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História Kyle, o Sombrio Guardião da Luz - Parte II - Noxus - A Rosa Negra


Escrita por: AshenOne

Notas do Autor


E assim inicia a passagem de Kyle pela impiedosa Noxus, um lugar temido por todos em Valoran e cuja força testará o jovem aventureiro de muitas formas...

Capítulo 2 - A Rosa Negra


Fanfic / Fanfiction Kyle, o Sombrio Guardião da Luz - Parte II - Noxus - A Rosa Negra

Apesar de ter surgido em um dos becos do perigoso centro noxiano, Ryze era um mago experiente e sabia que Noxus era uma cidade que possuía olhos e ouvidos em todo lugar. Sem tempo a perder, Ryze bateu a lama de suas botas e, limpando a lama de Kyle com o melhor de seus esforços, colocou-o sobre os ombros novamente e caminhou por entre as ruas e becos de Noxus a passos largos e evitando contato visual com qualquer um que passasse perto, desde os numerosos indigentes e mendigos caídos aos montes pelas sarjetas da metrópole até os guardas que faziam a patrulha da cidade.

Noxus era uma cidade imponente, grande, com muitos serviços a serem oferecidos para muitos fins, desde simples mercadorias até a contratação de assassinos de aluguel e lojas com itens para a prática de magia. A cidade era o lar do mais temido poderio militar de Valoran e seu passado confirmava tal assertiva. Liderados por um governo que não vê problemas em aliar força bruta com magia negra, Swain sentava no trono do prédio central de Noxus, ocupando o cargo de Grão-General noxiano, cargo que pertenceu á linhagem dos Darkwill por muito tempo e que foi considerada o maior câncer que já existiu á frente de Noxus. Darius, o comandante das tropas noxianas era um homem forte, bruto, violento e prezava a força, em todas as suas formas, como característica principal de um líder. As maquinações de Boram Darkwill, antigo Grão-General, levaram Noxus á inúmeras guerras que aparentavam serem vitórias fáceis para Noxus, mas que no final das contas se tornavam apenas gastos extras para o governo noxiano.

Os casos mais famosos foram a Guerra de Kalamandra contra Demacia e a Invasão de Ionia, onde, em ambas as ocasiões, Noxus cometeu violentos crimes de guerra e acabou por não conseguir dominar nenhum dos dois territórios. As características violentas e inescrupulosas do poderio militar noxiano fizeram crescer uma reputação ruim da cidade-estado entre os outros territórios de Valoran.

O último grande ato de Boram Darkwill, antes de morrer, foi uma tentativa de ressuscitar Sion, um guerreiro noxiano que se tornou uma lenda por ter sido o homem que matou Jarvan I, o primeiro de sua linhagem no trono de Demacia, mas o noxiano havia lutado naquela ocasião sua última luta. Tal tentativa de ressuscitar o guerreiro acabou abrindo espaço para que a Rosa Negra, uma divisão de magos que vivem ocultos aos olhos de toda Valoran e até mesmo da própria Noxus, prendesse suas garras ao governo noxiano. A necromancia dos magos da Rosa Negra reviveu Sion, mas como uma criatura monstruosa sedenta por sangue e de fúria incontrolável no campo de batalha. Com as falhas sucessivas de Boram Darkwill, Darius queria ver uma Noxus livre de uma dinastia que destruía a reputação noxiana com sua incompetência e com falta de um pulso firme á frente de uma cidade que respirava a guerra. O sucessor, Keiran Darkwill, filho de Boram, não foi capaz de assumir o cargo de Grão-General, pois Darius e o povo noxiano queriam outro nome, o de Swain, muito conhecido pelos militares noxianos como o Mestre da Estratégia.

Acusando a força militar noxiana de estar realizando um golpe de Estado contra si, Keiran buscou o Tribunal de Noxus para reaver seu posto de direito á frente do governo de Noxus, mas o desprezo do povo noxiano pelos Darkwill era tão grande que Keiran acabou executado pelo próprio Darius na Praça Negra de Noxus, local erguido em homenagem aos triunfos militares noxianos ao longo dos tempos. Swain, ao assumir o governo noxiano, fortaleceu a Rosa Negra secretamente e financiou pessoalmente as pesquisas de necromancia e ilusionismos dos magos, tornando-se um membro honorário da sociedade secreta.

