História KURODARA!! - Muitas Missões

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Desde que Deidara se juntou ao time de Jounins da Pedra, tudo mudou.

As missões ainda eram as mesmas de sempre, mas de alguma forma a presença da Ave Indomável na equipe transformou o próprio clima em volta deles. Como acontece quando uma sala antes silenciosa se enche de música. E o canto da Ave era, sem dúvida, alegre.

– Recuperar essa mina ocupada? Quantos ladrões?

– Aproximadamente setenta. – respondeu Kurotsuchi.

– Moleza! Aposto o que quiser como consigo derrotar mais ninjas que você, hm.

– Isso não é um jogo, aniki! Nós estamos arriscando nossas vidas aqui.

– Tudo bem.. – sorriu Deidara – Eu entendo que esteja com medo de perder.

Kurotsuchi parou e respirou fundo.

– Certo! Se for pra calar essa sua boca, feito!

Deidara começou a preparar suas esculturas de argila.

– Você vai levar uma surra..

Kurotsuchi sacou duas katanas das costas.

– Eu vou adorar arrancar esse seu sorrisinho da boca..

E então os três saltaram ao mesmo tempo no buraco, submergindo numa enorme caverna cravejada de cristais, rubis e safiras. O local se transformou imediatamente num pandemônio. Por toda parte voavam shurikens, kunais, morcegos de argila e corpos de ninjas. Em menos de cinco minutos todos estavam tombados, mas Deidara perdeu pra Kurotsuchi por um ninja de diferença.

– Há, há há! – ria ela, na cara dele.

– Peraí, não valeu! Usar o carrinho de trilhos pra correr enquanto ataca é apelação!!

– Chora mais! Agora vai ter que pagar sua aposta!

O preço que Deidara pagou foi passar o fim de semana limpando a coleção de fósseis de Kurotsuchi. Era um trabalho chato e minucioso, mas ela logo percebeu que tinha pegado muito leve: quando surgiu a oportunidade de vingança, Deidara não teve pena dela.

– Bom, já que eu encontrei o artefato perdido, parece que venci a aposta...

– É justo. – admitiu Kurotsuchi, enquanto voltavam pra aldeia – O que você quer que eu faça?

Deidara riu.

– Tá vendo aquele casalzinho feliz ali no banco...?

– O que é que tem..? – perguntou ela, desconfiada.

Deidara se aproximou e cochichou no ouvido dela:

– Você vai lá e bzz bz bzzz...

– NÃO! Isso nunca!!

– Aposta é aposta!

– Mas.. e a minha reputação??

– Quem mandou construir uma! – riu ele.

Kurotsuchi não teve outra escolha. Ela convenceu Deidara a deixa-la ao menos usar um óculos e um xale, que comprou numa loja próxima. Então se aproximou do casalzinho e disse pro homem:

– Eu NÃO acredito!!! Depois de tudo o que NÓS DOIS passamos juntos??!

O casal ficou completamente abestalhado.

– QUEM É ESSA, Yuki??!

– Eu não sei, Yuno!!! Juro que nunca vi na vida!!

Kurotsuchi enterrou o rosto nas mãos.

– Não foi isso que você disse na noite passada!!!

E saiu simulando um choro, enquanto o casal brigava.

Quando voltou pros colegas, estava mais vermelha que pimenta. Até Akatsuchi ria da cara dela, junto com Deidara.

– Ah, calem a boca!!! Que vergonha..

Mas Deidara ainda não havia terminado, e obrigou Kurotsuchi a fazer aquilo mais duas vezes, sob diferentes disfarces. Kurotsuchi jurou que não pegaria leve com Deidara na próxima, e foi exatamente o que cumpriu na semana seguinte.

– Gosta de provocar as pessoas, não é aniki??

Deidara esperou a bomba explodir, seu rosto tenso.

– Pois é exatamente isso que vai fazer, agora.

Kurotsuchi estendeu pra ele um vestido rosa e um par de sapatos de salto alto.

– Eu não vou vestir essa porcaria!!

