História Keep this secret and forgive me - Capítulo 42

            Joseph começou a dizer.

                        —O senhor se lembra da conversa que tivemos a alguns dias atrás? Sobre eu ser apaixonado por uma garota...

            Eu sabia do que Joseph falava.

                        —Lembro. Estava falando da minha filha? Seu desafio, barreira, sou eu?

            Joe assentiu.

                        —Madison sempre foi muito séria na escola, nunca deixou eu me aproximar. –ele começou. —Depois que eu abandonei sua turma, nós começamos a nos aproximar. Encontrávamo-nos algumas vezes, e em todas as vezes, brigávamos. Como na noite do jantar aqui. O senhor deve se lembrar. –ele sorriu. —Ela sempre foi durona, sabe se cuidar muito bem. –Joseph me olhou rapidamente e então, observou meu pai novamente. —Eu deixei a escola por causa dela. Ela foi o motivo pessoal pelo qual eu deixei de dar aula lá. E, por uma incrível coincidência, nos conhecemos mais e mais e... –ele deu de ombros. —Me apaixonei pela sua filha.

            Involuntariamente, eu sorri.

                        —Não fiz por mal, pai. –eu disse. —Quando aconteceu, Joseph não era mais meu professor.

                        —Vocês têm quase dez anos de diferença de idade, Madison. –ele respondeu. —Isso não está certo.

                        —Sua filha não é criança, Sr. Garcia.

                        —Eu sei exatamente o que minha filha é, Joseph. –papai levantou a voz. —Ela tem apenas 17 anos de idade, ainda está na escola. Madison ainda é uma criança.

                        —Não, pai. –eu me levantei. —Não notou ainda? Nós estamos apaixonados. –me segurei para não gritar. —Você não é apaixonado pela mamãe? Você sabe o que é amar alguém, sabe o que é se apaixonar, então, tente compreender o que nós estamos sentindo. Eu não tenho culpa se minha tia fez algo errado, mas eu não sou como ela!

            Ele ficou calado. Respirou fundo e passou a mão pelo rosto.

                        —Tudo bem? –minha mãe sussurrou para ele.

            Ele assentiu e se levantou.

                        —Faça o que lhe faz feliz, o que você correto. Eu não darei minha opinião. –papai caminhou até as escadas e o observei subir rapidamente.

            Eu encarei minha mãe.

                        —Mãe...

                        —Eu não quero saber de absolutamente nada do que você tem a dizer. –ela começou. —Vocês tem noção do que acabaram de fazer? Mentiram durante meses, esconderam... –balançava a cabeça lentamente para os lados, em desaprovação. —Você viajou conosco, Joseph. Como não percebemos?  

                        —Me desculpa. –eu sussurrei, deixando as lágrimas fugirem dos meus olhos.

            Então, ela se levantou e saiu, indo atrás de meu pai.

            Encarei Joseph sentado no sofá. Ele me olhava deixando transparecer tristeza. Respirei fundo e caminhei rapidamente para os fundos da casa, sai pela porta e cheguei perto da piscina. Deixei as lágrimas caírem de vez. Apoiei as mãos nos joelhos e abaixei a cabeça, sentindo certa falta de ar, por conta do choro.  

                        —Madison. –ouvi a voz de Joseph.

            Levantei a cabeça e o avistei caminhando em minha direção. Seus braços rodearam-me, me abraçando com força. Eu chorei ainda mais. Envolvi meus braços ao redor dele e molhei sua camisa com meu rosto grudado em seu peito. Joe beijou minha cabeça.

                        —Não chora. –ele dizia. —Vai ficar tudo bem.

                                                            ****

            No dia seguinte, eu acordei tarde. Eu usava a roupa da noite anterior, nem me dei ao trabalho de colocar pijama. Levantei-me e adentrei o banheiro para um banho frio. Meu rosto ainda denunciava a noite mal dormida. Após me trocar, eu desci cambaleando pelas escadas. Encontrei meus pais a mesa.

                        —Bom dia. –sussurrei, sentando-me em meu lugar.

