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História KURODARA!! - A Batalha Final - Parte Dois


Escrita por: Zetsubou-sensei

Notas do Autor


GLOSSÁRIO:

*grifo = criatura da mitologia antiga metade águia, metade leão.

Capítulo 31 - A Batalha Final - Parte Dois


Fanfic / Fanfiction KURODARA!! - A Batalha Final - Parte Dois

.


..A escultura de argila branca tocou o chão, e um clarão ofuscante inundou todo o pátio.

Kurotsuchi fechou os olhos com força.


Acabou, Kuro..


Deidara retirou o visor, e se preparou para assistir a gloriosa explosão.

Mas ela não veio..

Não houve fogo, nem estrondo. O clarão de luz desapareceu segundos depois que surgiu, e então tudo voltou como era antes.

Deidara piscou confuso, sem entender. Ele colocou de volta o visor, e ampliou a lente. Kurotsuchi ainda estava caída de bruços no pátio, mas não havia sinal da sua escultura. Foi então que ele notou outra coisa no lugar.

Mas o que..?

Era um pergaminho.

Estava aberto no chão, estendido diante de Kurotsuchi. No meio do papel, havia um ideograma escrito com tinta:


“JINTON”


Estilo Partícula? – pensou Deidara, surpreso.

Então tudo fez sentido.

Já entendi.. ela usou o jutsu do velhote pra desintegrar a bomba no último segundo..

Kurotsuchi devia ter desenrolado e lançado o pergaminho na frente no momento em que tropeçou. Foi tudo tão rápido que ele nem viu.

Deidara permaneceu parado na coruja, olhando pra baixo.

Kurotsuchi.. você não para de me surpreender.


***


No pátio do castelo, Kurotsuchi levantou devagar, se apoiando nas mãos.

Ela olhou para o alto, e avistou Deidara: um pontinho branco em meio a um céu de nuvens escuras.

Acho que eu não tenho escolha.. – pensou ela, levando o dedão até a boca – Ele ainda não está pronto, mas eu vou arriscar.

Ela mordeu o dedão até sangrar. Em seguida bateu com o sangue no chão, dessa vez usando a mão esquerda:

– Kuchiyose no Jutsu!!


***


Alto no céu, Deidara observou uma grande nuvem de fumaça eclodir no pátio.

Outra invocação..? O que será dessa vez?

Em resposta, um guincho agudo e ensurdecedor subiu do castelo. Era terrivelmente cortante, e ecoou pela imensidão dos céus fazendo a espinha de Deidara gelar.

E então ele viu.


Puta merda.


Asas monstruosas de morcego se abriram, com mais de dez metros de envergadura. A cabeça alongada foi jogada pra trás, apontando pro céu o bico afiadíssimo com fileiras de dentes serrilhados. As pernas musculosas se flexionaram sobre as garras, e Kurotsuchi saltou para as costas do animal. Ela pegou as correntes das rédeas, puxando com força.

O pterodátilo castanho bateu as enormes asas, e alçou voo.

Em poucos segundos já estava quase na mesma altitude que Deidara, tamanha a sua rapidez.

Isso é ridículo! – pensou ele, virando-se e se afastando.

Deidara sempre fez do céu o seu domínio, mas de repente ele se viu transformado na presa. O pterodátilo de Kurotsuchi caçou implacavelmente sua coruja, e por um minuto tudo o que conseguiu fazer foi escapar. Mas logo a diferença de habilidade falou mais alto: Deidara tinha muito mais experiência de voo que o Kurotsuchi, e o animal dela não parecia totalmente domesticado.

Ele aproveitou que tinha ganhado alguma distância, e mandou pássaros de quatro asas para trás. Kurotsuchi os abateu no ar com rochas ardentes que saíam de sua boca.

Certo.. vejamos o que pode fazer com isso.

E pegando mais um pouco de argila da bolsa, Deidara modelou um grande grifo*. Em seguida o enviou para Kurotsuchi, mas dessa vez fazendo uma ampla curva até se aproximar dela por trás.

