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História La Guerre pour toi - Tortura


Escrita por: Elis_Giuliacci

Notas do Autor


Voltei, pessoal!

Esse capítulo encerra a segunda fase da história.
A partir do próximo estaremos entrando na terceira e última.

Peço que leiam com atenção.
Regina começa a narração e intercala com Emma a cada grupo de asteriscos ( *** )

Desde o início eu venho dizendo que a minha intenção era fazer uma história que fosse bem próxima da realidade. Porém, o que eu sei é a realidade dos livros e, por mais que eu pesquise e que me torne uma "expert" no assunto, não poderei jamais chegar perto do que foi, de fato, estar dentro de uma guerra como foi aquela, ver e sentir a experiência de quem passou por isso.

Agradeço a Morphodidius por ter ajudado no processo de criação do capítulo. Tanto nas ideias iniciais, quanto no andamento do texto. Eu confesso que buguei para escrever e ela me ajudou muito durante as nossas conversas. Obrigada!

Quando terminarem passem pelas Notas Finais que continuamos o papo.

Deixem para me matar depois. Apenas segurem seus nervos e leiam o capítulo!

Capítulo 22 - Tortura


Estava dormindo. O cansaço havia tomado meu corpo de uma tal forma que até esqueci que estava presa. De repente uma portinhola na parte de baixo da porta se abriu e passou por ali um prato quadrado de alumínio amassado com um pedaço de pão e uma caneca. Fui até lá e conferi o que era. Pão e água. Pão mofado e água suja. Conseguiria comer aquilo? Não. O pão cheirava muito mal, mas não tanto quanto a água. Se não tivesse passado pelo chuveiro daquele lugar poderia jurar que era água de esgoto, fedia bem mais que o pão. Deixei tudo como estava lá mesmo. Afastei-me da porta e continuei deitada tentando aquecer-me enrolada em mim mesma. Eu não sei quanto tempo fiquei trancada ali depois que recebi as boas-vindas de Elsa. Horas ou de um dia para outro. Não sei. Só via escuridão, sentia frio e meu corpo dolorido. Pensei em todas as pessoas mais próximas da minha vida. Repensei sobre todas elas novamente. Reproduzi seus rostos na minha mente em uma tentativa desesperada de sorrir imaginando que estivessem bem.

A porta da cela se abriu e um soldado entrou apressado indo até onde eu estava. Eu não tive tempo para acostumar-me com o clarão do corredor, ceguei-me com a luz, mas logo o capuz entrou cabeça abaixo para deixar meus olhos protegidos. Será que deveria agradecer por isso? Melhor não. Talvez o que viesse a seguir teria um significado maior e os agradecimentos seriam desperdiçados.

Caminhei mais do que o normal. Percebi que saímos do prédio e atravessamos os cascalhos novamente. Andei bastante e não poderia imaginar que aquele lugar era mesmo grande daquela maneira. Não chovia. Ouvi cães latindo distantes e, de repente, tão perto que quase poderia sentir abocanhar-me as pernas. A vigilância naquela área era maior, isso eu tinha certeza. Logo os cascalhos foram deixados para trás e parecia que agora caminhava sobre o cimento até que paramos. Uma porta foi aberta e outra mão segurou-me o braço puxando-me para frente.

A porta atrás de mim fechou-se e meu capuz, enfim, foi retirado. Uma sala. E uma sala bem decorada, eu tinha que admitir. Talvez itens roubados de alguma família judia, os alemães era mestres na arte de furtar o que não lhes pertencia. Parada diante de mim a enfermeira que conduziu meu banho antes da tortura. Será que seria torturada naquele lugar? Não havia sentido nisso, mas eu descobriria em seguida.

Aquela mulher estranha não disse muita coisa. Apenas entregou-me uma toalha felpuda, grande e grossa. Eu não entendi. Olhei aquilo e tentei imaginar o porquê.

