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História Key To Your Heart - (Suga - BTS) - Apaixonada, ou não


Escrita por: Anonima6

Notas do Autor


Hey, parece que demoro alguns aninhos para voltar, mas como diz aquele ditado: "Um bom filho a casa retorna".
Enfim, quando me perguntam apenas um motivo por deixar de postar, não consigo descrever apenas um, tive problemas com plágio no fim de 2016 e começo de 2017, o animesprit demorou 3 meses para tirar o plágio do ar, fiquei muito chateada na época, principalmente com a plataforma. Depois disso iniciei a faculdade, acreditem em mim, foi o que apagou todo o meu brilho, pq nela conheci um cara e me apaixonei, passei poucas e boas em um relacionamento abusivo, quando finalmente quebrei as amarras com ele, foi diagnosticada com ansiedade generalizada, depois depressão e por fim estou fazendo tratamento para transtorno bipolar, foi nesse tratamento que me fez melhorar. A faculdade ainda não consegui terminar por causa da minha luta com os meus transtornos, e não ajudou nada escolher uma profissão que não tem nada a ver com meus sonhos. No fim, estou tentando recuperar o que ainda sobrou de mim, não estou legal, mas estou quase lá.

Sobre a fanfic: pretendo terminar, não seguirá o final que imaginei naquela época, mas irei seguir conforme a premissa mantendo o significado original e os personagens, como não é uma história que eu classificaria como "promissora" para meus projetos de escritas no futuros, terá uma história breve e um fim antecipado da estória original, porém um final merecido e justo condizendo com a fanfic . Estou também fazendo revisão nós capítulos já postados, já atualizei os dois primeiros capítulos e vou para o terceiro assim que conseguir e assim espero manter até concluir.
Enfim, falei muito e fiquem com o capítulo 10.

Capítulo 10 - Apaixonada, ou não


Fanfic / Fanfiction Key To Your Heart - (Suga - BTS) - Apaixonada, ou não

A xícara cheia de café saia fumaça fumegante que oscilavam no ar e ia se dissipando quando perdia força, uma pontada forte na minha cabeça veio, assim que o som do maldito sino preso em cima da porta tocava, fazendo um tilintar infernal avisando que alguém havia entrado na cafeteria. Levei a mão em minha testa em um ato de proteger minha mente, mas nada adiantou, os escutaria de qualquer forma, a sessão era como se tivesse enfiando milhões de pequenas facas em meu cérebro.

A dor de cabeça e os sentidos aguçados são os efeitos colaterais causados pelo vinho que tomei enquanto tomava coragem de expressar tudo que sentia a minha mãe. Foi gratificante quando vi sua expressão assustada quando tomei meu primeiro gole do álcool, ela sabia que prometi que não iria tomar um gota desse veneno, mas na noite passada precisava de um brinde, a minha estupidez por acreditar por alguns segundos, que a vinda de mamãe seria em nome da paz, mas o que aconteceu foi o contrário, a guerra estava declarada no jantar, sua tropa começou a atacar quando ela por um ato de traição entregou-me aquele suco em minhas mãos e a batalha estava perdida no momento que desmaiei devido ao calmante.

— Você está bem? —  Perguntou Suga.

Ele estava em minha frente, nossos joelhos quase se beijavam por debaixo da mesa do pequeno café ao lado do prédio em que moramos, apesar de não chegar a fazer o contato, conseguia sentir o calor por debaixo da camada de pano que cobria minha perna, me fazendo ansiar por algo que não deveria.

Arrisquei dar uma espiada em sua feição, mantendo minha expressão amena sem revelar meu verdadeiro sentimento, mas observei que em abaixo de seus olhos haviam fundas marcações demostrando que ele não havia dormindo direito na noite anterior, que apesar de suas insistências e reclamações o coloquei para fora, ele queria dormir no sofá como já tinha feito, mas prometi que estava tudo bem, após me segurar quanto eu estava no fundo do abismo, não estava pronta para receber alguém para sentar comigo na escuridão, enquanto ele se assegurava que haveria luz o suficiente para não me perder no caminho.

