História Kill the Joker - Capítulo 9- Injustiça

O domingo estava sendo um porre. Todo mundo estava com uma ressaca horrível, menos Chanyeol e Suho que pareciam estar “de boas”.

No café da manhã, os meninos – que se sentiam bem o suficiente para ser social –  se sentaram a uma mesa enorme e cheia de comida. Baekhyun apenas pegou um copo com café preto e comeu um pedaço de pão de forma, então voltou para o quarto que havia dormido, junto com Luhan.

– Que horas são? – O chinês perguntou, levantando a cabeça levemente do travesseiro.

– Já se passaram do meio-dia

– O QUE!? – Ele deu um pulo da cama e correu cegamente para banheiro, aonde deu de cara com a porta fechada. Luhan soltou um “Ai” baixinho, então abriu a porta e entrou como se nada tivesse acontecido.

Baekhyun deu risada do amigo, e logo em seguida se jogou na cama novamente, na onde ficou deitado olhando o teto.

Suho havia anunciado que queriam todos os rapazes fora da casa dele antes das 17hrs, então o time de futebol estava correndo para lá e para cá, para partirem rapidamente. E Luhan havia dito que iria junto com eles, para não ficar chato para o amigo.

Depois de tomar uma ducha gelada, trocar as roupas que estavam em seu corpo desde a tarde do dia anterior, Luhan sentou-se na cama e enxugou os cabelos lentamente. Observou o amigo coreano que estava deitado com os olhos fechados, mas não estava dormindo. Ele se aproximou devagar e beijou a barriga do outro que estava a mostra por conta da camiseta curta que usava. Baekhyun o olhou por alguns instantes, mas não deu bola. Então ele ousou e lhe deu uma mordidinha, perto do começo da bermuda azul. O coreano pulou com aquilo, e Luhan se afastou dando risada.

– Você está louco? – Perguntou com os olhos arregalados.

– Achei que você gostasse de mordidas – Falou do batente da porta. Baekhyun fez um barulho estranho de desgosto e então deitou-se novamente.

– Como foi com aquele garoto lá? – Perguntou depois de alguns instantes. Luhan deu de ombros mesmo que o outro não pudesse ver. – Não deu em nada, né? – Mais uma dada de ombros.

– Sehun disse que eu não faço o tipo dele “pra cama”– Baekhyun riu de nervoso– Não ria– Disse tristonho– Ele realmente é muito gostoso– Mordeu os lábios– Mas acho que é hetero demais pra ficar bêbado e transar com outro homem– Bufou, então ficou quieto– Vou tomar café, ok? – O amigo assentiu, então antes que ele saísse, provocou-o:

– Sehun está lá embaixo... E não parecia muito hetero ao dar um selinho em um dos garotos do seu time– Ele riu ao ver Luhan disparar pelo corredor.

É claro que era mentira, mas ele precisava saber se o amigo gostava mesmo desse tal de Sehun, e acho que ele provou que sim.

– Nunca fique bêbado e se apaixone– Disse para si mesmo enquanto olhava o teto.

– Eu que o diga– Disse uma voz grossa vindo da porta. O moreno sentou-se na cama e encarou o dono da voz que logo entrou no quarto.

Baekhyun não sabia o que dizer para Chanyeol. Ele estava fingindo que nada aconteceu na noite anterior, mas quando viu Suho e outros 4 garotos agarrando o seu colega de quarto e o empurrando para fora da casa, ele criou medo. E então quando viu uma ambulância chegar e levar o tal do JungHyun, ele criou pânico.

Precisou fugir o resto da noite de Chanyeol, pois o ruivo o seguia como um cachorrinho. E o rapaz realmente parecia com medo, medo dele mesmo, e ele só queria ficar com Baekhyun que queria ficar sozinho.

– Você está bem? – Perguntou depois de o encarar por longos minutos. O moreno assentiu em silencio, e abaixou a cabeça– Tem certeza? – Pegou no queixo do outro com cuidado e puxou para cima levemente. Baekhyun assentiu mais uma vez, Chanyeol trincou o maxilar– Você não quer me falar, tudo bem... – Ele levantou – Eu vou embora... Só vim ver se você estava precisando de alguma coisa– O ruivo lhe encarou como se implorasse para que ele pedisse que ficasse, mas ao contrário disso, ele não disse nada.

Chanyeol saiu do quarto decepcionado, o por que ele não sabia. Na verdade, ele não sabia de nada, o rapaz se sentia perdido de todas as maneiras possíveis e só queria fugir. E depois de ontem á noite, ele só queria sair daquela escola e sair de perto de todos aqueles adolescentes. Ele queria fugir de Byun Baekhyun, mas também não queria, ele nem sabia o que queria na verdade.

O Park ia descer as escadas, mas então resolveu voltar para o quarto do colega. Mas quando chegou lá, ele já estava cercado dos amigos. Então como uma bala, disparou pelos degraus da casa, pegou a mochila que já estava o esperava num canto da sala e saiu fora dali.

– Ei Chanyeol– Kim Minseok chamou-o de longe. – Você está indo embora? – Perguntou com uma das mãos a cima dos olhos para bloquear o sol.

