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História La Guerre pour toi - Enganos e desenganos


Escrita por: Elis_Giuliacci

Notas do Autor


Vamos embaralhar as coisas um pouco... =P

Boa leitura!

Capítulo 8 - Enganos e desenganos


Esqueci completamente da tarefa que meu pai havia ordenado. Traduzir os códigos da mensagem que julgavam ser algum possível ataque francês. Não haveria como lembrar de imediato com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, mas recuperei o fôlego da visita desagradável e agressiva do major Hook e iniciei o trabalho. Traduções, equivalências e até mesmo cálculos analíticos. Eu precisava de extrema concentração e destreza diante de meia dúzia de linhas criptografadas.

Um inglês estaria em Paris nos próximos dias. Essa era a mensagem: informar a chegada de um aliado. E por que o general Swan ficara tão apreensivo? Parecia que meu pai dava uma atenção exagerada aquilo tudo. Havia algo mais e eu não saberia dizer o quê. Levei quase toda a tarde para transcrever todo o conteúdo:

“O ‘White-browed Blackbird’ estará na sede em 5 dias. Todos os comandos devem comparecer para receber as próximas instruções. A Bastilha será derrubada novamente. Resistam.”

White-browed Blackbird é um pássaro popular inglês, um melro, o nome vulgar é polícia-inglesa. Tentei interpretar aquele codinome, talvez um militar, quem sabe. O tempo indicado na mensagem remetia à próxima terça-feira, dia 14 de julho e uma data muito importante para a França - a queda da Bastilha - o símbolo maior da revolução francesa e sua "Liberté, Egalité, Fraternité". Eis a preocupação do general e eu mesma lembro-me de mencionar a data em seu gabinete. A resistência planejava algo maior, isso era certo, mas o que era a mensagem não dava a menor sombra de vestígio. Tanto a missão de Hook quanto a minha levariam até a sede da resistência, portanto, eram primordiais para se antepor à chegada desse inglês. Com todas aquelas conjecturas fui descrevendo o meu relatório. Coloquei tudo em um envelope e depois fui preparar-me para seguir até a Gestapo e entregar meu trabalho pronto ao general Swan.

Eu deveria mesmo entregar aquela mensagem? A ordem foi dada e seria cobrada por isso. O tempo passava e eu ficava cada vez mais confusa com tudo o que ocorria ao meu redor. As imagens de Regina no nevoeiro voltavam à cabeça assim como a pressão nos meus braços nas mãos de Hook. Eu queria fugir. Vesti-me rápido e rumei para a Gestapo. Seria uma longa caminhada, mas pouco me importava o tempo que gastasse, eu teria que pensar. Pensar. Minha cabeça estava a ponto de explodir com tantas informações e preocupações. Sentia que a loucura tomaria conta de mim se continuasse daquela maneira. Querendo ou não, seria um caminho agradável. Passaria pelo Louvre, caminharia pela Champs-Élysées e veria o Arco do Triunfo mais de perto, coisa que eu ainda não tinha feito em tanto tempo presa na capital francesa. Presa. Era como eu me sentia atada a um uniforme que não usava há tempos e escondendo minhas sensações que transformavam-se em convicções à medida que o tempo avançava.

Ao atravessar a Place de la Concorde logo a imagem de Kristoff veio à mente. Um calor raivoso subiu pela garganta. Eu teria que fazer um esforço hercúleo caso encontrasse com o major naquele dia ou não responderia pelos meus atos. Ele poderia ter simplesmente feito sua denúncia ainda no momento que prederam Henry, não precisava ter criado todo aquele teatro ao ajudar-me com o garoto e depois voltar para expor o que eu havia feito.

Alguns rapazes passaram por mim e novamente lembrei-me de Henry. Esperava que estivesse melhor depois daquele corte na cabeça. Esperava também que tivesse dado meu recado à Regina. Teimosa como se mostrara, ela deve tê-lo recebido com sua risada grave e debochada. Aqueles rapazes ainda seguiram pelo mesmo caminho que eu durante uns minutos e pude ouvi-los conversar sobre teatro. De repente surgiu do outro lado da rua um grupo de militares alemães, fardados e sisudos - os garotos cessaram a conversa, baixaram a cabeça e seguiram caminho. Os homens passaram por mim e senti um arrepio pela espinha, o mesmo deve ter acontecido com aqueles franceses que estavam à minha frente. Eu segui pela Champs-Élysées e eles dobraram a esquina na Avenue Montaigne.

O gigantesco arco ergueu-se diante de mim. Belíssimo. O que fazíamos em Paris? Eu perguntava-me isso o tempo todo. Está certo que minha nação foi humilhada pelos franceses e não fazia tanto tempo, mas massacrar aquele povo não justificava tamanha vingança. Vingança? Eu não sabia mais que nome dar a nada do que acontecia. Eu parei e admirei o Arco do Triunfo - na base o túmulo do soldado desconhecido, gravado em todo o monumento os nomes de batalhas e de generais importantes para a França. Entre Hitler e Napoleão eu não saberia dizer quem era mais insano. Emma, deixe de tantas reflexões, daqui a pouco é você que ficará louca, impedida de exercer suas funções e será internada em Berlim!

