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História L Amore Improbabile - LXIV - Abbiamo iniziato bene


Escrita por: BuutNath

Notas do Autor


Oie meus amores. Vamos a mais um capítulo?
Espero que gostem.

Qualquer erro corrijo depois.

Boa leitura!

Capítulo 66 - LXIV - Abbiamo iniziato bene


Fanfic / Fanfiction L Amore Improbabile - LXIV - Abbiamo iniziato bene

POV Lauren

Camila parecia surpresa e posso dizer que ela também estava surpresa por estar ali. Quando a convidei para jantar, não pensei no lugar em que a levaria. Camila era uma mulher simples apesar de ser uma modelo famosa e reconhecida. Ela não aparentava gostar de lugares caros e luxuosos, mas meu amigo Rick me convidou para a inauguração de uma parte nova de seu restaurante e eu resolvi unir o útil ao agradável.

– Eu não sabia que você gostava de lugares como esses. – ouvi Camila comentar ao meu lado e desviei rapidamente minha atenção da ruiva que nos levava até nossa mesa.

– E não gosto. – Camila franziu o cenho ante a minha resposta.

– Então por que estamos logo no… – a modelo olhou em volta buscando algo que revelasse o nome do restaurante.

– Meu amigo está inaugurando uma parte nova hoje e eu meio que juntei o nosso encontro à inauguração. – sorri de maneira sapeca. Camila soltou uma risada e assentiu. – Por quê? Não gostou? – perguntei preocupada. Ela sorriu e balançou a cabeça negativamente, na hora me desesperei. – Não gostou? Camz, nós podemos ir pra outro lugar se você…

– Eu adorei! – ela me tranquilizou e trouxe uma de suas mãos até minha bochecha acariciando de leve. Camila aproximou seu rosto do meu e eu logo fiz um bico pensando que ganharia um beijo, mas o que ganhei foi uma frase sussurrada que me deixou extremamente envergonhada. – Só não sabia que eu era uma Jauregui. – disse com um pequeno sorriso nos lábios. Eu queimei de vergonha.

– É, que… E-eu… Rick ele é meio… – Camila gargalhou com o meu nervosismo e beijou a ponta do meu nariz carinhosamente.

– Relaxa! Não achei ruim, muito pelo contrário. – foi a minha vez de sorrir. – Mas ainda para deixar bem claro pra você, eu gostei do sobrenome, mas ainda não sou uma Jauregui, ok? – ela fingiu cara de brava e eu rapidamente assenti, sem deixar que o sorriso sumisse dos meus lábios.

– A mesa de vocês, senhoras Jauregui. – a ruiva indicou uma mesa para dois que ficava em um ambiente tranquilo e até romântico do restaurante. – Logo, logo o garçom vem tirar o pedido de vocês. Sintam-se a vontade. – agradeci com a cabeça e puxei a cadeira para Camila que rolou os olhos.

– Camz! – Camila sentou-se na cadeira que era para mim e me fitou com cara de paisagem.

– Não somos namoradas e sim amigas, ou seja, nada de puxar cadeira para mim. – abri a boca, incrédula.

– Mas…

– Mas nada, Lauren. Sente-se! – indicou a cadeira a sua frente. Soltei um suspiro frustrado e me sentei a sua frente. – Excelente! O que iremos jantar? – perguntou pegando o cardápio que a ruiva havia deixado sobre a mesa.

E ali iniciamos nosso primeiro encontro. Camila parecia relaxada e descontraída. Não demorou menos de cinco minutos para que o garçom praticamente brotasse ao nosso lado retirando nossos pedidos. Enquanto eu conversava com Camila sobre o que fiz com Henry durante a tarde, meu amigo e o chefe do restaurante, Rick Willians, apareceu para nos cumprimentar e agradecer nossa presença em sua inauguração do novo espaço. Ele nos acompanhou em uma taça de vinho que ele mesmo sugeriu e logo se retirou dizendo que precisava agradar outros convidados.

A conversa com Camila fluía bem. Ela parecia outra pessoa e eu estava adorando conhecer mais a fundo a mulher por quem eu havia me apaixonado. Pelo brilho no olhar dela, posso dizer que ela também estava adorando aquele recomeço. Nada parecia forçado e as coisas aconteciam no tempo certo. Estávamos nos descobrindo aos poucos. Era uma sensação incrível poder olhar para ela e saber que se tudo corresse como estava correndo, logo estaríamos juntas.

– Eu sonhava em ser atriz antes de seguir a carreira de modelo. – Camila comentou quando iniciamos uma conversa sobre nossos sonhos de infância. – Quis por quis ir para Los Angeles fazer testes para trabalhar em algum filme, mas por obra do destino, minha amiga Marielle foi e eu fiquei porque minha nota em álgebra havia sido baixa e meu pai não me deixou viajar. E lá se foi o meu sonho de ser atriz. – ela disse fazendo uma carinha triste, eu gargalhei. – Você ri porque não foi o seu sonho destruído por conta da matemática. – ela murmurou tristonha. Quis levantar e agarrá-la tamanha sua fofura naquele instante.

