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História Kyle, o Sombrio Guardião da Luz - Parte II - Noxus - A Escuridão á Espreita


Escrita por: AshenOne

Notas do Autor


Piltover finalmente é avistada no horizonte, mais ainda há algo no caminho de Kyle.
Nesse último episódio da Parte II, é hora de Kyle resistir á escuridão que tanto o assombra.

Capítulo 9 - A Escuridão á Espreita


Fanfic / Fanfiction Kyle, o Sombrio Guardião da Luz - Parte II - Noxus - A Escuridão á Espreita

Após atravessar a Passagem Leste das Montanhas Ironspike, a noite já havia caído e a caravana continuou seguindo viagem até chegar à Velha Encruzilhada. O carrancudo tirou as placas de couro e o feno que estavam sobre Kyle depois de uma viagem que não foi tão longa assim, mas foi o bastante para Kyle sentir o alívio de poder mover suas articulações novamente. O garoto desceu da carroça e o homem negro com tapa-olho falou com Kyle.

“Siga a encruzilhada para o norte e chegará a Piltover, para leste você chegará a Zaun. É aqui onde nos separamos. Leve isto com você.”, disse o homem, dando a Kyle uma lamparina de cobre muito bem conservada.

“Obrigado, mande lembranças aos Du Couteau por mim!”, exclamou Kyle.

O homem nada respondeu, apenas chacoalhou as rédeas dos dois cavalos de pedigree noxiano que guiavam a caravana e partiu para o Leste, que tinha a cidade de Zaun ao fundo. Kyle viu-se sozinho na Encruzilhada e, sob um céu noturno escuro e nublado com poucas estrelas, ele acendeu a lamparina com o fogo da tocha que ficava no poste de indicação da Encruzilhada. Ele procurou o norte orientando-se com base na direção para qual a caravana partiu e seguiu o caminho para a direção desejada.

Enquanto caminhava, Kyle organizava em sua mente seus pensamentos e os recordava na esperança de que alguma coisa o ajudasse a lembrar de seu passado, mas ele se contentou com algumas lembranças pontuais. O sorriso de Sejuani ao ser coroada Rainha de Freljord ao lado de Ashe, o encontro com o espírito de Avarosa, a viagem de LeBlanc e Ryze em sua mente, a amizade com as irmãs Du Couteau, o duelo contra Riven, coisas que marcavam o coração de Kyle e mostravam sua sensibilidade diante dos últimos acontecimentos.

Kyle caminhou por um planalto e o desceu seguindo um caminho com muitas curvas. Ao chegar à descida do planalto, uma enorme e desmatada planície separavam Kyle dos portões principais de Piltover, que despontava no horizonte com sua iluminação multicolorida e suas torres majestosas. Ao começar a caminhada pela planície, Kyle sentiu um aperto em seu coração, seguido de um estalo em suas costas. A dor foi instantânea e o garoto caiu por terra, fazendo a lamparina rolar pela planície e parar a meio metro de onde estava caído.

Levantando a cabeça, Kyle viu uma pequena singularidade negra tomar formas cada vez maiores até que dela saiu a silhueta de uma mulher com grandes asas parcialmente depenadas que aparentavam não ser próprias para o voo. Kyle reuniu suas forças se erguer, mas seu oponente conjurou uma partícula de magia negra que viajou até o garoto e o imobilizou, impedindo que Kyle desse sequer um passo adiante e mantendo seus braços grudados ao corpo.

Olhando mais fixamente para seu oponente graças á luz proveniente da lamparina, Kyle pode observar com maior detalhamento a criatura que surgia pela noite. Era um anjo decaído, trajando uma longa saia violeta com detalhes prateados e um sutiã com as mesmas cores cobrindo seus volumosos seios. Sobre seus esvoaçantes cabelos de cor violeta, uma discreta tiara prateada estava posicionada cobrindo-lhe a testa, logo acima de seus olhos vibrantes, sendo que o esquerdo possuía uma marca que se assemelhava a um raio negro. O anjo aproximou-se de Kyle lentamente com malignas risadas e um semblante que fez a espinha de Kyle gelar enquanto tentava se libertar de sua prisão das trevas.

“Achou que poderia sair de Noxus livremente e enganando a todos?”, perguntava o anjo, enquanto andava elegantemente em torno de Kyle. “Bem, saiba que nada foge de meus olhos, garoto.”