- A banheira está pronta. Vá e tome banho.

Era tudo muito estranho. Onde eu estava? Por que estavam fazendo aquilo?

Não sei. Obedeci.

Uma sala de banho impecável, com louça fina, espelhos gravados, madeira talhada. Uma banheira grande com torneiras de cobre e que estava cheia de água quente! Regina, acredito que tenha chegado sua hora de morrer. Era tudo muito gratuito e generoso, existia alguma coisa errada que eu ainda não compreendera. Fui retirando os trapos que me vestiam e entrei na banheira. Demorei um pouco para acostumar-me com a temperatura, mas logo senti-me à vontade ali dentro. Mesmo alerta, pude desfrutar do que aqueles imundos estavam oferecendo. Sais de banho, colônias. Era tudo perfeito demais. Demorado demais. A enfermeira não interveio nem um momento para que eu saísse rápido dali. Foi tudo no meu tempo. Tomei um banho demorado. Assim notei que meus ferimentos estavam maiores do que imaginava. Meus joelhos sangraram um pouco durante o banho e as extremidades dos meus dedos dos pés e das mãos estavam roxas. Meus braços tinham as marcas dos dedos de todos que levaram-me para lá e para cá.

Saí da banheira, enxuguei-me naquela toalha macia e perdi-me por um segundo. Estava agradável, não poderia negar, mas meu medo crescia à medida que o tempo passava. O que aconteceria comigo?

A porta se abriu. A enfermeira entrou trazendo nas mãos a maleta de primeiros socorros. Era mais do que eu poderia esperar, dessa forma eu tive certeza que chegara a hora da minha morte. Com tanto cuidado, Elsa estaria preparando minha cova enquanto a enfermeira limpava e curava os ferimentos dos meus joelhos. Ela não disse nada enquanto fazia aquilo, eu também não me atrevi a perguntar nada.

- Venha. - levantou-se e saiu da sala de banho e eu a segui ainda enrolada na toalha. Passei pela saleta de onde havia entrado e atravessamos um pequeno corredor que dava para um grande e luxuoso quarto.

Não demorou muito para que eu entendesse onde estávamos. Eram os aposentos de Elsa. Havia um uniforme sobre a poltrona ao lado da grande cama que estava por fazer. Cortinas que vinham do teto ao chão. Um aparador que continha várias garrafas de muitas bebidas. Uma mesa posta. Café, suco, pães, bolos e outras coisas que não consegui identificar.

- Sente-se e coma. - a enfermeira disse aquilo e ficou olhando para mim. Eu olhei para aquela mesa e voltei os olhos para ela. Eu não entendia. Aquele pequeno banquete era para mim? Ela insistiu mais duramente - Sente-se! Coma logo!

Tudo bem, mulher estranha. Fiz tudo o que ela disse, mas não dirigi nenhuma palavra à ela. Ao sentar-me à mesa um arrepio forte subiu-me pela espinha e eu tive medo de comer ou beber qualquer coisa daquela fartura. Veneno? Não duvidava de nada, mas a mulher aproximou-se e parou olhando-me raivosa para que eu seguisse em frente.

- Coma!

E eu servi-me daquela mesa. Suco de laranja, torradas com geléia de morango. Estava muito bom! Pão francês com queijo e café preto. Meu estômago não aceitou muita coisa, o suficiente para que eu ficasse desperta e sentindo-me melhor do que antes naquela cela. Logo que coloquei a xícara de café na mesa senti minha cabeça pesada. Bem, Regina, você sabia que poderia acontecer algo estranho depois daquela refeição. Postei as duas mãos na mesa para apoiar o corpo que já ficava sem firmeza e olhei para a enfermeira.

- Pronto. Agora terminem o serviço.

