Klaus tinha os caninos afundados no pescoço de uma camareira, que estava com o olhar vidrado e se mantinha quieta, hipnotizada.
O nome dela era Olivia Carter, tinha trinta e sete anos, e ela trabalhava como camareira para sustentar seus dois filhos, não era o emprego perfeito, mas ela fazia aquilo por eles, por seu pequeno Thomas e seu rebelde Luck.
A moça tinha belos cabelos ruivos e um magnífico par de olhos amendoados.
Klaus sugou cada gota de seu sangue, e quando se sentiu saciado, deixou o corpo da moça tombar para o chão.
Allison arqueou a sobrancelha esquerda e bufou, parando de lixar as unhas.
— Ela vai sujar o chão! — Resmungou, olhando com desprezo para o corpo da mulher.
— Ela já está de saída, Allison. — Disse Niklaus sem realmente dar importância para a reclamação da mulher.
Ele estava a caminho da porta quando ela o chamou.
— Então, aonde foi esta manhã? — Perguntou, sentando-se na cama e procurando o seu tão amado par de saltos.
— Creio que isto não seja da sua conta, querida. — Disse o original e Allison bufou.
— Tudo bem, não diga, mas só me responda uma coisa; quando vamos embora?! Estou cheia desse lugar! — Choramingou ela, levantando-se e pegando um casaco.
— Em breve. — Respondeu ele e voltou a ir em direção a saída do quarto, mas parou ao notar que a mulher fazia o mesmo. — Aonde pensa que vai? — Perguntou, e Allison sorriu sarcasticamente.
— Creio que isto não seja da sua conta, querido. — Disse a Bruxa e passou reto por ele, Nick sorriu um tanto surpreso pela atitude da moça.
— Touché — Murmurou ele ainda sorrindo e saiu do quarto.
O corredor era iluminado pela grande janela de vidro que ficava do lado esquerdo da pensão, em frente a uma extensa área de lazer, Klaus ficou escorado na porta de seu quarto e esperou que algum funcionário surgisse por ali, o que não demorou muito.
— Ei, você! — Klaus o chamou, não precisando levantar o tom de voz para ser ouvido, o rapaz era jovem, tinha em torno de um metro e oitenta e cinco, e aparentava não ter mais do que dezoito anos, seus cabelos eram de um fraco castanho.
— Sim, senhor? No que posso ajudá-lo? — Ele perguntou, e Niklaus decidiu brincar um pouco com o rapaz.
— Eu não sei de onde ela veio! Quando entrei no quarto ela já estava lá! — Disse ele histericamente, o rapaz ficou confuso e mandou Klaus se acalmar e respirar fundo, perguntando até se o vampiro queria um copo d’água.
Mal sabia ele que por dentro Klaus gargalhava.
— Tudo bem, onde está essa senhora?! — O funcionário perguntou aflito, e Klaus, tremulo, apontou para a porta de seu quarto, o rapaz passou em disparada por ele e entrou no cúbico, Klaus o seguiu e discretamente fechou a porta.
O rapaz se agachou, ficando ao lado do corpo da mulher, e a virou de lado, para ver sua face.
— Oh, meu Deus. — Sussurrou ele com a voz fraca, seus músculos ficaram tensos, ele estava em choque, Klaus arqueou as sobrancelhas ao perceber isto.
— Você a conhecia... — Disse o original, perplexo com a sua sorte, logo após falar isso ele caiu na gargalhada, chegou até a curvar-se, e o funcionário o olhou confuso, como se espere que Klaus explicasse o motivo dos risos, mas Klaus somente limpou as gotas de lagrimas que escapavam por seus olhos e se recompôs.
— Você... Você a matou?! — Gaguejou o rapaz, incrédulo.
Klaus ficou em silencio e o funcionário interpretou aquele silencio como um sim, os olhos do menino encheram-se de fúria. Ele levantou-se e foi a passos fortes até Niklaus, que somente sorriu de lado.
— Se eu fosse você eu não faria isso. — Aconselhou Nick e o rapaz o ignorou cego de raiva, tentou desferir um soco contra o original, mas quando seu punho iria atingir em cheio a maça do rosto de Nick, o vampiro levantou a mão direita e segurou o punho do rapaz, ele a apertou com extrema força, quebrando alguns ossos da mão do menino.
Nick arregalou os olhos de leve e um sorriso feroz cresceu por seu rosto, o sorriso felino de um caçador.
— O que é você?! — O funcionário grunhiu entre dentes, sua pergunta foi ignorada por Klaus, que puxou com a mão esquerda o rosto do menino para sua direção, o obrigando a olhar para ele.
— Limpe isto aqui, está um lixo, e não se esqueça de se livrar do corpo, se alguém perguntar, você nunca esteve aqui. — Niklaus ordenou ao funcionário, que parou de se debater contra suas mãos.
— Sim senhor. — Sussurrou ele, Klaus então deu dois tapinhas leves em seu rosto e sorriu novamente.
— Bom garoto. — Murmurou Nick com deboche e saiu do quarto.
Do corredor ele pode ouvir o rosnado que o funcionário dera, o que o fez erguer a cabeça e levantar o canto do lábio esquerdo, ele sabia que não havia hipnotizado o lobinho, mas o tédio que sentia naquela pensão despertara o pior lado dele, e Klaus estava doido para jogar com uma matilha de lobisomens.