                        —Bom dia. –mamãe respondeu seca.

                        —Tenho que ir para a empresa. –papai disse, se levantando. Ele beijou discretamente minha mãe. —Eu volto para o almoço.

            Assim, ele pegou a pasta sobre o sofá e saiu pela porta. Eu fiquei quieta, somente observando. Ele me ignorou. Segurei-me para não deixar as lágrimas escaparem de meus olhos e tomei um pouco de suco.

            Minha mãe se levantou da mesa e começou a guardar as coisas, como se eu não estivesse ali. Eu larguei o suco na mesa e me levantei, caminhei com rapidez em direção a porta. Sai andando com raiva, batendo o pé no chão com força. Peguei o celular no bolso do short e disquei o número de Joseph.

                        —Oi, Mad. –atendeu no terceiro toque. —Está tudo bem?

                        —Podemos nos encontrar agora?

                        —Sim.

                        —Estou o esperando no parque.

                        —Chego em 10 minutos. –respondeu.

            Finalizei a chamada e guardei o celular. Cheguei ao parque minutos depois e me sentei sob a árvore. Me mantive forte, eu não queria chorar mais.

            Avistei Joe caminhando em minha direção, poucos minutos depois. Ele se curvou e segurou meu rosto.

                        —Tudo bem? –perguntou, olhando em meus olhos. Eu assenti. —Vamos lá para casa. –chamou.

            Eu me levantei com a sua ajuda.

                        —Você quer conversar? –indagou, após nós adentrarmos seu apartamento.

            Sentei-me no sofá e observei Joseph sentar ao meu lado.

                        —Meus pais estão me tratando como se eu nem existisse. –contei. —Meu pai não disse sequer um “bom dia” para mim, Joe.

                        —Estão assustados, surpresos, Mad. –ele pegou minha mão e olhou meus olhos. —Temos que dar um tempo a eles.

                        —Mas quanto tempo será preciso até que eles entendam que estou apaixonada por você?

                        —O tempo necessário até que eles entendam que sou apaixonado por você. –respondeu. —Não quer vê-la chorar, entendeu? Você precisa entendê-los também, Madison.

            Assenti.

                        —Quer sorvete? Acho que tem no freezer. –disse ele, levantando-se.

                        —Sim.

            Passei o dia inteiro com Joseph, e não me dei ao trabalho de ligar em casa para avisar. Nós assistimos Tv juntos e o ajudei a organizar papeladas do trabalho. Perto da 18h da tarde, ele estacionou o carro. Encarei a entrada de casa ainda do carro e respirei fundo.

                        —Obrigada. –eu disse a Joseph. —Qualquer problema, eu te ligo. –avisei.

                        —Tudo bem. –ele assentiu e me deu um selinho demorado. —Eu amo você. –encarou meus olhos.

                        —Eu também. –sussurrei e então, abri a porta do carro e sai.

            Caminhei sem pressa, passando pelo pequeno jardim, até a porta de casa. Quando passei pela porta, encontrei meus pais sentados ao sofá. Não disseram nada, nem eu. Subi para o meu quarto e tranquei-me.

            Quase uma hora depois, ouço batidas na porta. Levantei-me rapidamente e abri a porta. Era Gabriela.

                        —E ai, gata. –ela disse, adentrando meu quarto.

                        —Oi. –sorri e fechei a porta.

            Ela se jogou em minha cama com a barriga para cima.

                        —Passou pelos meus pais? –perguntei.

                        —Sim, deixaram-me subir. –respondeu. —Eu vim dormi aqui com você. –disse. —Amanhã nós vamos ao clube com Mason e Ken.

                        —Mason já chegou da viagem? –sentei-me em minha cama.

                        —Ele viajou? –soltou uma risada. —Eu não soube.

                        —Como não soube? Tem dias que ele foi para o Maine.

                        —Mason saiu conosco semana passada, ele não foi para o Maine.

                        —Mas... Ele mentiu para mim.

                        —Por que ele mentiria? –ela perguntou, sentando-se.

                        —Não faço ideia. –dei de ombros.