– Oh, Camz! Não fica assim. Você é melhor como modelo, sabia? – tentei consola-la, mas acabei piorando a situação. Camila cerrou os olhos em minha direção e bufou.

– Era melhor ter ficado calada, Jauregui. – ela bufou novamente me fazendo rir. Levantei as mãos em rendição e retomamos nossa conversa.

Camila falou um pouco mais sobre seus sonhos de infância e sobre o quanto era estabanada na época de colégio. Tive curiosidade em saber como sua família entrou nos Estados Unidos e Camila me arrancou lágrimas quando contou a história. A história de perseverança da família Cabello me deixou ainda mais encantada pela modelo.

– Minha vida só passou a ser fácil depois dos meus nove, dez anos. – Camila disse pensativa. Ela tomou um gole do vinho em sua taça e sorriu para mim. – Acho que a parte mais engraçada da minha vida foi quando eu resolvi sair de casa para seguir meu sonho de ser modelo. – a encarei com curiosidade. – Minha irmã tinha quatro anos na época e nós éramos muito apegadas. Eu tinha conversado com meus pais uma semana antes da viagem para Nova York, mas não tinha conversado com a minha irmã ainda. Pra falar a verdade, eu não tive coragem de me despedi dela. – Camila comentou e logo em seguida soltou uma risada. Eu estava cruzei os braços sobre a mesa super interessada em sua história. Eu sempre me interessaria pelas coisas que a envolviam. – Na noite que antecedia a minha viagem, eu fui até o quarto dela e passei longas horas brincando de boneca com ela. – eu assenti e Camila sorriu emocionada parecendo se lembrar daquele momento que narrava. – Eu disse baixinho para ela que iria ter que sair no dia seguinte e que iria demorar um tempo para voltar. – alcei as sobrancelhas quando vi suas lágrimas descendo. Estiquei o braço e peguei o guardanapo que estava na mesa ao lado. – Obrigada! – Camila limpou as lágrimas sem estragar sua maquiagem. Esperei até que ela se recuperasse para continuar a contar a história. Camila bebeu um longo gole de água e prosseguiu. – Lembro-me de segurar o choro por todo o momento em que fiquei brincando com ela. Quando eu disse que iria sair no dia seguinte e que demoraria a voltar, Sofia me perguntou se eu estava abandonando ela. – ela sorriu, mas um sorriso triste. – Eu me senti muito mal quando ela perguntou aquilo, Lauren.

– Mas você não estava abandonando ela. – eu disse o óbvio.

– Sim, mas Sofia tinha quatro anos e éramos super apegadas. Eu nunca saí e a deixei para trás. Mesmo que eu fosse passar a noite na casa de uma das minhas amigas, eu tratava de não demorar muito a voltar para casa no dia seguinte. – foi ali que eu entendi o tanto que Camila era apegada a família e o motivo que a prendeu por tanto tempo em um casamento onde ela não era mais feliz.

– Você é muito apegada a sua família, não é? – Camila sorriu e assentiu com a cabeça.

– Sempre fui! Quando eu tive que sair e deixar minha irmãzinha para trás… – Camila suspirou profundamente e fungou. – Foi uma das piores sensações da minha vida. – eu assenti, estendendo minha mão sobre a mesa para pegar a sua. – Mas a parte engraçada foi que quando eu estava para embarcar no avião, escutei meu nome ser chamado nas caixas de som do aeroporto. – eu franzi o cenho quando vi seus lábios se curvarem em um sorriso. – Fui até o guichê da companhia aérea e tomei o maior susto quando vi meu pai com Sofia nos braços. – arregalei os olhos surpresa com sua revelação. Camila gargalhou. – Ela segurava um de seus bichinhos de pelúcia e tinha os olhos banhados em lágrimas. Mesmo atrasada para embarcar, eu não pude deixar aquela cena de lado. Eu a peguei no colo e a ninei até que ela parasse de chorar. Meu pai ficou louco, pois a cada segundo meu voo era anunciado e eles falavam que era a última chamada para embarque e tal. – Camila começou a rir como se aquilo realmente fosse muito engraçado. Eu estava tensa com aquela história, enquanto ela gargalhava. – Por fim, faltando segundos para encerrarem o embarque, Sofia aceitou voltar para os braços do meu pai e me entregou a pelúcia dizendo que ela me protegeria até que eu voltasse para ela. Claro que chorei rios. – ela disse pegando sua taça e tomando um gole do vinho.