           

***

 

Elsa havia conseguido me pegar. Sexto sentido? Talvez. Eu preferia dizer que a capitã era o próprio demônio feito mulher com poderes sobrenaturais que conseguia o que queria e quando queria. Era uma definição bem surreal, mas a verdade era que Elsa tinha uma predisposição para sentir quando algo não estava andando conforme ela gostaria. E se isso acontecia, ela sempre dava um jeito de colocar as coisas nos eixos em seu benefício. Então, eu estava ali presa à uma cadeira estranha cheia de tiras de couro com fivelas para todos os lados. Eu estava completamente amarrada. Imobilizaram minhas pernas, meus braços, meu tronco e minha cabeça. Não era a mesma cadeira da sala onde fui pega, essa agora tinha rodas e era maior. A sala também era diferente. Uma saleta com tapete, cortinas, plantas. Uma decoração bem feita. Não me lembro de como fui parar ali. Eu despertei já estava presa.

Um perfume familiar veio-me às narinas e meu corpo inteiro estremeceu. Era o perfume de Elsa. O coração aos poucos acelerava e minhas mãos tremiam e suavam. Tentei olhar para os lados, mas não conseguia, minha cabeça estava presa com uma tira de couro na testa e, por mais que eu me esforçasse, só conseguia machucar os pulsos e os tornozelos. Eu ainda estava vestida com o uniforme da enfermagem, mas as pistolas haviam desaparecido das minhas pernas, não conseguia senti-las nas cintas.

Uma outra enfermeira surgiu da esquerda que, pelo meu ângulo, parecia um corredor. Ela veio e colocou-me um capuz na cabeça, ao menos na parte da frente onde as amarras não atrapalhariam. A cadeira se moveu. Aquela mulher estranha empurrava a cadeira com dificuldade, bem devagar. Pouco depois parou e rapidamente retirou aquele tecido do meu rosto. Na minha frente, Elsa.

- Confortável, Emma? - sorriu para mim e voltou-se para a enfermeira - Dispensada. - a mulher baixou a cabeça e saiu. Aquele lugar estava escuro, eu não conseguia ver bem o que estava atrás de Elsa, mas senti cheiro de comida perto de mim.

- O que vai fazer? - retribui o sorriso - Vamos jantar?

Elsa revirou os olhos sorrindo como se sentisse um grande prazer ouvindo aquelas palavras.

- Penso que não seja uma boa hora para suas refeições, minha querida... Porém! - foi-se afastando dali e eu pude visualizar onde estávamos. Era o seu quarto.

Vi um armário grande e uma poltrona onde havia um uniforme. Vi um aparador com garrafas de uísque e vinhos. Um espelho estava do outro lado do quarto e podia ver um pouco de meu reflexo nele. Vi uma grande cama.

Regina?!

Elsa acendeu uma luz bem acima da cama e eu contemplei o corpo de Regina deitado naquela cama em lençois de seda brancos. A expressão "ser arremessada ao inferno" tinha o seu único significado verdadeiro naquele momento. Nem Dante Alighieri saberia descrever o inferno fielmente.

- Elsa! - gritei em desespero. A capitã estava bem próxima de Regina, ao lado da cama e observava a francesa ali deitada sem movimento algum - Elsa! O que vai fazer?!

- Ora, querida! Posso dizer que me senti profundamente magoada com a nossa última noite... - ela sentou-se na cama ao lado de Regina. Eu vi Elsa correr as pontas do dedos nos braços da morena e meu coração veio à boca. Eu não sabia como, mas eu tinha que me soltar daquelas amarraras de qualquer maneira. Comecei a agitar braços e pernas e Elsa foi frente - ... Emma, não faça isso... Vai se cansar e perderá o melhor da festa... - seus dedos passeavam no corpo de Regina. Ela estava enrolada em uma toalha branca, parecia fisicamente bem, mas não estava acordada. Não totalmente. Vez ou outra podia ver sua cabeça se mexer, mas ela não reagia mais que isso. A capitã, ao contrário, subia e descia suas mãos pelas pernas e tronco - ... É uma bela mulher, Emma... Eu sempre soube que seu gosto era refinado... - Elsa retirou seu quepe e colocou sobre o criado ao lado da cama e, agitou a cabeça até que seu coque desfez-se.

