História Kiss Me Hard - Second Season - What about us?

Tudo na vida tem um motivo, tem uma razão de ser. Eu nunca pensei que eu fosse do topo pra baixo em questão de segundos.

“Vocês são irmãos.”

Meu coração parou por alguns milésimos de segundos, eu senti ele gelar e até fiquei sem ter o que falar. Por que aquela garota mentiria? Ela simplesmente disse que o Cameron não poderia saber, que tudo aquilo era um perigo pra ambos… Eu apenas fiquei parada na frente da porta sem conseguir pensar direito.

— Você sabe das vans pretas, Lauren, eu também sei. Você corre perigo, eu só estou tentando ajudar vocês. Por favor, não me pergunte nada, acredite que isso está sendo mais difícil pra mim do que pra você.

Pisquei os olhos várias vezes na tentativa de sair daquele transe, mas nada resolvia.

Ela se virou e foi embora andando, eu não sabia de onde ela era, não sabia nada, eu não estava entendendo.

Eu abri a boca mas a voz não saiu, eu não conseguia falar.

Como ela sabia das vans? Como…? Minha cabeça iria explodir.

Pensei em tudo o que eu havia feito com o Cameron… Se beijar o primo já em um incesto terrível, imagina transar com o irmão?

Meu Deus, eu vou pro inferno.

E ele também…

Mas… Eu não sabia… Isso não pode ser possível.

Eu não podia continuar com aquilo, eu não podia seguir o meu coração, eu tinha que… Esquecer tudo.

Entrei em casa e subi as escadas correndo, entrando no meu quarto e trancando a porta, logo depois me encostando nela e deslizando até sentar no chão.

                                (I Gotta Go My Own Way — Vanessa Hudgens) 

Agarrei minhas pernas com força e abaixei minha cabeça, encostando minha testa em meus joelhos.

“Por quê?”

As lágrimas não queriam sair, eu estava em choque, travada, vários pensamentos ousavam em passar pela minha mente, mas todos eles se tornaram tristes, cada risada se tornou um choro ecoando pela minha cabeça…

 Por que isso? Por que agora?

Levantei a cabeça e olhei pro teto, logo depois fechando os olhos.

(…)

CAMERON P.O.V.:

A Lauren estava demorando demais, então eu resolvi ir até ela.

— Leslie, cadê a Lauren? – Eu disse enquanto entrava em casa e fechava a porta.

— Ela subiu as escadas correndo, não entendi o que aconteceu.

Agradeci e subi as escadas de dois em dois degraus.

— Lauren? – Disse batendo em sua porta. Em alguns segundos ela abriu e sua expressão estava… Diferente. Seus olhos estavam vazios, eu nunca a havia visto daquele jeito.

— Acho melhor sermos sinceros uns com os outros, não é, Cameron?

— Oi? O que você tá dizendo? – Ela cruzou os braços e respirou fundo.

— Qual, é Cameron… Todos sabemos que eu gosto do Matt. – Ela disse sorrindo e eu deixei escapar uma risada.

— Ah, claro, todos sabemos disso… Qual é, Lauren, vamos voltar pra festa. – Disse segurando sua mão mas ela soltou com força.

— Não, Cameron. Você não entendeu? Eu não estou mentindo, eu só queria brincar com você… Como eu já consegui, enjoei.

Eu não sabia se aquilo era verdade, eu não conseguia acreditar, mas algo em mim doeu, algo em mim apagou naquele momento. Olhei em seus olhos e me aproximei mais dela.

— Diz isso olhando nos meus olhos.

— Vai embora, Cameron. – Ela disse mordendo o lábio inferior e abaixando a cabeça.

— Diz isso olhando nos meus olhos, Lauren. – Nós estávamos tão próximos que podíamos sentir a respiração um do outro. Ela se afastou e olhou firme em meus olhos.

— Eu só brinquei com você. – Ela arqueou as sobrancelhas e fechou a porta na minha cara.

Não sabia o que fazer, o que sentir, como agir…

Aquilo simplesmente doía. Eu ainda estava parado na frente da porta de seu quarto, minhas reações àquilo sumiram, eu parecia um garoto frustrado, decepcionado, com o coração arrancado do peito.

LAUREN P.O.V.:

Eu não sei se aquilo doeu mais em mim ou nele. Quando eu fechei a porta, senti meu coração sendo esmagado.

Qualquer dor física não supera uma dor sentimental.

A dor física pode ser curada com algum remédio, alguma cirurgia, já aquela dor que eu estava sentindo… Só o tempo resolveria, isso se resolvesse um dia.

Eu precisava me distrair, eu precisava fazer algo que tirasse aquela dor de dentro de mim, pelo menos parcialmente.

Peguei meu celular e fui olhar o twitter, fui stalkear logo quem?