– E você embarcou? – eu perguntei exasperada.

– Embarquei. Depois daquela despedida e tendo meu bichinho de pelúcia protetor, eu embarquei tranquila. Cheguei à Nova York com um sorriso enorme e com a sensação de que estava flutuando. No aeroporto de Miami eu me sentia pesada, mas depois que Sofia me deu “permissão” para viajar, eu me tranquilizei e dediquei toda minha atenção ao trabalho. – ela finalizou a história deixando uma lágrima descer novamente.

– Uau! Isso foi…

– Emocionante. – completou em voz alta o que eu estava pensando. Eu assenti e ela sorriu. – Mas foi engraçado ver o desespero do meu pai, ver a cara de aflição do moço da companhia aérea. Foi divertido. – eu neguei com a cabeça enquanto Camila sorria. – Ah, Lauren! Confesse que você achou engraçado.

– Engraçado? Camz, você quase não embarca e você quer que eu ache engraçado? – ela deu de ombros como se aquilo não fosse nada. – Se você perdesse aquele voo, talvez hoje você não fosse Camila Cabello. Já parou para pensar nisso? – perguntei no exato momento em que o garçom nos serviu o prato principal.

Ele serviu Camila que lambeu os lábios devorando a comida com os olhos. Eu tive que me segurar para não rir. Agradeci ao garçom que se afastou rapidamente deixando-nos as sós de novo. Camila pegou seu garfo e apanhou uma boa quantidade do prato servido. Seus olhos castanhos brilhando enquanto ela mastigava com gosto a comida.

– Está divino! – ela disse limpando o canto da boca com o guardanapo antes de tomar um gole de água. – E sim! Eu já parei para pensar nisso, mas era minha irmã, Lauren. Eu não me sentiria bem se viajasse sem me despedir, de fato, dela. – disse voltando a devorar seu prato.

– Entendo! A julgar pelo que disse agora, você não conseguiu se despedir dela na noite antes da viagem, não é? – Camila assentiu sem desviar os olhos do prato.

– E eu nem poderia, não depois de ouvi-la dizer aquilo. Preferi deixar para lá e continuei a brincar de boneca como se não tivesse comentado nada sobre viajar. – eu assenti, finalmente abocanhando um pouco do que havia pedido. – Mas enfim… Fale-me sobre você. – voltei minha atenção aos olhos castanhos que me encaravam com certo brilho. – Eu já sei como virou fotógrafa, como ficou famosa e como conheceu a Emma, mas não sei muito sobre sua infância, sobre seus gostos quando criança. – eu corei e desviei os olhos para o prato querendo me esconder.

Não seria nada legal contar a ela que eu era uma nerd viciada em gibis e jogos. Camila iria rir de mim quando eu contasse sobre como era Lauren Jauregui na infância e parte da adolescência, e de fato, a modelo riu. Camila riu muito quando eu comecei a falar sobre a Lauren de anos atrás. A cada coisa que eu falava, ela gargalhava, e eu me encolhia na cadeira acolchoada. Eu estava mais vermelha que um pimentão, mas ao mesmo tempo, estava feliz por saber que de alguma forma eu consegui diverti-la mesmo que fosse contando a parte mais pavorosa da minha vida.

– E sua mãe não reclamou quando você colocou um pôster do Darth Vader na sua parede recém-pintada? – Camila perguntou chocada quando eu disse que coloquei na parede recém-pintada do meu quarto um pôster gigantesco do meu “ídolo”.

– Ah! Ela resmungou por alguns dias, mas ficou de boa depois. – Camila negou com a cabeça ainda chocada com o fato de dona Clara ter aceitado aquilo. – Eu era uma fanática por ele e minha mãe sabia, acho que ela não quis estragar minha alegria. – comentei devorando minha sobremesa.

– Ah não sei. Eu acho que se fosse eu, estragaria a alegria do Henry. – neguei com a cabeça, gargalhando alto. – O que foi?

– Você? Logo você falando isso? – Camila deu de ombros antes de responder.

– É claro! Eu não deixaria nem morta meu filho colocar um pôster de um personagem feio daqueles na parede recém-pintada. – eu gargalhei novamente. – Lauren!

– Camila, você é trouxa demais pelo seu filho. – vi suas bochechas ganharem uma tonalidade avermelhada.

– Ele é meu filho. – ela murmurou envergonhada.

– Sim! E é exatamente por isso que você deixaria Henry colocar o que quisesse na parede sendo ela recém-pintada ou não. – disse deixando a modelo sem palavras. – Eu disse! – Camila bufou e me jogou uma bolinha de papel me fazendo rir.

