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História La Guerre pour toi - Operação Castelo de Cartas


Escrita por: Elis_Giuliacci

Notas do Autor


Demorei? Desculpem, mas as coisas não andam tão fáceis...

Espero que gostem do rumo que a história toma a partir de agora

Boa leitura!

Capítulo 4 - Operação Castelo de Cartas


A volta para o apartamento foi embalada nas lembranças do que eu acabara de vivenciar. Aquela morena havia me deixado exposta de tal forma que me perdi entre minhas obrigações enquanto oficial nazista. Eu deveria estar com a mente limpa para receber as ordens após o toque de recolher. Não estava. Qualquer coisa que fizesse ou pensasse levavam à Regina. Aquele apartamento sombrio começou a despertar um medo que eu não experimentara até então - Kristoff não mandara qualquer mensagem e eu ainda esperava pelo portador da minha missão. O silêncio daquela Paris ocupada deixava a escuridão do apartamento mais assustadora - as luzes lá fora pediam por liberdade e agora despertava em mim esse estranho desejo - liberdade. Até então não pensara no que aquilo significava, mas pensava no que poderia ser caminhar por ruas sem a preocupação de ser seguida ou descoberta sempre com um objetivo oculto na cabeça.

Deitei-me no sofá da sala observando as luzes através da janela. O brilho lembrou-me o sorriso da morena. Regina não saía da minha cabeça. O perfume daquele corpo cheio de mistério deixou-me envolta em lembranças - como era quente e sedutora deixando-me à mercê de seu sorriso enigmático. Mistério. Essa mulher estava ao meu redor numa aura de mistério. Sua sensibilidade ao expor-se triste em sua cidade decadente, mas tão cheia de esperança que tudo isso acabará. Eu sabia que não acabaria tão rápido e só estávamos no começo daquela investida sobre a Europa.

Bateram à porta como um bombardeio. Levantei-me assustada. Havia cochilado. Corri e abri num rompante. As duas figuras que estavam paradas aguardando serem atendidas deixaram-me amedrontada. Major Hook e meu pai, o General Swan. Sem dizer qualquer palavra dei passagem e eles estacaram no meio da minha sala completamente silenciosos. Pus-me diante deles esperando que falassem. O major lançou-me um sorriso irônico e estendeu a pasta preta que levava debaixo do braço.

— Está tudo aqui? - logo que peguei aquilo abri e comecei a folhear sem prestar muita atenção apenas esperando uma resposta direta.

— Sim. - meu pai tinha a voz grave e parecia preocupado - Você foi designada para uma nova missão, major. - nem parecia que estava falando comigo, sua filha, mas ele percebeu meu rosto enrubescer com a novidade - Foi afastada da missão inicial, passamos o comando para outro agente que será supervisionado pelo major Hook. - olhei meu pai com curiosidade e depois fitei a expressão do major.

— Você foi descoberta antes mesmo de começar, major. - Hook sorriu com mais ironia ao dizer aquela frase. Fechei a pasta, joguei sobre o sofá, cruzei os braços e sem entender o que acontecia na minha sala esperei que eles explicassem.

— Eu não entendi. Como fui descoberta?

— Emma, você está sendo seguida, observada e abordada. - meu pai aumentou o tom de voz e aquilo era um sinal de que eu havia cometido mesmo um erro grave - Com quem você esteve nessas últimas horas, major Swan?

— Com uma mulher que conheci...

— ... No jantar com os judeus. - major Hook completou minha frase e, então, comecei a perceber o que estava acontecendo bem na minha frente. Meu pai sentou-se no sofá e abriu uma outra pasta que ele levava consigo. Olhou para mim e fez sinal para eu me sentasse, o major Hook sentou ao lado dele. Eu não me atrevi a balbuciar um "por que", sentia minha cabeça girando com tantas imagens e pensamentos confusos.

— Major Swan, tem consciência de que você comprometeu uma missão inteira? - estava pronta para aquele sermão, portanto, o general não precisaria medir as palavras e isso eu sei que ele não as pouparia - Você perdeu o foco da sua missão enquanto participava de um jantar repleto de membros da resistência francesa e trancou-se num banheiro com uma mulher, Emma! - a voz foi alterando à medida que falava e seus olhos começaram a fixar-se em mim de tal maneira que me senti a garotinha que havia feito algo muito errado - Apesar de satisfazer seus instintos subumanos pelo menos você descobriu quem é aquela mulher? - eu não consegui dizer nada, mas ele queria uma resposta - Sabe quem é Regina Mills, Emma? - eu conhecia bem o general quando estava muito irritado, enfim, meu pai entregou-se à raiva, levantou-se, entregou a pasta ao major e deu-me as costas deixando a explicação para Hook. Este, sim, um homem "subumano", na linguagem do general Swan, com o sorriso irônico constante nos lábios, ergueu os olhos e entregou-me a pasta de meu pai.

