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História Kingdom Of Starshine - A Princesa Perdida - Capítulo I - Deneb


Escrita por: reverie49

Capítulo 1 - Capítulo I - Deneb


Carregar o que muitos chamam de "sangue azul" não é tão legal quanto parece, óbvio que tem suas regalias, mas são tantas responsabilidades que você acaba não sabendo o que fazer por ter muita coisa para fazer, é algo confuso e assustador, por vezes, mas pelo menos eu tinha a minha irmã mais velha, Adhara.

Nós eramos totalmente o oposto, mas tínhamos uma ligação impressionante, ainda que tivéssemos tantos pensamentos divergentes. Mas ela era quase tudo o que eu tinha... fora a mamãe e o papai, só que eles não contavam tanto, pois estavam sempre tão ocupados com as coisas do reino que quase não participavam das nossas vidas tanto quanto pais "normais" de adolescentes "normais" costumam participar. Juntos aprendemos a aturar um ao outro, no fim, não era de todo ruim, pior seria não ter ninguém para dividir o "sky".

Andávamos devagar, olhando para todos os cantos, completamente desconfiados e temerosos. Sentir isso tinha virado algo tradicional, um tradicionalismo não só meu, de Adhara também, afinal, ninguém poderia descobrir sobre o nosso esconderijo secreto, e, bem, tem funcionado durante todos esses anos, ou simplesmente os outros acham isso algo muito tosco e não ligam, só que era divertido pensar que eles fossem ligar, caso descobrissem, dava uma emoção sempre quando estávamos a caminho.

- Dá pra não fazer barulho? - Adhara bateu no meu braço com classe... como ela faz isso eu não sei... a garota era o molde perfeito de uma princesa, até por que era uma, talvez a mais legítima de todas existentes.

- Você só pode estar de brincadeira, eu não estou fazendo barulho - passei a mão no local do atrito, pois, embora com classe, suas tapas doíam.

- Agora está - ela disse empinando o nariz e andando na minha frente, me fazendo revirar os olhos...

Sempre tão dona de si... levantando o grande vestido para não pisar no mesmo enquanto andava em passos longos pelos corredores pouco iluminados do palácio.

Eu procurava entender os meus pensamentos... eu odeio ser príncipe, embora seja o próximo da linhagem, realmente achava que não pertencia a família real, talvez por não ter recebido a mesma criação regrada e cheia de etiqueta que Adhara teve, sempre fui rebelde e difícil de controlar, não como um pestinha, e sim como um garoto de personalidade forte que tinha opiniões formadas sobre muitas coisas, e a maioria delas iam contra algumas regras do palácio e do reino como um todo. Minha irmã sim seria uma excelente rainha, e essa é sua maior vontade, mesmo que ela se recuse a assumir isso, mas sei que sim, eu a conheço melhor do que a mim mesmo. Andei mais rápido e alcancei a garota que bufou. A cozinha abandonada era o "passe" para o nosso lugar secreto, algo que chamávamos de "Sky"... quase que literalmente sky, já que era o único canto que tínhamos paz.

Só que distamos nossas próprias regras:

1 NUNCA trazer ninguém

2 Um não pode vir sem o outro

3 Não pode falar a ninguém sobre a existência do lugar

Nunca quebramos nenhuma delas, pelo menos eu não, e Adhara é muito careta para o fazer. Andamos até a mesa velha de madeira que tinha na parede adjacente a grande janela de vidro, e, com um pouco de dificuldade, me abaixei para abrir a grande porta no chão que escondia a escada que dava acesso ao lugar. Rapidamente Adhara desceu, fazendo uma expressão de nojo, como sempre, com medo de sujar o seu vestido, algo que acontecia com frequência.

- Nós deveríamos mudar o sky de lugar - resmungou.

- Ah claro, como se desse para pegar o sky, pôr nas costas e sair levando ele por aí para mudar de lugar - ela bufou e eu fiz um gesto para que ela se apreçasse na descida.

Quando ela o fez, eu a acompanhei e fechei a porta, caso alguém passasse por ali visse-a aberta e fosse conferir, algo que não queríamos.

Ali tinha vibrações tão boas que automaticamente meu corpo entrava em um estado de paz alucinante, Adhara sentia o mesmo, pois, assim como eu, ela sempre suspirava ao olhar o lugar, perfeitamente decorado por nós mesmos com muito trabalho. Era aconchegante e até um pouco luxuoso, nada comparado a algumas coisas exuberantes do palácio, mas estávamos satisfeitos de como o lugar estava.

As paredes eram brancas e uniformes, eu que tive que pintá-las, mas o pior não foi o trabalho, foi ouvir Adhara no meu pé o tempo todo enquanto eu o fazia, dizendo coisas como: "ali está mal pintado" ou "você é tão lento". Ela não parou até eu reclamar com ela, que chegou a ficar com lágrimas nos olhos, fazendo meu coração amolecer e ir até ela pedir desculpas. Tinha alguns móveis que compramos com o nosso próprio dinheiro, todos eram de madeira de lei, esculpidos a mão, foram tão caros, mas suas belezas compensavam. Tinha algumas fotos nossas na parede, dentro de quadros com detalhes de ouro puro. Uma cama enorme bem no centro e uma iluminação personalizada que deu o maior trabalho para ajustar na afiação velha do lugar. Tínhamos um frigobar e um forno elétrico, pois sempre nos permitíamos a sair da nossa alimentação regulada quando estávamos aqui.

