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História Kryptos - Quatro


Escrita por: anachinnie

Notas do Autor


Olá gente, depois de dois meses estou de volta.
Pra variar lotada de coisas pra fazer, mas voltei a escrever. :)
Vou tentar ser mais assídua.

essa é penultima parte da parte I da história. Terão mais três provavelmente. ^^
Esse capítulo é até rápido, mas o próximo é grandinho... Muitas coisas irão acontecer. Será se alguém vai aprontar?

Boa leitura e até mais.

Capítulo 4 - Quatro


Fanfic / Fanfiction Kryptos - Quatro

Parte I.

“Entre a sombra sutil e a ausência da luz está a nuance da ilusão”

...

 

 

Quatro.

 

Desde o começo da manhã, Jackson não calava a boca sobre o Kryptos. Já estavam em mais um dia de congresso e Ana estava no mundo da lua. Não que estivesse desinteressada pelo assunto, de longe era isso, mas dessa vez o humanóide que não saía de sua cabeça era Nichkhun. O cara alto demais quebrava um pouco o semblante infantil que ele tinha, até parecia inofensivo. Seria mesmo? As dúvidas voltavam e a desconfiança continuava lhe assombrar. Onde estava com a cabeça de ir para Seul? Desde o começo do seu mestrado vivia intensas emoções, mas estar à beira de descobrir um criminoso era algo completamente fora de cogitação. Bem, Wooyoung havia assegurado que o outro Kryptos não era como Taecyeon. Mas o que era exatamente o Taecyeon? Um supercomputador hacker que provavelmente explodiria o Japão em algum tempo caso o Governo realmente o comprasse. Seria “apenas” isso? Wooyoung estava sendo sincero com Ana em cem por cento do tempo? Entretanto, isso não era a pior coisa. O Kryptos parecia ter ramificações, o próprio Jang havia falado. Olhe só para NCK. Taecyeon havia sido apenas o primeiro da série do sistema Kryptos. Ana estava sem chão. Como falaria aquilo para Bang Yongguk? Bang basicamente havia ajudado a começar tudo aquilo ainda na graduação.

O Kryptos estava começando a se mostrar como o desenvolvimento do projeto inicial que Bang ajudou a idealizar. Bang havia desenvolvido seu próprio veneno.

No dia anterior quando conheceu NCK, chegou ao hotel e nem mesmo teve coragem de ligar para Bang Yongguk. Talvez o mais velho tivesse estranhado o fato de não receber um update do que estava acontecendo, mas Jackson mesmo havia o contatado de seu quarto e explicado que Ana em breve falaria com ele com detalhes. Que não era pra se preocupar. Não falou com tanta certeza, mas isso poderia segurar a ansiedade do mais velho no outro país. Pelo menos por aquele dia.

A questão era que: poderia confiar em Jang Wooyoung? O rapaz tinha noção das coisas que estavam criando? Ele parecia simples demais explicando coisas sobre aquele sistema. Ana via naquilo algo perigoso. Ele não parecia com um pé atrás como Chansung parecia estar quando comentou do descontrole. Como pessoas envolvidas com o projeto poderiam estar inseguras? Chansung não parecia certo do que estava pra acontecer, e nem fazia questão de maquiar aquele fato, Ana tinha quase certeza que o moreno pensava de forma parecida. Máquinas não eram totalmente manipuladas por humanos, principalmente as inteligentes, Ana esperava que a dupla de amigos tivesse um bom controle sobre a situação. Havia tantas coisas que gostaria de perguntar, que não conseguia pensar numa resposta boa o suficiente que explicasse sua falta de interesse quando Wooyoung perguntou se a garota não estava curiosa. Ana sentia que tinha perdido uma boa oportunidade. Se apenas tivesse mais uma chance...

— Ana, você está me ouvindo? — o loiro te acordou do transe. Pensava em alguma forma de falar com Wooyoung, mas sua mente permanecia em branco. Jackson provavelmente estava falando mais uma teoria sobre o Kryptos. Ele estava incansável.