— Regina Mills desfruta da fortuna da família com artistas, música, artes plásticas, cinema. Morou no Marrocos por um tempo quando passou por um treinamento de espionagem com dissidentes dos grupos de resistência francesa da primeira grande guerra. Essa mulher é citada nos documentos que você mesma registrou cópia durante o jantar... antes ou depois de se trancar com ela naquele banheiro... Mas isso não é mais tão importante, querida. Só não esperávamos que Regina estivesse naquele jantar fazendo seu trabalho e não apenas acompanhando seus pais. Ela foi atrás de você quando percebeu seu sumiço do salão e Kristoff observou vocês duas naquele café da Chavalier de Saint-George.

Durante todo o tempo que o major Hook falava sem parar, eu folheava a pasta que estava nas minhas mãos ainda sem acreditar no que via. Fotos de Regina durante o treinamento no Marrocos, algumas pelas ruas de Paris com alguns homens marcados como lideranças da resistência. Indicações de endereços que ela frequenta, o da empresa do pai e de sua casa - esse último era um dos que eu havia copiado dos documentos e, provavelmente, seria minha missão. Fechei a pasta.

— Deixe-me pegá-la. - o único som que consegui emitir naquele momento era o da raiva. Fui traída. Aquela mulher havia aproximado-se de mim para vigiar-me. Ela sabia quem eu era, sabia o que eu pretendia e seduziu-me.

— Não, major Swan. Outro agente está sendo preparado para infiltrar-se na fábrica de Henry Mills. Regina será pega mais cedo ou mais tarde, não se preocupe.

— Não. Eu quero fazer isso! - levantei-me e tentei aproximar-me do general.

— Emma, as ordens são claras. Sua missão está naquela pasta e deverá cumpri-la sem interferir em nenhuma outra operação. - meu pai não disse mais nada. Eu engoli meu ódio e busquei pelas minhas ordens jogadas no sofá. O major Hook levantou-se e foi caminhando para a porta.

Eu li as primeiras páginas e nem precisei aprofundar-me tanto nos detalhes da missão - identificar possíveis integrantes do movimento de resistência que se apresentavam no Théâtre du Palais-Royal, atores de teatro.

— Se essa mulher se envolve com artistas ela poderia ser uma ponte para minha missão! - eu ainda tentei argumentar para conseguir permissão em perseguir Regina, gostaria muito de prendê-la eu mesma, mas meu pai não queria saber de mais nada a respeito dessa história.

— Chega, major! - gritando com a autoridade de pai e superior eu tive que me calar - São ordens minhas! Irá cumpri-las! - olhou para Hook e os dois foram saindo quando ele ainda completou - Tem duas semanas para identificar os homens que procuramos. Vencido esse prazo os judeus começarão a ser levados de Paris.

De volta às mudanças. Da Place de la Concorde fui parar na Place des Victoires onde todas as manhãs a estátua de Luís XIV cumprimentava-me com um esnobe "bonjour". Depois daquele confronto da noite passada com o general, logo cedo um carro camuflado da Gestapo estava a minha espera para conduzir-me ao meu novo apartamento. Com o domínio alemão não era difícil transitar por toda Paris e conseguir o que quisesse - isso de certa forma incomodava-me, os franceses estavam acuados e sem controle da própria vida.

Kristoff já encontrava-se no apartamento quando cheguei. Era um rapaz enigmático, alto e com um queixo quadrado quase chegando a ser desproporcional. Tinha expressão tímida, mas às vezes causava-me arrepio quando suspirava como se estivesse pensando em algo desagradável. Não mencionamos nada sobre a troca de missão e nem sobre minha conversa com Regina no Chez Monsieur. Ele havia me seguido, mas estava fazendo o trabalho que lhe fora imposto, eu não deveria cobrar explicação nenhuma, mas ficaria atenta dali em diante.

— Está aqui na praça também?

— Não, major Swan, permaneço no mesmo apartamento, mas estarei por perto quando for necessário.