— Então, você está realmente bem? — Stefan perguntou a Caroline pela quinta vez, e ela o encarou irritada.
— Se você me perguntar isto mais uma vez, eu juro por Deus que irei arrancar seu coração, Stefan. — Murmurou ela, caminhando para a área de lazer da pensão, tentando fazer com que o Salvatore largasse do seu pé.
Mas ele só riu fracamente.
— Ok, ok, desculpe. — Disse ele e correu para caminhar ao lado da menina, que o olhou com o cenho franzido.
— Qual é o problema? Você acha que eu irei abrir a jugular de algum cliente? — Perguntou ela, rude, fazendo o rapaz ficar um tanto sem jeito, sem graça.
— Não, é claro que não! Eu apenas quero te fazer companhia. — Esclareceu ele.
— Oh, hm... Obrigado. — Agradeceu Caroline, ambos ficaram em silencio por algum tempo, andando com passos lerdos pelo local, sem rumo, mas aquele era um silencio confortável, onde só a companhia da outra pessoa bastava.
Mas então Stefan parou, franziu o cenho e aguçou o olfato.
— Você sente isso? — Perguntou a Caroline, segurando o braço da menina, a obrigando a cessar seus passos e farejar o ar.
— É... É cheiro de sangue? — Indagou à loira, confusa, o cheiro era fraco, mas não parecia vir de muito longe.
— Sim, e nós vamos achar de onde vem. — Disse Stefan, firme, ele não aceitaria um não como resposta, pois aquilo não era um pedido, ele estava realmente preocupado. Entretanto, ele nem ao menos precisou convencer Caroline a ir, ela também estava decidida a encontrar a fonte do cheiro.
Ambos olharam em volta e ao perceberem que estavam sozinhos, usufruíram das habilidades de um vampiro para ir com uma rapidez sobrenatural em busca do cheiro, e assim eles foram adentrando cada vez mais fundo a mata que cercava a pensão.
A maldita mata! Caroline pensava, sentindo seu rosto ser arranhado pelos pequenos galhos.
Então eles encontraram a fonte do cheiro, em baixo de um grande carvalho, um rapaz cavava uma cova, e a alguns passos dele, o corpo de uma senhora estava estirado no chão.
— Luck? — Stefan sussurrou, paralisado, e Caroline ficou confusa, eles se conheciam?
— Luck... O que aconteceu? — O Salvatore saiu por entre alguns galhos e foi ao encontro do tal Luck, o rapaz mal o olhou, parecia nem mesmo o ouvir, ele estava concentrado em cavar o mais fundo que podia, como se sua vida dependesse disso.
Hesitante, Stefan foi até o corpo no chão, ao ver o rosto da senhora Carter, sua mandíbula tremeu.
— O que.... Quem fez isso? — Murmurou ele, com a voz falha, Luck jogou a pá para longe, perdendo o controle, o baque da pá contra uma das árvores fez Caroline se sobressaltar, assustada.
— Um vampiro, um maldito vampiro! — Gritou o rapaz, evitando olhar para o corpo da mãe.
Eles se encararam por alguns instantes, o olhar do Carter era acusador.
— Não fui eu quem os trouxe para cá. — Disse Stefan, na defensiva, e Luck olhou para Caroline, que não conseguiu firmar o olhar do rapaz e olhou para os próprios pés. — Ela é diferente, Luck.
— Então o vampiro loiro não está com você? — Luck perguntou a Caroline, ignorando Stefan, “vampiro loiro”? Ele só podia estar se referindo a Klaus, Caroline ligou os pontos e não foi difícil deduzir o que Luck pretendia fazer: Matar o Mikaelson.
— Ele... ele salvou a vida de minha mãe. — Gaguejou Caroline, querendo defender Niklaus, mas se sentia perdida, o Klaus que ela conhecia não faria aquilo, não ele.
— E matou a minha. — Murmurou Luck, amargo, e pela primeira vez, olhou para o corpo da mãe.
— Eu sinto muito. — Sussurrou Caroline, sentindo um nó formar-se em sua garganta, Luck respirou fundo.
— E ele também irá sentir. — Exclamou ele e olhou no fundo dos olhos de Caroline, e ela soube que ele queria vingança contra Niklaus, e faria de tudo para consegui-la, mas o olhar do menino era conturbado: ele não sabia como se vingar, o garoto arfou, engoliu as lagrimas e sorriu para Caroline.
— Eu só quero entender porque ele fez isso, você poderia, por favor, falar com ele? — Indagou ele, e Caroline ficou boquiaberta, surpresa.
— Eu não o conheço... Não acho que ele vá querer falar comigo. — Desculpou-se ela, sem jeito, mas o sorriu de Luck somente cresceu.
— Então se aproxime dele, por favor, Caroline, por favor... — Sussurrou o menino, a voz era tão baixinha, tão fraquinha e os olhos dele estavam marejados, Caroline sentiu um aperto no coração, e depressa concordou, não vende a maldade por trás daquele falso sorriso.
Mas Stefan via, ele conhecia o jogo que Luck estava fazendo com Caroline.
E sabia que ela estava em perigo.
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