– Sim, meu pai está vindo me buscar – Mentiu

– Por que? – Perguntou se aproximando

– Preciso resolver um problema de família– Disse se afastando, e o mais velho assentiu.

– Boa volta! – Desejou, então virou as costas para ele e foi embora.

De fato, alguém estava vindo lhe buscar, mas não era seu pai.

O carro vermelho, uma BMW, parou no portão de Suho e buzinou alto. Chanyeol quis matar o amigo que estava atrás do volante, mas ao invés disso, ele apenas entrou no carro e disse:

– Pare de ser exibido, seu bastardo.

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– Chanyeol foi embora– Xiumin disse ao entrar no quarto e pegar seu amigo arrumando suas coisas.

– Ah é– Disse não dando a mínima para aquilo.

– Achei que ficaria feliz com isso.... Sabe, paz...

– Ah sei lá – Deu de ombros.

– O que foi, Byun Baekhyun? – Perguntou com um tom autoritário, e então o pegou pelos ombros e colocou na cama. – Não minta – Disse entredente– Sou seu melhor amigo, e você não deve mentir

– Chanyeol....

– Eu sei que o problema é ele, sempre é, mas o que ele fez dessa vez?

– O que ele fez? – Perguntou incrédulo– Minseok, ele quase matou um colega ontem

– Pelo amor, não exagere. Brigas acontece, e outra ele estava te defendendo....

– Eu não sei o porquê de ele ter feito isso, se ele quer me esganar todos os dias... – Revirou os olhos

– O cara ia te estuprar, sabia?

– Não exagere também.

– Ah não? Então o que ele ia fazer? Brincar de casinha com você enquanto você desmaia de tanto que bebeu? – Xiumin fechou os punhos de raiva

– Não vamos brigar por causa disso, vamos? – O amigo virou o rosto– Desde quando virou advogado de Chanyeol? – Perguntou zombando.

– Desde que ele salvou meu amigo

– Pelo amor, Xiumin– Quase gritou enquanto se levantava

– Ah, ah. Chega, tá? Não to afim de brigar com você– Ele se levantou e foi até a porta– E saiba que Luhan não quer nada comigo, então pare de empurrar ele para mim. – Então saiu para o corredor, desaparecendo por trás da longa parede marrom do quarto.

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A volta para a casa foi tranquila, estavam apenas em 4 agora já que Luhan havia ido embora com o time de futebol, e chegaram rapidamente na escola.

Ao chegar na escola, o Byun choramingou, e demorou para voltar ao quarto no qual ficava. Ele caminhou tão lentamente pelo corredor, e quando chegou lá, pegou o quarto vazio.

Chanyeol não voltou no domingo para a escola, nem na segunda e nem na terça. Ele havia sumido novamente.

– Aposto que foi por sua causa novamente– Alfinetou Xiumin no intervalo de quarta-feira.

– Cale a boca – Sussurrou Luhan que agora lanchava com eles

– Mas é a verdade, Lu– Minseok se debruçou pela mesa– Baekhyun foi um idiota com o Chanyeol, ainda mais depois que ele salvou a vida dele

– Ah vá a merda, Minseok – Ele se levantou e foi embora.

Cabulou as últimas aulas escondido na biblioteca junto de Lay, e então quando o sinal tocou os dois foram para seus quartos.

 – Tchau, Lay– Despediu-se do amigo que continuou indo até o fim do corredor aonde era seu quarto, e então entrou no seu, dando de cara com seu colega de quarto que tinha acabado de entrar.

Chanyeol o olhou por alguns instantes, sem expressão nenhuma, e então lhe deu as costas.

– Vai fingir que eu não existo? – Perguntou, colocando a mochila em um canto

– Vou– Respondeu simplório enquanto tirava a camisa

– Ótimo– Deu de ombros, e um biquinho formou em seus lábios sem perceber. O ruivo deu risada e veio até ele.

Os dois se encararam por um longo tempo, e nenhum pretendia dizer nada um para o outro, mas Baekhyun deixou o orgulho um pouco de lado e disse:

– D-desculpe – Ele desviou o olhar para os próprios pés, com vergonha de ter agido daquele jeito rude com o colega de quarto, quando o outro só estava se importando com ele.

– Tudo bem, eu não ligo– Chanyeol colocou uma mecha de cabelo preto do colega atrás de sua orelha e deu um meio sorriso. – Você está bem? – Perguntou ainda com a mão em sua cabeça.

– Estou– Disse baixinho

– Tem certeza? – Insistiu e outro assentiu.

Baekhyun não estava 100% bem, mas fazia o possível para estar. E ele faria o máximo também, para perder esse receio que havia criado de Chanyeol.

– Que bom– Sorriu, e então se afastou. Foi até sua parte do armário e pegou uma bermuda preta de tactel.

O ruivo entrou no banheiro, e logo o chuveiro fez o barulho alto que sempre fazia quando era ligado.

Assim que saiu do banheiro, Park Chanyeol sentou-se em sua cama, pegou seu amado violão e começou a tocar uma das suas músicas favoritas. Baekhyun se aproximou e sentou-se ao seu lado, então ele parou.