– Aposta é aposta! – sorriu ela.

Minutos depois, Deidara saia detrás da moita com o vestidinho curto e os cabelos soltos, equilibrando-se no salto. Kurotsuchi finalizou com uma camada de maquiagem, enquanto Akatsuchi se dobrava de rir atrás.

– Você sabe que esse bar é frequentado pela pior espécie de bandidagem, não é??

– Claro que sei, aniki. – sorriu Kurotsuchi, passando o batom – É por isso que você vai entrar lá e arrancar informações!

Quando terminou de produzir Deidara, Kurotsuchi o empurrou para a porta da hospedaria.

– Arrasa, querida!

Deidara cambaleou um pouco, e então se dirigiu pro balcão. Ele arrancou assobios e cantadas dos bêbados enquanto passava. Seus colegas aproveitaram a distração pra entrar e sentar numa mesa no fundo, observando discretamente debaixo de capas.

Naquela noite Deidara foi o centro das atenções. Ele foi muito assediado, bebeu muito saquê e obteve valiosas informações (até mesmo a localização do esconderijo da máfia da Pedra). Mas quando tentaram passar a mão nele a reação foi um soco, e então tudo acabou em porradaria.

 

No dia seguinte invadiram o esconderijo e desmantelaram a organização criminosa.

– Bem.. parece que dessa vez eu derrotei mais ninjas, hm!

– Diz logo qual é o castigo...

Deidara sorriu.

No fim de semana, Kurotsuchi estava se equilibrando em dois patos de argila branca, no meio da Fonte Sagrada.

– Lembre-se de segurar a manete com força, e mantenha os joelhos dobrados. – instruía Deidara.

– Aniki.. – chamou ela, assustada – Isso não vai dar certo..

– Claro que vai. Eu é que estou no controle, hm.

Kurotsuchi seguiu com os olhos a corda que segurava até as esculturas presas na outra ponta.

– Por que esses pássaros tem quatro asas..?

– Pra ter o dobro de velocidade, ora essa. Que pergunta.

– Co-como assim o dobro??

Mas Deidara já tinha dado o comando e acionado os pássaros. Eles bateram as quatro asas e dispararam na frente, puxando Kurotsuchi junto. Ela firmou os pés nos patos o melhor possível enquanto gritava e esquiava, espalhando água pelo trajeto. Ao final de uma volta completa, ela ainda estava viva.

– Muito bem, Kuro! – aplaudiu Deidara – Passou da iniciação! Agora vem a parte legal..

Ele invocou sua enorme águia e prendeu a corda de tração nos pés dela.

– TÁ MALUCO?! Você quer me matar?!!

– Matar? Qual seria a graça? – riu ele, montando na ave. – Só preciso que sobreviva uma volta..

E então arrancou, voando em rasante pelo lago cristalino. Deidara acelerou sua águia ao máximo, executando curvas fechadas que faziam Kurotsuchi derrapar em arcos amplos na água. Ele passou propositalmente debaixo de cascatas e túneis, e ao final guinou numa manobra tão brusca que fez Kurotsuchi voar vários metros e cair na água.

Depois disso, Kurotsuchi se vingou na próxima aposta.

Ela fez Deidara prender o cabelo em marias-chiquinhas durante uma semana inteira (tanto na aldeia quanto nas missões). Por onde ele passava a gargalhada era geral. Até os inimigos riam da cara dele durante as lutas, o que era bom: assim eles aproveitavam a distração e conseguiam uma brecha pra atacar.

– Você devia usar seu cabelo assim sempre! – dizia Kurotsuchi – Ajuda muito nas batalhas!

 

E de fato, ajudava.

Não só as marias-chiquinhas, mas o sistema de apostas em geral. No início Kurotsuchi teria achado que aquilo só atrapalhava e retirava o foco, mas ela logo percebeu que o efeito era justamente o oposto. As apostas serviam como um incentivo extra para se empenharem ao máximo, aplicando todo esforço e dedicação pra vencerem. Depois que passaram a adotar esse esquema, Kurotsuchi calculou que o índice de sucesso das missões subiu em torno de trinta por cento.