O olhar assustado dele me rondava desde então, mesmo pelo óculos escuro que cobria meus olhos, sabia que ele notou a atenção que lhe dei, assim, a preocupação que o seguia quando me encarava,  foi substituída por um instinto protetor e acolhedor que fazia meu estômago se contorcer pela ansiedade de querer mais daquilo e por medo do que viria a seguir.

A ponta de seus lábios se curvaram para cima, fazendo seus olhos se comprimirem, formando assim um sorriso travesso, que bem sabia que ele iria dizer algo provocador e impróprio, mas antes que isso acontecesse resolvi agir de forma que ele engolisse as palavras antes mesmo de forma-las.

 — Só estou com minha cabeça explodindo — Respondi sua pergunta um pouco tardio, mas me senti confortável o suficiente de dizer o que estava sentindo, antes teria mentido e diria que estava tudo bem, mas ele agora sabia, não havia nada que eu pudesse esconder de seus olhos penetrantes e de suas observações provocativas.

Com um balançar de cabeça ele desistiu do que diria, relaxando sua expressão deixando de sorrir de forma travessa, mas se direcionou diretamente para o sino e deu um sorriso um pouco preocupado.

— Parece que não escolheu um bom lugar — Observou de forma irônica, percebendo que toda vez que o sino tocava me afundava mais em meu acento — Para descansar de uma ressaca antes de invadir uma delegacia que por sinal — Ele se voltou para mim e percebeu que minha atenção era toda dele, havia colocado meus cotovelos na mesa e apoiado meu queixo em minhas mãos  — Acho uma ideia não inteligente, para uma garota sexy — Completou apoiando na mesa seus braços e chegando perto do meu rosto para provocar.

— Garotas sexys tem um corpo desejável e não um cérebro — Respondi mal-humorada, escorando minhas costas novamente na cadeira, assim tirando o capuz da blusa cinza que peguei do meu armário hoje às pressas, desfazendo a tenção que criei em minha mente pela proximidade dele.

— Nem todas — Ele deu seu sorriso doce e continuou me olhando.

Não desviei o olhar, me mantendo presa em suas pérolas escuras embriagantes. Por impulso, mudei minha observação inicial para seus lábios avermelhados naturalmente e encarei seu sorriso tolo, meio persuasivo e um pouco provocante que, no primeiro encontro depois de algum tempo sem vê-lo acabei chamando de “doce” sem quer, me forcei a parar meus devaneios quando tornou por esse lado e voltei a lembrar de como ele me entendeu errado.

Por algumas palavras mal colocadas por minha parte, aquele homem a minha frente, agora pensa que iria invadir uma delegacia.

Passei a noite inteira tentando descobrir onde Angelique, minha mãe, teria mandando minhas coisas, a melhor forma de descobrir seria primeiro; saber quais serviços ela contratou de mudança, já que ela não iria me revelar, e também estava fora de cogitação pedir ajuda de um de meus padrastos, não queria os meter na bagunça que minha própria mãe havia me colocado, fora que eles iam de uma forma ou de outra me induzir a perdoa-la, não estava pronta agora e não sei se estarei no futuro, então a única resposta estaria em uma delegacia, já que o síndico do prédio se recusou a fornecer as imagens das câmeras de segurança quando não respondi o motivo de quere-las.

Olhando pela janela da cafeteria, percebi que o sol estava radiante como sempre, seus raios emanavam uma energia capaz que esquentar qualquer coisa, mas me sentia vazia e fria desde que acordei, na realidade, sinto um vazio que não posso preencher de nenhuma forma todos os dias, mesmo sabendo que nada mudaria, que aquelas coisas não me faria voltar para o passado, que nada poderia parar as vozes e pesadelos que eu tenho, as lembranças que ainda insistia em guardar era minha única pista de que um dia eu tive tudo, era a esperança de que a felicidade existe.

Minha mãe acreditava que se as lembranças sumisse eu poderia ficar melhor, poderia levar outra vida, poderia seguir em frente, mas como poderei seguir com uma vida coberta de sangue de inocentes? Como poderia ousar viver uma vida feliz sabendo que no fundo eu não merecesse isso?

Então teria que ter meus pertences de volta, para me lembrar das minhas escolhas do passado, do que eu era e do que me tornei.

— Você está bem? — Perguntou Suga, percebendo que me minha mente se afastou. Sabia que ele estava perguntando isso com medo de que eu pudesse me desestabilizar novamente e cair de joelhos no meio do meu inferno interno.