— Mais ou menos. — riu sem graça. Junior olhou para si, podia até sentir que a máquina estava desconfiada, mas dispersou aqueles sentimentos.

— O que está pensando?

Ana apenas olhou rapidamente pra Jackson, mal havia entrado naquele jogo que Bang havia posto vocês três e já estava ficando exausta.

— Ana, o que houve com você e o Nichkhun? Quer dizer, sei que está preocupada com o Taecyeon também, mas você voltou da tenda ontem muito estranha. E continua assim. O que tem pensado?

Jackson a conhecia bem. Sabia que o encontro com Nichkhun havia mexido com as certezas que a garota tinha na cabeça. Aquela gente seria mesmo os maníacos?

— É estranho, realmente. — começou a divagar. — Eu olhei pra aquela máquina e não vi o que via no Taecyeon. Eu não senti medo dele. Quer dizer... Lógico que senti, ele todo grandão e sei lá o que poderia fazer, mas não da mesma forma. Ele não era intimidador, foi um medo diferente. Um medo que me fez pensar se estamos errados, se o NCK poderia ter a ver com aquilo. Se a gente não ta superestimando o Taecyeon. Como alguém que poderia ter invadido o laboratório cinco criaria o NCK?

— Ana? — Jackson estava indignado. — Aquele humanóide tem poderes psíquicos? Você se ouviu agora?

— Ana-shi, Nichkhun é irmão do Taecyeon. Talvez você esteja errada. — Jinyoung completou. — Não se deixe levar por aparências. Eles têm o mesmo sistema, podem pensar de forma parecida, senão igual. Ana está acostumada com humanóides, talvez seja por isso que não tem mais medo deles. Nem todos os criadores de IA são bons que nem Ana-shi.

Ana encarou Jinyoung pensativa.

— Eu não sei o que aconteceu.

— Eu sei. Você olhou pra fofura da máquina e se esqueceu o que aconteceu nos últimos meses. Foi a mesma coisa com o Chansung hyung. Esqueceu-se das pessoas que tem sofrido por todo esse tempo. Você se encantou com ele e agora está tentando amenizar a situação. — a garota o olhou horrorizada. Aquilo não tinha cabimento. — Ana, ele pode ter participado disso tudo. Não sabemos a idade dessas máquinas, não sabemos nada. Apenas temos que confiar em informações que aqueles caras estão passando pra gente, não podemos tomar isso como verdade absoluta. — Jackson completou. — E eu andei pesquisando, eu tenho medo de estar correto.

Ana estranhou aquela última frase. Mas quis interromper mesmo assim.

— Temos que tomar. Pelo menos a princípio. Não podemos duvidar de tudo. Vamos esquecer as teorias por um momento. — Ana não queria ter que falar aquilo, mas não tinham outra saída.

— Ana, Bang Yongguk hyung quer falar com você hoje mesmo. Ele parecia com urgência. — ouviu a voz computadorizada de Daehyun. Suspirou.

— Tudo bem. Assim que eu conseguir me sentar ligo pra ele.

010

Ana não tirava da cabeça algo maluco que havia pensado desde que acordou. Jinyoung percebeu a inquietação da dona, mas não disse muito sobre isso. Entretanto, queria tirar a limpo a história com Nichkhun. Jackson estava ainda com suas mil teorias sobre o nome do projeto do trio.

— Ana, por que o Jang queria tanto que você perguntasse sobre o Kryptos?

O loiro ainda estava intrigado pela aquela parte da conversa que você teve.

— Eu não sei exatamente. Como eu te disse, ele ficou interessado no meu trabalho depois de ter pesquisado sobre mim. — disse sem interesse.

— Ana... — o amigo parecia pálido. — Ele leu seu mestrado.

— Sim, o que tem?

— Ana, ele sabe. Você falou algo sobre o passado do R207 na monografia?