Portanto, eles assim continuaram.. ora ganhando, ora perdendo apostas. Deidara colocando aranhas dentro da roupa de Kurotsuchi, e ela fazendo Deidara chama-la de “Kurotsuchi-sama” por uma semana enquanto massageava seus pés (naturalmente, usando luvas).

 

Paralelamente, a harmonia da nova equipe também tinha evoluído muito. O trio de Jounins conhecido como A Fortaleza logo adquiriu grande fama. Eles já eram conhecidos até entre as outras nações, principalmente pelos combos devastadores e bem sincronizados. Um deles, por exemplo, consistia em fazer Deidara enviar pássaros de argila pra distrair o inimigo. E enquanto eles olhavam pra cima, Kurotsuchi prendia seus pés numa poça de cal endurecida. E aí vinha Akatsuchi e finalizava tudo com seu tremendo Soco Demolidor.

A maioria desses combos era inventada por Kurotsuchi. Ela era a líder e principal estrategista da equipe. E como boa perfeccionista, gostava de passar horas planejando estratégias e examinando mapas. Enquanto isso Deidara ficava deitado brincando com esculturas, totalmente despreocupado. E mesmo assim, na hora do aperto, era comum ele ir lá e improvisar uma estratégia ridiculamente brilhante (o que deixava Kurotsuchi um tanto irritada).

 

Mas Deidara era daquele jeito.. um rebelde por vocação. Não era à toa que era chamado de “Ave Indomável”.

 

Ele gostava de inovar, surpreender, contrariar.

Isso se refletia na sua própria arte. Talvez devido à sua natureza selvagem, a maioria de suas esculturas tinha a forma de animais – principalmente pássaros. E depois de um tempo ele ainda passou a esconder explosivos dentro delas, enviando-as ao campo de batalha. Dizia que a explosão era uma forma de arte, pois imitava a essência da vida: caótica, efêmera e trágica.

Kurotsuchi discordava radicalmente desse ponto de vista. De vez em quando eles entravam em discussão, e então tinham longas conversas existenciais sobre o sentido da vida e da arte. Mas na maior parte do tempo, eles só se divertiam mesmo e sacaneavam um ao outro..

 

Nos fins de semana, eles continuavam visitando o Parque dos Dinossauros (que Deidara gostava de chamar de “Cemitério dos Dinossauros”). Lá Kurotsuchi recolhia seus fósseis, e Deidara recolhia matéria prima da terra pra fazer sua argila.

Eles agora iam voando, o que era bem melhor. As aves de Deidara não só economizavam tempo como permitiam alcançar distâncias maiores, portanto eles passaram a explorar muitos novos lugares. Cidades perdidas e ruínas de civilizações antigas, onde Kurotsuchi se encantava catando relíquias feito uma criança numa loja de doces.

Foi numa dessas aventuras arqueológicas que ocorreu um episódio que Kurotsuchi jamais esqueceu..

 

***

 

– Então.. – começou ela, a certa altura – Já decidiu como vou pagar aquela aposta?

– Ainda não. Quero pensar com cuidado..

Kurotsuchi sorriu, continuando a exploração. Coisa boa não devia vir..

Eles caminharam sozinhos em silêncio no meio do templo, observando tudo ao redor. Mesmo abandonado há tanto tempo, o lugar permanecia belo. O templo ficava no topo de uma montanha, e tanto o interior quanto o pátio tinham sido invadidos por raízes. Por toda parte se erguiam colunas, e estátuas budistas cobertas de musgo.

Kurotsuchi correu até um monumento de pedra com uma inscrição, e começou a copiar os desenhos no seu diário. Deidara ficou assistindo ela de perto com as mãos no bolso. Era visível o fascínio naqueles olhos.. mesmo negros eles emitiam um brilho, como a superfície de um poço escuro refletindo as estrelas.

