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– Não. Nunca. Jamais.
E só em caso dele ainda não ter entendido, Kurotsuchi acrescentou:
– Nem ferrando.
Oonoki ouviu tudo em silêncio, sentado em sua cadeira alta com vista panorâmica da Aldeia da Pedra atrás. Quando ela terminou ele pegou um velho cachimbo e o acendeu.
– Kuro-chan.. – disse ele, calmamente – Você sabe muito bem que não posso te deixar desprotegida.
– E você sabe muito bem que não preciso de proteção. Sei perfeitamente me cuidar sozinha!
– Não seja arrogante, Kuro-chan.. é um mundo perigoso, esse lá fora. Mesmo eu, o Tsuchikage, tenho minha guarda pessoal aqui dentro.
Kurotsuchi revirou os olhos, irritada.
– Certo! Como quiser. Mas o senhor já me deu um guarda-costas: Akatsuchi! Por que não posso continuar com ele??
– Infelizmente, Akatsuchi foi escalado para uma missão importante no País do Ferro. Ele deve ficar fora por um tempo.
Que ótimo. – pensou Kurotsuchi.
– E o senhor pensa em substituir meu guarda-costas por Deidara, a Ave Indomável?
– Exato.
Kurotsuchi não podia acreditar no que estava ouvindo.
– O senhor sabe que ele é responsável por metade da criminalidade da Aldeia, não sabe??
Oonoki riu.
– Foram apenas crimes leves, pelo que soube. Bem, pelo menos a maioria..
Ele se ergueu da cadeira e flutuou até sua janela panorâmica, e ali ficou apreciando as luzes da noite de sua aldeia.
– De qualquer forma, não se preocupe.. Ele não vai ficar com você o tempo todo. Apenas nos dias livres e fins de semana, quando você não estiver em missão. O resto do tempo, eu mesmo me encarregarei de ensiná-lo.
Kurotsuchi ficou boquiaberta ao ouvir aquilo.
– O senhor vai.. ensiná-lo?
– E por que não? – sorriu o velhinho – Assim eu retiro um criminoso das ruas, e ao mesmo tempo asseguro a proteção de minha neta. É como matar dois pássaros com uma pedra.
Kurotsuchi não pôde evitar de pensar que os únicos pássaros mortos seriam seu avô e ela.
– Vovô.. por que? O senhor nunca teve um aprendiz antes. Por que agora? Por que, dentre todas as pessoas.. justo ele?
Oonoki soprou uma longa baforada de seu cachimbo. Em seguida se virou para a neta com um olhar sorridente:
– A maioria das pessoas olha para ele e enxerga apenas um delinquente. Mas quando eu olho para aquele rapaz.. eu enxergo potencial.
Oonoki tinha um brilho raro e surpreendente nos olhos quando disse isso.
– Ele só precisa de alguém que o guie..
Kurotsuchi não respondeu. Por um minuto ela apenas encarou o seu avô em silêncio, se perguntando em que diabos ele estava pensando. Então finalmente desistiu e se resignou.
– O senhor deve estar ficando gagá..
E dizendo isto se retirou.
Enquanto descia as escadas, Kurotsuchi trincava os dentes de raiva. Contratar um marginal para ser seu guarda-costas, francamente! Mas para sua infelicidade, não adiantava discutir.
A decisão de um Kage era absoluta.
Quando ela desceu para a sala-de-estar, viu que Deidara ainda estava ali. Estava parado com as mãos no bolso, observando com interesse o interior da mansão. Eles fatalmente cruzaram olhares, e um silêncio constrangedor ficou no ar.
Droga. – pensou Kurotsuchi. – Preciso passar por ele pra chegar ao quarto.
Ela começou a andar a passos largos, decidida a fingir que não o tinha visto.
– Tem certeza que está indo na direção certa? – perguntou ele – Porque, sabe.. não quero que você apareça no meu quarto quando estiver me trocando.
Kurotsuchi respirou fundo.
– Acho que conheço o caminho para o meu quarto, obrigada. – disse friamente.
– Sei lá né. Do jeito que você é meio lesada..
Ela virou-se para ele com uma expressão assustadora.
– O que aconteceu hoje foi um simples lapso de atenção. Nunca mais vai se repetir, entendeu??
Deidara virou os olhos com um sorrisinho.
– Claro.
Kurotsuchi ignorou aquela cara estupidamente irritante e voltou-se de novo para a escada.
– Ei. – chamou ele.
– O que foi??
Deidara estava sério.
– Acho que nós começamos com o pé esquerdo. O que acha de tentarmos de novo?
Ele estendeu a mão para ela.
– Prazer. Deidara.
Kurotsuchi franziu a sobrancelha.
Nossa. – pensou. – Não esperava essa maturidade. Talvez eu o tenha julgado mal..
Ela apertou a mão dele com uma expressão altiva de respeito distante.
– Kurotsuchi. – respondeu, enquanto apertava.
De repente ela sentiu uma coisa quente e molhada cutucando a palma da mão dela.
– AAAAH!! Mas o que...?
Ela rapidamente recolheu a mão e viu que estava toda babada.
Deidara sorria de forma cínica. Estava dando um tchauzinho para ela com a mesma mão que usara pra cumprimentar, só que agora ela exibia uma boca aberta com uma língua se remexendo pra fora.
Mas que PORRA é essa?? – pensou ela, totalmente enojada.
Deidara se dobrava de rir agora, o que só a enfureceu ainda mais.
PAFT!!
O tapa que ela deu no rosto de Deidara foi tão forte que ele caiu no tapete. Ela usou a mesma mão vitimada, portanto a bochecha de Deidara não só estava vermelha agora como também melecada ao extremo com a própria saliva.
– Auch..! – gemeu ele no chão, segurando o rosto. – Isso foi mesmo necessário??
– Considere uma retribuição pela sua insolência. Essa, e a de hoje mais cedo.
– Do que está falando?? Foi você quem tirou a roupa e veio pra cima de mim!
– E você ficou assistindo sem dizer nada! Sabia que devia haver um engano, e mesmo assim se calou. Aposto como queria ficar olhando!
– Olha, com todo respeito.. – disse Deidara, observando os seios dela – ..não tem muita coisa pra olhar.
As duas bochechas de Deidara ardiam vermelhas agora.
– Auuch!! Quer parar?!
Mas Kurotsuchi já estava subindo as escadas para o seu quarto.
– Eu não sei o que meu avô viu em você. Mas espero que esteja pronto pra sua nova missão, guarda-costas! – rosnou Kurotsuchi, enquanto Deidara se levantava – A gente parte pela manhã às cinco.
E desapareceu batendo a porta.
– Pela manhã às cin.. peraí, é sério??
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