História Komi - Alfa

Assim que Taehyung adentrou a enorme casa do ômega, acabou por vislumbrar com olhos admirados a elegância e organização de tudo ali. Os móveis eram em um tom de ocre escuro, que contrastava com o branco puro das paredes.

— Bonita, né? — o ômega disse orgulhoso, vendo o beta concordar com a cabeça. — Terminamos de decorar ano retrasado. Eu até queria um tom de lilás nas paredes, mas ele não deixou. — Jimin teve um bico adorável se formando em seus lábios. “Eu deixaria, caso você fosse meu ômega”, Taehyung não conseguiu evitar seus pensamentos.

— Ah, sim. — o ômega falava de seu alfa em um tom de admiração, e respeito. O beta realmente não tinha chance alguma.

— Vem, vou te mostrar a cozinha. Ela é maravilhosa. — Jimin agarrou a mão alheia, fazendo uma corrente elétrica percorrer todo o corpo de Taehyung. O ômega também sentiu, já que corou no mesmo momento. — E-eu quase não uso, então ela está como nova. — Jimin evitava olhar o outro, apenas engolindo em seco com a cabeça baixa.

— É realmente maravilhosa. — “como você”, completou mentalmente. — Onde estão as coisas que vamos precisar? Logo seu alfa chega e se demorarmos não vai dar tempo, Jimin-ah. — arrastou a última parte propositalmente, de maneira provocativa, vendo o ômega morder o lábio com o cenho franzido ainda sem lhe dirigir o olhar.

— E-eu vou p-pegar. — acabou se atrapalhando, indo em direção aos armários caçando, sabe se lá o que, dentro deles.

— Jimin-ah, você ainda nem leu a receita. — o ômega riu nervosamente, e no local se instalou uma tensão incômoda. — Vem, vamos ver o que o seu alfa gostaria de comer. — Jimin se colocou ao lado do beta, sendo notável sua respiração rápida. — Pode ir escolhendo. Enquanto isso, você pode me mostrar onde fica o banheiro?

— Claro, me siga. — disse gaguejando. Acabou por aproveitar que o ômega fora na frente, lhe mostrando o caminho, para conferir suas partes baixas; e se tem uma coisa que a protuberância de sua bunda não é, essa coisa é pequena. Park Jimin fora abençoado pela mãe natureza, e Taehyung só poderia erguer suas mãos aos céus e agradecer por esse presente tão maravilhoso. Agora ele entendia o porquê daquele casamento durar tanto. Teve de respirar fundo enquanto tentava não atacar o ômega à sua frente. 

Talvez estivesse enlouquecido de vez.

— É aqui. — ele disse visivelmente nervoso, a tensão era tão intensa que quase era possível apalpá-la.

— Obrigado. — assim que fechou a porta, foi para frente do espelho. “O que diabos você está fazendo, Kim Taehyung?” Perguntava para si mesmo. “Ele é casado!” Jogou água gelada no rosto, apoiando-se na pia. E se o alfa dele estivesse sentindo tudo isso por conta da ligação da marca? Se fosse o caso, Taehyung seria um cara morto por dar em cima do ômega comprometido de forma tão descartada, uma vez que um casal atado compartilha sentimentos e emoções.

Engoliu em seco ao pensar nos dedos do alfa — que eu ainda nem conhecia — rodeados em seu pescoço o apertando com força. Respirou fundo e foi para fora do banheiro. Se eu possuía alguma ideia de se afastar do ômega, essa sumiu no momento em que bateu os olhos naquela bunda empinada e na feição concentrada com o cenho franzido que Jimin mantinha em seu rosto ao estar debruçado sobre a bancada, lendo uma possível receita do livro. Acabou sentindo novamente inveja do alfa que poderia o ter todas as noites.

Mais uma vez o beta respirava fundo, dessa vez de forma nitidamente audível, o que resultou em Jimin lhe encarando com as bochechas coradas. — Já escolheu? — Taehyung tentou mudar o assunto, uma vez que a tensão se tornou quase maciça novamente.

— S-sim! — o ômega assentiu. Taehyung se aproximou de onde o outro estava, observando qual seria o prato que prepariam.