Forcei um sorriso sem graça e tirei a atenção da grande janela, mas sem nenhuma explicação meus olhos parou na gola de sua camisa vermelha que combinava perfeitamente com sua pele pálida, e como um flash lembrei de sua ferida.

Tinha me esquecido no meio dessa tubulação que foi esses últimos dias. Foi quando percebi que ele me via o analisando sem nenhuma vergonha.

— Como está a ferida? — Perguntei desconfortavelmente e peguei a xícara quente para evitar que ele dissesse algo, dei um gole sem pensar duas vezes nas consequências que viria sem esperar esfriar a larva preta fumegante.

O café tocou na minha língua e a cobriu com sua doce queimação fazendo automaticamente minha mão levar a xícara para longe da minha boca, foi nesse momento que quase soltei um palavrão baixo, mas me controlei quando percebi que iria ficar mais desconfortável o ambiente.

— Bem — Suga respondeu, se divertindo com minha situação nada agradável com o café.

Meus olhos se encheram de água, mas recusei a mostrar que estava doendo, olhando para a porta para ele não perceber o quando o ato de nervosismo me fez agir impulsivamente.

— Acho melhor — Tossi um pouco para trazer minha voz ao normal — Irmos, vamos fazer isso logo.

 Me levantei da cadeira rapidamente deixando tanto minha língua quando minha cabeça latejar ao mesmo tempo, tirando um pouco da minha noção de espaço e instalando uma leve tontura, fazendo apoiar minha mão direita na mesa, logo em seguida, Suga estava ao meu lado, apoiando sua mão em meu cotovelo esquerdo, depois de algumas piscadas e uma clareada em minha cabeça, peguei o recibo para pagar a conta em cima da mesa com o braço que Suga não estava apoiando e o olhei.

— Vou pagar a conta – Disse me mantendo firme no chão, eu não gostava de demonstrar fraqueza, é um dos meu defeitos que eu mais odeio.

— Deixa comigo — Ele puxou o papel de minha mão — Apenas sente — Apontou para a cadeira ao meu lado — Se vai para a delegacia  — Falou abrindo um sorriso —  Me deixe te pagar um último bom café antes de você começar a beber água aromatizada — O provocou fazendo conotação que iria me alimentar apenas com a comida fornecida pelo sistema presidiário.

Iria responder a altura sua observação engraçadinha, mas ele moveu suas mãos para meu braço, foi quando percebi que parte da minha costa estavam encostadas em seu peitoral, poderia sentir seu calor através de sua camisa me queimando e embriagando, seus lábios avermelhados e vantajosos estavam na altura do meu nariz, poderia agarra-lo apenas se erguesse um pouco minha cabeça.

Como se pudesse ler minha mente ele sorriu de forma diabólica, erguendo apenas um dos cantos de seus lábios, podia sentir sua respiração irregular em minha orelha, mas mesmo assim, essa era a única forma que poderia saber que ele estava sentindo a mesma tensão que passava por todo meu corpo.

O senso comum dizia para me afastar, mas minha mente estava nublada pelo sentimento caloroso, fazendo todo o meu coração se concentrar na forma como seus olhos me penetrava, me deixando totalmente nua e a sua mercê, uma parte minha odiava aquilo e a outra ansiava por mais daquela sensação.

Meu coração começou a bater de forma desregular, na verdade, tudo em mim estava desregular, minha respiração, meus sentimentos e minhas ações, deveria o afastar, mas ao invés disso, o deixei depositar um beijo na ponta do meu nariz, aprovei toda ação quando fechei meus olhos e comecei a sentir aquela sensação internamente desejando mais aquele calor que preencheu meu vazio.

— Se você quiser podemos ir a outro lugar ao invés da delegacia — Sua voz saiu rouca carregada de sentimentos, foi baixo quase um sussurro secreto.

Ainda permanecia sem o olhar, mas tudo que desejava naquele momento era me derreter um pouco mais, mas o que fiz foi o empurrar para longe e me endireitar, arrumando minha blusa no lugar.

— Você enlouqueceu?  — O respondi, pisando fundo enquanto caminhava para a saída da cafeteria.

