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História KURODARA!! - O Quatro Caudas


Escrita por: Zetsubou-sensei

Notas do Autor


GLOSSÁRIO

*kamikaze = literalmente, "sopro de Deus". É como eram chamados os pilotos japoneses que se suicidavam lançando seus aviões no alvo, durante a Segunda Guerra Mundial.

Capítulo 15 - O Quatro Caudas


Fanfic / Fanfiction KURODARA!! - O Quatro Caudas

.

 

 

– É ele.. – sussurrou Kurotsuchi – Roushi, O Ermitão!

– Esse tiozinho aí??

– Fala baixo! – ralhou ela. – Agora, lembre-se: daqui pra frente devemos agir com máximo de cautela e diplomacia.. ei, aonde você vai??

Mas Deidara já tinha avançado à frente e apontado um dedo pras costas do ermitão.

– Ae, tiozão!!

O homem virou o rosto de barba ruiva pra trás.

– Volta pra aldeia agora, ou eu te enfio a porrada!!!

Kurotsuchi e Akatsuchi bateram na testa. O velho ficou apenas ali parado, olhando.

– ...Quem diabos é você?

– Ninguém!! – adiantou-se Kurotsuchi, tapando a boca dele e rindo nervosa – Não liga pra ele não, Roushi-san! É só um maluco retardado..

Aqui Kurotsuchi lançou um olhar fervente para Deidara. Mas o olhar dela nem se comparava com o olhar gélido e penetrante que Roushi estava lançando...

– Espere um minuto.. – disse ele, devagar – Eu reconheço você. Você é o moleque que roubou minhas botas, treze anos atrás.

Todos agora olhavam pra Deidara em silêncio.

– É sério isso? – defendeu-se ele – Como alguém guarda rancor de algo tão idiota que rolou há tanto tempo??

– Eram minhas botas favoritas.

– É? Que trágico.. peraí que vou tocar um violino!

– Eram as únicas que eu tinha.

– Tá.. pode ter sido mancada minha. Mas ainda assim não justifica!

– Você me empurrou de uma ponte, só pra eu cair na Fonte Sagrada.

Kurotsuchi cruzou os braços, e Deidara desviou o rosto pra não olhar pra cara dela.

– E depois que eu tirei as roupas pra secar, você aproveitou que eu estava pelado pra pegar minhas botas e sair correndo.

Deidara levantou timidamente um dedo.

– E ainda por cima, gritou uma última coisa pra mim antes de se mandar rindo.. – continuou Roushi. – O que era mesmo..? Ah, lembrei..

Ele se levantou na pedra e o encarou do alto.

– “Se fode aí!”

Silêncio.

Deidara estava constrangido e muito desconfortável.

– Tá, eu te fodi legal.

Kurotsuchi interveio antes que as coisas piorassem.

– Roushi-san, perdoe-o.. isso foi há muito tempo! Ele era só um trombadinha.. garanto que os cidadãos de bem de nossa aldeia sempre tiveram um respeito muito grande pelo senhor. Então, se puder voltar para a..

Respeito? – interrompeu ele – Eu creio que não. O que eles tem se chama medo.

Roushi desceu da pedra, e sua postura era tão ameaçadora que Kurotsuchi instintivamente deu um passo pra trás.

– E eles tem motivo para ter medo, não é..? Eu sou uma abominação. Uma máquina de matar.. eu só existo para espalhar temor e sangue. Ninguém... ninguém. Está a salvo perto de mim.

Kurotsuchi e Akatsuchi levaram as mãos ao bolso, alertas.

– Então me diga, neta do Terceiro... por que eu deveria voltar pra aldeia?

Novamente, silêncio. Kurotsuchi parecia estar pesando com extremo cuidado suas próximas palavras. Mas foi outra voz que falou primeiro:

– Que tal pra tomar um banho?

Roushi e os demais se viraram pra Deidara. Ele era o único que não estava tenso. Na verdade parecia bem descontraído, com as duas mãos na nuca.

– É, porque sabe.. seu cheiro não é lá dos melhores. Quanto tempo faz que você não vê um sabonete?

Aniki...! – sussurrou Kurotsuchi, alarmada. Mas Deidara a ignorou, continuando:

– Tem uma Casa de Banhos ótima lá, com fontes térmicas e tudo. Eu juro que dessa vez não te empurro.

– Aniki!!

– Ah, o que foi?!? Sério mesmo que vocês tão se cagando pra esse tiozinho?? O que, só porque ele tem um bichinho de estimação aí dentro? Uiii, que meda...

