História L' amour - You're just one more.

"Ela não mostrava que estava com medo

"Mas se sentir sozinha era demais pra suportar

Mesmo que todos dissessem que ela era forte

Eles não sabiam que ela mal conseguia continuar" 

– A Little Too Much.

O fim de semana chegou rapidamente e eu agradecia por isso. Não aguentava mais meus pensamento agonizantes sobre como Matteo poderia estar naquela casa praticamente sozinho, sem alguém para se distrair e conversar. Ele nunca foi de ter muitos amigos, apenas os de escola e meu coração apertava em pensar nele tão triste. Eu ainda não contei a ele que viria hoje, estava ansiosa para vê-lo logo.

Eu havia chegado agora em Madrid. O avião acabou de pousar mesmo. Eu não carregava nenhuma mala, não pretendia ficar, queria voltar hoje mesmo se tudo desse certo. Estava apenas com a minha bolsa e uma blusa de frio amarrada em minha cintura, além do copo de café do Starbucks do aeroporto em minhas mãos. Meu cabelo estava preso em um coque frouxo e me parecia levemente calor em Madrid.

Eu estava a espera de um táxi, enquanto não aparecia algum por ali, eu fiquei sentava.

— Olha, não imaginava te ver por aqui — Escutei uma voz familiar e senti meu estômago se revirar dentro de mim — Seu namoradinho não veio junto? — Abraham pergunta.

Primeiramente me pergunto como ele se quer sabe, mas ai lembrei das minhas fotos com Julian no Twitter semana passada.

— Não acho que isso seja da sua conta — Eu disse finalmente me virando pra ele.

— Ah, então é verdade! — Ele solta uma risada — Ah Luna, continua tão ingênua.

— Eu não sou obrigada a ficar aqui escutando você, Abraham — Eu disse me levantando.

— Até quando você acha que esse joguinho vai em Luna? — Ele pergunta — Julian Draxler? Ele é um jogador jovem e habilidoso, tem uma carreira promissora como jóia da seleção alemã. Ele pode ter a garota que quiser na hora que quiser. E você é só... — Ele me analisou e riu — Você.

— E eu acho que isso basta pra ele, caso contrário não estaria comigo. Você não sabe nada sobre a gente. Você não deve se meter aonde não é chamado, Abraham! — Eu disse começando a ficar com raiva.

— Ele vai se cansar de você logo, ou você acha que ele realmente gosta de você? Você é apenas um passatempo, Luna. Você é bonita e nova, é carne nova pra ele. Mas você é uma garota tão simples, não é ninguém. Ele sabe que pode ter modelos ainda mais belas, garotas do nível dele, só está com você até que se canse e ai vai te trocar como ele provavelmente já fez com várias. Aliás, você mais do que ninguém sabe a fama que um jogador de futebol tem. Você é só mais uma — Ele diz.

— Cala a boca e vai embora agora, Abraham — Eu disse tentando manter a calma.

— Mas olha, eu acho que você consegue tirar um aproveito nesse tempo que vocês estiverem juntos. Afinal essa fui sua intenção, não é? Se jogar nos braços do primeiro cara rico que aparecesse. Você pode conseguir uma boa grana com isso, você foi esperta — Ele ri batendo palma.

— Eu não preciso do dinheiro dele. Nunca dependi de ninguém e eu não sou suja e baixa como você, eu nunca faria isso — Eu disse e ele ergueu as sobrancelhas.

— Ok — Ele ri — Nosso papo estava ótimo, mas eu preciso mesmo ir. Então, quando for chutada pelo jogador e quiser conversar, sabe aonde me encontrar — Ele diz e sai.

Fechei os punhos suspirando fundo. Eu queria tanto dar uns tapas nele. Eu me sentia ofendida e confusa. Nunca me aproximaria de Julian com a intenção de tentar pegar seu dinheiro, nunca precisei disso e nunca faria isso com ninguém, realmente não sou suja como ele. As palavras dele me machucaram de verdade e me deixando confusa, muito confusa. Não acredito que Julian seja desse tipo de pessoa, ele é tão honesto, carinhoso e amoroso, foi por tantas qualidades que me apaixonei por ele. Mas numa coisa Abraham tinha razão, eu não sou ninguém, eu sou uma garota simples ainda correndo atrás de seus sonhos, eu trabalho em uma escola simples de Paris e não tenho nenhuma beleza exagerada, Julian é tão incrível, tão talentoso que talvez mereça alguém melhor que eu. E eu tenho medo de pensar nisso, eu o amo demais para pensar na possibilidade dele com outro alguém que não fosse eu.