E nós continuamos nos conhecendo um pouco mais em meio a conversas, risadas e implicâncias. Camila sempre que tinha oportunidade zoava minha fase geek e eu implicava com seus gostos musicais durante a adolescência. Estávamos de fato parecendo melhores amigas ali. Passei aquele encontro inteiro sorrindo. Meu coração parecia estar em uma rave de tanto que pulava no peito. Sempre que Camila sorria ou me encarava com mais intensidade, ele disparava martelando com força em meu peito. Agradeci a todos os deuses possíveis por terem transformado aquele primeiro encontro em uma coisa leve.

Depois do jantar e de muita conversa, convidei Camila para dar uma volta para que eu pudesse aproveitar um pouquinho mais de sua companhia. Durante nosso passeio, descobri um pouco mais sobre os gostos da modelo. Camila gostava de músicas com letras românticas, era apaixonada por bananas e qualquer coisa que fosse feita da fruta, adorava ler e era fã de Ryan Gosling, além ser extremamente viciada em Friends. Ela me zoou quando eu disse que era fã da saga Star Wars, mas eu ri bastante dela quando a mesma disse que podia não entender nada sobre super-heróis, mas que desenhos da Disney ela sabia absolutamente tudo. Chegamos a uma espécie de canal com um ambiente bem agradável. Um pouco longe de nós havia alguns bancos e espaços para crianças brincarem onde alguns pais acompanhavam seus filhos e até mesmo passeavam com seus cachorros. Parei ao lado de Camila que encarava a água do rio correr tranquilamente pelo canal. Ela suspirou alto atraindo minha atenção.

– Está tudo tão perfeito que eu tenho medo de acordar e perceber que foi tudo um sonho bom. – ela murmurou baixo. Eu sorri e a abracei de lado.

– Confesso que também tenho esse medo, mas o que me garante que é real é poder sentir seu calor, ver seus olhos e seu sorriso, e poder admirar sua beleza. – Camila me encarou surpresa e encantada. – Isso me faz ter certeza que nosso recomeço é real. – beijei sua testa com carinho voltando a encarar a água.

Camila não desviou os olhos do meu rosto e ficou me encarnado por longos minutos. Eu não senti vergonha de ter seus olhos presos em mim por tanto tempo, pelo contrário, me senti extremamente bem. Ter Camila perto de mim me fazia bem, me fazia muito bem. Depois de me analisar, Camila desviou os olhos para a água novamente e suspirou abrindo um pequeno sorriso. Percebi ali, quando seus músculos relaxaram e seu sorriso se abriu, que ela estava feliz por me ter por perto novamente.

– Eu estou gostando de escapar um pouco da realidade.

Escutei sua voz baixa e voltei meus olhos para ela com curiosidade. Franzi o cenho e logo tive sua atenção voltada para mim novamente. Camila sorriu e acariciou meu rosto antes de desviar o rosto encarando a água como se ela fosse mais interessante do que eu.

– Escapar um pouco da realidade? – Camila deu de ombros e soltou uma risadinha. – Tá ai! Eu também estou gostando.

A modelo concordou e sorriu abertamente para mim. Seus olhos brilhavam tanto que senti minhas pernas tremerem. Ela despertava coisas inexplicáveis em mim e eu não conseguia parar de desejar sentir mais daquelas coisas.

– Estar com você me faz reviver a velha Camila, entende? – escutei Camila dizer encarando de forma distraída, o movimento da água. Seus olhos se voltaram para mim e eu assenti. – Eu adorava quando estávamos no flat porque lá eu era a verdadeira Camila. A mídia me transformou em uma mulher fechada, forte e séria demais, sendo que eu nunca fui assim. Mas com você… – ela sorriu suspirando. – Com você eu sou livre. – fechei os olhos sentindo minhas bochechas esquentarem. Camila gargalhou e beijou meu rosto antes de virar-se novamente.

– De agora em diante, se depender de mim… – comecei, recebendo novamente os olhos castanhos presos em mim. – Você será a verdadeira Camila para sempre. Eu não quero mais esconder o que sinto por você. – Camila suspirou. – Sei que estamos começando de novo, que estamos indo devagar, mas eu não posso mentir mais sobre gostar de você e te querer única e exclusivamente para mim. – ela sorriu e assentiu.

– Eu sei e confesso que adorei ouvir isso. – beijei sua testa a abraçando apertado. – É bom te ter de volta. – ela sussurrou contra meu pescoço e eu senti como se meu coração fosse sair saltitando por ai.

Passamos mais algum tempo ali conversando e admirando a noite. Quando notei que estava mais do que atrasada para buscar Henry e as gêmeas na casa de Verônica, corri até o restaurante para pegar meu carro enquanto Camila devorava uma torta holandesa que uma senhora nos ofereceu no caminho de volta. Dentro do carro, a caminho da casa de minha assessora, Camila e eu fomos cantando alegremente e até mesmo discutindo quem era melhor. Chegamos a brigar quando escolhi escutar os Beatles e a modelo Alejandro Sanz. Por fim, Camila decidiu que era hora de desligarmos o som do carro e conversarmos sobre desenhos e depois disso, nós não brigamos mais.