Enquanto caminhava pelas ruas tortuosas e mal iluminadas do subúrbio noxiano, Ryze tentava ignorar o cheiro de cadáveres apodrecendo nos becos escuros da cidade, vítimas dos frequentes latrocínios e assassinatos encomendados que aconteciam por toda cidade. Ao alcançar uma estreita rua comercial, o Mago Rúnico pôde ouvir alguns guardas comentando sua presença.

“O mago está aqui.”, disse um dos guardas.

“Que porra é essa? Ele tá carregando um corpo?”, disse outro guarda.

“Vou avisar ao comandante. Ele sabe lidar com essa gente.”, disse o primeiro guarda que se retirou de seu posto.

Ryze sabia que o guarda estava se referindo á Darius, mas o mago, porém, não interrompeu o curso de sua viagem, pois sabia que se tivesse sucesso com a Rosa Negra, sua visita á Noxus seria breve. Ao chegar ao último estabelecimento da rua, Ryze entrou nele e deixou Kyle sentado no banco de espera empoeirado e de tecido rasgado da loja e deu três tapas no balcão, que possuía ervas mal organizadas em gavetas, temperos, conservas e bugigangas estranhas que não se encontravam nas mãos de qualquer varejista itinerante. Uma senhora magra com vestido violeta sujo e amarrotado apareceu pela cortina alaranjada atrás do balcão e, apesar de ter estranhado a presença de um ser tão peculiar quanto Ryze em seu estabelecimento e o corpo de Kyle jogado no banco de espera, ela não reagiu de forma brusca.

“O que deseja, rapaz?”, perguntou a senhora.

“Desejo ver a verdadeira face de uma rosa.”, respondeu Ryze.

Com movimentos tão ritmados que pareciam robóticos, a senhora nada respondeu e abriu a cortina alaranjada, apontando o caminho para Ryze, como se estivesse reagindo a um comando específico. O mago pegou o garoto e adentrou o estabelecimento. Ao passar pela cortina, a senhora havia desaparecido e Ryze apenas ouviu sua voz.

“Siga a luz.”

Ele chegou em um pequeno corredor, que se tratava do estoque do estabelecimento e, no fim dele, um misterioso feixe de luz invadia o local por uma rachadura no teto. Ryze caminhou até o feixe e a luz o desmaterializou, junto de Kyle.

A dupla materializou-se em uma sala com ladrilhos pretos e brancos e com paredes de pedra, semelhante a uma masmorra. A sala não possuía janelas, mas era luxuosa e possuía mobílias dignas de um nobre. Uma mulher caucasiana de curtos cabelos negros que trajava uma estranha e curtíssima vestimenta de seda que revelava sua cintura esbelta e cobria seus seios arredondados, uma capa dourada e negra presa na altura de seus ombros magros e que se estendiam até seus joelhos, uma pequena saia amarrada por diversos cintos idênticos de couro, meia-calça negra que subiam desde seus calçados dourados até sua fina panturrilha, braceletes de ouro que cobriam seus braços delicados e uma chamativa tiara dourada com um pequeno rubi talhado no acessório na altura da testa segurava um cetro com joias amarelas e cor de rosa na ponta e estava de pé sob o batente da única porta de saída da sala.

“Ah! O Mago Rúnico... O que o traz até mim? Quer ressuscitar aquele que carrega consigo?”, perguntou a mulher.

“Não perderei meu tempo falando com ilusões.”, disse Ryze, olhando com raiva para a mulher e caminhando na direção dela, com Kyle nos ombros.

“Seria melhor não se aproximar.”, ameaçou a mulher, apontando o cetro na direção de Ryze.

O mago de pele azul parou diante dela, mas não emitiu uma palavra sequer, sabia que era arriscado ir contra uma mulher traiçoeira como aquela feiticeira, mas Ryze sabia ver além do que era apresentado diante de seus olhos.

“Respeitarei seu pedido, mas não perderei meu tempo falando com ilusões. Chame aquela que a controla.”, disse Ryze.

“Ugh... Não se tem mais diversão na casta dos magos hoje em dia.”, disse a mulher, se desfazendo no ar como areia em uma ventania. A porta fechou-se na cara de Ryze, que tentou abri-la, mas estava trancada. Quando surrou a porta algumas vezes, o mago tomou impulso para destruí-la, mas a mesma mulher de outrora apareceu silenciosamente, deitando-se sobre um sofá vermelho e violeta de tecido ioniano, e começou a gargalhar.

