- Pai? – me arremessei no chão e com os braços fui indo para trás.
Ele agachou e disse:
- Kenna, preciso te dizer uma coisa.
- SAI! - gritei – Agora!
- Kenna, me ouça! – ele enfurecia.
- Ahhhhh! Socorro! Socorro! – eu gritava e me debatia contra a parede.
Ele segurou meus pulsos com força e gritou para eu calar a boca.
Charlotte levantou as pressas e foi até ele.
- Solta ela! Agora! – ela me puxava das mãos de meu pai.
Ele me soltou e levantou. Me encarou por um tempo, e saiu enfurecido.
- Você está bem, Kenna? – ela me analisava.
- Eu não quero que ele entre aqui, jamais! Por favor, Charlotte, não deixe ele entrar.
Ela me abraçou.
- Tudo bem, Kenna. Não vou deixar ele chegar perto de você.
- Charlotte, eu sei que você deve estar se perguntando o que ele fez para mim. Mas não sinto que essa é a hora certa.
- Tudo bem, Kenna, não se preocupe.
Saímos do abraço e Charlotte se retirou do meu quarto. Provavelmente indo até meu pai para mandá- lo nunca mais voltar. Eu sai do quarto e fui até a sala, tentar entender o que meu pai estava fazendo aqui e ao mesmo tempo tentar esquecer que ele estava aqui.
- Você é a Kenna, certo? – uma voz de trás de mim disse suavemente.
Se virei para ver quem era. Um homem com cabelos loiros e de olhos azuis com um sorriso incrível.
- Sou eu, porque?- eu disse meio seca.
- Eu ouço muito de você, você parece conhecer todos aqui, em? – ele disse levantando a sobrancelha.
- Com tanto tempo livre tenho que achar algo para fazer, as pessoas são irrelevantes. – eu revirei os olhos.
Ele riu.
- Eu só estou sendo simpático, relaxa Kinei. – ele continuava com o mesmo sorriso.
- É Kenna! – eu resmunguei.
- Eu sei. – ele piscou um de seus olhos para mim e saiu.
Enquanto eu tentava entender porque ele tinha vindo até mim;
Droga! Não perguntei o nome dele!
Sai correndo em direção ao corredor onde ele tinha virado, o avistei virando a direita, antes que eu pudesse correr.
- Opa, opa, calma aí, flash! – Charlotte apareceu rindo e fazendo um sinal com suas mãos para eu parar – Onde você vai?
- Eu? Em nenhum lugar! Porque você acha que eu vou em algum lugar? – eu disse nervosa tentando encontrar o homem apenas com os olhos.
- Calma! Eu achei que você estava indo a algum lugar, você estava correndo. -ela disse com cara de quem se arrependeu.
- Ok, Charlotte, preciso ir. – murmurei.
Voltei a correr e virei na mesma direção do homem, mas ele já não estava mais lá.
Ao voltar a sala comecei a pensar se eu não havia sido ruim com Charlotte. Ela não tinha culpa de estar no caminho.
Fui até a ala dos quartos dos cuidadores. Mostrei o crachá que dizia que Charlotte era minha cuidadora e me deixaram entrar.
Ao entrar no quarto vi Charlotte arrumando uma mala.
- Charlotte, para que essa mala?- eu disse revistando a mala com os olhos.
- Kenna, eu vou embora. Me desculpa, mas eu acho que você não confia em mim. Eu achei que com o tempo eu ganharia sua confiança mas vejo que nada mudou. -ela dizia limpando as lágrimas.
- Não, Charlotte! Não vai, por favor! – eu começava a chorar.
- Me desculpa, Kenna, não posso continuar aqui com você me tratando assim.
Enquanto ela falava, eu só pensava no que fazer para fazer ela ficar, o que fazer, o que fazer? Eu sou muito impulsiva, então, eu logicamente, na tensão do momento, agi por impulso e a beijei.
Nunca tinha sentido aquilo. Minha barriga deu um nó, e eu tremi por inteira. Só sei que eu queria ficar ali para sempre. Charlotte se esquivou pra trás e olhando para cima boquiaberta disse:
- Kenna, eu...Eu... Isso não é certo.
Realmente aquilo estava longe de ser certo, mas quem se importava? Charlotte me fazia bem.
- Charlotte, - eu me aproximei dela levantando sua cabeça, que estava baixa – olha nos meus olhos e me diz que você não quer isso. Que você não quer nós.
Charlotte encarou meus olhos por vários instantes, se aproximou e me beijou.
Mas nos afastamos rapidamente ao ouvir a segurança da entrada da área gritar.
- Paciente 432, acabou o tempo! Para fora!
Eu, no caso, era a paciente 432.
Nós entrelaçamos olhares e rimos.
Fui em direção a porta, ao chegar nela, me virei de costas e olhei para Charlotte.
- Por favor, fique.
Ela sorriu e fez que sim com a cabeça.
Eu sai da área e fui ao meu quarto tentar digerir o que tinha acontecido
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