Mais um dia se passava na livraria Komi sem ninguém adentrar o local ou comprar alguma coisa. O beta já estava acostumado com o ambiente quase morto do lugar.
Aproveitando o pouco movimento, passava o dia todo lendo; romance era o seu gênero preferido, e quanto mais clichê, melhor.
Suspirou ao terminar um dos inúmeros livros já lidos naquela semana. Um bico se formava em seus lábios, já que possivelmente isso nunca aconteceria consigo — e nem é da história em si que estamos falando, mas sim encontrar alguém que o amasse.
Riu de si mesmo, colocando o livro de volta a prateleira. Em um mundo de alfas e ômegas onde se encaixaria? Imaginar alguém lhe amando era ridículo e até mesmo utópico considerando sua idade já matura.
— Vamos parar de sonhar, Taehyung. Assim você não sofre ainda mais. — falou sozinho consigo mesmo, assentindo mais uma vez a constatação óbvia em sua cabeça.
Ouviu o tilintar do pequeno sino acima da porta do estabelecimento. Sorriu abertamente, indo até o balcão. Ninguém nunca entrava ali, afinal.
— Olá! Em que posso ajudar? — perguntou ao jovem de cabelos negros em sua frente. Pelo cheiro, teve a certeza de se tratar de um ômega.
— Oi. Bem, não sei ao certo... Eu preciso de um livro que me ensine a cozinhar algo comestível. — tinha um bico fofo nos lábios e era incrivelmente bonito. Teria se sentido ainda mais atraído pela beleza do ômega, se não fosse a marca em seu pescoço lhe indicando que o cara bonito tinha dono. Taehyung suspirou triste, logo se recompondo, afinal era apenas um beta que não teria ninguém. — Você tem algo desse tipo? — o tirou de seus devaneios.
— Oh, claro! — assentiu sorrindo, o garoto sorriu de volta e ele possuía o eye smile mais lindo que o beta já vira. “Não, Tae! Ele é um ômega marcado. Nada de se apaixonar por ele!”. Odiava ser um beta romântico e que se apaixona fácil. — Você quer aprender para agradar o seu alfa? — já vasculhava as prateleiras com o ômega ao seu encalço.
— Sim! — assentiu animado, partindo o coração de Taehyung. — É nosso aniversário de casamento e eu queria fazer algo especial. — respondeu feliz, massacrando os pedacinhos do coração de Taehyung. — Fazemos dez anos de casados hoje. — pulverizava o massacre de pedacinhos do coração de Taehyung.
— Meus parabéns. — sorriu fraco, mesmo sabendo que o ômega não veria.
— Obrigado. — um eye smile se formava novamente no rosto bonito do ômega.
— Disponha. — puxou um dos livros. Um fino, com várias fotos de pratos apetitosos na capa. — Aqui! Esse. — estendeu o livro para o ômega, que o pegou no mesmo instante. Folheou as páginas encontrando vários pratos maravilhosos que com toda certeza seu alfa aprovaria.
— Obrigado! — abraçou Taehyung, que sentiu seu corpo travar pela surpresa.
Ele só assentiu, ainda atordoado, indo até o caixa junto com o ômega e tentando esconder o quão transtornado estava. O ômega ainda folheava o livro, e logo o grande sorriso em seus lábios morria aos poucos.
— Algo errado? — sorriu sem graça sentindo vontade de abraçar o ômega e lhe proteger de todo o mal quando este lhe lançou um olhar desolado.
— Eu... não vou conseguir cozinhar esses pratos deliciosos! — o ômega pôs-se a chorar, e num impulso, Taehyung o abraçou.
— Hey! Shh... Já passou. — passava as mãos nas costas do ômega, ignorando o arrepio que percorreu sua espinha pela proximidade com o homem moreno.
— Me ajuda... — se separou lendo o crachá que o beta tinha pregado em sua camisa. — Taehyung!
— Aigoo, calma. Vem comigo. — o beta o arrastou, indo até uma salinha com o nome funcionários escrita em uma plaquinha colada à porta.
Taehyung sentou o ômega no pequeno sofá que ali havia, pegando um copo com água na intenção de acalmar o lindo de cabelos negros.
— Obrigado... — disse um pouco mais calmo. — É que dez anos é uma data importante, e eu queria agradá-lo. — o bico do ômega era a coisa mais fofa desse mundo, e Taehyung adoraria poder mordê-lo.
— E será. Desculpe, mas qual o seu nome? — tinha o cenho franzido.
— Jimin. Jeon Park Jimin.
— Certo Jimin, vou te ajudar então. — se arrependeria pelo que estava fazendo, mas continuou mesmo assim.
— Mesmo? — o olhar do ômega se encheu de esperança. — Como?
— Se me permitir, eu posso cozinhar os pratos que quiser para você e o seu alfa. Considere um presente de casamento, sim?
— Tae... Obrigado! — no mesmo instante o ômega pulava em seu pescoço, feliz, fazendo o beta suspirar.
— O-ok... Vamos então? — tentava se recompor aos poucos.
— Vamos! Mas... não tem problema sair assim, no meio do expediente? — perguntou preocupado.
— Não. ninguém nunca vem aqui mesmo. — Taehyung lhe sorriu, saindo da salinha com sua mochila consigo.
— Oh, tudo bem então. — mais um sorriso derretedor de corações.
Taehyung e Jimin seguiram para fora da livraria Komi. Com o livro em mãos, o — não tão — jovem beta seguia para dentro do carro do ômega bonito, sentindo um pressentimento bom para aquilo que estava por vir.
“Bobagem, o máximo que eu posso esperar disso é uma penca de ciúmes do ômega que eu acabei de conhecer”.
Seria uma pena se estivesse totalmente errado.
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