Ana ficou preocupada por um segundo. Mas lembrou-se que não podia expor pessoas em sua tese, muito menos a família do Jinyoung, o humano. Rememorar tragédias, separações e momentos tensos da vida do Jung-Su seria completamente insensível.

— Não citei nomes, mas obviamente falei que ele tinha uma estrada. Ainda estamos andando no escuro, não quer dizer muita coisa. — Ana tentou se acalmar. Não havia como eles saberem quem eram vocês. A menos que falasse de Bang Yongguk, coisa que não ousaria em dizer. — Algo me diz que a gente tem que começar pelo Nichkhun. Quer dizer, desviar pro Nichkhun. Não vamos mexer no Taecyeon por hora.

— Acha que daria certo? O problema é chegar até aquelas máquinas. O que pretende fazer?

Estavam sentados perto da recepção do congresso. Jinyoung estava andando perto dali, portanto Ana não se preocupou.

— Eu preciso que você confie em mim.

Ana ainda segurou nas mãos do amigo por alguns segundos. Não disse mais nada sobre o que planejava, nem mesmo pra onde iria. Aproveitou que Jinyoung não estava por perto e decidiu não carregá-lo consigo até o destino final. Desabotoou Daehyun do pulso, olhou pra ele ainda por um tempo, com Jackson te encarando com curiosidade.

— O que está fazendo?

— Vou vingar o laboratório cinco. — entregou Daehyun, que já estava pronto pra falar algo. — Eu volto em algumas horas. E, Daehyun, se abrir o bico pro Bang te jogo por aquele muro.

— Aonde vai? — Jackson estava tão surpreso por Ana ter começado a se afastar que não conseguia nem impedi-la. O que tanto ela faria agora? Por que deixou Daehyun consigo?

— Não fale nada para o Jinyoung, por favor.

Havia dado tempo apenas para Jackson entreabrir os lábios.

010

A carreira desvairada que havia dado sem rumo em busca de um táxi disponível havia deixado a situação um pouco mais tensa. Ana não sabia exatamente o que faria — aliás, ultimamente não sabia o que estava fazendo —, mas precisava tomar uma atitude. Tudo bem, ela havia conhecido Jun K, Wooyoung e Chansung. Havia visto os dois Kryptos ao vivo e a cores e aquilo havia dado um choque para a atual realidade. Bang Yongguk a mataria por estar fazendo o que estava, mas quem sabe aquilo era o que precisava fazer. Talvez aquilo fosse a chama que precisava para que as coisas explodissem, e mostrarem as verdadeiras faces de todos.

Seus dias no Japão estavam acabando e não conseguia dar mais nem um passo com sucesso.

Havia deixado Daehyun para trás, não podia levá-lo, muito menos Junior, afinal sua pretensão era se encontrar com Wooyoung, com as máquinas, com quem que fosse. Não sabia onde poderia ir para isso, afinal havia ido cedo até a tenda da New Future e nenhum dos três se encontrava por lá. Nem Taecyeon, nem Nichkhun. Achou aquilo estranho, portanto aquilo significava que teria que ir atrás de um deles em outro lugar. Havia sido loucura sair pela cidade que não conhecia, sem Jackson, sem Daehyun, sem seu humanóide. Estava apenas com sua mochila, seu celular, um pouco de dinheiro e documentos.

Quando finalmente avistou uma fileira de táxis disponíveis, pode respirar com calma. Por que diabos havia corrido tanto? Provavelmente estava a uns cinco quarteirões da universidade, olhou para trás e viu que talvez não conseguisse voltar. Não desistiria, tanto que pegou o celular e discou o número recém adicionado na noite passada. Chamou, chamou. Estava prestes a desligar, ninguém atendia, mas o telefone não havia caído na caixa postal.

— Alô? — Ana disse baixo, provavelmente meio perdida. Ninguém falava do outro lado da linha. Tecnicamente se o celular de Wooyoung havia sido atendido, era pra ele te responder. No entanto, a chamada caiu por algum motivo e Ana olhou para o visor sem entender. O sol estava queimando sua testa, olhou para os lados ponderando o que faria.