– Quer saber..? – disse ele, após um tempo – Acho que já decidi o que vou querer pela aposta.

A garota desviou os olhos do seu diário, encarando-o curiosa.

– Ah, é? E o que vai ser?

– Um beijo.

Kurotsuchi congelou. De repente sentiu como se seu coração estivesse sendo eletrocutado por dentro.

– Um.. um beijo..?

– É. Um beijo. Um bem longo e molhado. E nada de socos dessa vez.

Kurotsuchi sentiu o rosto arder.

– Não pode me pedir isso! É.. é contra as regras!

– Não existem regras. – sorriu Deidara, se aproximando. – Você sabe disso..

Kurotsuchi se inclinou pra trás, trêmula. Deidara tinha razão.. não havia nenhuma regra proibindo beijos. Mas.. quem disse que ela queria que houvesse?

– E-está bem! Se é isso que você quer... não me resta escolha.

– Aposta é aposta.

– Vamos acabar logo com isso!

Deidara chegou ainda mais perto, deixando sua boca a centímetros da dela. Ele fez uma pequena pausa ali, olhando pra Kurotsuchi com aqueles olhos azuis penetrantes e um discreto sorriso com lábios semi-abertos. Então se aproximou devagar, e Kurotsuchi fechou os olhos.

Foi muito diferente da primeira vez.

Kurotsuchi sentiu seus lábios serem tocados com delicadeza e suavidade. Aquele beijo era vagaroso e gentil, e explorava cada canto de sua boca com sucções lentas e repetidas. Os movimentos foram ficando pouco a pouco mais rápidos, e Kurotsuchi deixou naturalmente sua boca se abrir no meio daquilo. Então ela sentiu a língua dele entrar e encontrar a dela. Era úmida e quente.. ela provou daquele novo sabor sentindo o peito ser maltratado por dentro. Durante vários minutos os dois permaneceram naquela dança, lábios e línguas se cruzando, até que Kurotsuchi finalmente reuniu forças para (lentamente) se afastar e abrir os olhos.

Então ela viu.

Cinco dedos abertos na cara dela, e o rosto sorridente de Deidara logo atrás.

 

Ela havia beijado a boca na mão dele.

 

– Nossa.. – disse Deidara, os olhos fechados e o sorriso cheio de dentes – Você é mesmo pervertida, hm?

Por um instante Kurotsuchi não se mexeu. Ficou imóvel feito uma daquelas estátuas do templo, emitindo uma aura sinistra. E então ela começou a tremer..

– Kuro..? – chamou Deidara, começando a ficar preocupado – Você está bem?

– Seu..... SEU...............!!!

Deidara percebeu que era hora de correr. Ele se virou e procurou uma saída.

– ....DESGRAÇADO!!! Cafajeste maldito, e IMPRESTÁVEL!!!!

Ela tacou com toda força o diário na cabeça dele, perseguindo-o com passos decididos.

– Peraí!! – gritou Deidara, se protegendo atrás de uma coluna – A gente combinou nada de socos!!!

Kurotsuchi pegou um jarro do chão e o estilhaçou contra a coluna.

– A gente também combinou um BEIJO!! CHAMA AQUILO DE BEIJO?!?

– Kuro, esses vasos devem ter uns mil anos..

CRÁS!!!

Um jarro ainda maior atingiu a coluna, e Deidara foi se refugiar atrás do monumento com inscrições.

– Eu não acredito que beijei sua MÃO!! Onde que isso é um beijo de verdade?!?

Deidara botou timidamente a cabeça pra fora do esconderijo.

– Quer dizer então que você queria um beijo de verdade..?

KATACRÁS!!!!

O monumento inteiro foi destruído com um soco de Kurotsuchi, que revestiu a mão com cal endurecida. Deidara pulou em cima de sua coruja, ficando fora do alcance dela. Kurotsuchi desistiu e foi embora.

– Idiota..! – rosnou ela, descendo as escadas.

 

Daquele dia em diante nunca mais Deidara beijou Kurotsuchi com as mãos.

 

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