“Ai, ai... A pior coisa para um mago errante é o confinamento... Mal sabe as inúmeras possibilidades que a vida lhe oferece quando se está entre quatro paredes.”, disse mulher, deslizando seu indicador direito sobre a meia-calça que cobria sua perna direita e olhando para Ryze com um sorriso cativante e sedutor.

“Entre quatro paredes vence aquele que possui o maior poder de persuasão. Não é o meu caso.”, comentou Ryze, virando-se para a mulher e deixando Kyle sobre a mesa de centro. A mulher levantou-se do sofá e fez uma pequena reverência.

“Ryze.”, disse a mulher.

O Mago Rúnico aproximou, reverenciou com discrição e respondeu.

“LeBlanc.”.

Um nome muito conhecido pela casta dos magos, LeBlanc era uma feiticeira poderosa, tinha a Rosa Negra em suas mãos e as más línguas afirmavam que até mesmo Noxus estava sob sua influência direta, o que não era mentira. Sua bela fisionomia, seu rosto jovem e seu corpo esbelto eram de dar inveja nas mais belas mulheres ionianas, mas por baixo dessa máscara, havia uma mulher que já viveu por muito tempo e que aprendeu a quebrar a maldição do envelhecimento, permanecendo jovem para sempre. Conhecida por muitos como A Falsa, LeBlanc também era mestre na arte do ilusionismo e poderia facilmente se passar por outra pessoa, desde que seus trejeitos mais íntimos fossem conhecidos e até mesmo criar ilusões de si mesma.

LeBlanc aproximou-se de Kyle, que havia sido colocado deitado, de cabeça para cima, sobre a mesa de centro do cômodo. Ela observou seus acessórios, sua fisionomia e, finalmente, seu rosto.

“Hmm... Por que o trouxe até mim?”, perguntou LeBlanc.

“Não é óbvio? A marca negra da têmpora do garoto. Quero saber o que ela significa e qual é sua origem.”, disse Ryze.

LeBlanc analisou cuidadosamente a marca, notou seu formato irregular, tentou definir sua composição e se os símbolos menores eram algum tipo de escrita. Ao tocar na marca, os olhos de LeBlanc se arregalaram e, por poucos segundos, ela teve acesso ás memórias ocultas de Kyle. Ao afastar-se do garoto, a feiticeira caiu para trás e ficou sentada, ofegante e assustada.

“Você está bem? O que houve?”, perguntou Ryze.

“Onde... Onde você achou esse garoto?”, perguntou LeBlanc, tentando se recuperar do susto.

“Ele estava saindo de Freljord para Piltover e eu o encontrei nas Montanhas Ironspike. Não sei exatamente o que aconteceu com ele em Freljord, mas certamente foram coisas impactantes.”, disse Ryze, fitando o garoto da cabeça aos pés.

“Como pode afirmar isso?”, perguntou LeBlanc, levantando-se com dificuldade e amparando-se em uma cabeceira de vidro próxima ao sofá.

“Ele carrega Coldfate, uma lâmina lendária que amaldiçoou Freljord por gerações. Não sei como um garoto tão simplório como ele poderia ter alcançado tal feito, mas não duvido que essa marca o torne distinto em algumas habilidades próprias.”, disse Ryze.

“Ele tem um nome? Ele é um belo rapaz, mas sua fisionomia não é a de um freljordiano.”, disse LeBlanc, agachando-se na altura do rosto de Kyle e contemplando o jovem.

“Ele não tem lembranças de seu passado, tudo o que sabe é que costumam chama-lo de Kyle. O que você viu? Seus olhos arregalaram como se estivesse tendo contatos telepáticos de terceiro grau.”, disse Ryze.

“Kyle... Certamente não é um freljordiano... Eu vi memórias sombrias, dor, lágrimas, gritos, sangue, uma casa em chamas, mais gritos...”, dizia Leblanc, agoniada de relembrar o que havia visto.

“Se isso a incomoda, não precisa continuar.”, disse Ryze, aliviando seu semblante sério e fechado.