Permanecendo em silêncio e concentrando seus esforços com o intuito de se livrar da magia que o aprisionava, Kyle temia o próximo movimento do anjo. Ela se aproximou do garoto, parou á sua frente e ergueu o queixo do garoto com sua mão direita. Kyle viu o sorriso maligno e cheio de ódio do anjo caído e cedeu.

“Quem é você?! O que quer de mim?”, perguntava Kyle.

“Já que você é um rapaz que dispensa apresentações, lhe direi quem sou em breve. Não é todo dia que as figuras mais importantes de Noxus mexem os pauzinhos com um único objetivo. Fico intrigada e não posso conter minha ansiedade para saber o que você tem de especial.”, disse o anjo.

Kyle virou o rosto e desvencilhou seu queixo da mão do anjo.

“Nada tenho de especial, sou apenas um homem querendo seguir seu caminho.”, respondeu Kyle.

“Vamos deixar algo claro, garoto. Eu não mentirei para você e você não mentirá para mim, é muito difícil lidar com seres humanos graças á sua maldita predisposição para a mentira e para a busca desenfreada pelo benefício próprio, então espero não ter tais problemas com você. Estamos entendidos?”, disse o anjo.

“Por que eu concordaria ou acreditaria em qualquer coisa que você diz se mal sei quem ou o que você é?”, perguntou Kyle.

“Muito justo. Sou Morgana e como já deve ter percebido, sou aquilo que vocês humanos costumam chamar de anjo.”, disse Morgana.

“Sendo que sua aparência é distorcida e em seus olhos se vê ódio. Anjos são criaturas belas, defensoras daquilo que é bom, e eternos combatentes do mal.”, disse Kyle.

“O fato de você ter tais conceitos do que é bom e do que é mal me faz ter vontade de mata-lo com o mínimo de esforço possível e quase me faz acreditar na primeira mentira que me contou.”, disse Morgana, cerrando seu punho direito e apertando as amarras mágicas sobre Kyle, que gemeu de dor.

“Se me matar é aquilo que deseja então o faça logo, mas se eu sair destas amarras com vida eu saberei se vocês anjos podem sangrar e morrer!”, bradou Kyle.

“Agora começo a ver o que tem de especial. Vamos, garoto. Solte sua raiva.”, provocava Morgana.

Disposto a não ceder de bandeja para Morgana aquilo que ela desejava, Kyle respirou fundo e fechou os olhos, procurando a luz dentro de si. Percebendo a ação do garoto, Morgana cerrou o outro punho e as amarras mágicas começavam a apertar Kyle de tal forma que o garoto não mais sentia o que estava abaixo dos cotovelos, caindo de joelhos para tentar atenuar a dor.

“Como ousa buscar aquilo que você não tem? Eu vi em seus olhos o fruto de sua raiva. Vi sua alma em chamas e sua mente como uma pintura borrada e distorcida. Quero ver aquilo que você realmente é.", dizia Morgana, á medida que se abaixava e aproximava-se de Kyle, que urrava de dor.

“Você não vai me quebrar!”, declarou Kyle entre urros e gemidos.

“É claro, como vou quebrar um homem que está morto por dentro?”, perguntou Morgana, afrouxando as amarras mágicas ao abrir os punhos e tocando na cabeça de Kyle com as duas mãos.

Soltando um grito, Kyle sentiu como se sua cabeça tivesse sido transpassada por uma espada flamejante. Morgana invadiu os pensamentos do rapaz e buscava ver aquilo que LeBlanc e Ryze foram incapazes de encontrar.

Sendo capaz de suportar a dor em uma escala muito maior que qualquer outro ser humano, Morgana investigava a mente de Kyle como um andarilho vagueia pelo deserto á noite, tateando a escuridão dos pensamentos de Kyle e vendo tudo aquilo que A Falsa e o Mago Rúnico já haviam visto anteriormente.

Dessa vez, não havia litomante algum.

Morgana tentou buscar em alguns elementos da mente de Kyle alguma forma de entender aquela necromancia tão poderosa que nem ela era capaz de entender, mas ela falhava a cada tentativa. As memórias esquecidas de Kyle como a morte de sua família, o lugar de onde veio e a origem de sua maldição desapareciam da visão de Morgana com o seu toque. O anjo não conseguia entender como tal escuridão pudesse ter uma resistência tão impressionante á luz do descobrimento.

Ainda dentro da mente de Kyle, a mesma figura sombria que amaldiçoou Kyle com a marca negra, pôs-se diante de Morgana e, dessa vez, dois olhos vermelhos disformes apareceram na escuridão abaixo do capuz negro que a criatura sempre trajava. Morgana exerceu de sua elegância e, pondo-se ereta e com a cabeça orgulhosamente erguida, olhava para a figura sombria.