Deidara caminhou até ficar cara a cara com Roushi.

– A única coisa pavorosa nesse cara é o jeito que ele se veste. Rosa..? Sério, tio?

Akatsuchi levou as mãos à boca.

– Quer dizer, nada contra o seu penteado.. o rabo de cavalo deu um toque maneiro. Mas esse brinquinho aí...

Deidara pegou no brinco dele, e Kurotsuchi gritou:

– ANIKI, NÃO!!!!

Uma onda de calor eclodiu com tanta força que a equipe foi arremessada pra trás.

Um segundo depois, Roushi estava envolvido num manto vermelho escaldante, cobrindo cada centímetro de seu corpo. A temperatura no topo da montanha ficou tão alta que os flocos de neve acima derretiam e caíam em gotinhas de chuva.

– Oh-ow.. disse Deidara, caído no chão.

– OLHA SÓ O QUE VOCÊ FEZ!!!

Quatro caudas projetaram-se do manto vermelho atrás de Roushi, balançando no ar.

– Agora está fora de controle!!

Akatsuchi rapidamente enviou o seu golem para conter Roushi, mas ele foi destroçado em pedaços com um único soco. Deidara se protegeu dos fragmentos de rocha que voaram, e viu que as mãos do jinchuuriki estavam revestidas de magma incandescente.

– O que é aquilo?!!

– Estilo Lava! – respondeu Kurotsuchi, se levantando – A mesma kekkei genkai que a minha, só que muito mais forte!

Ela correu até Deidara, e o levantou com um único puxão.

– Precisamos sair daqui, AGORA!!!

 

A temperatura no topo da montanha foi ficando cada vez mais elevada. A neve que cobria o cume agora derretia rapidamente, descendo pelas encostas na forma de riachos e cachoeiras. Nuvens de vapor subiram. Logo a montanha inteira havia desaparecido numa densa camada de nuvens.

Deidara e Kurotsuchi sobrevoaram o local em cima da águia de argila. Então eles ouviram um rugido tão poderoso e tremendo que o próprio ar foi deslocado, causando uma ventania que os empurrou para trás. A nuvem de vapor se dissipou um pouco, e aí eles viram.

Caralho.. – pensou Deidara, de olho arregalado.

Ali estava uma visão que ele jamais esqueceria. Um colossal gorila vermelho, do tamanho daquela montanha, urrando e socando o peito. Atrás dele, quatro enormes caudas se agitavam, parecendo monstruosos tentáculos vivos.

– Então isso é uma Bijuu..? – perguntou Deidara, quando conseguiu falar.

– É Yonbi, o Quatro Caudas!

Deidara estava assustado e maravilhado ao mesmo tempo.

Incrível..

– Aniki, lá embaixo!

Akatsuchi corria desengonçado pela planície nevada. O Yonbi também avistou ele e pulou da montanha, correndo atrás.

– SOCORROOOO!!!

Deidara enviou um falcão de argila, mas o gorila era muito mais rápido. Com certeza chegaria primeiro.

– Voe em torno dos pés, agora!!! – ordenou Kurotsuchi.

Deidara mergulhou e voou em rasante pela planície o mais rápido possível. Quando alcançaram a criatura em movimento, Kurotsuchi executou os selos e cuspiu seu jorro de cal líquida. Ela foi expelindo sem parar, numa quantidade nunca antes vista, enquanto Deidara circulava perigosamente perto do monstro. Quando os pés e as mãos do Yonbi ficaram totalmente cobertos, ele desacelerou, e então ela aproveitou para finalizar o lago de cal abaixo dele. O lago secou prendendo o gorila, bem a tempo do falcão resgatar Akatsuchi.

– Conseguimos! – gritou Deidara.

– Cala a boca!! Isso só vai atrasá-lo!

De fato, o Yonbi já havia desprendido as mãos. E com elas desferiu um golpe tão forte no solo que o impacto causou um tremor na terra, provocando deslizamentos e avalanches nas montanhas ao redor.

O gorila recomeçou a perseguição, ainda mais veloz que antes.

– O que a gente faz agora?!? – perguntou Deidara, desesperado.

– SOBE!! O máximo que puder!!!

Deidara obedeceu, fazendo a águia e o falcão voarem pra fora do alcance da Bijuu.

– CHUPA!! – gritou Deidara triunfante, quando já estavam seguros no céu.

Lá embaixo, o gorila olhava para eles. Então ele abriu a boca, e várias esferas vermelhas e negras começaram a se juntar no centro dela.

– O.. o que ele está fazendo?

Kurotsuchi ficou pálida.             

