História KURODARA!! - A Trindade da Morte

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– Olha ali!

– Céus, não acredito.. aquele não é a Ave Indomável?

– O que a neta do Tsuchikage tá fazendo andando com ele??

– Não faço a menor ideia..

– Será que ela não tem vergonha? Eu não teria coragem..

Esses eram alguns dos comentários que Kurotsuchi ouvia das pessoas da aldeia, toda vez que saía com Deidara nas ruas.

Era assim quando voltavam de uma excursão, ou mesmo quando ela ia ao mercado fazer as compras pro jantar. Deidara parecia não ligar: era como se já estivesse habituado a olhares tortos e dedos apontados. Mas para Kurotsuchi aquilo era novidade – nunca antes tinha sido alvo de fofocas desse jeito, e para ela estava sendo extremamente incômodo. Mesmo porque eles não estavam fazendo nada de errado..

Deidara até estava se comportando melhor, ultimamente.

Desde o soco que recebeu ele nunca mais tentou beijar ela, pelo menos. Ele agora agia como um verdadeiro guarda-costas: silencioso e profissional. Talvez até demais, pensou Kurotsuchi (um pouquinho chateada).

Certo dia eles estavam voltando de mais uma escavação arqueológica, quando foram surpreendidos novamente na saída de uma caverna. Eles foram cercados por ninjas usando máscaras de caveira. Dessa vez eram apenas três, mas mesmo assim Kurotsuchi entrou em estado de alerta máximo.

– Tenha cuidado.. – disse ela, sacando uma kunai e encostando suas costas na de Deidara – Esses caras não são como os da última vez. Eles são a infame Trindade da Morte..

– To sabendo. – respondeu Deidara, botando a mão na bolsa de argila. – Eu meio que já conheço eles, hum..

Um ninja no alto, parado em cima do galho de uma árvore, tirou uma shuriken enorme das costas. Os outros dois se armaram com correntes – uma tinha na ponta uma bola de ferro com espinhos, e a outra tinha a lâmina de uma foice.

– Deidara! – chamou o ninja no alto da árvore. – Já faz algum tempo, não é?

– Nem tanto, Kahasuko. Ainda não to com a sua grana, mas se me me der mais um tempo..

– Não estou aqui pela sua ninharia, Ave Indomável! Posso conseguir muito mais com ela..

O ninja apontou a enorme shuriken pra Kurotsuchi.

– Entregue a garota, e perdoarei sua dívida. Se cooperar conosco, talvez até te deixe participar dos lucros.

– Hum.. – respondeu ele, esfregando o queixo pensativo.

– Deidara!! – ralhou Kurotsuchi.

Ele riu e levantou as mãos como quem pede desculpas.

– Foi mal, amigo. Sua oferta é tentadora, mas não vale o risco. Eu não irritaria ela, se fosse você..

– Você é um tolo, Deidara. – respondeu Kahasuko – Devia ter se juntado a nós quando teve a chance..

– É.. mas é que caveiras nunca foram muito o meu estilo.

– Pena. Porque é isso que você vai virar agora.

Kahasuko se agachou preparando-se pro ataque. Kurotsuchi atacou primeiro lançando a kunai. A arma parou no ar a um centímetro do rosto dele, e então se virou e voltou contra ela. Ela só não foi atingida pela própria kunai porque um pássaro de argila a absorveu em pleno ar.

– Estilo Magnetismo.. – disse Deidara – Não podemos usar nada metálico.

– Só queria confirmar. – disse ela. – Certo.. Então deixo ele pra você, e eu me encarrego desses dois.

Kurotsuchi cuspiu um punhado de cal da boca, e com ela moldou uma marreta de pedra. Deidara invocou sua águia e pulou em cima dela, indo de encontro ao líder. Ele recuou para dentro de uma floresta, e Deidara voou atrás dele.