Sem falar nada, Adhara caminhou até a cama e sentou-se nela, me olhando em seguida, como uma forma de me fazer começar a falar. Ela sabia que ei estava incomodado com algo, por isso a chamei para o Sky, queria apenas conversar com alguém que me entendesse.

- Então, o que está ocorrendo com você? - Adhara falou, não aguentando esperar.

Suspirei, indo até o frigobar e pegando um suco de laranja de caixinha e me sentando no chão em seguida.

- Eu não aguento mais isso tudo, me sinto pressionado! - falar aquilo era como tirar um peso enorme do meu corpo inteiro.

- O quê exatamente, querido irmão? - ela perguntou, realmente se importando.

- Ah, Adhara, você sabe... isso de ser 9 próximo rei... eu... eu não sei se quero isso para mim...

- Não diga isso - ela interveio minha fala antes que eu pudesse concluí-la - Esse é o seu destino, Deneb, não deves fazer nada a não ser aceitar!

Suspirei cansado disso tudo e me levantei, deixando o suco de lado, não tinha mais vontade de tomá-lo, ouvir aquilo fez o meu estômago embrulhar, como sempre acontecia.

- É disso, Adhara, é disso que eu estou falando - ela olhou pra mim com uma confusão nos olhos - Tudo tem haver com o destino, mas não, o destino é feito de escolhas. E não, eu não escolhi ser o próximo da linhagem, por que não pode ser você?... ou sei lá, a mamãe ou a nossa tia.

- Não seja bobo, Deneb, você é o único homem com o sangue real verdadeiro da linhagem, não existe outro depois de você ou antes de você. Depois do vovô, você não terá escolhas, será o próximo rei, ou vai fugir da sua responsabilidade.

- Não - bufei irritado, não com ela, e sim com a situação - Mas isso não significa que eu goste dessa ideia, até por quê, sabemos que o reino vai ser outro se um dia eu vir a assumir o poder. Mas eu sei de seus desejos, Adhara, talvez eles não sejam difíceis de serem realizados.

- O que você está querendo insinuar com isso? - ela levantou da cama um pouco assustada.

Ela tinha medo de falar sobre querer ser rainha, e talvez e não devesse pressioná-la, ela não agia bem quando alguém fazia isso com ela.

- Sinceramente? - ela assentiu - Isso só o tempo nos dirá.

- Me explica isso melhor - Adhara levantou-se cruzando os braços, pouco se importando se a ação iria amassar seu vestido.

- Nos falamos depois, tenho que falar com o papai - dei as costas a garota e fui em direção a escada - Você vem?

- E eu tenho escolhas? - ela revirou os olhos.

Subimos a escada e saímos da cozinha abandonada com mais cuidado do que quando vimos para o sky, eu sempre achava que tinha alguma câmera escondida por aqui, ou talvez eu só fosse muito paranoico com o segredo. Depois de andarmos um pouco, eu e Adhara tomamos rumos diferentes.

Caminhava distraído pelos corredores, dando de cara com um segurança aqui ou ali, que sempre me reverenciavam, aquilo era tão irritante, eles não deixavam de o fazer, mesmo que eu pedisse, mas já havia me acostumado um pouco, mas o incômodo nunca irá cessar.

- Acho que está na hora de fazer uma visita a estufa, não tive tempo de ir lá esses dias, as ocupações foram tantas - falei para mim mesmo, em baixo tom.

Quando cheguei em frente a sala em que meu pai estava, fui mais rápido do que os seguranças e abri a porta antes que eles fizessem isso por mim... quando se é Príncipe, ou tenha qualquer outro título que pertença a realeza, até suas mãos se tornam inúteis, as vezes me impressiona o fato de não ter funcionários - odiava chama-los de serviçais - para comer por nós, acredite, teríamos se fosse possível.

Meu pai olhava alguns papéis com seu óculos de leitura deslizando pelo nariz, mas quando notou minha presença, deixou tudo de lado e esboçou um sorriso. Sem esperar o seu pedido, me sentei na cadeira em sua frente e só então me dei conta do quão cansado estava por causa dos afazeres da manhã.

- Como você está? - ele pergunta.

- Estou bem, no geral não tem quase nada que me faça mal - menti.

- Sua irmã vem tirando todo o meu tempo por causa do aniversário dela - papai riu.

- É a Adhara, tem que sair tudo do jeito dela - sorri descontraído.

De repente ficamos em silêncio, olhando um para o outro.

- Pois não? - perguntei quando não aguentava mais o tempo em silêncio com apenas ele me olhando e sorrindo.

Parecia orgulhoso.

- Você será um grande rei - ele disse me fazendo revirar os olhos internamente - Deneb, você é o meu filho, posso ver até através da sua alma se brincar.