Kurotsuchi girou o pescoço para a criatura. Era impossível mirar direito naquela posição: seu corpo precisava estar pra frente, segurando as rédeas. Ela tentou reverter a posição com manobras bruscas, mas o grifo* branco sincronizava perfeitamente com seus movimentos, perseguindo-a como um míssil teleguiado.

Ele foi se aproximando cada vez mais.

Droga.. o que eu faço?

Subitamente, ela teve uma ideia.

Kurotsuchi puxou as correntes com toda força. O pterodátilo guinchou e empinou pra cima, subindo na vertical. Ela continuou subindo sem parar, cada vez mais, seguida de perto pelo grifo. O bico dele já roçava a cauda com ponta em forma de flecha do pterodátilo. Deidara preparou-se para detonar a escultura.

Até que Kurotsuchi alcançou o teto nublado acima. E furando a camada de nuvens, desapareceu pouco antes do grifo explodir:

– Katsu!!

As nuvens escuras foram enchidas de luz e som, como um relâmpago trovejando.

E então o silêncio.

Deidara ficou olhando pra cima, se perguntando se tinha conseguido. Voar acima das nuvens tinha sido uma jogada esperta: sem enxergar o alvo, era impossível guiar a escultura. Mas ele já estava perto o suficiente quando ela se ocultou.. e o silêncio daquele céu negro parecia confirmar sua vitória.

Deidara sorriu. Então o pterodátilo irrompeu das nuvens como um raio em cima dele.

Merda!

Ele desviou imediatamente pro lado, e o enorme monstro passou mergulhando. Kurotsuchi saltou para a coruja dele, enterrando as mãos na argila:

– Douton! Jutsu Maldição da Medusa!

Deidara foi pra cima dela, mas Kurotsuchi já tinha se recolhido e pulado pra trás, pousando nas costas do pterodátilo que passou embaixo. Ao mesmo tempo, nas costas da coruja, a mancha cinzenta se espalhava pelo resto do corpo. Logo ela seria totalmente transformada em pedra.

Droga.. – pensou Deidara, trincando os dentes.

Ele levou a mão à bolsa para preparar um novo pássaro, mas seus dedos agarraram o vazio. Baixando os olhos pra cintura, ele viu que a bolsa havia sumido.

Mas o que..?

Ele olhou em volta. Lá estava Kurotsuchi em cima do pterodátilo, segurando sua bolsa enquanto sorria e acenava pra ele.

– Filha da...!

A coruja começou a perder altitude rapidamente, sucumbindo sob o novo peso. Sentindo uma pontada de desespero, Deidara arrancou a cabeça da escultura antes que ela também fosse petrificada.

Espero que isso funcione.. – pensou ele, devorando a argila com a boca da mão.

Perto dali, Kurotsuchi também estava tendo dificuldades para manter-se no ar. Seu pterodátilo havia sido ferido no dorso naquela última explosão, e agora descia em grande velocidade, procurando aterrissar com suas últimas energias.

– Aguente firme, Eriadon!

Enquanto ela lutava para manter uma descida estável, Deidara despencava em queda livre.

Anda.. – dizia ele para si mesmo, mastigando a argila furiosamente.

Lá embaixo, a estátua da coruja atingiu o pátio despedaçando-se numa explosão de pedrinhas. Ao mesmo tempo um estouro de fumaça eclodiu da mão aberta de Deidara, e quando ela se fechou estava firmemente agarrada aos pés de um falcão branco. Não era muito grande, mas suas asas eram robustas o suficiente para amortecer a queda.

Quando chegou a alguns metros da torre mais alta, soltou o falcão e pousou com delicadeza no topo, os pés e as mãos agachados à semelhança de um sapo no alto do telhado pontiagudo.

Kurotsuchi sobrevoou o telhado daquele mesmo castelo, planando com turbulência.