Suspirei mais uma vez limpando uma lágrima quente que insistiu em cair. Eu não queria parecer uma fraca, mas aquilo me deixou mesmo mal e me odiava por isso. As palavras dele não tinha que ter efeito sobre mim, não mais, e mesmo assim doía.

Entrei num táxi que apareceu aqui rápido e dei o endereço da casa de Sandra. Eu preciso pegar Matteo e sair de Madrid o mais rápido possível. E só de pensar que ainda tenho que lidar com Sandra, eu já suspiro exausta. O caminho durante a casa é silencioso e curto, então eu pago a viagem e desço do carro. Caminhei até a porta e toquei duas vezes a campainha.

— Senhorita, Luna. Como é bom vê-la — Rosa diz sorrindo agradável.

— Eu digo o mesmo, Rosa — Eu forcei um sorriso.

— Entre — Ela me da espaço — Veio visitar seu irmão, sim?

— Uh, sim. Ele está? — Eu pergunto.

— No quarto dele. Fique a vontade — Ela fala.

— Obrigada — Eu disse novamente forçando um sorriso.

Comecei a subir as escadas rapidamente e logo virei no corredor. Abri a porta do quarto de Matteo e vi ele sentado em sua mesinha, colorindo um desenho qualquer.

— Psiu! — Eu chamei sua atenção.

Ele finalmente me olhou e vi seus olhinhos tristes brilharem. Ele largou o que estava fazendo e veio em minha direção, pulando em cima de mim. Sorri com o pequeno pendurado em meu pescoço e me levantei ainda com ele meu colo.

— Que saudade, meu amor — Eu sussurrei sorrindo, agora verdadeiramente, mesmo que ainda estivesse chateada.

— Lu, não acredito que você está aqui — Ele diz e beija várias vezes minha bochecha, me fazendo rir — Vai me levar embora?

— Não exatamente — Eu disse me sentando em sua cama e deixando ele no meu colo — Mas você irá passar algumas semanas comigo, o que acha?

— Eu vou pra sua casa? — Ele sorri pra mim e eu assinto, passando a mão em seu cabelo liso — Eu quero. Quero muito, Lu!

— Que bom, amor — Eu beijei a testa dele sorrindo.

— Aonde você mora? — Ele me olhou curioso.

— Logo logo você descobre. Mas eu acho que vai gostar — Eu disse.

Ele ia falar alguma coisa, mas a porta foi aberta por Sandra. Ela me olhava com irritação nos olhos e estava diferente, com seu cabelo tingindo de loiro.

— O que você está fazendo aqui? — Ela pergunta.

— Matt, vai tomar um banho, amor — Eu disse e meu irmão assentiu, correndo pro banheiro.

Quando escutei o registro do chuveiro ligar, fechei levemente a porta do banheiro e me virei pra mulher em minha frente.

— Não me respondeu — Ela disse.

— Eu vim ver meu irmão, cuidar dele, já que alguém aqui não faz isso — Eu disse — Sandra, o que acha que está fazendo com o Matteo? Ele é só uma criança, precisa de amor e atenção.

— Ah querida, por favor, eu não tenho tempo pra isso. Tenho coisas mais importantes pra fazer — Ela diz rindo sem humor.

— Mais importante que seu próprio filho? Pelo amor de Deus, como você é fútil, egoísta e mesquinha — Eu disse.

Ela veio em minha direção e segurou forte em meu braço. Sentia suas unhas afundando em minha pele e sabia que aquilo ficaria bem marcado depois.

— Eu não gosto que fale assim comigo, garota — Ela fala.

— Eu acho que já te disse que não tenho medo de você, não é?! — Eu disse — Eu vim buscar o Matteo. Ele vai passar um tempo comigo.

— O que? Mais não vai mesmo — Ela me soltando rindo, mas meu braço continuava dolorido.

— Eu não estou te pedindo, Sandra. Eu estou te comunicando — Eu disse dando os ombros.

— Eu não acredito que está cada vez mais esperta, Luna — Ela diz rindo — Pena que não foi antes, não é querida? Poderia ter cuidado melhor do seu namoradinho.

— Eu não me importo mais com isso — Menti.

— Ok — Ela ri.