Estacionei o carro em frente a minha antiga casa e buzinei atraindo atenção de Francis que assistia algo em sua pequena TV. Ele praticamente saiu correndo da guarita e abriu os portões. Pedi que ele cuidasse de Camila enquanto eu buscava os pequenos no interior da casa. Assim que entrei na grande sala de estar, estranhei as luzes apagadas, o silêncio e uma luz baixa vinda do corredor. Rolei os olhos pelo ambiente e segui para o corredor. Escutei alguns gritinhos animados e adentrei em uma sala que antes era usada para guardar coisas do estúdio, mas que agora era uma espécie de cinema particular. As grandes almofadas jogadas sobre colchões fofos que forravam o chão acolhiam com conforto cinco corpos. Lucy estava na lateral esquerda e Vero na direita, e entre elas, as três crianças que assistiam ao filme com atenção. Encostei-me na porta e fiquei observando as crianças e o “casal” assistir o filme. Amber gritou animada quando o filme acabou. Maya sugeriu que eles assistem a outro filme e eu tive que intervir. Acendi as luzes atraindo atenção deles.

– MAMA! – minhas pequenas gritaram juntas, saltando das almofadas e correndo até mim. Abaixei-me para recebê-las. Henry levantou-se sonolento e sorriu para mim.

– Oi, meus amores. – abracei minhas filhas. Maya escondeu seu rostinho em meu pescoço e Amber deitou sua bochecha sobre meu ombro. – O que aconteceu, sereias? – perguntei, acariciando as costinhas das minhas filhas.

– Nós estávamos com saudade, mama. A senhora demorou. – Maya murmurou abafado e eu sorri.

– Mama foi levar a tia Camila para jantar. – expliquei o motivo de minha demora e minhas filhas assentiram. – Tudo bem com você, da Vinci? – perguntei quando o garotinho se aproximou. Ele coçou os olhos e assentiu bocejando. – Sono, rapazinho? – Henry assentiu jogando-se em mim pouco se importando com as gêmeas. Olhei para Vero que sorria.

– Tudo bem! A tia Verônica já entendeu que vocês preferem a Lauren, mas será que vocês podem pelo menos se despedirem antes de irem? – perguntou arrancando risadas de Amber que se desvencilhou de mim e correu até ela. Henry rapidamente tomou seu lugar.

Demoramos pouco mais que dez minutos para que as crianças se despedissem de Verônica e Lucy, e para que Vero me entregasse alguns documentos e cheques relacionados à exposição para assinar. Peguei Henry e Maya nos braços e pedi que Vero levasse Amber, já que minha filha estava agarrada a ela como um bebê coala. Chegamos ao carro e eu escutei risadas vindas tanto de Camila quanto de Francis. O porteiro sorriu, e quando viu que eu estava com duas crianças nos braços, ele abriu a porta traseira para mim. Abriguei Maya em sua cadeirinha e coloquei Henry ao seu lado. Prendi seu corpinho com o cinto e peguei Amber dos braços de Vero. Assim como a irmã e Henry, minha pequena também estava mais dormindo que acordada. A coloquei na outra cadeirinha e me despendi do “casal”, Vero e Lucy, antes de entrar no carro.

– Não sabia que elas tinham voltado. – Camila comentou sem tirar os olhos de Vero que abraçava o copo de Lucy por trás.

– Nem eu! – disse arrancando-lhe risadas.

Liguei o carro e buzinei antes de sair do jardim da casa. O caminho até a casa da modelo foi tranquilo. Fomos o caminho inteiro conversando baixinho sobre nossos filhos e sobre o quanto éramos trouxas por eles. Eu ganhava no quesito trouxesse, pois além de ser uma bobona pelas minhas filhas, eu era uma frouxa por Henry. Quando parei em frente à casa da modelo, um sentimento de tristeza me atingiu com força.

– Não quero deixá-la ir. – Camila sorriu acariciando meu rosto.

– Eu não estou indo para sempre, nós ainda vamos nos ver. – eu suspirei tristonha.

– Gostou do nosso primeiro encontro? – perguntei, desviando o assunto. Camila sorriu e assentiu.

– Amei! Foi ótimo! – sorri piscando um olho para ela. – Pena que acabou. – fiz uma carinha frustrada e ela sorriu.

– Nos vemos amanhã? – perguntei esperançosa.