- Elsa, não se atreva!... - eu serrei meus dentes, e fiz mais força para soltar-me dali. Senti os pulsos arderem, mas eu não me importava com a dor. A dor em ver Regina pronta para ser atacada ali na minha frente era muito maior do que qualquer outra dor.

Elsa debruçou-se sobre o corpo de Regina e retirou a toalha lentamente. Deixou todo o corpo da morena à mostra. Eu vi rapidamente o braço dela se mover e depois uma das pernas, mas Elsa colocou-se sobre ela por completo. Elsa estava deitada sobre o corpo nu de Regina e eu estava presa à uma cadeira de tortura.

Tortura?! A cadeira não tinha nada a ver com tortura! Tortura era ver o que Elsa estava a ponto de fazer e eu não poderia impedi-la!

- Não, Elsa!... - meu choro veio como uma explosão, eu gritava e debatia-me a ponto de ficar sem ar. Mas a capitã ignorou qualquer apelo meu. Ela queira mais. Queria que implorasse e eu o fiz - ... Por favor, Elsa!... Eu faço o que você quiser!...

- Não, querida... Você não vai fazer o que eu quero... - ela debruçou-se sobre o corpo de Regina e aproximou-se do seu rosto - ... Regina vai...

 

***

 

Emma? Era alucinação ou eu estava ouvindo a voz de Emma?

Senti meu corpo dormente. Um vulto sobre mim, mas não conseguia definir quem era, estava tudo embaçado e não consegui mover meus braços. Estavam pesados demais. Tudo estava pesado demais. A cabeça, os braços e um corpo sobre mim.

- Emma? - consegui pronunciar seu nome, mas não tive uma resposta nítida. Havia alguém mais ali e estava gritando, mas eu não conseguia distinguir quem era.

- Sim, Regina... Sou eu... Emma... - aquela voz não parecia com a de Emma, mas eu apertei os olhos e tentei firmar a visão. Só consegui distinguir cabelos loiros e uma boca vermelha feito sangue.

Elsa.

Respirei fundo o máximo que pude. Tentei recuperar as forças, mas nada funcionava. Eu tentava erguer os braços, mas não conseguia. Aquela vadia havia colocado algo na comida. Não podia mover os músculos, não podia me mexer. Elsa estava sobre mim e sentia suas mãos apertando o meu corpo. Todo o meu corpo.

Novamente ouvi gritos. Era choro misturado com um apelo de dor, mas a voz estava longe, não poderia saber quem era. Tentei novamente respirar melhor, mas cortei o movimento quando senti a boca daquela mulher sugar-me os seios.

- Não... - minha voz era fraca, inútil. Eu tentava inclinar a cabeça na direção em que a voz gritava. Eu olhava, mas não enxergava. Uma mordida forte na barriga - Não... - meu braço esquerdo conseguiu ir até a cabeça de Elsa e agarrei seus cabelos com menos força que gostaria.

- Está gostando, querida?

Era ela mesma. Aquele tom entrava pelos meus ouvidos e nenhum paralisante impediria que eu soubesse quem era. Fechei os olhos. A vontade era sair do meu próprio corpo, ir para qualquer outro lugar que não fosse ali sob Elsa. Suas mãos apertavam minha coxas e eu não podia fazer nada.

Sim, podia fazer uma única coisa. Chorar.

- Deixe ela em paz! Elsa, por favor, não faça isso!...

A voz firmou-se em meus ouvidos. Emma? Era Emma!? Emma estava ali! Era ela quem pedia para que Elsa parasse. Como Emma estava ali dentro?