Não acreditei em um só palavra do que ele disse, mais cedo ou mais tarde descobriria onde estaria escondido ali mesmo também sendo observado por Luís XIV. Tão logo ele certificou-se que eu estava instalada, com as ordens em mãos e pronta para dar início à espionagem do Teatro, Kristoff despediu-se e se foi.

Mesmo com o foco naquela pasta recheada de informações eu ainda pensava em Regina. Sentada na mesa da cozinha comecei meu planejamento minucioso. Cobrir uma área de dois quilômetros em direção ao Palais du Luxembourg — seria uma caminhada satisfatória - deveria seguir o fim da minha rua com a Rue de Rivoli, passar pelo Louvre, atravessar La Pont des Arts e seguir pela Rue Bonaparte até onde ela cruzava com a rua do Palais du Luxembourg — seria interessante caminhar por aquela área da cidade, haviam cafés, restaurantes menores e alguns teatros pequenos onde acumulavam-se artistas sem tanta expressão, mas que poderiam servir à resistência sem qualquer problema.

Cada carta começava a tomar seu lugar no castelo. Sim, minha missão era como um castelo de cartas - eu teria que construí-lo pelas bases e tomar todo o cuidado para que não ruísse com um passo em falso meu - a rainha de espadas começava a perseguição aos valetes do baralho para que seus reis fossem descobertos e eliminados - de certa forma era divertido pensar nas vítimas como cartas de um baralho. Não era o melhor momento para refletir sobre a guerra ou sobre minhas convicções sobre aquele embate. Não, eu estava sentindo-me machucada e querendo uma revanche. A rainha de espadas estava pronta para eliminar suas necessidades e ser direta, objetiva e derrubar qualquer obstáculo que se impusesse à ela.

E eu queria a rainha de copas. A simpática mademoiselle cheia de atenção e carinhos esperando pela presa vulnerável - essa dama vermelha ofuscou minha capacidade de ver a realidade. Era Regina que eu queria perseguir. Onde aquela mulher estaria? Nessas andanças eu acabaria descobrindo. Não admiti que tivesse sido descoberta e traída daquela maneira. Cada ponto revisto da missão eu deixava uma linha aberta para a possibilidade de encontrá-la, uma vez que estaria entre artistas talvez tivesse sorte e encontraria a mulher que conseguiu o que nenhuma outra conseguira - fazer-me falhar em uma missão.

Se Elsa estivesse por perto estaria rindo do meu fracasso - agradeci por terem-na deixado em Berlim. Nem fazia tanto sentido uma médica estar na ocupação de Paris, não era para estar no front, de forma alguma, ela mesma recusaria estar aqui em Paris a não ser que houvesse alguma chance de realizar suas pesquisas - em outro momento estaria desfrutando o glamour da cidade, o que não sobrara muito durante aquele tempo cinzento. Foi Elsa quem revelou-me tantos segredos de guerra que os oficiais temem serem espalhados - isso acontecia sempre depois de algumas boas canecas de cerveja e uma tórrida noitada em seu apartamento em Mehringplatz no Kreuzberg.

Aquela mulher fria e cruel com os inimigos da nação de Hitler tinha alguns gostos peculiares quando o assunto era sexo e eu, como boa experimentadora, passei por bons momentos nas mãos da torturadora loira mais sedutora do Terceiro Reich. Seu pai, o almirante Agdar, era amigo pessoal do general Swan e sempre nossas famílias encontravam-se para finais de semana de lazer - conheço Elsa bem antes de nos envolvermos e confesso não ter sido fácil vê-la realizando alguns experimentos ou suas ações dentro da Gestapo - a linda alemã de olhos tão azuis poderia ser um demônio se bem orientada. Mas tinha seu lado doce que sempre deixou-me apaixonada. Porém, da mesma maneira que nos envolvemos, deixamos de nos ver aos poucos e logo voltamos a ser amigas de infância, mas ela sempre alertou-me quanto a relacionamentos perigosos e o quanto eu posso ser desatenta quando me aproximo demais de uma mulher.

Agora eu estava à beira de uma missão com tempo restrito e com a cabeça ligada à uma morena perigosa que está no exército inimigo. E nem mesmo Elsa, com toda a sua astúcia e charme, conseguiu enganar-me como Regina fizera. Eu teria meu momento de vingança.


Notas Finais


Até o próximo! Bjusss


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