O pterodátilo emitiu um último guincho de dor antes de inclinar pra direita e desaparecer numa nuvem de fumaça. Kurotsuchi caiu no telhado e rolou por vários metros, destroçando as telhas pelo caminho. Quando por fim parou, seus braços e pernas estavam completamente ralados e suas roupas esfarrapadas. Ela se levantou devagar, erguendo o rosto pra cima.

Deidara estava a alguns metros de distância, ainda agachado na ponta da torre mais alta.

Ela também procurou subir na torre mais próxima, e após uma lenta escalada, chegou ao telhado pontiagudo. Deidara se levantou. Agora estavam cara a cara, cada um no topo de uma torre, separados por uma dúzia de metros.


Por um minuto, nenhum dos dois se falou.


Apenas ficaram ali, se encarando. Deidara calmo. Kurotsuchi ofegante, cansada e machucada.

– Eu te amei, aniki!! – gritou ela.

Sua voz ecoou pelo ar frio e triste daquele lugar. Deidara ficou pasmo.

– Eu juro que te amei! Mas não me obrigue a escolher entre meu coração e minha honra, aniki, porque eu vou ficar do lado do meu povo!!

– Como se fosse uma escolha difícil pra você, Kuro. – retrucou ele, com rispidez.

Kurotsuchi ficou muda. Aquilo tinha doído mais que qualquer golpe naquela luta.

– Foi a escolha mais difícil da minha vida.. – disse ela, com a voz fraca – Lamento se não foi pra você.

– Não. Não foi. Eu não tenho coração, e nem honra! Deixei as tolices pra trás quando deixei a aldeia..

– E isso inclui a mim, não é..?

Deidara olhou para Kurotsuchi na ponta da outra torre.

Seu belo rosto era lastimável e suplicante. Por um breve momento ela lhe pareceu aquela mesma garotinha perdida de anos atrás, pequena e assustada.

Deidara refletiu a pergunta dela em sua mente, enquanto uma brisa soprava seus cabelos pra trás.

O que você é para mim, Kuro..?

Ela continuou olhando pra ele, esperando a resposta. Mas Deidara apenas abaixou o rosto, e Kurotsuchi não viu o sorriso amargo que se escondeu ali. Tampouco ouviu as palavras que ele disse para si mesmo, quando sussurrou:

– Não me faça rir..

Então ele levantou o rosto, e estava desfigurado de raiva:

– PARE DE FINGIR QUE HÁ ESPERANÇA PARA NÓS!!!

Ele ergueu a mão para o alto, e um falcão branco lhe lançou a bolsa de argila.

O que?? – pensou Kurotsuchi – Em que momento..?

Numa rápida reconstituição, ela deduziu que tinha perdido a bolsa no instante em que caiu no telhado. Ela acabou se esquecendo do objeto, mas Deidara não: assim que terminou de usar o falcão para pousar, ele o enviou para uma busca, e agora tinha recuperado sua munição.

Droga.. eu me descuidei!

Deidara raspou a mão no fundo da bolsa, engolindo o máximo de argila. Em seguida mastigou com dentes vorazes, e cuspiu a escultura no ar. Houve um estouro. Uma nuvem branca cobriu a torre. E então surgiu..

Ah meu Deus..

Kurotsuchi se encolheu. Acima dela, um monstruoso dragão branco assomava da torre de Deidara, suas asas infernais provocando uma ventania ao bater. Suas quatro garras estavam cravadas no telhado, enquanto a cauda pesada balançava ameaçadoramente. Deidara saltou para suas costas.

– Quando vai entender, Kuro??! – berrou ele, em meio à ventania – Não existe nada entre nós, além de um abismo!!

O dragão abriu a boca, e a esfera na ponta da cauda embutiu pra dentro. Então a criatura expulsou um filhote de sua boca, que voou diretamente para Kurotsuchi. Ela pulou da torre, que foi arrebatada numa explosão de chamas.

– Nossos mundos são opostos! – vociferou Deidara, quando Kurotsuchi caiu no chão com os destroços. – Nossos destinos se ODEIAM!!