“Você é o autor de tudo isso?”, perguntou Morgana.

“Autor?”, respondeu a figura sombria de forma debochada e soltando uma breve e igualmente debochada gargalhada, antes de completar. “Minha cara, você em sua busca por vingança e reconhecimento deveria saber mais do que ninguém que a escuridão não derruba portas...”.

“Ela entra pelas brechas...”, completou Morgana.

O anjo olhava para a exótica lâmina que a figura sombria carregava e, ainda buscando respostas, perguntou.

“Como uma criança inocente pode estar aberta á escuridão?”

“Minha cara, você viu com os seus próprios olhos o mesmo que outros já viram ao entrar aqui e também não conseguiu compreender? O que acha que um garoto de oito anos que acabara de ver sua família ser brutalmente assassinada por um ser desconhecido faria?”, perguntou a criatura.

“Esse menino foi uma exceção, ele atirou-se contra você.”, disse Morgana.

“Exato. A mente de um homem mais velho é previsível, tola, egoísta e presa ás complicações de uma metódica linha de raciocínio que o leva a ser lento em suas reações. Uma criança é completamente diferente, vi muitas crianças recuarem contra duas paredes para chorarem, gritarem e espernearem antes de receberem seu fim. Mas este garoto, ele é diferente. Sua essência o diferencia dos demais.”, disse a criatura.

“Você matou crianças? O que é você?”, perguntou Morgana, falsamente horrorizada.

Instantaneamente, a criatura sombria avançou sobre o anjo e, antes mesmo que ela tivesse alguma reação, a lâmina retorcida já estava tocando seu pescoço.

“Não se esqueça de que estamos na mente do garoto, então não seja hipócrita e não minta para mim como se eu fosse alguém inferior a você! Você não dá a mínima para quem vive ou morre, tudo o que faz centra-se em seu desejo irrefreável por tomar o lugar de sua irmã, então não seja falsa novamente.”, ameaçou a criatura, falando de forma que Morgana pudesse sentir a cólera de sua raiva em sua voz.

Morgana permaneceu em silêncio, ainda incapaz de reagir e á mercê da vontade da criatura, que ainda posicionava sua lâmina no fino pescoço do anjo.

“Não me orgulho de ter matado inocentes crianças, mas é a minha natureza, minha busca. E minha busca acabou me levando a este garoto. Seu nome real jamais será conhecido, sua infância jamais será relembrada e sua família jamais terá sua marca na história, mas ele ainda deve servir a seu propósito.”, disse a criatura, afastando a espada de Morgana e recuando com um salto rápido para trás.

“Você tem um nome?”, perguntou Morgana.

“Nome? Por que prender-se a um costume tão corriqueiro dos humanos como o nome, minha cara? Eu sou a escuridão, eu sou as trevas, eu sou a noite eterna.”, disse a criatura, com os olhos vermelhos ainda mais vibrantes que anteriormente.

Pela primeira vez em muito tempo, Morgana sentiu medo. O mais sincero e involuntário sentimento. O anjo temia que sua mente fosse igualmente invadida pelo ser que estava diante dela, ser que ela ainda não sabia dizer se era alguém real dentro do imaginário de Kyle ou se era somente a manifestação de alguém ainda mais forte. Morgana torceu os lábios e suspirou, mas ao tentar se afastar de Kyle para quebrar a conexão, o garoto inconscientemente livrou-se das afrouxadas amarras mágicas e segurou as mãos de Morgana em sua cabeça, impedindo-a de deixar sua mente.

O sorriso maligno de Kyle, embora não pudesse ser visto por Morgana, demonstrava o controle da criatura sombria sobre o garoto. O anjo caído tinha apenas uma saída. Saída da qual ela jamais desejara considerar.

Morgana precisava diminuir o controle da escuridão sobre Kyle, mesmo que isso custasse sua sanidade, o anjo sabia que se passasse mais tempo na mente do garoto sua mente teria o mesmo destino da de Kyle.

Em meio ás ruelas e becos de uma cidade desconhecida, Morgana buscou afastar-se da criatura das trevas e correu na direção oposta dele, sem um rumo exato. A criatura gargalhou de forma assustadora e sua silhueta se dissipou em uma fumaça negra. Morgana procurava alguma maneira de fazer Kyle despertar e se livrar do controle imposto pelas trevas, mas ela nem sequer sabia onde estava indo. Horrorizada com o que via, Morgana impressionou-se com a força da escuridão de Kyle, pois ele não possuía memória alguma de seu passado. Tudo o que via era morte, um memorial borrado e lições de esgrima de Kyle com seu pai quando era uma criança.