Hoje mais cedo ele tinha postado: “Eu quero namorar você.”

Porra.

Fui passando os tweets e vi vários…

“Você me faz tão bem…”

“Eu consigo me apaixonar, não sabia que era capaz de sentir tanto!”

Apareceu a notificação de um novo tweet dele e eu atualizei receosa.

“Eu achei que fosse real.”

Aquilo quebrou meu coração em pedaços. Eu já estava mal, depois de ver aquilo eu senti como se a minha vida tivesse perdido a cor, simplesmente isso.

(PAREM A MÚSICA)

GIOVANNA P.O.V.:

Eu queria o bem dela, eu precisava fazer aquilo pra que ela não se machucasse e pra que as pessoas ao seu redor também não acabassem se machucando.

Doía em mim chegar do nada e falar tudo de uma vez. O perigo aumentava a cada segundo, o perigo seguiu a Lauren do Brasil até San Diego.

Eu precisava fazer aquilo.

CAMERON P.O.V.:

Eu não consegui voltar pra festa, tudo estava confuso em minha cabeça.

Passei a tarde dormindo e acordei com um barulho de violão, notei que vinha da sala. Escovei os dentes, tomei um banho rápido e desci só de bermuda.

Os garotos estavam no sofá, a Lauren estava do lado do Shawn que estava tocando violão e cantarolando umas músicas.

Ela parecia bem, parecia não ter derramado uma lágrima…

— Chega mais, Cam! – O Taylor disse e o único lugar vago era no sofá de frente pra Lauren.

Me sentei e o Shawn começou a tocar outra música.

— Essa você canta. – Shawn disse pra Lauren.

— Ah, não, não, obrigada.

LAUREN P.O.V.:

— Qual é, Lauren. – O Taylor disse e eu sorri.

Shawn continuou tocando e eu percebi que música era aquela…

Oh, não.

Ele olhou pra mim dando sinal e eu comecei a cantar um pouco baixo.

(The one that got away — Megan Nicole Cover, link nas notas finais)

“Summer after high school when we first met, we’d make out in your mustang to radiohead, and on my 18th birthday we got matching tattoos…”

Olhei pra Shawn e ele arqueou as sobrancelhas, acho que ele queria que eu cantasse mais alto.

Respirei fundo e dei um sorrisinho.

“Used to steal your parent’s liquor and climb to the roof…”

(A gente roubava bebida do seu pai e subíamos para o telhado…)

“— Nós somos primos… – Eu disse num sussurro, quase que a minha voz não saía.

— Diz isso pro meu coração.”

Olhei pra Cameron e ele me olhava com um olhar triste. Abaixei a cabeça e continuei.

“Talk about our future like we had a clue, never planned that one day I’d be losing you”

(Conversávamos sobre o nosso futuro como se tivéssemos noção, nunca planejei que um dia eu perderia você)

Levantei a cabeça e percebi que seus olhos estavam colados em mim.

Respirei fundo, fechei os olhos e cantei mais alto.

“In another life I would be your girl, we’d keep all our promises, be us against the world… In another life I would make you stay, so I don’t have to say you were the one that got away, the one that got away…”

(Em outra vida eu seria sua garota, nós manteríamos todas as nossas promessas, seríamos nós contra o mundo… Em outra vida eu faria você ficar, pra não ter que dizer que você foi aquele que foi embora, aquele que foi embora…)

(não parem a música)

Senti meu coração encolher, senti um vazio dentro de mim, como se nada tivesse mais sentido. Me levantei e subi as escadas correndo, eu não aguentaria chorar na frente de todos.

Entrei no meu quarto e tranquei a porta com força, me joguei na cama e agarrei o travesseiro.

Fechei os olhos e várias lembranças me atormentaram.

“— Não aguento mais levar quedas e ter que me levantar do chão. – Disse jogando meu cabelo pra trás e olhando nos olhos de Cameron, eu estava em cima dele, no chão. Escutei os meninos dando uns gritinhos mas nem liguei.

— Não precisa se levantar. – Seus olhos percorriam cada centímetro do meu rosto e isso me deixou nervosa, confesso.”

Eu não aguentava mais pensar, eu só queria desligar a minha mente por algum tempo, eram tantas lembranças que faziam com que doesse mais ainda.

— Eu preferia não ter me apaixonado. – Falei num sussurro e as lágrimas, finalmente, se revelaram.

Era um choro de dor, uma dor que demoraria pra passar. A minha maior vontade era de gritar, e, que junto com o grito, todos os problemas fossem embora, mas, não era tão simples assim.

Mordi o travesseiro e fechei meus olhos com força.

Aquilo que eu estava sentindo doía tanto, parecia que eu estava… Sem vida, como se tivessem sugado toda a minha felicidade… E não fossem devolver nem tão cedo.