– Queria, mas não vai dar. – arregalei os olhos. – Tenho que ir a Paris a trabalho. – eu murchei na hora. – Não fica assim, eu volto. – armei um bico. – Lolo, por favor. – neguei e emburrei como uma criança mimada. Camila gargalhou e me puxou para um abraço. – Prometo que quando eu voltar, a primeira coisa que eu vou fazer, depois de ver meu filho, é ir ver você. – a encarei com desconfiança. – Eu prometo, de dedinho. – ela mostrou o dedo mínimo e eu sorri.

– Ok! Quando volta?

– Daqui duas semanas. – arregalei os olhos novamente, sentindo uma saudade antecipada.

– Vou sentir tanto sua falta. – ela sorriu e desatou o cinto.

– Eu também, mas podemos nos falar por FaceTime. – sugeriu como solução e eu meneei a cabeça. – Tenho que ir, Lo. Vai mesmo passar a noite com Henry? – perguntou olhando para o banco de trás onde o filho dormia tranquilo.

– Claro! Amanhã o deixo na escola e… Quem vai buscá-lo e ficar com ele enquanto está fora? – Camila hesitou um pouco ante de falar.

– O pai. – ela disse baixo. Eu assenti sentindo um pequeno desconforto.

Eu sabia que era ridículo da minha parte sentir ciúme de Camila com Zayn ou de Henry com o pai, afinal, Zayn era pai dele e estaria sempre com a modelo e com o filho, mas eu não conseguia controlar. Era automático. Camila pareceu notar meu pequeno desconforto e inclinou-se para mim pegando meu rosto entre suas mãos. Pensei que ela fosse me beijar, mas quando seus lábios estavam bem próximos dos meus, Camila virou meu rosto e beijou minha bochecha por longos segundos. Fechei os olhos para desfrutar mais do carinho.

– Hora de ir. Vejo você em duas semanas. Cuide bem do meu filho. – pediu e eu assenti. – Te amo. – ela murmurou sem voz quando já estava fora do carro. Foi impossível não sorrir largo.

– Eu te amo. – também me declarei, mas diferente dela, eu disse em voz alta. Camila sorriu e virou-se para seu prédio. Eu suspirei apaixonada vendo minha modelo sumir por entre as portas de vidro de seu prédio. – É! Agora somos só nós quatro. – disse para as crianças adormecidas. – Ou melhor, só você e eu carrinho. – acariciei o volante antes de arrancar com o carro para longe dali.

Duas semanas depois

– Acho que a gente pode colocar uma foto aqui. – apontei a única parte vazia em todo aquele espaço.

Estávamos na galeria reservando os espaços para as telas. A exposição seria dali a três semanas e eu não estava me controlando de tanta ansiedade. Já havia se passado duas semanas desde que vi Camila pela última vez. A saudade estava correndo meu peito, mas sempre que ela podia, nós nos falávamos por FaceTime ou por ligação. Minhas surpresas em relação a ela entraram em hiatos, mas as que ela planejou para mim começou no dia seguinte de sua partida para Paris. Lembro-me de chegar ao estúdio no dia seguinte ao nosso jantar e encontrar um embrulho lindo. Quando abri o embrulho, eu quase caí para trás. Era uma câmera canon com um laço vermelho ao amarrado ao redor da objetiva e do anel de focalização.  No cartão, Camila dizia que era a vez dela de me surpreender.

Depois daquele presente, a cada dia que passava durante aquelas duas semanas, eu comecei a receber presentes e mais presentes. O último foi um álbum de veludo com as minhas inicias na cor dourada. A primeira página já tinha uma foto nossa e aquele presente se tornou o meu preferido.

– Vero, vem cá! – minha assessora parou ao meu lado e sugou um pouco de seu chá gelado pelo canudinho atraindo meu olhar.

– O que? – ela me encarou despreocupada enquanto eu a encarava.

– Nada! – balancei a cabeça afastando alguns pensamentos e voltei minha atenção à parede vazia. – O que acha de uma tela bem aqui? Não precisa ser do tamanho das outras, mas uma…

– Já até sei qual colocar. – franzi o cenho e me virei para Alycia que havia se manifestado. A fotógrafa me encarou sorrindo.

– Qual? – Alycia fingiu fechar a boca como se fosse um zíper e piscou. A encarei incrédula arrancando risadas de Eliza e Vero. – Verônica! – minha assessora levantou as mãos em rendição.

– Eu adorei a ideia, mas não acha que vai ficar muito cheio o ambiente? – ela olhou as placas que demarcavam onde as telas ficariam. Olhei ao redor e neguei.

– Não! Vai ficar perfeito, mas… – me virei para Alycia novamente que folheava uma revista. – Qual foto? – a fotógrafa me olhou sorrindo.

– Desista, Lauren. Eu não vou te contar. – eu bufei e me virei para a parede vazia.