— O que você tem contra mim? Eu não entendo — Eu disse estreitando os olhos.

— Eu nunca gostei de você, garota. E isso nunca vai mudar. Você quase destruiu minha carreira e não é mesmo bem-vinda — Ela disse entredentes. Novamente sentia meus olhos marejados, doía escutar aquilo da minha própria mãe — Eu já perdi tempo demais com você, tenho compromisso agora. E quer saber?! Pode levar aquela coisa com você, estará me fazendo um favor.

Ela ajeitou sua postura e me olhou uma última vez antes de sair do quarto. Um soluço preso saiu da minha garganta, mas tratei de limpar as lágrimas rapidamente. Eu odeio tanto esse lugar e as pessoas daqui. Eu só quero ir embora e voltar logo pra Paris, ao lado das pessoas que me quererem bem.

Respirei fundo e continuei o que tenho que terminar pra sair logo daqui. Peguei uma mala pequena que estava em cima do armário do Matteo e coloquei roupas dele lá, não sabia quanto tempo exatamente ele ficaria comigo, mas coloquei bastante. Após isso, peguei a documentação dele.

— Está tudo bem por aqui? — Rosa pergunta entrando no quarto.

Ela me olhava com preocupação, ou apenas pena, e eu não gostava daquilo. Meus olhos provavelmente estavam vermelhos assim como a ponta do meu nariz, denunciando que eu havia mesmo chorado.

— Está sim, Rosa — Tentei um sorriso, mas falhei — Você sabe se está tudo certo com o passaporte do Matteo?

— Está tudo certo, senhorita Luna. Chegou semana passada — Ela diz sorrindo.

— Obrigada — Eu disse colocando os documentos do meu irmão em minha bolsa — Eu vou levar ele comigo por algumas semanas, ok?

— Dona Sandra concordou com isso? — Ela pergunta surpresa.

— Até parece que ela se importa com o Matteo — Eu ri sem humor — Eu não pedi à ela, só comuniquei. Matteo vai comigo pra França.

— França? — Ela arregalou os olhos.

— Sim. Não se preocupe, vou cuidar dele — Eu disse e ela sorriu.

— Eu sei que vai, querida — Ela diz calma — Bem, vou preparar algo pra vocês comerem antes de partir.

— Obrigada, Rosa — Sorri leve.

Deixei a mala do Matt no canto do quarto junto com a minha bolsa. Matteo logo saiu do banho, então eu o ajudei a se vestir com uma roupa bem quentinha, por que apesar do leve calor aqui, em Paris está congelando.

— Aonde você mora? — Matteo pergunta, enquanto eu fecho os botões da sua camisa.

— Paris. Gosta? — Perguntei e vi ele sorrir.

— Lá é lindo. Vamos mesmo pra lá? — Ele pergunta.

— Sim. Lá é mesmo incrível, eu acho que você vai gostar — Eu disse sorrindo pra ele, então beijei sua testa.

— Eu vou morar com você? — Ele pergunta.

— Se tudo der certo, vai sim meu amor — Eu disse e ele sorriu — Vamos descer?

— Vamos!

Peguei minha bolsa e a mala do Matteo, então descemos. Deixei tudo na sala e fomos até a cozinha. Matteo comeu pouco, não estava com muita coisa. Eu apenas tomei um copo de leite por insistência de Rosa, não queria mesmo qualquer coisa daquela casa.

— Jair vai levar vocês ao aeroporto — Rosa disse.

— Tudo bem. Obrigada — Sorri.

Seu Jair colocou a mala do Matt no carro e eu peguei minha bolsa, então entramos no carro. Peguei meu celular e vi uma mensagem do Julian, enviada à alguns minutos.

Drax: Tá tudo bem por ai?

Não estava tudo bem. Eu ainda me sentia mal por tudo que escutei de Abraham e Sandra. Por que eles tem que me fazer tão mal?

Me: Estou com Matteo. Já estamos voltando pra França.

Drax: Eu vou treinar agora, mas mais tarde vou pra sua casa.

Me: Ok, amor. Boa sorte!

Drax: Obrigado, meu amor. Boa viagem!

Sorri leve e guardei novamente meu celular. Olhei pro Matt, enquanto ele jogava qualquer jogo no seu tablet, totalmente distraído. Passei minha mão em seu cabelo e ele me olhou sorrindo, seus olhos brilhavam e eu estava feliz por ele finalmente estar seguro comigo.