar seu cabelo, encostei-me na parede e apenas fechei os olhos.
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