– Continue– Pediu com os olhinhos brilhando. O ruivo bufou– O que foi?

Depois daquela noite insuportável na casa do tal do Suho, Chanyeol recebeu uma mensagem do melhor amigo dizendo que ele estava na cidade, então achou aquilo o escape perfeito para tentar esquecer aquela merda toda.

Os dois rapazes saíram e encheram a cara todos os dias em que o ruivo estava fora da escola. Até que a diretoria o ligou dizendo que iria comunicar seu responsável se ele não voltasse em 24hrs. E lá estava ele novamente naquele inferno.

Chanyeol estava com a cabeça tão cheia, desde aquele maldito recado de seu amigo, dizendo que o velho Byeon estava voltando para Seoul. Mas o que o ruivo não tinha entendido era que, o velho não morava em Seoul? Seu próprio pai havia lhe dito isso antes desse “serviço” começar, e o proposito não era acabar com a vida do coitado do Baekhyun? Por que ele estava querendo que o rapaz apenas sumisse?

Eram tantas perguntas formadas em sua cabeça e nenhuma delas podiam ser feitas para seu pai, mas se tinha alguém que podia responder elas era Kim JongDae, o braço direito do velho Park. Chanyeol iria procurar o rapaz assim que pudesse, mas agora ele precisava se concentrar no mais importante: Não enlouquecer.

E ainda acima de tudo, tinha seus sentimentos que estavam confusos já havia alguns dias. Era ridículo e clichê demais que ele estivesse gostando novamente de sua vítima. Mas toda vez que via o seu colega de quarto com outro rapaz, seu maxilar trincava automaticamente e a vontade de esfolar alguém vivo vinha em seguida. E o desejo de toca-lo era incessante. Chanyeol tentava não pensar nisso, mas estava ficando louco com isso, ele precisava colocar isso para fora.

– Chanyeol? – Chamou-o pela quinta vez.

– O que? – Perguntou, piscando.

– O que foi? – Insistiu.

– Nada, nada. Apenas me distrai, pensando em outra música para tocar. – Sorriu de leve

Ele tocou mais uma música, desta vez uma mais agitada. E quando a música acabou e antes que ele pudesse começar outra, o colega soltou:

– Você sumiu por causa de mim? – Chanyeol deu risada

– Por que eu sumiria por causa de você? – Disse com um tom superior, e viu o moreno ficar sem graça.

– E-Eu achei que...

Baekhyun realmente tinha achado que Park Chanyeol estava gostando dele? Ele devia estar louco. É claro que isso não aconteceria.

– Achou o que?

– Nada

– Começou, agora diga.

– Esqueça isso, ok? Você saiu e ponto– Deu de ombros e levantou da cama.

– Espere– Disse ao ver que ele iria sair do quarto. O moreno parou na porta e o viu vindo em sua direção. – Eu realmente sumi por sua causa– E então ele saiu do quarto.

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No dia seguinte, a escola estava agitada. Todos falavam entre si sobre alguma coisa, e então Baekhyun viu os policiais.

– O que aconteceu dessa vez? – Perguntou ao amigo, Kim Junmyeon que estava por perto.

– Amarraram um garoto na enfermaria, e estão dizendo que foi o professor tarado.

– Como assim? – Baekhyun começou a tremer

– Sei lá, foi o que eu ouvi... – O rapaz saiu para fora da muvuca e não terminou de falar.

Aquilo estava virando um pesado. Vários pais já haviam tirado os filhos da escola por conta disso, e Baekhyun tinha certeza de que se chegasse nos ouvidos dos tios, isso também iria acontecer com ele.

Os policiais vieram na direção dos vários rapazes e afastou a multidão do local, quase os empurrando a força para fora do prédio.

Assim que acabava as aulas, o Byun corria para fora da sala. Ele não se arriscava a ficar sozinho com nenhum professor. Ninguém sabia quem era, então o perigo era maior ainda.

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Enquanto voltava de sua última aula, Luhan sentiu um arrepio esquisito pelo corpo mas deu de ombros. Ele caminhou lentamente para seu quarto e então recebeu uma mensagem do amigo, Baekhyun.

“Ei, venha me ver. Preciso de alguém para desabafar. TT”

O chinês correu para fora do quarto e pelo longo corredor. Ele saiu de seu prédio e andou lentamente, com o frio a sua volta. Esfregou os braços rapidamente e parou.

A sua frente estava uma figura escurecida pelas sombras. Parecia um homem de estatura mediana que usava roupas de malha preta. O chinês engoliu em seco e começou a correr.

Luhan correu tanto que seus pulmões queimavam dentro de si, e então ele parou se apoiando na parede. Sem que percebesse, o homem que o seguia se aproximou e o jogou com força na parede. E então, ele sussurrou baixinho em seu ouvido.

– Fique quieto, eu estou armado. – Luhan arregalou os olhos e empurrou o homem com força.

Ele sabia de quem era aquela voz, ele conhecia o professor tarado e ele tinha certeza de que aquela pessoa já não era professor há muito tempo.

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