Agarrei os cabelos de Elsa como pude, puxei, mas ela segurou com uma das mãos. De repente senti uma estocada e perdi o ar. Prendi o ar. Olhei para o teto e minha visão ainda estava embaçada. Outra estocada e mais outra. Aquele mulher pavorosa estava dentro de mim e eu não podia fazer nada. A presença de Elsa era a ausência de mim mesma.

A partir do momento em que tomei consciência do que estava acontecendo, um desespero tomou conta da minha mente. Meu corpo não correspondia a estímulos, o que quer que tenha comido havia me deixado completamente impedida de reagir com meus músculos. A dor não era física. Isso já havia transcendido. A dor era na minha própria alma. Eu não conseguia reagir. Eu não conseguia sair dali. Por que as pessoas conseguem chegar a esse ponto de autoridade? Onde cabe tanta crueldade dentro de uma pessoa? Havia um ser sobre mim, invadindo-me e tomando posse do que não era seu, sem a minha permissão. E eu não podia fazer absolutamente nada.

Sim, eu queria fazer uma única coisa. Morrer.

 

***

 

- Não, Elsa, não... Por favor... - eu voltei há anos atrás quando Elsa quis afogar aquela moça no açude. Era aquilo que estava fazendo agora. Era meu pesadelo, de novo, virando realidade na minha vida.

Aquela violação não tinha medida. Não tinha cabimento. Elsa não tinha humanidade, era um ser desprovido de qualquer sentimento. Elsa era o demônio.

Eu vi Regina se mover e balbuciar coisas que não compreendi. Ela virou a cabeça para mim e eu não pude fazer nada. Ela tentou afastar Elsa, mas estava muito fraca para conseguir. Senti um gosto de sangue na garganta. Meus gritos já estavam roucos e doloridos demais.

Elsa usava Regina como bem queria e eu não poderia fazer nada presa naquela cadeira maldita! Maldita Elsa! Eu não tinha mais lágrimas e meus braços estavam amortecidos onde as amarras prendiam. Agitei-me até uma das rodas da cadeira se quebrar. Elsa não queria parar.

- Pare, Elsa!... - eu não queria parar de gritar, mas o ar faltava e eu não conseguia me soltar. De todas as torturas que passei nas mãos de Elsa, aquela era a pior de todas. Depois que esse quadro de terror terminasse ela poderia fazer o que quisesse comigo que não seria tão horrível quanto aquela cena que colocava-se diante de mim.

Elsa aproveitou-se como pode e como sabia. Eu via o rosto de Regina contorcer-se de pavor e nojo. Depois de um tempo seus braços estavam se movendo com mais facilidade, mas ainda não o suficiente para evitar que Elsa continuasse aquela tortura.

O refluxo veio fácil. Meu estômago estava repugnando-se com tudo o que meus olhos viam e meu coração sofria. O vômito veio de uma vez. Um jato amargo lançando tudo o que eu poderia sentir naquela hora. Perdi o ar. Prendi os dedos nas bordas dos braços da cadeira e coloquei toda a força que ainda tinha para uma última e frustrante tentativa de me soltar. Alguns dedos cortados na lataria. O sangue brotou, mas eu ignorei qualquer dor. Ignorava os sentidos. Eu queria sair daquele corpo inútil e avançar sobre Elsa com a minha alma e arrancá-la dali.

- Emma, você realmente tem bom gosto para mulheres. - as mãos de Elsa não tinham qualquer obstáculo que a impedisse de invadir minha francesa com tanta estupidez e crueldade. Minha francesa. Do que adiantava ser minha e eu não poder protegê-la? Quis rasgar minha própria carne. Quis quebrar aquela cadeira. Queria tirar Regina daquele desatino. Queria matar Elsa.

- Eu mesma vou quebrar o seu pescoço quando tiver a chance! - eu queria o sangue dela. Não mais pedi que parasse, só a faria continuar. Nem barganhar. Implorar era um prêmio para ela. Eu queria matá-la. De forma lenta e cruel. Eu abandonei meu corpo naquela hora. Soltei todo o ar que tinha nos pulmões prensados pelas amarras. Fechei os olhos.