“Seja lá o que aconteceu a ele... Foi muito sofrimento. Não me surpreende ele não se lembrar de nada, mal pude ver o que lá estava. Não fui capaz de identificar pessoas, nem paisagens e nem sequer ações. Desejo acordá-lo, que feitiçaria você usou para ele apagar?”, perguntou LeBlanc, sem desviar seu olhar do garoto.

Ryze não queria comprometer seu contato com Kassadin, pois essa informação nas mãos da líder da Rosa Negra certamente traria consequências ruins para o Mago Rúnico.

“Invoquei uma carga nula do Vazio e disparei contra ele. Ele está desacordado desde então.”, disse Ryze.

“Você conjurou energias do Vazio? Vejo que o subestimo sempre que nos reencontramos. É uma pena você não ser um mago ambicioso a ponto de se juntar a nós. Todos o aclamariam como um deus.”, disse LeBlanc, olhando nos olhos brilhantes de Ryze, que eram desprovidos de pupila graças ao pacto de magia espinhosa que fizera com sua própria alma.

“Não escolhi ser um mago para servir aos caprichos de uma cidade-estado que busca a guerra. O mundo lá fora precisa mais de mim do que seus desejos carnais.”, disse Ryze.

“Esqueci-me por um momento que tu não fazes distinção entre criaturas errantes e damas dignas de respeito.”, disse LeBlanc, torcendo os lábios e esvoaçando seus curtos cabelos negros com um movimento de sua cabeça para a esquerda com os olhos fechados, sentindo-se insultada.

“Tem funcionado para mim. Enfim, o garoto não vai acordar muito amigável. Eu o trouxe até aqui contra a vontade dele.”, alertou Ryze, respondendo ao gesto de LeBlanc com um sorriso debochado.

“Basta desarmá-lo.”, disse LeBlanc, levando sua mão á empunhadura de Coldfate.

“Não!”, gritou Ryze, atirando-se sobre LeBlanc, impedindo que a feiticeira congelasse ao toque da espada. O mago caiu sobre a feiticeira, ficando face a face.

“Apressadinho você, hein. Mas saiba que não é assim que as coisas funcionam comigo, gosto de apreciar o momento.”, disse LeBlanc, sorrindo de forma incontida e mordendo a ponta de sua língua com seus molares perfeitamente posicionados.

“Pare de falar bobagem, fiz isso para que não tocasse na espada do garoto.”, disse Ryze, levantando-se e ajudando LeBlanc a se levantar também.

“Como assim?”, perguntou LeBlanc.

“Ele é digno de possuí-la, quem quiser tirá-la dele terá de fazê-lo em combate, caso contrário a lâmina congelará sua alma. Transcrição da lenda original.”, disse Ryze.

“Nunca acreditei nessas lendas regionais, mas se você a respeita é porque tem um bom motivo para tal. Enfim, já sei como trazer o garoto de volta.”, disse LeBlanc.

“Se impressiona com o fato de eu conjurar magias do Vazio, mas tem conhecimento para desfazê-las. Você gasta suas habilidades estando presa àquele corvo decadente.”, comentou Ryze, referindo-se á Swain.

“Não o deprecie desta forma. Poucos estrangeiros o veem como uma alternativa ás falhas de Darkwill, mas garanto-lhe que ele não é um simples fantoche e sua posição na Rosa Negra só o engrandece nesse sentido.”, disse LeBlanc, adotando um semblante mais sério.

“Acreditarei no dia em que os interesses da Rosa Negra divergirem com os dos militares noxianos e vê-lo bater de frente com Darius. Até lá, Noxus e Demacia permanecem sendo as cidades-estados mais demagogas que há em Valoran.”, disse Ryze.

“Como não mencionar Ionia?”, perguntou LeBlanc, dirigindo-se á uma pequena cômoda no fundo da sala e tirando alguns frascos dela.

“Ionia é o contrário, eles pecam pela omissão. Mas o fato dos guerreiros ionianos terem repelido a invasão noxiana é uma glória que eles jamais esquecerão. É uma pena a cultura deles ter avançado tão pouco e os vanguardistas reinarem naquelas terras por tanto tempo, mas acredito que mudanças surgirão em breve.”, comentou Ryze.