O dragão alçou voo e armou outra bomba, que disparou na forma de um filhote. Kurotsuchi correu.

– Você é filha de reis! – gritou Deidara – Nasceu para governar! Eu sou um bastardo sem lei, e filho da anarquia!!

A bomba explodiu. Kurotsuchi foi arremessada.

– Você tem os pés na terra. Eu tenho as asas no céu!

Nova explosão. Uma ponte caiu, e Kurotsuchi saltou para o pátio. Deidara a encurralou contra um muro.

– Você constrói. Eu destruo.

O dragão vomitou um filhote. Kurotsuchi entrelaçou as mãos e uma cúpula rochosa se fechou sobre ela.

– Katsu!!

A explosão reduziu a cúpula a pó.

Quando a poeira abaixou, Deidara viu que Kurotsuchi não estava mais lá. No lugar dela, havia apenas um buraco no chão.

Ela foi pra debaixo da terra..?

– Suiton! Jutsu Trompete de Água!

Deidara virou o rosto.

Um jato estreito e fortíssimo veio por trás, passando a centímetros de sua orelha. Kurotsuchi saía de outro buraco, as mãos no piso e a boca cuspindo o jato de água, numa potência tão extraordinária que cortava até as pedras da torre.

O jato atravessou o ar como um laser aquático, e foi cortando a asa direita do dragão de baixo pra cima.

Deidara xingou ao perder o equilíbrio. Seu dragão foi caindo em círculos enquanto batia a única asa. Kurotsuchi saiu do buraco e começou a subir calmamente uma escadaria.


O dragão desabou em cima do telhado com estrondo.


Ainda montado, Deidara fechou os olhos e levou a mão à testa, tonto. Ele abriu os olhos aos poucos. Quando sua visão entrou em foco, a primeira coisa que viu foi Kurotsuchi surgir no telhado, suja de terra e fuligem. Ela terminou de subir o último degrau da escadaria, e então desembainhou a katana das costas.

E enquanto caminhava calmamente na sua direção, lançou um sopro de fogo na espada, e sua lâmina ficou embebida de chamas.

Maldita.. o que está pensando?? Eu ainda posso disparar bombas!

O corpo caído do dragão chacoalhou, e seu pescoço se levantou. Ele apontou a cabeça diretamente para Kurotsuchi, que continuou caminhando.

Houve um novo solavanco. A esfera na ponta da cauda se embutiu, e o dragão escancarou a mandíbula. Kurotsuchi chegou perto o bastante para enxergar o filhote no fundo da garganta..


Então, com as duas mãos, cravou a espada em chamas na goela do animal.


O contato do fogo com a argila explosiva causou uma detonação prematura.

O dragão-bebê explodiu ainda na garganta da mãe, e todo seu pescoço se espalhou pelos ares. Deidara foi derrubado de sua escultura. Kurotsuchi, que estava mais próxima da explosão, foi arremessada pra trás, sofrendo queimaduras leves.

Por um minuto, ambos permaneceram no chão, inconscientes.

Então Deidara acordou, e viu seu dragão arruinado ao seu lado.

Maldita... – disse, em voz baixa.

Seu corpo tremia de raiva, e seus dentes trincavam.

Pouco depois, Kurotsuchi também acordou, ouvindo o farfalhar de asas.

Ela ergueu o rosto, e viu Deidara parado no ar, em cima de uma águia. Seus olhos eram ferventes, e suas vestes negras estavam em farrapos.

– Maldita!! – repetiu, em voz alta – Já cansei de brincar com você!!!

Com um violento puxão, Deidara arrancou o manto da Akatsuki.

Ele jogou a capa rasgada no ar, relâmpagos clareando o céu ao fundo.

Então juntou as palmas, entrelaçando as duas línguas. Quando afastou as mãos, um filete pegajoso e gosmento se esticou entre elas. Ele estendeu os braços, e foi derramando abundantemente a substância de cada mão. Era a mesma argila branca, mas agora com a viscosidade semelhante à do mel, e logo formou um lago em volta de Kurotsuchi.

