O líquido de Luke desceu minha garganta abaixo.
É bom.
Tudo nele é bom.
Eu me levantei.
Limpando o canto da boca com o polegar.
Ele sorriu olhando-me.
Nada como um bom boquete no meio da cozinha.
Mas eu já estou me cansando.
Cansando dessa história de mentira e amor e morte.
Sabendo que esta ordem está errada.
Uma hora ou outra ela fica correta.
Minha mente estavas a ficar cada dia pior.
Mentira e amor e morte.
Mentira e amor e morte.
Mentira.
E amor.
E morte.
Eu sinto que está chegando o final.
Sinto que o fim da linha do trem está chegando.
Mais próximo.
Mais próximo.
Esse não é só mais um caso de polícia.
Não é só mais um assassinato.
Não se trata mais de um culpado.
De pistas.
De hipóteses.
De depoimentos.
Só eu e Luke.
Michael e Luke.
Gordon e Robert.
Clifford e Hemmings.
Verde e azul.
Está acabando.
Eu sei disso.
Ele não.
Eu vou ouvir as vozes.
A escuridão dentro de mim.
Acordada.
Acordada.
Nossa história de mentira e amor e morte.
Acabando.
Acabando.
Luke sentou-se no balcão.
Eu andei até ele.
Encaixando-me entre suas pernas.
Tombei a cabeça para o lado.
Nossos olhos fixaram-se.
''Você me ama?'
Minha voz sumiu.
Por que aquele assunto sempre fodia comigo.
Um.
Dois.
Minutos.
Dois minutos.
Passaram-se.
''Eu amo você.''
Meu tom saiu falho.
Luke nunca seria capaz de me amar.
Nunca.
''Você me ama?''
Nossos olhos desviaram-se.
E eu já sabia a resposta.
''Eu tenho um coração negro, Michael. Com um furacão embaixo dele. Você o tem, ao menos a maior parte.''
Era tudo o que precisava ouvir.
''Se meu coração pudesse cantar, ficaria para ouvi-lo?''
Minha mão alcançou o facão.
Puxei-o.
''Ficaria.''
Em um movimento rápido ele estava perto do rosto de Luke.
''Não minta.''
Sorri.
''Você diria que as noites são muito longas agora? Que a perfeição é tudo que precisa para estar vivo sem matar?''
Suas sobrancelhas se arquearam.
Parecia pensar.
Não ouse mentir para mim.
''Sem me matar?''
Luke. Luke. Luke.
Nós dois sabemos que eu estou agindo á base da escuridão.
Eu preciso.
Preciso.
Fazer isso.
Por que eu simplesmente cansei.
''Promete para mim que vamos nos ver no inferno?''
''Eu prometo.''
Sorri.
Largo.
Nossos lábios se tocaram.
Não era quente.
Era intenso.
Um pouco delicado.
Nossos olhos não fecharam.
Continuaram fixos um no outro.
Seus braços envolveram-me em um abraço.
Desajeitado.
Está na hora, Michael.
Mentira e amor e morte.
CALEM A BOCA POR UM INSTANTE.
CALEM A BOCA POR UM INSTANTE.
CALEM A BOCA POR UM INSTANTE.
Eu preciso acordar.
Escondi meu rosto na curva de seu rosto.
E,
Ágil,
O facão fora fincado em seu peito.
Ele não fez barulho algum.
Afastei-me de seu corpo.
A tempo de ver os últimos minutos de seus olhos azuis.
Brilhantes.
Intensos.
Escondendo seu demônio.
Sua escuridão.
Qual o consumiria por completo agora.
''Michael...''
Com pouca força ele tirou um revólver da cintura.
Que eu não notei estar ali.
Até o momento.
Luke Hemmings sorriu.
Psicótico.
Insano.
E atirou.
Direto em meu peito.
Nossos corpos caíram no chão.
Ritmos cardíacos fracos.
Parando.
Aos poucos.
Aos poucos.
Risos. Risos. Risos. Gargalhadas. Ele criou um monstro.
O que não me mata, me deixa mais forte.
O loiro não me matou quando pode.
Deixando-me mais forte.
Vocês conseguem entender agora?
Mentira e amor e morte.
Amor e mentira e morte.
Eu amei.
Ele mentiu.
Ele morreu.
Eu morri.
Verde no azul.
Pela última vez na Terra.
Eu matei Luke Hemmings.
E Luke Hemmings me matou.
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