— Me parece ótimo. — o beta passou os olhos pela receita após observar a imagem do que seria um pedaço de carne suculento com alguns acompanhamentos. — Vamos começar com os acompanhamentos. São cozidos, então vai demorar um pouco mais de tempo. — o ômega acenou positivamente, como se estivesse acatando uma ordem. — Vou pegar os vegetais e você pega as panelas, tudo bem? — o moreno concordou, indo para um dos armários. Vasculhou os de baixo, indo para os de cima. A panela que Jimin parecia querer pegar, estava no fundo da cabine feita de madeira, e ele não estava alcançando por não ser alto o suficiente. O beta foi até si, encaixando-se às suas costas e seguindo seu braço até o objeto desejado. O mais alto pôde sentir o corpo do ômega se retesar, logo se tornando relaxado e um tanto quanto trêmulo. O recipiente metálico foi deixado de lado ao que Taehyung — não se controlando mais uma vez — prensava Jimin contra o armário enquanto aspirava seus cabelos que possuíam um perfume delicioso de cerejas com chocolate.

Quando percebeu o que estava fazendo, afastou-se do ômega. O que ele iria pensar de si? Que era um pervertido, ou um tratado, ou até mesmo alguém com fetiche estranho por caras casados. Mas antes que Taehyung pudesse sair completamente de perto do ômega, Jimin se virou e puxou a camiseta do outro, colando o corpo alheio ao seu.

Antes que o beta pudesse se arrepender, o beijou.

Jimin arregalou os olhos, mas logo cedeu, retribuindo o ósculo que Taehyung fez questão de aprofundar.

Quando dei por si, o ômega já tinha suas pernas em volta da sua cintura enquanto estava sentado no balcão de seu armário. Podia sentir o ômega enrijecer, e a falta de ar  pelo beijo quente os obrigou a voltar a sanidade. Jimin lhe encarou culpado e o beta se sentiu um vadio destruidor de casamentos. Entretanto uma coisa ele não podia negar: os lábios do ômega eram ainda melhores que em sua imaginação, e seu beijo era viciante a um nível inimaginável. Mas apesar de tudo, o ômega sabia que era errado, e seu olhar sobre o outro denunciava isso.

— Jimin, me desculpe. A culpa é minha. — afastou-se do moreno, voltando para perto do livro de receitas. — Não vai se repetir. — o olhava com o coração pesado.

— A culpa disso é minha. Deixei meu corpo comandar minhas vontades. — ele olhava para o lado triste. — Ele deve ter sentido isso. — “puta que me pariu, a marca!”

— Isso significa que ele deve estar extremamente puto agora. — o olhou e o menor concordou com a cabeça.

— Acho que consigo ouvir sua voz de alfa. — Jimin disse se encolhendo.

— Ele vai me matar. — Taehyung murmurou totalmente certo disso, colocando a mão entre os cabelos e puxando em punição.

— Provavelmente... — o menor tinha um bico nos lábios. — Desculpe, eu devia ter te afastado. Acho melhor você ir embora, Tae.

— Claro que é melhor eu ir, mas não vou fazer isso e te deixar ouvir tudo sozinho. — o beta voltou a olhar a receita. — Vamos preparar essa refeição da mesma forma. Quem sabe assim, ele não fica mais mansinho? — o ômega riu.

— Você definitivamente não conhece o Jungkook. — toda a positividade do beta se esvaiu. “Eu morrerei hoje, com toda a certeza”, era o que passava pela cabeça de fios lilases.

— Obrigado pela parte que me toca, ômega. — revirou os olhos, tentando distrair o medo que queria crescer dentro de si e lhe dominar.

— Desculpe, beta. Mas você me faz ficar descontrolado. Parece até bruxaria. — ele disse pegando as panelas e colocando no fogão.

— Para com isso, antes que eu esqueça que você é casado e te ataque de novo. — ele riu e Taehyung o acompanhou. — Vamos, pegue esses legumes aqui. — apontou para a receita e viu Jimin assentir, indo até a geladeira.

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— Wow! — Jimin disse assim que viu o resultado de todo o esforço dos dois.

— Acho que deve ter ficado gostoso. Creio que ele vai adorar. — o maior diz com um amargor na boca, afinal estava cozinhando um jantar para o alfa que iria acabar com sua vida.

— Tenho cert— ouviram o barulho de chaves e a maçaneta da porta se abrindo.  Taehyung sentia suas pernas bambearem e seu coração disparando em pavor.

— Minie? O que foi aquilo que eu senti hoje mais ced— assim que o alfa entrou no campo de visão do beta com aqueles óculos dispostos sobre o seu nariz, seu terno e gravata alinhados perfeitamente em seu corpo, Taehyung poderia jurar que teria um mal súbito e morreria ali mesmo. Se Jimin era o ômega dos sonhos, com certeza Jungkook era o alfa perfeito. O beta romântico se viu apaixonado. De novo. — Olá — o alfa lhe cumprimentou com um sorriso ladino em seus lábios. —, beta.

— O-olá. — foi tudo o que Taehyung conseguiu responder.