Ela procurou se levantar, mas foi puxada de volta por braços pálidos que brotaram da argila.

Em seguida apareceram rostos no lago, e eles se ergueram em cabeças com chifres. Por último vieram as asas.

Então as gárgulas rodearam Kurotsuchi.

Pelo menos sete delas, todas com a pele branca escorrendo, as mãos cadavéricas em cima de Kurotsuchi.

Ela tentou se desvencilhar. Em vão. Sua força estava quase esgotada. Estava ferida, e restava-lhe pouco chakra. O monte de argila se acumulou até sua cintura, e as gárgulas a cobriram com braços. Tudo indicava que aquele seria seu fim..

Deidara ergueu dois dedos, preparando-se pra dar o comando.

O monte de argila subiu até o queixo de Kurotsuchi, ameaçando afogá-la.

Desgraçado... – murmurou ela, dedos com garras segurando seu rosto – Não me subestime...

Deidara abriu a boca.

– Kats..

EU SEREI A PRÓXIMA TSUCHIKAGE, PORRA!!!

Houve uma catastrófica explosão, e subitamente algo emergiu da nuvem ardente..

O que..?

Deidara apertou os olhos. Quando as nuvem se dissipou, ele viu algo que jamais esqueceu.

Era uma árvore.

Uma árvore enorme, negra e sem folhas. Simplesmente irrompeu do telhado, brusca e caoticamente, como lava expulsa de um vulcão. Mantinha Kurotsuchi a salvo entre as raízes, pois aquela não era uma árvore comum. Era uma criação de Kurotsuchi, feita de algo que até então não existia, e pela primeira vez na história se formou: a matéria negra**.

Deidara nunca tinha visto nada parecido.

A coloração dela era de um escuro mais intenso que as profundezas da terra. Sua constituição física era um milhão de vezes mais densa que a cal. Seus átomos exerciam uma pressão interna tão absurda que minúsculos diamantes brotavam por toda parte, fazendo a superfície polida parecer uma noite estrelada. Aquela era a substância mais resistente do universo, e superava até mesmo a lendária Defesa Absoluta de Gaara do Deserto.


Deidara estava deslumbrado.

Então esta é a Vontade de Pedra..?

Ele ficou parado em sua águia, admirando a grande árvore negra cravejada de diamantes, detido em muda contemplação.

– Isto é.. arte... – sussurrou.

Deidara estava tão fascinado que mal percebeu que a árvore crescia rapidamente.

Os galhos afiados e pontiagudos deram uma volta no ar acima dele, e então se fecharam como costelas numa caixa torácica. Um segundo tronco desceu ao lado do primeiro, e as raízes se transformaram em pés. Uma coluna vertebral se esticou como serpente ao longo de um rabo.

Só então Deidara percebeu que aquilo não era uma árvore, mas sim um esqueleto..

Um monumental esqueleto negro, cada vez mais completo, de um Tiranossauro Rex.

– Mas que p..?!?

Aconteceu muito rápido.

Em questão de segundos, o crânio negro se formou acima de Deidara, a mandíbula caindo sobre ele com dentes do tamanho de sabres.

Merda!

Foi tão repentino que Deidara mal teve tempo de pular para trás.

A mandíbula do tiranossauro se fechou com velocidade assombrosa sobre a águia de argila, cravando seus dentes. Ainda no ar, Deidara viu Kurotsuchi subir correndo pela espinha dorsal do esqueleto, segurando uma marreta negra.

– DEIDARAAAA!! – gritou, saltando no alto do crânio.

Ela alcançou Deidara em pleno ar, e lhe acertou uma marretada em cheio no ombro.

Ele foi arremessado pra baixo, batendo com força as costas nas telhas. Um gemido de dor escapou. Sentindo o ombro esquerdo deslocado, Deidara abriu os olhos e viu Kurotsuchi no alto, descendo sobre ele com a marreta. Ele rapidamente pegou um pouco de argila com a mão direita, mas então se deteve..