O impulso havia deixado a garota um pouco apavorada. Onde estava? Mas antes que pensasse em ligar para Jackson ou para qualquer outra pessoa novamente, recebeu uma notificação do mesmo número em um aplicativo de mensagens instantâneas.

— Vamos ver. — abriu a mensagem e lá tinha uma localização. Cresceu os olhos, era um endereço. Era diferente do endereço da New Future: o endereço que Daehyun carregava consigo dentro do relógio com o número do IP.

“Você está curiosa, não está? Esse é o meu endereço, pode me fazer uma visita se quiser.” A mensagem apareceu após alguns segundos, abaixo das coordenadas. Engoliu em seco, Wooyoung já estava esperando por aquilo? Estaria fazendo a coisa certa? Ana estava vivendo o maior dilema de sua vida acadêmica, talvez até de sua vida.

Bang, me perdoa. Olhou para os táxis e correu até um deles.

— Por favor, eu preciso ir até esse local. — arranhou a língua local, e o taxista logo deu partida no carro.

010

— O que está fazendo? — a voz curiosa do humanóide mais novo havia feito Taecyeon olhá-lo de canto de olho. — Isso não é o telefone do Wooyoung-shi? Por que está com o telefone dele? Por que está mandando mensagem para a garota do humanóide? — Nichkhun falou tão rápido que só Taecyeon poderia entendê-lo. Apenas viu o moreno sorrir, como se tramasse algo, mas logo o olhar inocente (longe de ter o rubro em sua íris) fez com o que o mais alto se acalmasse.

Nichkhun havia olhado bem para Junior no dia anterior. Ele sabia muito mais do que a dupla de amigos que o fez. Ele convivia com Taec em sua hora mais produtiva: a madrugada. Estava sempre com Taecyeon, podia muitas vezes ver o que TCK experimentava. Queria que tudo que foi feito por Taecyeon até o presente momento tivesse sido feito por suas mãos, talvez as coisas tivessem sido diferentes. Porém, Nichkhun não estava pronto para algo grandioso. Ele era apenas um teste, mesmo que conhecesse o companheiro bem. Nichkhun era apenas um experimento quase que exclusivo de Chansung, ele estava longe de ser concluído. Wooyoung precisava de Ana para que isso ocorresse, precisava continuar caminhando no progresso do outro Kryptos. O Kryptos faria mais sentido quando suas ramificações se conectassem perfeitamente. Nichkhun não estava sendo testado da mesma forma que Taecyeon era atualmente, então o mais velho sem dúvida era a principal aposta da dupla.

Havia muita coisa feita sob os panos. De todos os lados, por todos os membros daquela equipe. Nichkhun odiava o fato de viver naquela sala reforçada e gélida com o dono do par rubro de olhos. Odiava era um termo esquisito para uma máquina, mas Nichkhun sabia o que Taecyeon era capaz.

Muito mais do que qualquer dono dele.

010

Wooyoung descia as escadas atrasado. Tinha que ter ido para o Congresso mais cedo, mas acabou se demorando. Droga, onde estava seu celular? Precisava do aparelho como qualquer outra pessoa, mas havia coisas extremamente importantes naquilo para aquele dia. Já era para estar no stand da empresa há uma hora e até mesmo jogava as almofadas do sofá pra cima desesperado atrás do aparelho.

Talvez Chansung tivesse levado o que precisariam para o dia. Informações para expor, folhetos, coisas que Jun K queriam que levassem para chamar atenção do público. Entretanto, o moreno já havia ido embora e Wooyoung não tinha nem como contatá-lo.

Suspirou cansado. Foi até o laboratório que mantinham no fundo da casa e notou que estava tudo muito quieto. Em um dos computadores, Nichkhun pesquisava sobre filmes aleatórios para ver naquele dia. Não iria até o stand, não seria necessário. Ainda mais depois de Ana, Woo sabia que se mantivesse Nichkhun isolado da mesma a traria até si de forma mais fácil.