“Hahahahaha... Continue correndo, meu anjo. Mais rápido! Ver você correndo perdida por entre a escuridão é como ver um pequeno rato passando pelos corredores apertados de uma parede antes de cair em uma armadilha mortal. Algo que me dá muito prazer em assistir. Vamos! Continue! Hahahahaha!”, gargalhava e escarnecia a voz da criatura sombria que ecoava por toda a mente de Kyle, mas sem uma origem definida.

“Kyle! Pela luz e pela bondade que há em você! Eu imploro! Desperte-a! Faça vir a luz!”, rogava Morgana, antes de ser cercada por um redemoinho de fumaça negra que, conforme se aproximava do anjo, invadia sua mente.

Kyle, que ainda segurava as mãos de Morgana contra sua própria cabeça, ouviu de alguma forma as preces do anjo ressoarem por seu subconsciente e viu, ali, uma fagulha que pudesse despertá-lo. Morgana perdia sua força aos poucos conforme a escuridão se apossava de forma violenta de sua mente, mas antes que o processo pudesse se completar, o redemoinho negro foi varrido por um vento lateral forte seguido de pequenas partículas de areia. Em questão de segundos, a cidade deu lugar a um deserto com um brilhante sol. A escuridão dissipara-se e, ao longe, a voz da litomante soando uma linda e suave melodia carregou Morgana de seu aprisionamento trevoso e, antes que o anjo pudesse se dar conta do que estava acontecendo, a conexão foi rompida.

Ao despertar, Morgana notou que estava deitada de barriga para cima e sentindo o leve calor da lamparina vindo da sua esquerda, o anjo viu Kyle de pé, apontando Coldfate para baixo e sentindo a gélida ponta da lâmina espetar o espaço entre seus seios. O semblante do garoto adquirira uma palidez mortal, seus olhos descarregavam sobre Morgana uma raiva incontida e seu pulso direito apertava com força a empunhadura de sua espada.

“O que você fez comigo?”, perguntou Kyle.

“Algo que eu não devia ter feito.”, respondeu Morgana.

“Responda minha pergunta, caralho!”, bradou Kyle, contendo seu ansioso pulso direito para que não perfurasse o peito de Morgana.

“Sua escuridão. Você... você está fadado a ser escravo das trevas.”, disse Morgana, arfando de medo.

“Não sou esc...”, disse Kyle, segurando sua fala por um momento, pois não queria mentir para o anjo.

“Sua luz é fraca, seu espírito é um mero aprendiz e aquele que fez isso com você virá alguma hora reclamar seu débito. Você não tem escolha.”, disse Morgana.

Sentindo que as palavras de Morgana poderiam ser a verdade, Kyle recuou com sua espada dando dois passos para trás e abaixou sua cabeça, desanimado. Porém, sentindo dentro de si o mesmo que sentira quando se ergueu para enfrentar Lissandra ao se ver quase congelado pela feiticeira gélida, Kyle ergueu sua cabeça á medida que Morgana se levantava.

“Você está mentindo. Eu sempre terei uma escolha.”, disse Kyle.

“Sabe que não pode fugir disso, o trabalho desse necromante ou seja lá o que ele for está em sua mente, e fugir da própria mente é algo impossível para um mero ser humano.”, disse Morgana.

“Não sou de fugir. Se me conhecesse bem, saberia disso.”, afirmou Kyle.

“Hmm... Isso é o que o tempo dirá.”, disse Morgana, virando as costas para Kyle, tentando causar a impressão de que estava para partir.

“Espere! Você veio aqui por um motivo, para tirar algo de minha mente que achou ser fácil conseguir, mas não esperava pela barreira das trevas que encontrou. O que queria?”, perguntou Kyle.

“Isso está fora de questão.”, disse Morgana.

“Vire as costas para mim de novo e verá minha espada sair pelo seu peito, maldita!”, ameaçou Kyle.

“Quer que eu o mate?”, perguntou Morgana, semicerrando seus olhos e fazendo uma careta desagradável para o garoto, que estava virando o jogo.

“Achou que eu estivesse totalmente alheio á sua bagunça em minha mente? O que há entre você e sua irmã? O que aconteceu para que tivesse que vir até mim para me usar como um peão em suas maquinações?”, perguntou Kyle, aproximando-se de Morgana com espada em punho.