Entrei no carro rapidamente, enquanto Suga se encaminhava para o caixa, precisava ficar um pouco afastado dele, esses sentimentos estavam indo rápido de mais, meu coração estava um turbilhão, havia me esquecido como se respira e meu cérebro, tudo o que podia fazer era pensar em fechar os olhos para sentir os lábios dele?

Eu estava totalmente descontrolada, minhas ações parecem ser de uma colegial que nunca havia visto um homem bonito dando sopa, minhas mãos estavam completamente geladas e trêmulas, por mais que tentasse ter uma expressão indiferente, não conseguia me controlar, meu corpo o quer, estou ridiculamente e estupidamente atraída por aquele homem, e mesmo querendo negar para ele, para mim e para o mundo, meu corpo denuncia minha mentira descarada.

Suspirei fundo e coloquei minha mão no coração tentando o acalmar, por enquanto, é melhor resolver o verdadeiro problema, que era recuperar parte das coisas que Angelique havia levado, irei nesse momento, culpar meus hormônios que me traem fazendo agir de forma desgovernada e escancarada, perto dele.

Antes mesmo de me acalmar completamente, Suga abre a porta do motorista e entra, imediatamente me encara esperando alguma coisa.

— O que? — Pergunto desconfortável com a atenção.

— O que? — Repete ele sorrindo, agora ele estava virado para mim me penetrando com aquelas pupilas castanhas.

Seu cabelo loiro estava começando a perder a batalha com sua coloração original; o preto, em algumas pessoas ficariam feio, mas nele, era completamente diferente, combinava perfeitamente com ele o fazendo parecer mais sexy.

— O que você quer? — Solto por fim, não aguentei a tensão de seus olhos me causando arrepios em todo meu corpo.

Seu sorriso fica cada vez mais largo e o malandro ainda umedeceu seus lábios com a língua, recusei a perder a batalha desviando meus olhos, mas passar a língua nos lábios foi um golpe tão baixo quando chutar um animal indefeso.

— Antes de saber seus verdadeiros sentimentos, gostava de te provocar para tentar abraçar qualquer resquício de que você me correspondia   — Disse Suga por fim, expressando seus sentimentos — Agora sabendo seus verdadeiros sentimentos, gosto de te provocar para ver até onde você vai conseguir negar.

Por um momento seus olhos brilharam, e eu percebi a sinceridade e a afeição neles, abri minha boca para dizer algo, mas de fato, não conseguia pensar em nada que pudesse dizer, as frases: “obrigada por insistir”, “está me desafiando?” “Enlouqueceu?” “Quer morrer?”, não pareciam se encaixar, e meu coração não queria as dizer, mas não estava pronto para se abrir assim. E a outra opção e a que sempre optei era fugir, correr para longe e ignorar tudo isso, mas, agora ele sabe do meu passado e nada mudou, ele continua aqui, continua me levando a loucura, continua me jogando para mais perto da parede, então, no final qual seria a justificativa para fugir?

Mesmo não merecendo isso, eu não consigo mais fugir e não consigo ignorar. Eu não sei o que fazer, mas a única coisa que sabia; que o primeiro passo seria admitir e faria isso quando estivesse preparada.

— Não precisa responder — Ele disse parecendo me conhecer o bastante sabendo que realmente fiquei sem o que dizer ou como agir, já que tudo o que fazia era sair correndo, mas quando permaneci dentro do carro, ainda o olhando fixamente, percebi que a seu olhar tomou um ar incrédulo, o silêncio reinou entre nós e o constrangimento caiu em mim.

Assim, pela primeira vez desviei meu olhar do dele, não consegui manter quando sua expressão se tornou felicidade misturada com alegria, uma pitada de dúvida e descrença, mas percebi que ele esperava que fugisse, mas não aconteceu.

— Sei que sou irresistível — Ele declarou.

 — Enlouqueceu? — Disse tão rápido que ele mal terminou sua frase e eu estava a ponto de querer o estapear.

Mas então ele caiu na gargalhada, vendo minha expressão assustada, quebrando todo o ar sério que ficou o ambiente e por mais que meu coração ainda estava sombrio não pude deixar de abrir um sorriso pelo bom humor que ele emanavam por ser ele.

...