– A Bijuu Dama... isso não é nada bom..

– Me diz que a gente pode escapar disso!

– A probabilidade é de menos de um por cento..

– MENOS DE UM POR CENTO?? Você é o que, uma calculadora???

A esfera na boca da criatura ia ficando cada vez maior, assumindo um tom de roxo escuro.

– Quanto tempo pro disparo??

– Oito segundos!

– Dá tempo!

Deidara mergulhou com sua águia novamente, indo direto pra boca da fera.

– O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO?! – berrou Kurotsuchi, abraçando Deidara por trás.

– Confie em mim!!

– Confiar em VOCÊ??? A gente só tá nessa por sua causa!!!

Os dois aceleraram num mergulho vertical. Kurotsuchi sentiu vertigem ao ver os dentes e a goela da besta se aproximarem cada vez mais, juntamente com a Bijuu Dama, que explodiria ao menor contato...

– Sua porra de kamikaze* maluco!! A GENTE VAI MORRER!!!

– SE SEGURA!!!!

Então Deidara pulou de sua águia no último segundo, e Kurotsuchi foi junto. A ave de argila colidiu vazia na Bijuu Dama, e houve uma gigantesca explosão. O céu foi tingido de laranja-fogo, e Deidara e Kurotsuchi caíram abraçados.

– AAAAAAAAAHHH!!

Enquanto Kurotsuchi gritava, Deidara fazia uma escultura. Só deu tempo de fazer um falcão pequeno, em cujo pé ele se agarrou. O falcão bateu as asas ao máximo, e eles despencaram como num paraquedas. A velocidade ainda era alta quando passaram pelos pinheiros do bosque, portanto eles foram arremessados e rolaram vários metros na neve. Deidara conseguiu rolar até ficar em cima de Kurotsuchi, e então a protegeu com suas costas dos fragmentos em chamas que caíam do céu. Akatsuchi também caiu ali perto, pouco depois.

Quando tudo parecia ter acabado, Deidara levantou um pouco o rosto e olhou para Kurotsuchi, deitada debaixo dele. Estava mais branca que cera, e sua respiração era ofegante.

– Viu? – sorriu Deidara – Eu disse que ia dar certo.

Mas então uma sombra inundou a neve ao redor deles. Deidara virou o rosto pra trás de mansinho.

A cara gigantesca do Yonbi estava três metros acima deles. Estava com a sobrancelha e os pelos da testa chamuscados, e sua expressão não era muito simpática.

– Ah.. merda.

A besta abriu a boca, revelando presas maiores que um ninja. O hálito dela fez os cabelos de Deidara e Kurotsuchi sacudirem, e ambos fecharam os olhos pra não ver o desfecho daquilo..

 

Houve um estampido forte, e uma nuvem de fumaça.

E então o silêncio.

 

Levou um tempo pros dois criarem coragem de abrir os olhos, e enxergar uma silhueta na névoa.

Era Roushi, o Ermitão.

– Sinceramente.. não pensei que vocês fossem resistir tanto tempo. Impressionante.

– O que...?

O homem caminhou na direção deles, sereno e calmo.

– Obrigado pelo treino. Não é a mesma coisa sem um adversário sério.

Era impossível dizer qual dos três da equipe estava mais pasmo.

Treino..?

– Você.. não estava possuído pelo Yonbi?

– Claro que não. Ele estava sob total controle desde o início.

Kurotsuchi empurrou Deidara de cima dela.

– Como??

– O que acham que estive fazendo todos esses anos, isolado no ermo?

Nenhum deles respondeu. Roushi cruzou os braços e prosseguiu:

– Depois de muitos anos de treino e meditação, finalmente comecei a entender e dominar o demônio dentro de mim. Já sou capaz de liberá-lo na forma completa, por um curto espaço de tempo.

– É por isso que veio até aqui, nessa ilha desabitada..? – perguntou Kurotsuchi, levantando-se devagar – Pra treinar o Yonbi em segurança, sem oferecer riscos à nossa terra?

Roushi ficou em silêncio. Em seguida ele direcionou seu olhar para Deidara, que também se levantava e sacudia a neve da roupa.

– Você é aquele a quem chamam de Ave Indomável, não é?

– Hm? Sou, por que?

O homem o encarou por um longo tempo sem dizer nada. Então finalmente desviou os olhos pra floresta e foi andando na frente.

– De acordo. – disse. – Eu acompanharei vocês.

A equipe inteira ficou mais uma vez muda.

– Peraí.. – arriscou Deidara – Assim, sem ressentimentos? Não tá puto pelas paradas que eu disse?