Assim que ficaram a sós, o maior dos ninjas arremessou a bola de ferro contra Kurotsuchi, que esquivou com um mortal de costas. A bola atingiu o chão com tanta força que abriu uma cratera. Ela mal tinha aterrissado do pulo quando a lâmina do outro ninja passou raspando pelo seu pescoço. Ele girou a corrente com a foice na direção dela, e Kurotsuchi precisou dançar quase um balé para se esquivar de cada investida. Quando encontrou uma brecha, ela devolveu a foice para o inimigo com uma marretada, e a foice voou até ser cravada contra o tronco de uma árvore. Por um momento aquele ali estaria fora de batalha, portanto ela aproveitou para cuspir rochas de fogo contra o grandalhão. Mas ele girou sua bola de ferro com espinhos na corrente como se fosse um brinquedo, e destroçou cada uma das rochas de Kurotsuchi em pleno ar.

Merda.. – pensou ela – Isso aqui não vai ser fácil.

Enquanto isso, Deidara também estava tendo dificuldades perseguindo o líder. Ele saltava com agilidade pelos galhos das árvores, ao mesmo tempo que controlava a Shuriken Moinho das Sombras com magnetismo. A cada instante ela surgia de uma direção diferente, zunindo contra Deidara numa velocidade assombrosa, e ele tinha apenas frações de segundo para esquivar. Às vezes guinava com a águia, às vezes simplesmente se abaixava, e a cada vez que a shuriken errava ela atingia uma árvore do outro lado, decepando o tronco inteiro num piscar de olhos como se fosse uma vara de bambu.

Parece que aquele treino com o velhote veio a calhar.. – pensava ele agradecido, enquanto as árvores caíam.

Kurotsuchi ergueu sua marreta no alto com as duas mãos, mas uma corrente envolveu seus punhos e a puxou para trás. Ela tombou de costas no chão e a marreta de pedra tombou, sendo pulverizada um segundo depois pela bola de ferro. Enquanto ainda se debatia no chão pra se livrar, uma descarga elétrica atravessou o corpo dela, conduzida pelas mãos do ninja que segurava a corrente.

Meu fluxo de chakra.. – pensou ela, em meio à dor – Foi bloqueado..

Agora ela não podia mais usar ninjutsus.

O ninja grandalhão se aproximou girando a bola ferro, e então a jogou contra ela. Kurotsuchi estava caída e com os punhos atados, mas conseguiu rolar para o lado no momento do ataque. A bola de ferro atingiu a corrente que prendia Kurotsuchi, e ela se libertou. Na mesma hora correu para a mochila de equipamentos, e retirou de lá duas picaretas.

Espero que o sujeito do magnetismo esteja bem longe.. – rezou ela, avançando pra luta.

Dali pra frente ela conseguiu manejar a batalha incrivelmente bem, usando apenas duas picaretas e o seu taijutsu.

Em dado momento, conseguiu pregar a corrente do grandalhão cravando uma picareta contra o chão. Antes que ele pudesse desprender, Kurotsuchi arremessou com toda a força a outra picareta na sua testa, e ele tombou.

Agora só restava um, mas Kurotsuchi estava desarmada. Ela foi obrigada a recuar enquanto o outro ninja rodava a corrente com a foice na direção dela. Houve alguns pequenos cortes quando a lâmina arranhou seus braços. Ela tropeçou e caiu, batendo as costas numa árvore. O ninja aproveitou para lançar a corrente em volta do tronco e prender Kurotsuchi ali.

Agora ela estava totalmente imobilizada, enquanto o inimigo segurava a corrente numa mão e a foice na outra. Ele ergueu a lâmina no alto, preparando-se para dar o golpe final..

E então a águia de Deidara o atingiu de lado com tanta força que ele voou no ar e caiu no rio ali perto.

Deidara pousou na frente dela pouco depois, aterrissando com firmeza no solo. Ele havia saltado da águia para que ela tivesse mais velocidade, deduziu Kurotsuchi. Bem a tempo.. e como se não bastasse, Deidara ainda trazia Kahasuko no ombro, inconsciente e envolvido numa espécie de centopeia branca enorme.

Deidara jogou o inimigo derrotado no chão como se fosse um saco de batatas. Em seguida olhou para Kurotsuchi, acorrentada ao seu lado.

– Vou lá checar o outro. Não se mexa.

– Há há! Muito engraçado!

Mas Deidara já havia se afastado, e agora estava na margem do rio tentando encontrar o corpo. Ele o avistou boiando correnteza abaixo, provavelmente inerte depois de ter batido a cabeça nas pedras.