 

Já estive muito nessa delegacia, nós últimos anos vinham tantas vezes para prestar meu depoimento do que aconteceu no dia da morte de Trenton, que acabei me familiarizando ao cruzar as grandes portas de vidro.

A estrutura não mudou nada em cerca de um ano, seus departamentos são separados por andares, o primeiro andar é formado pela recepção e por salas de operação tecnológica, onde prestavam o serviço atrás usando computadores e telefones como meio de solucionar problemas. A decoração ultrapassada com uma combinação no estilo retrô em tons de amarelo, laranja e a combinação com a cor azul fazia parecer mais um museu que um departamento de polícia.

Policiais entravam e saíam do local, alguns arrastavam algumas pessoas que pareciam não estar seus dias de sorte. Outras caminhavam em torno da sala até encontrar o elevador e ir para os outros andares.

Quadros de alertas, avisos e até uma imagem do policial do mês sorrindo com sua farda impecável tradicional em bege estavam apostos na parede no fim da sala, atrás da grande instalação em concreto oval que servia como mesa da recepção, papéis preenchiam os vazios da grande mesa, e ao lado, a bandeira nacional em azul, vermelho e branco, serviam como decoração.

 Encaminhamos para a recepção, Suga estava atrás de mim com o olhar de águia tentando entender o que realmente eu iria fazer, suspeitava que ele achava que iria fazer uma ocorrência contra minha própria mãe, por isso, passou o caminho inteiro tentando me levar a outro lugar e me convencer que poderia lembrar o nome da empresa responsável por levar minhas coisas, mas tudo que ele se lembrava era o emblema de um caminhão estampado na camisa verde dos carregadores, mas isso não adiantava, tinha mais de trinta transportadoras com essas características, o que não me ajudava, iríamos demorar semanas até encontrar a correta e caso encontrasse não era garantido que se lembrariam onde descarregou meus pertences.

— Preciso falar com o delegado Charles Clark — Disse chegando a grande mesa oval, a recepcionista de meia idade me olhou por cima de seus óculos de lentes grossas e comprimiu os lábios demostrando desgosto — Bom dia — Disse me corrigindo, falei um pouco nervosa e envergonhada com meus modos.

— Tem hora marcada? — Perguntou ignorando as formalidades e da mesma forma me ignorava ao direcionar sua atenção aos papéis que estava mexendo.

— Não, mas...

— Então não poderá falar com ele, marque um horário e volte novamente — Respondeu de forma grossa interrompendo totalmente minha fala.

— Ele está aí? — Perguntei de forma brusca e amenizando minha voz para parecer suave e ameaçadora.

— Ele não falará com você, mocinha — Disse me menosprezando, não respondendo a pergunta, vi quando ela lambeu um dos dedos e mudou de página no meio dos documentos que estava aparentemente lendo.

— Com licença — Respondi perdendo minha paciência e colocando um sorriso frio no rosto para disfarçar.

Me afastei da senhora e escutei ela dizendo algumas sílabas atrás de mim, com certeza percebeu que peguei meu celular do bolso da calça e comecei a digitar e não ir embora ou tentar entrar sem autorização.

Tentava pensar em uma redação para meu texto, Suga chegou por trás dos meus ombros e tentou ver o que estava fazendo.

— Não será — Disse ele me interrompendo pegando minha mão que estava digitando e cobrindo com a sua me impedindo de mandar a mensagem — Que seja por algum acaso do destino, você não poder falar com o delegado? — Argumentou, pude ler em seus olhos a súplica para não fazer o que ele achava que eu ia fazer —  Podemos resolver só nós, sabe?... Sentamos em frente a sua mãe dialogarmos — Ele agarrou meus ombros querendo me fazer mudar de ideia.

Ele não estava entendendo o meu ponto, mas era impossível dialogar com a minha mãe, ainda mais quando eu estava tão brava e ela tão irredutível, esse era o único caminho que não iria prejudicar as coisas.

— Não irei abrir uma ocorrência contra minha mãe — Disse for fim.

— Não? — Ele perguntou surpreso.

— Não, não tenho meus documentos para o processo — Dei de ombros, me soltei dele e me encaminhei para as cadeiras de espera que ficavam a direita da mesa oval.

— Você não tem documentos? — Perguntou vindo até mim, me interrompendo de sentar confortavelmente.

