Observava a estrada escura do telhado de meu quarto como de costume quando escutei meu celular notificar, sem muita vontade me arrastei ate a janela e entrei em meu quarto, era Taylor, ao mesmo tempo que uma alegria e um alivio percorreram o meu corpo, uma raiva também dividiu meus sentimentos com eles.
A mensagem dizia o seguinte: "Eu sei que você deve estar chateada comigo, mas podemos nos encontrar hoje no bosque?"
Suspirei e sentei na cama, joguei meu celular de lado e enfiei minhas maos em meus cabelos. Eu não deveria ir, deveria deixar ela sentir o que eu senti durantes todos esses dias. A diferença é que parece que eu não sou tao forte quanto ela.
Levantei de minha cama com meu celular em maos, o guardei no bolso e sai pela janela, dessa vez não seria como antes, não seria a nossa noite no bosque, eu só queria saber por que ela tinha sumido e não me dado nenhum tipo de noticia durante todos esses dias.
Caminhei em direção ao bosque como normalmente fazia. Entrei em meio ao bosque escuro e suspirei. Parei de andar e me virei pronta para voltar para casa, eu queria ir, mas o meu orgulho estava ferido, passamos um dia maravilhoso, ela não tinha o direito de sumir, porem não podia negar que meu coração pedia desesperadamente para ver ela, sentir seu cheiro, tocar a sua pele, novamente voltei a caminhar pelo bosque em direção ao lago.
Não precisou de muito tempo para que meus ouvidos conseguissem escutar a voz marcante de Taylor, me aproximei devagar e logo já conseguia ver a vírgula sentada no mesmo lugar de sempre, porém algo estava diferente, seus cabelos, seus lindos e enormes cabelos loiros estavam quase acima do ombro agora, sem suas belas ondas, mas sim em um liso e repicado corte. Sentei ao seu lado e ela parou de cantar.
— Você não cantou. — sussurrou ela de forma triste.
— Você esta me deixando louca. — afirmei a olhando, nesse exato momento seu rosto virou para mim e ela me fitou com os olhos tristes e vermelhos.
— Essas coisas não te perturbavam tanto antes, sabe, as minhas saídas, eu sei que te deixavam triste, mas não te deixavam tao mal.
— Antes eu não te amava tanto. — minhas palavras saíram rasgando a minha garganta, assim como as lagrimas saíram lavando meus olhos.
Foram questões de segundos para as lágrimas brotarem de seus olhos também. Taylor puxou meu corpo para ela envolvendo o mesmo em seus braços, coloquei a cabeça em seu peito e meus braços ao redor de sua cintura, me aconchegando ali.
— Me perdoa. — dizia ela com a voz falha e arrastada.
— Vamos embora, vamos para longe, apenas você e eu. — separei o nosso abraço e olhei em seus olhos, ela parecia confusa.
— A gente não pode, Avril... — começou a falar, porém a cortei a rapidamente.
— Por que a gente não pode? — perguntei me inclinando sobre ela e deixando nossos rostos bastante perto um do outro.
— A gente não pode simplesmente fugir, não é a coisa certa a fazer.
— Quem disse isso? Por que a gente não pode fugir? Não complica as coisas, Taylor, a gente pode sim fugir, a gente pode ir para longe, podemos começar uma vida juntas longe de tudo e de todos, a gente se vira, eu não irei me importar em trabalhar e eu sei que você também não, sinceramente, não tem nada que me prenda aqui, e você, eu sei que você também não tem.
Taylor colocou a mao sobre o meu rosto e fechou os olhos por vários segundos, e por fim falou:
— Eu vou para qualquer lugar com você.
A puxei para um beijo, nossos rostos molhados, os labios doce dela em meio as lagrimas salgada, mesmo assim estava longe de ser algo ruim.
— O que você fez com o seu cabelo? — perguntei assim que nos afastamos o bastante para que eu pudesse falar.