“Você não dá a mínima, essa é sua escuridão falando. Não você.”, disse Morgana.

“Se fosse minha escuridão, você estaria morta. Ou pelo menos com uma espada atravessada em seu peito, pois não sei ao certo se isso te mataria. Agora me responda.”, disse Kyle.

Vendo que Kyle falava sério e que o garoto estava disposto a ir até o fim com a situação criada, Morgana percebeu que não tinha mais outra forma de responder ao garoto.

“Minha irmã é uma tirana, usurpadora do poder do meu povo e, acusando-me falsamente de traição e abuso de poder, baniu-me para longe de minha terra, condenando-me a viver aqui.”, desabafou Morgana.

“Hmm, sei... Ela era a tirana?”, perguntou Kyle, com um forte tom irônico em sua voz.

“Não ouse debochar de mim, garoto!”, disse Morgana, enraivecida.

“Então seja direta! O que queria comigo?”, perguntou Kyle.

“Eu o vi em Noxus, vi do que é capaz de fazer, vi o que Swain fez a você, mas o fato de todas as personalidades mais importantes daquela cidade fedida se interessar por você era o que me intrigava. Você claramente é mortal com sua espada e escudo, sua raiva seria capaz de coloca-lo em combate contra cem homens e ainda assim venceria. Acredito que és obviamente páreo para um anjo guerreiro.”, disse Morgana, sorrindo com o canto de seus lábios.

“Não sei de onde você veio, não conheço muito sobre sua raça angelical e tampouco as intrigas de estado que possa haver entre vocês, mas tenha certeza de que não há nada nesse mundo que me faria servir aos seus interesses.”, declarou Kyle, abaixando sua espada e virando seu olhar para Piltover, iluminada no horizonte da longa planície.

“Ousa ir contra minha vontade?”, perguntou Morgana.

“Se não fosse pela minha luz, você seria escrava de uma escuridão que jamais conseguiria suportar, mas se deseja tanto me submeter, então terá de me matar primeiro. Caso contrário, tomarei meu caminho.”, disse Kyle, virando-se para Morgana com um olhar penetrante que transbordava raiva.

Morgana perdera de vez a paciência com o garoto e lançou novamente sua magia de amarras mágicas contra Kyle, buscando paralisá-lo mais uma vez. O garoto foi mais ágil e desviou da singularidade com um rápido salto para a direita, girando seu corpo para o ponto inicial de deslocamento, Kyle ficou de frente para Morgana, pronto para desferir um golpe certeiro no anjo, mas ao vê-la balançando seus braços para cima e depois na sua direção, o garoto recuou e esperou pelo ataque. Sob os pés de Kyle, o chão de terra batida rapidamente morrera e tornou-se uma pequena área amaldiçoada, como a superfície de um pântano venenoso. Preparado para tal artimanha, Kyle pulou para fora da área morta de forma meio desajeitada, caindo sobre os cotovelos e encerrando o movimento com um rolamento, deixando-o sobre o pé esquerdo e o joelho direito, sem tirar os olhos de Morgana.

Abismada com a agilidade de Kyle, Morgana considerava a opção de concentrar suas forças em fugir do garoto, mas sua ganância era grande demais para que ela cedesse á tal alternativa. Procurando uma brecha para investir contra o anjo, Kyle via-se mais em um duelo de astúcia e inteligência do que de combate físico propriamente, movimentando-se cuidadosamente em torno de Morgana de forma que ela não pudesse se descuidar nem por um segundo. Quando Kyle notou que o anjo permaneceria na defensiva, ele fez um movimento com o braço esquerdo, devolvendo o escudo ás costas. Era a janela de tempo que Morgana queria.

Após arquear o corpo por meio segundo, Morgana soltou um grito de estourar os tímpanos e esticou-se, levitando a alguns centímetros do chão e conjurando uma corrente mágica entre ela e o garoto de forma instantânea. Naquele momento, Kyle tentou avançar até Morgana, mas a corrente não tinha como objetivo prender Kyle, mas drenar a energia de sua alma. O anjo caminhava lentamente até Kyle, que já não mais conseguia ficar de pé e estava quase desfalecido. Com um sorriso perverso e lentos passos sobre a terra batida, Morgana cada vez mais sugava de Kyle sua força vital, algo que a revigorava e a dava uma sensação inebriante de poder. Ao ficar a um palmo de distância de Kyle, Morgana abaixou-se para tocar o garoto, caído de barriga para baixo, com o intuito de encerrar o processo e roubar a alma do garoto por completo.