LeBlanc fez uma pequena mistura desconhecida em um almofariz de porcelana, demonstrando ter conhecimento em alquimia. O resultado foi um pequeno pó rosado de fácil dispersão. Ela aproximou-se da cabeça de Kyle e, assoprando a ponta do almofariz, o pó tornou-se uma fumaça rosada que rodeava o rosto de Kyle. Após alguns segundos, o garoto despertou.

“Funcionou.”, disse Ryze.

Kyle reconheceu a voz do Mago Rúnico e, sacando sua espada, derrubou LeBlanc de forma truculenta, saltando da mesa de centro e preparando um corte diagonal para ferir Ryze, porém, o garoto foi puxado para trás no meio do ar e caiu de costas no chão, sentindo dor e ficando sem ar para soltar um grito. Suas pálpebras se repuxaram de dor e ele tentava entender o que o impediu. Enquanto estava caída, LeBlanc havia conjurado correntes etéreas com seu cetro, elas acertaram o garoto e o prenderam pelas costas, fazendo-o ser puxado na direção contrária de seu movimento. A ação da Falsa havia salvado a vida do Mago Rúnico.

“Que porra... Como?!”, perguntou Kyle, revoltado.

“Obrigado, LeBlanc.”, agradeceu Ryze.

“De nada, quando ás vezes acho que você é um brutamontes, me aparece casos como esse.”, disse LeBlanc, levantando-se.

“Perdoe-me pelo mau jeito. Mas esse mago desgraçado me trouxe aqui contra minha vontade.”, disse Kyle, tentando se levantar.

“Ele não levantará a mão contra você, então guarde sua espada e comece a agir como uma pessoa razoável.”, disse LeBlanc, elevando o tom da voz.

Kyle olhou com raiva para Ryze, mas acatou o pedido de LeBlanc e devolveu sua espada á bainha. O garoto apresentou-se e sentou-se no sofá que LeBlanc havia deitado anteriormente.

“Aaaah, esse sofá... Melhor do que qualquer coisa que eu já sentei na vida! Enfim, Ryze surtou por causa da minha marca e falou algo sobre a Rosa Negra. Pelo que deu pra ouvir vocês conversando, acho que você era quem ele mencionou anteriormente.”, disse Kyle, com um sorriso limitado ao canto direito de seus lábios.

“Espera. Você estava nos ouvindo?!”, perguntou Ryze, espantado.

“Sim, eu estive consciente desde o momento que nos teleportamos para esta sala, mas não tinha nenhuma reação física ativa em meu corpo, senti-me como se estivesse...”, dizia Kyle, sendo completado por LeBlanc.

“No Vazio.”, completou a feiticeira.

“Exato.”, disse Kyle, olhando para Ryze de forma ameaçadora, pois o garoto sabia que Ryze precisava manter segredo sobre Kassadin. O Mago Rúnico engoliu seco e escondeu suas reações de LeBlanc.

“Bem, então isso nos adianta um bom tempo de conversa. Analisei sua marca, mas tenho problemas para identificar certas coisas.”, disse LeBlanc, sentando-se próxima de Kyle.

“Conseguiu ver alguma coisa além de sofrimento?”, perguntou Kyle, cujo semblante havia se tornado mais apreensivo.

“Se eu encontrasse o responsável por ter causado essa bagunça na sua cabeça, eu o temeria. Sendo bem direta, isso é um caso de necromancia mental, mas com um diferencial.”, disse LeBlanc.

“Se fosse mera necromancia mental eu saberia.”, comentou Ryze, franzindo seu cenho.

“Ryze! A menos que você entrasse na mente dele você nunca saberia detectar tal necromancia. Agora silencie. Como eu ia dizendo, necromancias mentais geralmente são aplicadas com a energia gerada da mistura do sangue de alguém de sua família com o seu, e ainda assim, o necromante teria que ser extremamente habilidoso para fazer tal proeza, por isso é algo relativamente raro.”, disse LeBlanc, olhando para Kyle e se assustando com seu semblante se tornando cada vez mais sombrio.

“Maldito seja. Se ele teve acesso ao sangue de minha família...”, disse Kyle, incapaz de completar a sentença.

“Você deve considerar a possibilidade de eles não mais estarem vivos... Sua marca é antiga, tem mais de dez anos de existência e você nem sequer se lembra disso. É um dos efeitos colaterais desse tipo de necromancia.”, disse LeBlanc, levando sua mão ao ombro de Kyle, que não conseguia chorar, pois estava com muita raiva.