- Ah papai, não quero falar sobre isso, o que o senhor queria conversar? - falei direto.

- Não seja tão carrasco, Deneb - ele riu do meu modo marrento de agir - Sabe... quando eu era adolescente, era como você... rebelde, contra as regras, com os sonhos distantes do reino, mas isso um dia vai mudar. Você vai conhecer alguém - "talvez eu já conheça", pensei - E vai amadurecer, vai descobrir o que realmente quer para você. Os adolescentes tem essa mania de achar que pode ganhar o mundo e nada irá impedi-los, mas isso é passageiro, tudo passa, nada se repete. Você um dia será um grande rei.

- Que seja - suspirei me afundando ainda mais na cadeira - Eu tenho algumas coisas para fazer, você pode falar logo?

- Tão apressado... - meu pai disse tirando seu óculos e pondo sobre a mesa.

- O senhor também - deixei escapar.

- No começo do próximo mês, os nossos reinos aliados estarão levando seus respectivos príncipes e princesas para a África, para passar um tempo realizando boas ações. Então pensei em mandar você e Adhara, seria algo bom para vocês, não só como membros da realeza que um dia comandarão um reino, mas como pessoas. Só que não vou força-los, falei com você antes por que conheço Adhara o suficiente pra saber que ela não iria se você não fosse junto...

Olhei para o meu pai, pensando na proposta. De fato seria algo bom, mas eu nunca me senti tão triste em toda a minha vida, a cada dia, o que eles chamam de "destino" está se aproximando... o vovô está ficando velho demais, não tem o mesmo rendimento de antes e talvez eu não tenha como escapar. Não quero desapontar ninguém, se tachado como fraco, o desgosto de todo um reino. Eu não nasci pra isso, definitivamente não, é muita responsabilidade, é um país inteiro, eu sou apenas uma pessoa... uma pessoa.

- Eu preciso pensar - falei.

Levantei-me da cadeira correndo, sem dar ao meu pai a chance de resposta, só tem um lugar que eu quero estar agora... na estufa... só tem uma pessoa que eu quero falar agora... o meu amigo, Dylan.

A estufa era o segundo melhor lugar para se estar dentro do palácio, o primeiro era o Sky. Mas aqui na estufa eu tinha o Dylan, o filho do nosso jardineiro, Bruce. Ele era um garoto gentil e de olhos azul mar encantadores, sabia bem como levar uma conversa e passava longe da personalidade de um camponês, que era como o julgavam. Pra mim, ele é uma pessoa igual a qualquer outra, mas as benditas castas dizem aos outros que não, o que é uma pena.

- Dylan? - chamei o garoto, entrando na estufa, passando os olhos pelo lugar.

O garoto demorou a responder, mas ele sempre está aqui por essa hora, e sozinho já que o seu pai sempre aproveita o horário para passar nos outros jardins do palácio para arrumar alguma coisa que esteja errada. Olhei ao redor para ver se encontrava o garoto, e quase caí pra trás quando ele, de abrupto, se ergueu do chão, pondo suas mãos um pouco suja de terra na minha roupa.

- Nossa, você me assustou - falei pondo a mão em frente ao coração, rindo.

- Era essa a intenção! - revirei os olhos... ele nunca mais tinha feito isso.

- Você nunca deixa esse costume - neguei com a cabeça.

Caminhei até alguns bancos que tinham bem ali no meio da estufa, a vista daquele canto era maravilhosa. Dylan me acompanhou, sentando-se ao meu lado.

- Mas e então, senhor príncipe, decidiu que não vai maia se misturar com as castas pobres? - ele perguntou em um tom divertido.

- Não diga isso, Dylan, sabe muito bem que eu não ligo pra essas coisas - esbarrei meu ombro no dele, propositalmente.

- Sim, eu sei, alteza, é que você não vem aqui me ver há dias - ele fez um bico engraçado.

- Sem essa de alteza... eu estava muito ocupado esses dias - suspirei cansado.

- Ocupado sendo uma alteza? - ele falou fazendo com que gargalhássemos.

- Não enche, mas sim, estava ocupado com algumas coisas do reino - suspirei triste.

Olhei para o lado e Dylan me observava com as sobrancelhas franzida, estava preocupado...  preocupado comigo.

- Não está sendo fácil pra você, não é mesmo? - Dylan passou seu braço por trás de mim e afagou o meu ombro como forma de apoio.

- É complicado, sinceramente, eu só queria desaparecer, ou sei lá, perder a memória e esquecer de toda essa preocupação de ser o próximo rei de Starshine. Minha vida a cada dia se torna ainda mais pior.

- Não reclame do seu destino, rapaz - Stanford, pai de Dylan, o jardineiro, apareceu nos assustando.

Dylan rapidamente tirou seu braço de onde estava e eu me levantei sentindo o meu rosto corar, odiava aquilo, ser interrompido me irritava, mas não podia seguir a conversa com ele ali.

- Depois nos falamos - cocei a nuca e saí dali desconfiado, com o olhar pesado de Stanford sobre mim.



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