— Eu só quis... ficar diferente. — respondeu ela e fez uma careta a seguir.
— Você ficou linda. Você fica linda de qualquer maneira. — sorri de lado e vi um sorriso sem graça surgir em seus lábios. — A gente se encontra aqui, eu volto assim que eu arrumar as minhas coisas, só leva o essencial, ta bem?
— Ta bem. — disse ela ainda com o mesmo sorriso sem graça, antes que eu levantasse senti a sua mao em minha nuca, e seus labios nos meus mais uma vez, porem em um selinho rápido. — Eu te amo.
— Eu sei. — falei sorrindo e levantei.
A olhei uma ultima vez e corri pelo caminho de volta. Entrei novamente pela janela e peguei a minha mala. Coloquei varias roupas em minha mala e todo o dinheiro que eu tinha, também alguns calçados, minha máquina fotográfica e vários filmes que eu tinha guardado.
Olhei para a janela e coloquei a minha mala ali, como eu ia descer pela janela com aquela mala?
Abri a minha bolsa da escola e tirei de la o meu caderno e uma caneta, arranquei uma das folhas e escrevi na mesma: 'Eu preciso ter a minha vida, eu preciso ter o meu espaço, eu preciso viver por mim mesma e pela pessoa que eu amo, eu irei ficar bem, não me procurem, eu irei mandar mensagem. Avril.'
Deixei a folha encima da mesa de estudos e voltei para a janela. Primeiro coloquei a mala com cuidado sobre o telhado em seguida sai, Sentei sobre o telhado e coloquei a mala encima de minhas pernas, me arrastei com cuidado ate a escada. Segurei a mala com a mao direita enquanto com a esquerda eu me firmava na escada, não foi difícil, estava apenas com medo de fazer qualquer barulho.
O caminho de volta para o bosque não tinha que ser apressado, eu só pensava, era a coisa certa a se fazer! Eu sei que é! Por que eu tinha que ficar em um lugar onde eu não sentia que era meu? Todas as brigas com a minha mae haviam me deixado completamente solitária, todos precisam de uma mae, eu sei que eu tenho uma, eu sei que o meu problema com ela não é realmente digna de ser chamada de problema, porém, é o bastante para me fazer sentir como se não tivesse uma mae de verdade. Não estou sendo egoísta, eu amo minha mae, eu amo meu pai e minha irmã, porém eles ficarão bem, e tem alguem que precisa mais de mim do que eles.
Eu quase não acreditei quando a vi sentada no banco com uma mochila ao seu lado, provavelmente ela me escutou se aproximar, pois levantou o rosto e olhou em meus olhos.
— Você tem certeza de que quer fazer isso? — perguntou ela levantando de onde estava.
— Você não que ir embora comigo? — perguntei segurando a sua mao.
Taylor pegou a sua mochila e colocou nas costas. A vi suspirar e me olhar novamente.
— É o que eu mais quero.
— Então, não temos nada a perder, vai ficar tudo bem, vamos para longe. — falei olhando seus olhos, ela mordeu os labios e assentiu algumas vezes, e enfim sorriu.
Saímos do bosque com nossas maos entrelaçadas. Passamos no ponto de taxi que tinha próximo ao bosque e pedimos para que ele nos levasse ao terminal.
— Para onde vamos? — perguntou ela enquanto eu olhava pela janela do carro, a noite, a escuridão, e a nevoa da noite.
— Ao lugar mais longe que o dinheiro possa nos levar. — respondi fazendo uma careta.
Eu não tinha muito mais do que 100 dólares comigo, estava disposta a usar o dinheiro em minha poupança, mas não teria como fazer isso essa hora da madrugada.
Enfim o taxi parou no estacionamento do terminal rodoviário, paguei ao mesmo e saímos. Algumas pessoas dormiam em bancos com suas malas ao lado, provavelmente esperando algum ônibus
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