Desde que a conheceu teve curiosidade na pesquisadora. Aquele humanóide era curioso também. Jinyoung, o fiel escudeiro de Ana. Tanto que seu primeiro pensamento fora que não era possível que ela o tivesse feito todo do zero, que ele fosse cem por cento seu. Isso o levou a conseguir uma cópia do mestrado, também assistiu a apresentação da garota. Pesquisar sobre Ana nos últimos dias tem sido seu passatempo favorito. Interessante, ela era muito boa. Até mesmo para uma estrangeira, não era fácil acompanhar os avanços tecnológicos da Ásia. Ana poderia lhe fazer uma diferença absurda. Na noite que leu cada folha, ficou abismado em vários pontos.

 Então Jinyoung teve um antigo dono. Ficou entusiasmado em descobrir sobre quem seria tal pessoa, mas não poderia perguntar diretamente para Ana. Ela parecia discreta quanto ao seu humanóide, não daria informações tão facilmente. Ainda mais ao cara rude que lhe tratou com desdém, e ainda fez pouco caso de muita coisa. Droga, comecei de uma forma péssima. Talvez isso justificasse seu desinteresse pelo Kryptos, mas o rapaz sabia que quando Ana pôs seus olhos em Nichkhun, alguma coisa havia mudado. Não deixava de estar chateado, afinal todos que já se envolveram em seus trabalhos ficavam maravilhados. Wooyoung se sentia um semi-deus. Ver Ana tratá-lo daquela forma o deixou impaciente e furioso.

Sabia que se ele fizesse as perguntas certas ela logo estaria dentro da questão como queria, mas a garota apenas foi embora. Ainda que visivelmente interessada pelo maknae dos robôs. Fez questão de acabar com uma das garrafas mais caras que tinha em sua adega na noite anterior na frente do computador. Quem ela pensava que era? Droga, não posso deixá-la voltar pra Seul. Eu não posso perder outra grande oportunidade. Não podia voltar a cometer os erros de cinco anos atrás. Inclusive não deixou de se perguntar por onde andava Bang Yongguk.

 Então, foi aí que perdeu seu celular pela casa.

— Nichkhun, Chansung passou por aqui? — o rosto de Nichkhun parecia despreocupado. Olhou-o pela parte mais escura do laboratório, igualmente a mais fria.

— Passou. Está indo pro congresso?

— Sim, Taecyeon está na caixa? — era a forma de perguntar se ele estava seguro. Às vezes tal caixa era danificada pela força dos músculos de ferro de Taecyeon. Nichkhun levou três segundos para responder, Wooyoung franziu o cenho.

— Está.

Os olhos de Wooyoung foram de desconfiados a fixados na bancada. Não que estivesse ignorando o robô mais novo de sua casa, mas um aparelho semelhante ao seu estava lá. Foi até o mesmo e riu aliviado.

— Quando me esqueci disso aqui?

Não sabia se responder. Estava bêbado demais noite passada.

010

Jackson havia decidido que esperaria por Ana por duas horas. Bem, esse era o plano inicial. Se passasse disso, faria alguma coisa. Mas que ideia maluca! Sumiu, não havia deixado nenhum recado além de pedir para que confiasse nela. Nenhuma pista concreta, nenhum endereço. Sabia que a garota havia ido atrás das máquinas, mas pra onde diabos ela teria ido? New Future? Havia algumas opções a mais que isso, isso que deixava tudo mais complicado para achá-la.

Pra piorar a situação, Junior finalmente havia voltado de sua caminhada pelo congresso. Por estar mergulhado na tecnologia no seu dia-a-dia, havia pedido permissão para a dona para que pudesse olhar o que lhe fosse interessante. Ana havia concedido a permissão meia hora atrás. Foi exatamente o tempo que Ana havia corrido da portaria. Jackson ainda estava embasbacado parado no mesmo lugar pensando se Ana estaria correndo um real perigo. Pela primeira vez não sabia o que fazer.