Peguei uma placa em branco e anotei que ali ficaria uma foto. Posicionei a plana na altura certa e quando me afastei, eu sorri já sentindo a ansiedade aumentar. A cada dia que passava minha ansiedade aumentava e nada do que eu fazia diminuía aquela sensação. Alycia e Eliza iniciaram uma conversa com Vero sobre alguma coisa enquanto eu percorria os três ambientes da galeria me certificando de que todos os espaços estavam reservados. Keana estava organizando a parte burocrática e sorriu para mim quando me viu. Ela estava no bar conversando com o barman sobre os drinks que iríamos servir no dia da exposição. A mulher do Buffet chegou em Keana que sorriu toda simpática. As coisas entre nós estavam mais amenas e ela pareceu entender que eu era apaixonada por Camila. Acho até que ela seguiu em frente, mas aquilo não era da minha conta.

Voltei ao andar onde Vero e Alycia estavam e não me surpreendi quando as vi rindo de algo que Eliza contava. A loira se mostrou ser uma comediante. Me meti na conversa sem pedir permissão e logo estava rindo com elas. Tentei, mais uma vez, arrancar de Alycia qual foto ela achava perfeita para colocar no espaço que estava em branco, mas não consegui. Quando estávamos saindo, senti uma presença atrás de mim e me virei arregalando os olhos. Meu coração disparou, minha boca secou e minhas mãos começaram a tremer. Lá estava ela, exibindo um largo sorriso. Ela estava tão linda vestindo aquele vestidinho rodado como se fosse uma colegial.

– Oi! – sua voz soou tão mansa e calma.

– Camz! – Camila sorriu e me chamou. Eu praticamente corri até ela, agarrando seu corpo com firmeza. – Eu senti tanta saudade. – Camila aconchegou-se em meu corpo e sorriu contra meu pescoço.

– Eu também, mas agora eu estou aqui. – eu a abracei com mais força. Escondi meu rosto em seu pescoço aproveitando a oportunidade para inspirar seu cheiro. – Como você está? – ela segurou meu rosto e me analisou.

– Estou bem e você? Está linda! – elogiei aproveitando o contato e beijei seu nariz com delicadeza. Camila comprimiu os olhos me arrancando algumas risadas. – Quando chegou? – soltei seu corpo, mas entrelacei nossas mãos.

– Agora! – sua voz sou divertida me deixando surpresa. – Passei em casa para deixar as malas e corri para cá. Liguei para o estúdio, mas ninguém atendeu. – olhei para trás procurando Vero que mexia distraída no celular. – Ela me avisou que vocês estavam aqui e eu resolvi vim te ver, afinal, te prometi que faria isso quando chegasse. – eu sorri concordando.

– É você prometeu e… cumpriu. – murmurei baixinho, ainda desacreditada que ela estava mesmo ali. – E o da Vinci?

– Colégio! Já, já vou buscá-lo. – assenti buscando as horas no relógio. – Vou levá-lo para almoçar e matar um pouco da saudade. Quer ir com a gente?

Não tinha como recusar aquele convite, tinha? Claro que não. Assenti com a cabeça sem pensar duas vezes. Camila sorriu e beijou minha bochecha. A modelo me questionou sobre o motivo de estarmos todas ali ao invés de estarmos no estúdio e eu logo a expliquei que estávamos selecionando os lugares para as telas e dividindo os espaços. Camila ficou empolgada quando comecei a falar sobre a exposição e ali perdemos bons minutos conversando sobre os planos para aquele projeto.

No caminho até o colégio de Henry, Camila questionou-me sobre os presentes que enviou durante aquelas duas semanas e me perguntou qual eu mais gostei. Óbvio que falei o álbum, mas não pude deixar de destacar meu favoritismo pela câmera que ganhei no primeiro dia desde sua ida para Paris. Abri o porta-luvas e tirei de lá o presente que ela havia me dado. Camila ficou espantada quando viu a câmera e me perguntou o porquê de eu guardá-la ali. Ela chegou a pensar que eu fiz pouco caso do presente, mas após ouvir o motivo, ela sorriu e por fim me deu um selinho. Não sei em que momento aconteceu ou o que deu na cabeça dela, mas enquanto eu estava distraída com o transito carregado nas proximidades da escola de Henry, Camila começou a tirar fotos minhas. Tentei evitar, mas Camila fez beicinho e eu trouxa como era por ela, deixei-a continuar.

– Vou querer revelar todas essas fotos para que eu possa guardá-las comigo. – ela disse assim que desligou a câmera e a guardou novamente.

– E você vai mesmo fazer o curso de fotografia?

Camila suspirou e deu de ombros. Ela virou-se para mim com um pequeno sorriso e ajeitou algo em minha blusa.

– Eu quero, mas não conheço nenhum bom. – estalei a língua recebendo seu olhar confuso.