Perto dali, Kurotsuchi lutava pra se desprender das correntes. Foi então que ela percebeu um movimento alguns metros adiante. Era o corpo de Kahasuko. Pelo visto, ele não estava totalmente inconsciente.

Ele olhou diretamente para Kurotsuchi do chão. E então ela notou, para o seu horror, que mesmo imobilizado ele ainda conseguia mover os dedos trêmulos..

Levou apenas alguns segundos para o Moinho das Sombras aparecer das profundezas do bosque, zunindo na direção dela. Foi tão rápido que ela nem teve tempo de gritar: apenas virou o rosto e fechou os olhos com força.

As gotas de sangue mancharam as folhas da árvore quando a lâmina atravessou a carne.

Mas Kurotsuchi não sentiu nada..

Ela abriu um olho devagar, e então entendeu. Deidara estava parado de costas pra ela, os dois braços abertos, e o esquerdo atravessado pela shuriken gigante. Sua respiração estava ligeiramente ofegante, como quem tinha acabado de correr, e quando virou o rosto para trás sua expressão era muito séria.

– Você.. está bem?

Kurotsuchi estava muda. Ela apenas conseguiu olhar para ele por alguns segundos, e depois balançar lentamente a cabeça.

Deidara fez o Selo do Confronto e a centopeia intensificou o aperto, asfixiando o inimigo. Ele desmaiou e não voltou mais a acordar. Então Deidara arrancou a shuriken do seu braço num só puxão, sem fazer sequer uma careta de dor. Ele a jogou a lâmina ensanguentada pro lado e começou a desatar a corrente em torno de Kurotsuchi.

– A.. achei que tinha ido atrás do outro corpo.

– Só queria checar se ainda estava vivo. Quem gosta de perseguir cadáveres é você, alteza.

Apesar da brincadeira Deidara não sorria, e muito menos Kurotsuchi. Ela olhava o tempo todo para o braço ferido dele.

– Seu braço.. – disse ela, preocupada – Está sangrando muito.

– Não é nada.

Assim que Deidara a libertou, porém, Kurotsuchi correu para buscar o kit de primeiros socorros na mochila.

– Sente-se ali, e levante o braço!

Deidara obedeceu. Ele foi se recostar sob a sombra de uma outra árvore, as costas apoiadas no tronco, e Kurotsuchi se ajoelhou ao lado dele.

– Vou precisar tirar isto..

Deidara ergueu ambos os braços, e Kurotsuchi o ajudou a tirar a camisa. Ela ficou momentaneamente atordoada com aquele corpo, mas logo recuperou o foco.

– Agora, isso pode arder um pouco.

Ela embebeu um pedaço de pano num unguento medicinal, e então limpou a ferida no braço. Deidara fechou os olhos e contorceu o rosto numa careta, mas não resmungou nada. Kurotsuchi continuou limpando o braço, e quando terminou passou à agulha. Ela foi perfurando a carne e fazendo suturas, costurando de volta tudo que tinha sido aberto.

Apesar da tortura, em momento algum Deidara se queixou. Na verdade ele apenas permaneceu parado, olhando serenamente pra ela. Kurotsuchi não pôde evitar de sentir uma certa inquietação. Mas ela não sabia se era por causa da incrível resistência que ele tinha à dor, ou se tinha alguma coisa a ver com aqueles olhos azuis tão concentrados nela.

Durante todo esse tempo nenhum dos dois se falou.

Quando terminou de fazer os mais de quarenta pontos nele, Kurotsuchi pegou a gaze e começou a enrolar em volta do bíceps. Ela continuou enfaixando e não se atreveu a olhar pra ele quando rompeu o silêncio.

– Obrigada.. – disse por fim em voz baixa.

– Não precisa agradecer. – respondeu Deidara, olhando pro lado.

– Claro que preciso.. – retrucou ela, encarando-o. – Você salvou minha vida.

Deidara recostou a cabeça no tronco, fechando os olhos.

– Eu tinha que salvar. Se você morrer, eu não vou ser pago.

Kurotsuchi terminou de amarrar o último nó com mais força que o necessário.

– AI!!

Aquilo sim tinha doído.

Qual o problema dela? – pensou Deidara, olhando a garota se afastar.

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