— Hyung, onde está a Ana-shi? Eu achei um stand legal que gostaria de levá-la... — Jackson ouvia aquilo nervoso, não sabia o que dizer a Jinyoung. Não fale nada para Jinyoung, por favor. Mas ele estava ali, na sua frente e perguntando de sua dona. O que dizer?

— Eu me perdi dela. Acabou que ela foi... — olhou em volta. Jinyoung o olhava fixamente. Não havia nenhum tipo de expressão, nenhuma aparente desconfiança. Entretanto, Jackson não sabia mentir para aquela máquina. — Ela foi atrás do Kryptos. Eu não posso mentir. Não posso. — Jackson estava à beira de um ataque de nervos. — Ela foi sozinha atrás de sei lá o que. Ela disse que ia vingar o laboratório. Jinyoung, você acha que ela está bem? — Jackson choramingava desesperado, e Jinyoung tinha uma expressão neutra. Um leve delay o atingiu.

— A Ana foi aonde?! — o tom do humanóide ficou mais alto e parecia ter entrado em alerta. Definitivamente ele não tinha músculos suficientes em sua face para acompanhar o tom da voz. — Hyung, como pode deixá-la ir? Pra onde ela foi?

Um apito foi ouvido, Jackson viu que vinha de seu bolso. Aquilo havia interrompido o desespero dos dois na mesma hora. Seria Ana? Tirou rapidamente o que fosse e viu que vinha de Daehyun. O humanóide e seu hyung observavam o relógio que piscava na tela, parecia estar recebendo uma mensagem. Jackson havia ficado branco de preocupação, não era uma mensagem, era uma chamada.

Bang Yongguk.

 O nome piscava e parecia mais aterrorizante do que nunca. Ele estava ligando, Ana havia prometido que ligaria para o mesmo e não ligou. Ele devia estar tentando contato faz muito tempo para chegar ao ponto de ligar por Daehyun.

— O que a gente vai falar?

— Devo atender? — a voz de Daehyun não aliviava a tensão. — Vou considerar o silêncio como sim.

Jackson queria soltar um berro de desespero, mas Daehyun realmente atendeu a chamada.

— Oi hyung...

— Jackson? Finalmente... — a risada nervosa de Bang fez o loiro sorrir amarelo. — Estou esperando a Ana ligar até agora e tenho que resolver coisas na rua. Poderia falar com ela? Ela mesma tinha mil questões comigo, segundo o Daehyun, e não atende aquele telefone de jeito nenhum. Espera aí...

Jinyoung e Jackson se entreolhavam.

— Por que você está com o Daehyun?

— Bem, Ana foi ao banheiro. Ela não costuma levar o Jung com ela, sabe... — foi a coisa mais ridícula que poderia falar para Bang, mas não tinha coragem de lhe contar a verdade. — Coisas de mulher.

— Ah. Por um minuto achei que ela tinha feito alguma besteira. — Bang parecia aliviado. Jackson passou a mão no rosto. — Então ela não está por perto? Eu preciso falar uma coisa com ela sobre o Wooyoung.

— Sobre o Jang?

— É. Bem, eu fui atrás do Jung-Su hyung para ter alguma notícia do Wooyoung, e achei algo relevante. Bem, não é uma boa notícia totalmente, mas isso serve de alerta para tomarmos cuidado com essa gente.

Jackson, ao ouvir aquilo, se distanciou com o humanóide para ouvir mais de perto.

— O que houve? — Jackson estava completamente desesperado. Tentava disfarçar a voz a todo custo, mas Jinyoung estava começando a entender que não estava tudo bem. Sua dona estava se metendo onde não deveria. Pelo menos não assim.