– Você tem a melhor fotógrafa de toda a América bem do seu lado e está buscando um curso. Falo nada com você. – Camila gargalhou e empurrou-me com leveza.

– Lauren, você é uma mulher ocupada.

– Mas não tanto para deixar que você aprenda fotografia com outra pessoa. – disse fingindo estar séria. Camila ajeitou o cinto e virou-se de frente para mim.

– Você faria isso? – rolei os olhos. – Lolo, eu estou falando sério. Você faria isso? – andei alguns metros e logo parei no engarrafamento novamente.

– Mas é claro, Camz! Eu não seria louca de deixar você aprender fotografia com outra pessoa. – Camila sorriu divertida. – Tá! Talvez eu deixasse você aprender com Alycia ou com algum amigo meu, mas prefiro eu mesma ensiná-la. E ai, quando começamos? – perguntei, começando a me empolgar.

Camila começou a falar e falar, a planejar como seriam nossas aulas e pediu que eu a acompanhasse até uma loja especializada para que ela pudesse comprar tudo que precisava para começar o “curso” de fotografia comigo. Combinamos de começar na próxima semana já que o restante da que estávamos ela iria tirar para curtir a companhia do filho. Eu não a julguei ou reclamei, pois sabia o quanto era ruim ficar longe dos nossos filhos. Chegamos ao colégio do pequeno meia hora depois devido ao transito.

Assim que Henry viu a mãe, ele a agarrou e não quis mais largar. Nem me deu bola quando entrou no carro. Só não fiquei triste com a falta de carinho dele porque entendia a saudade que ele estava da mãe que havia passado duas semanas longe dele. Aproveitei que estava na escola e pedi alguns minutos para que eu pudesse dar um beijo nas minhas filhas antes de seguirmos para o restaurante onde almoçaríamos. Não pude levá-las comigo porque Emma disse que ambas tinham balé e que elas não podiam faltar mais. No restaurante, Henry voltou a me dar atenção e eu me senti incrivelmente feliz por estar com os Cabello’s ali.

A volta para casa foi ainda mais divertida. Fomos os três cantarolando músicas da playlist que havia preparado para andar de carro com as crianças. Camila parecia conhecer todas as músicas infantis que estavam na playlist. Quando Hatuna matata começou a tocar, o volume do carro foi às alturas atraindo alguns olhares das pessoas na rua.  

– HATUNA MATATA, É LINDO DIZER… HATUNA MATATA, SIM, VAI ENTENDER… – olhei pelo retrovisor e apontei para Henry. – VAI GAROTO! – Henry sorriu e…

– OS SEUS PROBLEMAS, VOCÊ DEVE ESQUECEER… – cantou me fazendo rir. Espiei Camila rapidamente e a encontrei encarando nossa interação com um sorriso aberto e contente.

– O que foi? – Camila negou com a cabeça e olhou para Henry que continuava a cantar sem prestar atenção em nós.

– É tão lindo essa interação, esse amor e carinho que rola entre vocês. Eu prefiro sempre ficar de fora observando e admirando esse encanto que rola quando vocês dois estão juntos. – corei violentamente e voltei minha atenção ao transito. Camila soltou uma risada e apertou minha bochecha me fazendo ficar ainda mais envergonhada. – Eu amo isso. – ela sussurrou e eu assenti.

E foi assim até chegarmos em sua casa. Deixei os Cabello’s em frente ao grande prédio combinando com Camila de buscá-la no domingo para passearmos no shopping com as crianças e para que ela pudesse escolher sua câmera para que na segunda começássemos o curso. Despedi-me de Henry com o nosso toque e um abraço apertado. A modelo pegou o filho com carinho e se despediu seguindo para dentro do prédio dando risadas das coisas que Henry falava. Encarei-me no espelho central e sorri para o meu reflexo. Eu estava radiante e a culpa era daqueles dois que haviam se despedido de mim, principalmente, dela. A culpa era dela por meu coração estar batendo acelerado, pelas minhas mãos estarem suando quase que 100% do tempo em que estamos juntas, pelo meu sorriso aberto, pelo brilho em meus olhos, e pela sensação de leveza e felicidade que sentia sempre que pensava nela. Eu, de fato, estava amando Camila Cabello e dessa vez, eu faria certo.  


Notas Finais


Nos vemos no próximo.
Sobre a mensagem que deixei na fanfic Vida de Esportista. Vou dar uma resposta rápida aqui... Os comentários de vocês me deixou com a cabeça pipocando de ideias. Pretendo sentar essa semana, de feriado uhuul, e escrever o que ando pensando. Pretendo colocar um pouquinho de cada coisa que me foi pedida. Espero que gostem.
Sobre L, nós estamos a sete capítulos do fim. Já estou chorando 😭

Nos vemos no próximo, anjinhos.
Beijos <3


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