- Emma?!... - ouvir meu nome daquela maneira foi como atravessar a lâmina de uma baioneta no meio do meu peito. Regina chamava por mim. Abri os olhos de novo. Agora eu compreendia o que ela estava dizendo. A francesa estava chamando por mim e eu não poderia fazer nada.

 

***

 

Emma estava presa. Agora eu podia ver com clareza. Emma estava naquele quarto vendo tudo o que acontecia comigo. E eu não podia impedir Elsa de continuar aquela tortura. Estava com músculos paralisados, drogada e quase inerte. Como Emma veio até aqui? E para quê?! Para me ver naquela situação?

Sentia a boca de Elsa entre minhas pernas e meus nervos enrijeceram. Eu gemi em um choro doloroso, era nojento, mas Elsa não parou. Ela entrava e saía de dentro de mim com brutalidade, com seus dedos pegajosos e sua boca mordia-me por todas as partes do meu corpo que ela podia alcançar. Era vergonhoso. A mulher que eu desejei para minha vida observando aquilo. De repente fui tomada por um calafrio. Pensei estar morrendo, era como se meu corpo estivesse desmanchando naqueles leçois. Não sentia nada. Não via nada. Queria que aquilo terminasse apenas. Voltei a cabeça para minha major e chorei olhando para ela presa àquela cadeira.

- Emma, por favor... - podia agora sentir minha voz mais firme. Eu olhei para Emma. Estava suja, suada. Chorava compulsivamente e parecia não olhar para mim. Seu olhar estava perdido em algum lugar. Eu queria pedir que fechasse os olhos e não olhasse aquilo. Eu não estava olhando mais. Eu não estava sentindo mais.

Depois de um tempo, parecia que todo aquele café que havia comido sairia a qualquer momento e isso fez com que eu me mexesse. Tentei erguer o tronco e quase consegui. Foi a única coisa que fez Elsa sair de cima de mim. Ela subiu o corpo, ajoelhou-se sobre mim apoiando-se com os braços na cama e encarando-me.

- O que é isso, judia? Tentando escapar de mim?

Eu puxei o ar. Consegui posicionar meu braço de forma curvada e depositei toda a força e empenho naquele movimento. Um tapa certeiro. Bem na cabeça daquela maldita. Elsa não esquivou-se, sentiu o baque, pois eu também senti o alívio do seu peso. Porém, eu ainda estava fraca, os movimentos voltavam devagar. Eu ainda era uma presa de Elsa. Virei a cabeça rapidamente para olhar mais uma vez para Emma e ouvia seus soluços.

Ah, Emma, não deveria ser assim.

 

***

 

Elsa sentiu aquele golpe.

Regina havia conseguido deixar a capitã irritada. Virou-se de uma vez sobre a morena e soltou um primeiro bofetão no seu rosto.

Era demais para meus ouvidos e meus olhos. Meus sentidos quebraram-se todos, não havia mais o que fazer para que eles recobrassem a sanidade.

Elsa espancou Regina.

Uma, duas, três vezes. Cada soco eu via a cabeça da minha morena balançar até que ficasse mole como se tivesse solta do corpo. Elsa apenas bateu. Não disse nada. Eu não via seus olhos, mas podia sentir o ódio queimando todo o seu corpo.

- Chega, Elsa! - eu precisava tentar para aquilo uma vez mais - ... Chega!

Ela parou.

Saltou dali e deixou a cama.

Avançou sobre mim com fúria e foi a minha vez de apanhar.

Sua mão já estava suja com o sangue de Regina. Seria o mais próximo que eu chegaria dela naquela noite. Elsa veio com todas as forças que tinha e desceu seu braço sobre meu rosto. Senti minha cabeça tremer. O pescoço doeu muito. Fechei meus olhos e serrei meus dentes.