— Jung-su me contou que houve registros de máquinas de Tóquio tentando invadir os laboratórios da universidade há alguns anos antes do ataque do lab. Ele conseguiu essa informação recentemente depois que Ana o colocou a par da situação do laboratório cinco. Ele não me disse quem descobriu sobre esse ataque antigo, mas ele me garantiu que era alguém de confiança. Pediram o anonimato, então não questionei mais sua identidade. Tudo o que eu sei foi que ele informou que Wooyoung estava no meio da equipe na época e que mais um nome, o qual eu me lembro bem de Ana me contar, estava à frente, pois era dono das máquinas que foram utilizadas. Kim Minjun. Depois disso, um trato foi feito: o informante com Jang diretamente. Ele não poderia se envolver mais com aquele tipo de ação, senão arcaria com as conseqüências. Eu preciso dizer isso a Ana. Mesmo com dinheiro e códigos fornecidos, Jang pode ter voltado a atacar a universidade e ser o possível maníaco. Vocês precisam tomar mais cuidado do que estão tomando.

Quem era Jang Wooyoung?  

— O que ele quer tanto daquela universidade? — Jackson disse pensativo. — Tem uma coisa muito errada com essa empresa, você sabe que o Minjun é o diretor, não é? — ouviu a confirmação de Bang. — Precisamos saber mais sobre isso. Eu não me lembro de ataque algum anos atrás. Bang, precisa conseguir mais informações.

— Por favor, eu preciso falar com a Ana com urgência. Estou tentando falar isso desde ontem. Ela precisa saber disso. — a voz era cansada. Por que Ana estava tão difícil de contatar?

Jinyoung estava quieto, mas Jackson percebeu que ele estava prestes a falar alguma coisa para Bang Yongguk.

— Hyung, Ana não está aqui. Desculpe, mas não posso ficar calado.

Jackson arregalou os olhos e tentava falar alguma coisa apenas movendo os lábios. Não diga nada!

— Hyung, a Ana sumiu. — completou a máquina preocupada com sua dona.

010

Provavelmente Jackson estava surdo, afinal Yongguk havia se descontrolado na chamada e o ouvido do loiro estava perto demais de Daehyun. Não era pra menos, Ana havia agido com bastante imaturidade. Yongguk não a reconheceu aquela hora, tudo bem, também não a conhecia por tanto tempo assim. No fundo, sabia que ela estava tentando fazer alguma coisa. Se Jackson, que estava por perto desde que seu mestrado havia começado, estava apavorado, quem dirá Bang Yongguk. Por um segundo não conhecia Ana, e por outro micro segundo queria deixá-la fazer o que desse na telha. Mesmo irritada, ela o deixou fazer o que quisesse semanas atrás. Ela confiou em si mesmo sem lhe conhecer, Bang precisava tomar alguma coisa para se convencer disso. Teria que ser paciente com Ana dessa vez, assim como ela fora, e mesmo assim estava maluco pensando no que poderia lhe acontecer.

— O que ela pensa da vida? Eu acabo de descobrir sobre esse ataque e ela faz uma coisa dessas! — Bang era a pessoa mais furiosa. Estava sentado em sua mesa, o coração acelerado e o pânico estava lhe consumindo depois de tanto tempo longe dessa sensação. Queria que Jung-Su tivesse descoberto sobre o primeiro ataque antes e aberto o jogo primeiro para a mesma, mas pelo visto a informação era mais recente do que achava. Se Ana tivesse sabido disso antes, talvez não tivesse feito a maluquice que fez agora.

— Hyung, a gente não sabia. É culpa minha, eu não devia tê-la deixado ir. — Jackson estava angustiado, voltou a se sentar na primeira escada que viu pela frente. Jinyoung estava calado. — Eu devia ter segurado o braço dela e pelo menos exigido saber pra onde ia. — estava completamente frustrado.

— Temos que fazer alguma coisa, precisamos achá-la. — o humanóide parecia absorto em algum pensamento, o que fez Jackson encará-lo.

— Vamos achar, Junior, não se preocupe. — Jackson ainda teria que manter sua pose de positivismo pelo menos até que encontrasse Ana.

Yongguk pela primeira vez teve medo de Wooyoung. Não que ele fosse oficialmente um monstro, mas sabia que ele poderia ter cedido aos charmes do mundo fácil. Desde a época da faculdade, momentos assim apareciam. E, agora, ele havia se metido duas vezes com o mesmo alvo. Mas por quê? O que ele tanto queria daquela Universidade?