Alguma coisa naquela visão o fez parar.

E parou não só a mão dele, mas o próprio tempo parou junto. Era como se aquele segundo - aquele breve segundo - tivesse congelado em sua mente.

Foi então que Deidara percebeu o motivo: ver Kurotsuchi acima dele, daquele jeito, o fez lembrar da primeira vez que ele a viu. Há dezesseis anos atrás. Quando ela não era nada mais que uma doce menina que caiu do céu..

Kuro.. como foi que as coisas terminaram assim?

Deidara viu a determinação de ferro no rosto de Kurotsuchi, enquanto ela caía. Então ele sorriu com tristeza.

Idiota.. O que mais eu podia esperar?

Deidara fechou os olhos.


...Ela não é mais uma garotinha.


Com um terrível estrondo, Kurotsuchi despencou sobre Deidara. O peso do impacto destruiu o telhado, abrindo um enorme buraco. Os dois caíram com os destroços no salão abaixo. A marreta foi parar longe.

Kurotsuchi levantou o corpo devagar, debruçada sobre Deidara.

Seus olhos azuis estavam semiabertos, e seus fios dourados de cabelo se espalhavam pelo piso frio de pedra. Kurotsuchi o puxou pela gola da camisa.

Num movimento brusco, Deidara agarrou o braço de Kurotsuchi.

Uma lacraia branca saiu de sua mão e avançou pelo ombro dela, percorrendo seu corpo até se enroscar em volta. Em resposta, Kurotsuchi puxou Deidara para ainda mais perto, seu rosto quase colando no dele.

– Explode essa porcaria agora, e você morre junto.

Deidara sorriu.

– Você duvida..?

Kurotsuchi se calou. Ela olhou dentro daqueles olhos azuis, tão próximos e intensos, e enxergou por trás deles uma centelha de loucura.

– Não.. – sussurrou, perturbada – Eu não duvido.

E dizendo isto, ela o lançou para um lado.

Deidara rolou no chão. Kurotsuchi sabia que tinha menos de um segundo, e rezou para que o pouco chakra que tinha alcançasse para aquele último jutsu..

Deidara se recuperou, erguendo dois dedos ainda agachado, e Kurotsuchi juntou suas mãos num selo.

– KATSU!!

A lacraia enrolada em Kurotsuchi explodiu.

Uma cortina de fumaça se espalhou pelo salão, e por um minuto aquilo foi só o que Deidara viu. Então uma silhueta se destacou na névoa.

– Impossível.. – sussurrou Deidara.

A névoa abaixou. Kurotsuchi estava parada de pé ali adiante, suas mãos ainda unidas na mesma postura, absolutamente intacta. Não havia nenhum arranhão ou ferimento em sua pele além dos que já tinha. Mas havia algo novo nela.. um diamante negro cintilava em sua testa, e tatuagens tribais apareceram atrás de suas mãos.

– Arte Ninja.. – entoou – DESPERTAR DO SOL NEGRO!!!

Num piscar de olhos, Kurotsuchi disparou contra Deidara.

Ele sentiu o ar ser arrancado de suas entranhas quando ela afundou o calcanhar em seu estômago. Seu corpo se dobrou e foi lançado pra longe. A colisão de suas costas contra a parede foi tão brutal que mais pareceu outra explosão.

De onde veio essa força..?? – pensou Deidara de olhos arregalados, o sangue saltando de sua boca.

Ainda estatelado na parede, ele viu Kurotsuchi avançar a passos decididos na sua direção.

Definitivamente, sua aura era diferente. Aquele jutsu não apenas blindava seu corpo inteiro, como também lhe concedia uma força prodigiosa. Pelos próximos cinco minutos, Kurotsuchi teria uma defesa e um ataque insanos..

Deidara mergulhou a mão na bolsa, alarmado.

Preciso agir rápido..

Mas então seus dedos rasparam o fundo da bolsa.

O quê?!