- Olhe para ela, Emma! - gritou Elsa - Olhe para ela! - eu não acatei aquela ordem e levei outro bofetão. Em seguida, desamarrou minha cabeça e agarrou meus cabelos com força. Firmei os olhos nela e senti seu hálito gelado de morte - Olhe para aquela mulher, Emma! - enquanto falava sacudia minha cabeça - Olhe para Regina!... É a última imagem que vai ter dela! - soltou minha cabeça para desferir mais um soco. Senti o sangue descer pelo nariz e o gosto ficou ainda mais forte.

Elsa abaixou-se de modo que pode olhar na mesma linha dos meus olhos. Encarou-me por segundos e tinha os olhos vermelhos de ódio, eu podia ouvir sua respiração furiosa. Eu evitei ao máximo aquele olhar, mas não contive minha própria fúria. Cuspi. Uma escarrada única de sangue, vômito e lágrimas. Era o que eu poderia oferecer à capitã Elsa naquele momento.

Afastou-se de mim enquanto apanhava um lenço no bolso. Limpou a sujeira que eu fiz. Sorriu olhando o lenço sujo. Elsa respirou fundo e fechou os olhos. Estava exausta pelo esforço. Amarrou os cabelos e ajeitou o uniforme. Passou a mão pelo rosto e suspirou. Depois olhou para Regina.

- Guardas! - aquele grito fez com que aparecessem dois soldados pelo corredor que levava ao quarto -Tirem essa mulher daqui.

Eles vieram e empurraram minha cadeira para fora do cômodo. Tiveram que fazer um pouco de força, pois uma das rodas estava quebrada.

- Guarde bem esse dia, Elsa... Eu não vou esquecê-lo!

Ela parou na frente da cadeira, antes que saísse.

- Como poderia esquecê-lo, Emma? - ela sorriu com ironia - Eu nunca provei uma judia!... E tenho que admitir... - levou os dedos à boca e lambeu todos eles - ... Judias têm um gosto muito bom... - olhou novamente para os guardas e fez sinal para que saíssem. Elsa estava fora de controle e eu não conseguia prever o que ela faria. Parecia uma fera fora da jaula pronta para atacar qualquer um que chagasse perto.

Eu não tentei me soltar mais. Estava machucada e cansada. A voz não saía direito e meus nervos não deixavam que meu corpo parasse de tremer. Dali em diante eu não sabia mais o que aconteceria. A dor maior era não saber se Regina sobreviveria com toda aquela violência.

Ah, Regina, não deveria ser assim.


Notas Finais


Bom, quero agradecer a cada uma que acompanha La guerre pour toi
É muito importante cada comentário, cada apontamento, cada gesto eufórico ou contestador! É isso que move a criação das histórias!

Eu fiquei bem insegura quanto a colocar um capítulo como esse, mas se a minha proposta era uma fic realista, eu teria que usar de todas as possibilidades que eu tinha. E uma delas foi isso. Não foi uma coisa fácil de se imaginar e muito menos de se escrever.
Espero que tenham entendido todas as colocações. Peço desculpas se algo ficou fora de contexto, excessivo ou precário. Não é um assunto que deva ser banalizado e a minha intenção não foi essa, longe disso!

Eu não costumo sempre pedir que comentem e participem, isso deve ser espontâneo, mas esse capítulo em especial eu peço muito a vocês: comentem, por favor! O que acharam, o que esperavam, o que eu deveria ter feito e não fiz, o que ficou de mais ou de menos. Para mim não foi um texto fácil de conceber e eu tenho meus motivos para ficar bem apreensiva quanto à expectativa de vocês.
Então, por favor, manifestem-se! rsrs

Agradeço mais uma vez por estarem sempre comigo e vejo vocês no 23º
Até lá! Bjusss


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