 Jackson pôs-se a contar o que Ana não havia feito. Contou de Taecyeon mais a fundo, de Nichkhun, de Wooyoung e até de Chansung quando arrumou Daehyun no dia anterior. Ouviu suspiros do outro lado da linha. Por fim, contou como a garota estava estranha e não estava suspeitando de Nichkhun como estava de Taecyeon poucas horas antes. Pensou até que tinha aliviado o lado de Jang.

— O que ela tem na cabeça? Como ela pode ir pelo achismo dessa forma?

— Não sabemos o que ela foi fazer exatamente, hyung.

— Não é óbvio? Ela deve ter ido atrás do Jang. O problema é: como a Ana sabe do endereço desse cara? Estão escondendo alguma coisa de mim?

— Não, hyung. A gente não sabe. Quer dizer... — Jackson estava confuso. O encontro com Nichkhun havia apenas sido ela e Jinyoung. Olhou instantaneamente para o humanóide.

— Ela não sabe. Junior não decorou o número que ele passou, apenas viu Ana salvando o número de telefone no celular. Jang estava interessado na Ana-shi. Ele pediu desculpas ontem, disse que tinha a subestimado. Ele leu tudo sobre o que Ana escreveu sobre o trabalho dela, e então a levou para conhecer o NCK. — Junior contou o que sabia. Ainda não era possível que entrasse na mente de Ana para entender exatamente o que estava acontecendo e o real propósito daquela apresentação de humanóides. — Eles são supercomputadores portáteis. Bang hyung sabe bem, Ana sabe do seu antigo projeto.

— Antigo projeto?

— Sim, Ana leu tudo. Eu tenho tudo na minha cabeça. — apontou pra sua testa. — Hyung, não me leve a mal, mas tem um pouco do seu conhecimento no Kryptos. Ana ficou curiosa, ela estava inquieta desde que acordou. Eu acho que ela planejava fazer isso, mas não imaginava que ela usaria o tempo que eu fui passear pra ir atrás deles. É tudo culpa minha. — era uma competição para quem tinha a verdadeira culpa.

— Não é sua culpa, é culpa da teimosa. — Jackson consolava o humanóide. O tom robótico de Junior variava tanto que parecia estar prestes a chorar de verdade.

— Hyung, eu nunca mais vou ver a Ana. — a frase assustou os dois. — Wooyoung vai fazer alguma coisa, eu tenho certeza. Ele e o Minjun hyung me querem.

Bang, do outro lado da linha, se aquietou em meio a um choque das possíveis consequencias. Precisavam achar Ana, depois era necessário conversar sobre o supercomputador. Ele já iria abrir detalhes, até mesmo Daehyun havia adiantado quando pediu que a garota ligasse para ele. Mas não imaginava que o plano inicial seria ir atrás dos supercomputadores ou de seus donos. Ana sempre ia pelo caminho mais difícil.

— Ana tem um coração mole. Ela deve ter gostado do NCK, pelo que me disse Junior. — ouviram a voz de Bang mais baixa, ainda sim preocupada.

— Se acontecer alguma coisa com a Ana, hyung, eu exijo que me desliguem. — Jinyoung se levantou, sério, e Jackson não quis dizer nada. Nem Bang ousou dizer. — Eu não quero seguir sem ela.

Jackson se distraiu ao ver algo no horizonte. Mais precisamente alguns metros à frente subindo as escadas da universidade rumo aos stands.

— Não é bem assim, Junior. Não fale essas coisas, ela vai voltar. Olha só pra aquilo. — apontou discretamente para o rapaz dos olhos estreitos, correndo atrasado, indo rumo ao stand da New Future. — Hyung, retorno em breve. Vamos achar a Ana em alguns instantes.

 

 

 

 

 


Notas Finais


e aí? o que acharam? amaria saber~


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