— Não é que não tenha meus documentos — Expliquei, me virando para olhar no fundo dos olhos daquele homem — Eu tenho, só não está comigo.

— Você perdeu seus documentos? — Disse ele falando um pouco mais alto que o normal, atraindo a atenção de um dos policiais que estava passando.

— Eu não perdi, tá legal? — Cheguei perto dele e disse mais baixo, não queria ninguém sabendo da minha vida conturbada  — Está com a minha mãe, é a forma que ela usa para me colocar na coleira — Expliquei de forma curta e rasa e cruzei os braços de forma protetora, assim mantendo uma distância segura entre nós.

— Coleira? — Sua expressão estava confusa, talvez teria sido mais fácil deixar ele pensar que abria o boletim de ocorrência, mas queria deixar claro que mesmo sendo do jeito que sou, não teria coragem de fazer algo que posso prejudicar alguém da minha família, pelo menos, não juridicamente falando.

— Você acha que eu a chamaria para minha casa sem ter algo em troca? — O fiz raciocinar sobre os acontecimentos — Era pra ela me devolver minha documentação.

— Coleira? — Ele continuou com a mesma pergunta, talvez não devesse ter usado esse adjetivo, mas não consigo achar uma palavra tão resumida e tão simples que poderia explicar uma situação como essa.

— É assim que ela me mantém controlada. Dentro de um país que ela tem conhecimento — Tirei meus óculos escuro dos meus olhos e levei as mãos em minha têmpora tentando fazer minha cabeça para de doer.

— Espera, espera — Ele levou as mãos na cintura e desviou sua atenção de mim, parecia tentando raciocinar, então o esperei como pediu —Você teria aberto a ocorrência caso tivesse seus documentos?

— Tecnicamente o apartamento é dela, então a resposta também seria um não — Vi Suga ficando cada vez mais confuso com a situação.

— Então para que está aqui?

— Eu só quero saber o nome da transportadora.

— Então o que estou fazendo aqui?

Não respondi sua pergunta, o observei mais atentamente, o que poderia dizer nessa situação? Eu apenas o chamei para vim por que não queria entrar em uma delegacia sozinha, não por ter medo, não por receio, não era por me sentir sozinha, mas precisava de apoio, precisava de alguém, talvez eu quisesse uma desculpa para dar motivos para ele se afastar, talvez eu seja apenas criando situações das quais me faça o ver, acredito que entre esse paralelo de questões alguma essa seja a resposta correta.

— Se não era para prestar depoimento e nem para te impedir, o que você quer de mim aqui? — Perguntou novamente reformulando sua outra questão quando percebeu que eu não estava respondendo, mas foi nesse a momento que ele me colocou na parede — Não me diga que é pela companhia?

Seu olhar passou de surpreso para uma mistura de confusão e compreensão, foi quando seu sorriso se alargou, percebi que sua bochecha ficou levemente vermelhada em contraste com sua pele pálida, e ele não disse mais nada, apenas me olhou apaixonadamente, o que fez meu coração se disparar como se tivesse se preparando para uma maratona, então ele deu um passo a frente chegando mais perto de mim se livrando da distância segura que nós mantínhamos.

Foi nesse momento que tudo ao meu redor não pareceu importar, o barulhos dos carros passando na avenida sumiram, os murmurinhos vinda da sala de operação simplesmente se tornaram inaudíveis, as pessoas que passavam de um lado a outro apenas desapareceram, apenas restou o olhar penetrante dele, o seu sorriso doce, o perfume embriagante que chegou ao meu olfato, e sua sobrancelha erguida de forma confiante.

Então percebi que ele ainda aguardava uma resposta, mas eu não tinha nenhuma, não por saber o que dizer, apenas não saber verdadeiramente qual dos motivos que me teria feito o chamar, talvez tenha sido apenas o famoso impulso, ou meu coração já dominado, mas o que que seja, não estava o dizendo.

— Só precisava de uma carona, não seja tolo — Foi apenas o que consegui responder, afinal, ainda sou eu, apaixonada ou não.


Notas Finais


Eu de novo, espero que tenham apreciado, gostaria de agradecer cada um que me acompanhou nessa trajetória, aguardo vocês no próximo capítulo e obrigada.

Peço que comentem e deixam seu favorito para dar aquela força.


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