– Nada do que você diz tem a menor importância pra mim.

– Então por que soltou a macaca naquela hora?

Roushi parou e virou o rosto, e era um rosto barbudo muito sério.

– Ninguém mexe no meu brinco.

Mais uma vez, silêncio. Roushi recomeçou a andar.

– Ninguém mexe no brinco dele.. – sussurrou Deidara para Kurotsuchi, antes de seguirem-no.

 

***

 

Quando chegaram à costa do outro lado do mar, porém, Roushi anunciou que só iria acompanha-los até ali. Já estava novamente no seu país natal, mas para o bem de todos era melhor que permanecesse longe da aldeia até ter controle absoluto do Yonbi. Kurotsuchi não questionou.

Eles caminharam juntos ainda por um trecho, Deidara saltando alegremente em volta de Roushi e pedindo o tempo todo “Faz o urro!”.

Então chegaram no ponto de despedida.

– Bem, Roushi-san.. – começou Kurotsuchi – Vou relatar ao Tsuchikage sua nova situação. Ele vai ficar satisfeito em saber do seu retorno, e do seu controle sobre a Bijuu.

O homem assentiu com a cabeça, observando a clareira coberta de neve. Deidara e Akatsuchi estavam mais adiante, envolvidos em algum tipo de discussão.

– Devo dizer, fiquei bastante aliviada.. – sorriu Kurotsuchi, sem jeito – Por um instante cheguei a pensar que o senhor realmente ia abandonar nosso povo.

– Eu ia.

Kurotsuchi virou o rosto pra ele, surpresa.

– Mas vocês me mostraram algo que me fez mudar de ideia.

– O que..?

Ele.

Roushi indicou com a cabeça Deidara, que naquele momento parecia estar ingressando numa nova disputa pelo cachecol de Akatsuchi.

– Eu.. não entendo.

– Vocês podem achar que eu só tenho razões pra detestá-lo. Mas ele nunca fez nada que me atingisse de verdade.. só teve uma coisa nele que me perturbou profundamente.

– O que?

– Os pés.

Kurotsuchi ficou sem entender.

– Naquele dia que ele me empurrou na Fonte.. – continuou Roushi – ..eu pude ver. Os pés dele, no momento em que ele correu. Estavam machucados e sujos de sangue. Só Deus sabe quanto tempo ele ficou sem um par de sapatos. Foi por isso que ele roubou minhas botas.. mesmo não sendo o tamanho dele.

Kurotsuchi ficou sem palavras. Aquilo sequer tinha passado pela cabeça dela.

– Eu compreendi quem ele era no momento em que vi os seus pés. Um rejeitado. Alguém que conhecia a dor de viver sozinho e ser desprezado, assim como eu.

Deidara tinha conseguido roubar o cachecol amarelo, e agora se enrolava nele como uma madame enquanto ria e escapava de Akatsuchi.

– Por muito tempo, eu fui tratado do mesmo jeito pelas pessoas da sua aldeia. As mesmas pessoas a quem você chama de “cidadãos de bem”, só conseguiam me ver e me chamar de “aberração”. E é por isso que pensei em deixá-los..

– Roushi-san, eu..

– Não se preocupe. Não importa agora. Vejo que isto é passado..

Ele se virou pra ela, e pela primeira vez parecia ter algo parecido com um sorriso no meio daquela barba ruiva.

– Se uma “aberração” como ele foi capaz de se tornar ninja da aldeia, é um sinal de que as coisas estão começando a mudar.

Kurotsuchi sentiu uma pontada de remorso. Lembrou-se de como ela mesma tinha custado muito a aceitar Deidara perto dela. Mas Roushi tinha razão.. as coisas eram diferentes agora, não eram?

– Mande meus cumprimentos ao seu avô por mim. – disse Roushi, curvando-se.

Kurotsuchi também se curvou, retribuindo a reverência. Em seguida o jinchuuriki se virou, e sem se despedir dos outros, desapareceu por entre os pinheiros.

 

Kurotsuchi voltou-se para os seus companheiros, que naquele momento disputavam um cabo de guerra com o cachecol. Akatsuchi puxou e fez Deidara esfregar a cara na neve. Ela sorriu ao assistir a cena.

Que bom que você está aqui, aniki.

Então correu pra se juntar à briga.

 

Aquela seria a primeira de muitas aventuras que teria com Deidara..

 

.


Notas Finais


Nossa, esse capítulo acabou ficando bem maior do que eu esperava.. desculpem por isso rs.

De qualquer forma, espero que tenham gostado. Até a próxima! ;)


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