– Está sem argila explosiva, não é? – perguntou Kurotsuchi, andando – Foi o que pensei. Eu calculei seu estoque, à medida que você ia usando. Estive calculando a batalha inteira!

Deidara vasculhou desesperadamente aa bolsa vazia.

Tá de sacanagem?!?

– Por que acha que guardei esse jutsu por último? Queria garantir que você não pudesse escapar..

Kurotsuchi foi se aproximando cada vez mais, e Deidara comprimiu os braços contra a parede.

– Percebe, aniki? Essa é a diferença entre eu e você. Eu não luto como um animal selvagem. Sei exatamente o terreno onde piso, antes de dar cada passo! Eu conheço os seus limites, quando você mesmo não conhece os seus!!!

Com um tremendo soco no peito, Kurotsuchi fez Deidara atravessar a parede como uma bola de demolição.

Ele caiu do outro lado em meio a escombros e pó, rolando vários metros no chão. Mal conseguindo se levantar, ele se arrastou até o meio da câmara. Kurotsuchi foi atrás. Deidara não sabia, mas estava prestes a levar a maior surra de sua vida..


Um murro no peito, e o piso afundou numa cratera.

Depois um chute na costela, e Deidara foi jogado longe. Então veio uma cotovelada nas costas, seguida de um soco no rosto, uma joelhada no estômago e outro soco na sobrancelha.

A cada ataque Deidara era arremessado no ar, fraturas e cortes castigando seu corpo, enquanto atravessava vidros e paredes de pedra. Praticamente todo o salão já havia sido destruído pelo caminho. Metade do teto desabou.


Mas Kurotsuchi não se deteve..


Ela continuou espancando Deidara, usando cada gota de sua força bruta. E por inacreditável que pareça, não era Deidara quem estava sofrendo mais.. era Kurotsuchi. Ela sentia cada golpe como se fosse em sua própria carne, mas apesar disso ela não parou. Não conseguia parar. Sua ira estava sendo descarregada agora - toda a ira acumulada pelos anos de dor e sofrimento que ele havia causado. Cada soco, cada chute, cada cotovelada perfurando os ossos, era uma noite em claro que ela passou na cama chorando.


Quando finalmente terminou, seus olhos e seus pulmões ardiam. Deidara jazia ensanguentado no piso de pedra. Ele não sabia dizer como ainda estava consciente, nem quantas de suas costelas haviam sido quebradas.

Muito devagar, a respiração entrecortada, ele se ajoelhou.

– Você.. – murmurou, de cabeça abaixada.

Kurotsuchi se aproximou, expelindo da boca uma kunai feita de matéria negra. Ela a pegou, e apontou com firmeza para o pescoço de Deidara, quando ele ergueu os olhos pra ela.

– Você.. – continuou ele, um filete de sangue escorrendo do sorriso frágil – ...quase quebrou o meu pescoço... sabia?

Kurotsuchi reconheceu na mesma hora aquelas palavras.


Foi a primeira coisa que ele disse pra ela, no dia em que se conheceram.


Sentindo as pálpebras queimarem, Kurotsuchi deixou as lágrimas quentes escaparem pelo rosto. Sabia qual era a próxima linha. A primeira coisa que ela também tinha dito pra ele, quando os dois eram crianças.

O nó em sua garganta era grande demais. Sua voz não saiu quando ela falou, mas Deidara pôde ler a palavra em seus lábios:


Desculpa..


Silêncio.

Kurotsuchi trouxe a kunai mais perto do pescoço de Deidara, encostando a ponta na pele. Era hora de terminar o que tinha vindo fazer.

Deidara olhou diretamente em seus olhos, e esperou..



.


Notas Finais


**A matéria negra é uma referência direta ao nome da heroína. O nome Kurotsuchi, em japonês, significa literalmente "terra negra".

Devido à extensão dos meus escritos, a fanfic vai ganhar um capítulo além do previsto. Mas não se preocupem: vão ser bem menores do que esse. E acho que vocês vão gostar.


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