“Como você mesmo disse... Terei de te matar primeiro.”, sussurrou Morgana.

Mas Kyle ainda não estava pronto para partir.

Concentrando toda a força que ainda lhe restava em seus braços, Kyle ergueu seu tronco com o braço esquerdo e, empunhando Coldfate com a mão direita, o garoto passou a espada por baixo de seu tronco rapidamente, dando impulso no braço esquerdo para virar de barriga para cima e acertou um golpe de espada certeiro em Morgana. A espada gélida penetrou o anjo na altura das costelas e, completando o negligente movimento do garoto que não tinha mais forças para manter a cadência, rasgou todo o organismo de Morgana até sair pelo seu baço á sua esquerda, derramando uma assustadora quantidade de sangue que instantaneamente manchara sua longa saia violeta com o vivaz tom de escarlate.

Horrorizada e com muitas dores, Morgana interrompeu a ligação e falhou em drenar Kyle por completo, recuando para trás de forma desajeitada.

“Miserável! Amaldiçoado seja você, seu humano medíocre!”, urrava Morgana entre seus gritos de dor e desespero, enquanto tentava de alguma forma parar o sangramento.

Kyle sentiu sua alma retornar por completo e, junto com ela, sua força para se reerguer. O garoto lentamente levantou-se e caminhou lentamente até Morgana, que acabou caindo para trás, amedrontada com a aproximação do garoto, que parecia estar determinado a mata-la.

“Você sangra... Então você morre.”, sussurrou Kyle, conforme se aproximava cada vez mais de Morgana.

Sabendo que era inútil implorar por sua vida, Morgana pôs-se de joelhos e ergueu sua cabeça, aguardando sua iminente execução. Kyle ficou diante dela e ergueu sua espada, pronto para o movimento final, mas ao olhar para o rosto pálido de Morgana e seus esvoaçantes cabelos violetas, o garoto virou o rosto para Piltover e sorriu.

“Você estava realmente errada, eu sempre terei uma escolha.”, disse Kyle, limpando o sangue de sua espada na bainha do vestido de Morgana e a devolvendo á bainha.

Estranhando toda aquela situação e incapaz de entender o ato de compaixão do garoto, Morgana intrigou-se.

“O que... O que está fazendo?”, perguntou Morgana.

“Não sou escravo de minha escuridão, tenho poder para decidir sobre o que fazer e pelo que lutar. Não cabe a mim julgar você, seus problemas são com o seu povo, sua raça, não comigo.”, disse Kyle.

“Então me abandonará para morrer aqui?”, perguntou Morgana.

“Se você morrer, será por opção unicamente sua. Você é um anjo, pode sair dessa tranquilamente, mas o sofrimento é a única punição que posso impor a você por tentar tirar minha vida. E saiba que eu a valorizo muito para mantê-la.”, disse Kyle.

“Ele encontrará você um dia.”, disse Morgana, ofegante.

“Que ele venha e faça o que tem de ser feito, até lá, seguirei meu caminho.”, disse Kyle, recolhendo do chão a lamparina e virando-se na direção Piltover.

“Adeus, Kyle.”, disse Morgana, com um resquício da elegância de um anjo que ainda lhe restava.

“Adeus, Morgana.”, respondeu Kyle, abandonando o anjo sobre o sangue que dela escorria e sem olhar para trás.

Á frente de Kyle, o garoto tinha uma longa planície que o separava de Piltover, caminhada que se transcorreu de forma tranquila. Conforme se aproximava da Cidade do Progresso, a terra batida da planície deu lugar a longos hectares de gramados que eram usados em sua maioria para a pecuária. Ao chegar ao enorme arco de entrada da cidade, Kyle respirou fundo e deu seus primeiros passos em Piltover conforme o céu negro da noite dava lugar ao tom acinzentado da manhã que desabrochava ao leste por trás da linha do horizonte no Mar do Guardião. O garoto esperava encontrar respostas na cidade que sempre admirou nos livros que lera.

Mal podia suspeitar que sua vida mudaria no dia que despontava.

 

CONTINUA...


Notas Finais


Após sobreviver á temida Noxus, Kyle finalmente chega no destino desejado: Piltover. O garoto que tanto busca revelar o próprio passado mal sabe o que o aguarda...

Próximo Capítulo: Devon Ilario (Devon Ilario)


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