“LeBlanc, se você diz que a marca é antiga desse jeito, por que raios alguém praticaria tal ato vil com uma criança. Kyle, quantos anos você tem?”, perguntou Ryze, indignado.

“Uns vinte anos, eu acho.”, disse Kyle, soluçando.

“Isso não é normal. Não sei o que existe em você, mas se alguém o marcou desde a infância é porque você tem alguma coisa especial, garoto. Sem querer soar como uma velha contadora de histórias.”, disse LeBlanc.

“Foda-se o que eu tenho ou o que acham que eu tenho! Eu não tenho nada! Você disse que a necromancia tinha um diferencial. O que é?”, perguntou Kyle.

“Necromancias mentais são realizadas com o objetivo de destruir a pessoa de dentro para fora com o tempo, mas você ainda vive. Se você tem vinte anos, então não deveria ter sequer atingido seu décimo quinto ano de vida. E sem contar que o necromante ainda encontrou uma forma de bloquear invasores. Eu sinto muito por isso, mas sem tanta concentração eu não sou capaz de sequer arranhar a superfície do que você tem na sua mente.”, desabafou LeBlanc.

“Tudo o que eu quis na vida era ter uma chance de saber para onde ir, um caminho de casa. Alguma lembrança que me diga o que eu fui e pelo que lutei na vida. Vocês não fazem ideia do que é ter essa sensação.”, disse Kyle.

“O que quer que eu faça, garoto?”, perguntou LeBlanc, levantando-se.

“Olhe de novo, resista, vá mais fundo nessa merda de magia que meteram na minha cabeça. Eu não mereço viver com essa dúvida.”, disse Kyle, implorando.

“Kyle...”, iniciou LeBlanc, relutante.

“O processo pode te levar á morte, garoto. Não sabemos com o que estamos lidando aqui.”, completou Ryze, cruzando os braços e empinando o queixo.

Engolindo seco, Kyle considerou a possibilidade de desistir, mas ali havia uma oportunidade da qual deveria agarrar.

“Eu não me importo. Eu não temo as consequências de minhas decisões.”, disse Kyle, olhando nos olhos de LeBlanc, que se surpreendeu.

“Vou tentar, mas se eu sentir que estou te perdendo eu interromperei o processo. Não ganho nada com você morto.”, disse LeBlanc, tomando seu cetro.

“Desde quando isso é uma questão de ganhar ou perder? Cheguei aqui contra minha vontade, mas garanto que ninguém aqui quer saber o que tem aqui dentro mais do que eu.”, disse Kyle, apontando sua cabeça.

“Que seja, vamos começar logo. Ryze! Produza energia nula para fazê-lo apagar.”, disse LeBlanc, posicionando Kyle deitado sobre a mesa de centro e com o rosto para cima.

“Uuh... Isso aqui não é território da Rosa Negra?”, disse Ryze, contornando a situação.

“Sim... Ah, merda! Esqueci-me. Esta sala inibe magias de qualquer origem que não sejam de membros de Rosa Negra. Deixe isso comigo.”, disse LeBlanc, estendendo seu cetro e tocando com sua ponta a testa de Kyle, fazendo-o ficar desacordado.

“Ótimo. Vai fazer igual antes?”, perguntou Ryze.

“Não. Preciso que alguém entre comigo para dividir a carga mágica. Se importaria?”, perguntou LeBlanc.

“De forma alguma... Irei te ajudar.”, disse Ryze, estendendo o braço para LeBlanc e agarrando seu antebraço direito.

LeBlanc abandonou seu cetro, removeu sua tiara e, emitindo algumas palavras mágicas em um tom inaudível até mesmo para Ryze, tocou na marca de Kyle com sua mão esquerda.

A Falsa e o Mago Rúnico sentiram um forte choque de magia negra em suas mentes e, passando por uma névoa negra, os dois entraram na mente de Kyle. Enquanto Ryze procurava por mais detalhes que poderiam indicar a origem da necromancia, LeBlanc encontrava-se horrorizada com a cena, pois não estava preparada para o que viria.


Notas Finais


Mentes complexas exigem medidas drásticas. Que surpresas a mente de Kyle reserva para a dupla de feiticeiros? Semana que vem tem mais!

Próximo capítulo: Uma Criança Ferida (A Wounded Child)


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