Caminhei apressada. A Gestapo estava há alguns metros apenas.

Olhei demoradamente o envelope nas minhas mãos antes de entrar naquele prédio. Medi as consequências do que seria entregá-lo e também quais seriam se resolvesse omiti-lo. Respirei fundo e entrei. Naquele momento eu não poderia ir contra qualquer ordem de meu pai.

O lugar estava tranquilo. Alguns oficiais, soldados esperando por ordens, mulheres envolvidas com papéis e mais papéis. Dirigi-me a uma delas e anunciei minha presença para que o general me recebesse. A moça pediu que aguardasse e sentei-me na longarina de madeira de frente para sua mesa. Nem precisei esperar tanto, logo a secretária retornou indicando que eu poderia entrar no gabinete de meu pai. Prontamente coloquei-me de pé e caminhei pelo corredor frio avançando por portas fechadas e ouvindo sussurros. Parei diante da última porta daquele corredor e bati. Lá de dentro ouvi a voz carregada do general “Entre.”

Abri devagar e tão logo coloquei-me diante da mesa bati continência. Ele sorriu disfarçadamente enquanto apagava o cigarro pela metade no cinzeiro.

- Sente-se logo, Emma. Acredito que tenha novidades para mim.

- Não foi tão difícil transcrever isso. - sentei-me já entregando a ele o envelope. Meu pai abriu e, com vagar, analisou as três páginas que encontrou ali. No meio da segunda ele pausou para acender outro cigarro. Parecia um pouco ansioso, mas ao mesmo tempo não esboçava nervosismo. Vez ou outra ele erguia os olhos na minha direção e dissecava-me, em uma dessas vezes sorriu e pude ver um brilho em seus olhos. Estava satisfeito. Quando terminou a leitura atirou as folhas sobre a mesa e recostou-se na cadeira. Tragou o cigarro e deixou a fumaça sair lentamente pela boca e narinas.

- Como sempre seu trabalho é minucioso, filha. Eu não teria compreendido muito bem caso não emitisse seu parecer. - eu poderia encontrar naquelas palavras um grande elogio, pois o general não dispunha de muitos de uma vez só - Esse tal inglês vem para determinar algum ataque às nossas forças, mas eu não entendo como um punhado de franceses vão nos intimidar!? Nosso exército é bem maior e mais equipado...

- Tem alguma ideia de como impedir isso?

- Precisamos encontrar a sede da resistência antes que esse homem chegue. Se conseguirmos vamos desorientá-los o suficiente para desmantelarmos o movimento.

- Eu ainda não consegui muitos avanços.

- Eu sei que vai conseguir mais cedo ou mais tarde. Além disso temos outra equipe, a que é comandada por Hook. Caso você não consiga, ele poderá chegara até onde queremos. - eu senti naquele momento que poderia e deveria comentar com meu pai a respeito do major Hook, ele parecia relaxado e à vontade para isso.

- Sobre o rapaz que levei daqui... Eu garanto que poderei ter sucesso com ele.

- Como? - foi então que arrependi-me de ter tocado no assunto. Meu pai franziu o cenho e jogou o corpo para a frente inclinando-se sobre a mesa esperando mais explicações.

- Ontem à noite, quando saí do prédio levando a mensagem comigo, tinham prendido um rapaz que eu estava seguindo, então dei ordem para que o soltassem e o levei daqui.

- E o que fez com ele?

- Precisava ganhar sua confiança de alguma maneira. Ele estava desmaiado e pouco viu do que aconteceu. Acredito que posso infiltrar-me através dele... - percebi que aquilo tudo era novidade para meu pai e resolvi investir uma nova pergunta - Pai, o senhor deu ordens ao major Hook para que fosse até meu apartamento pedir explicações sobre isso?

- Hook esteve em seu apartamento? Quando? - o que estava acontecendo eu não fazia ideia, mas meu pai estava tão alheio quanto eu. Isso me deixou mais intrigada e apreensiva.

- Essa manhã. Ele mesmo disse que recebeu ordens suas.

- Não. Ele deveria estar em Vichy desde ontem... - o general coçou o queixo e tornou a recostar-se na cadeira pensativo - Quando ele retornar poderá explicar o que houve. Fez um bom trabalho, Emma. Quanto a sua missão, tenha paciência, esses franceses vão deixar alguma fresta para que você encontre o caminho que precisamos. É uma questão de tempo e você ainda dispõe de bastante, não é? - lançou-me um meio sorriso e estranhei o excesso de amabilidade.

- Pai, você está bem? - ele sorriu abertamente com a pergunta e foi-se levantando e eu prontamente o segui.

- Claro! As últimas ordens de Berlim são excelentes! - caminhou até a porta acompanhando-me - Logo todos nós teremos confirmação para agir e você saberá o que fazer. - eu abri a porta e fiz minha reverência - Dispensada, major. - ele mesmo fechou a porta atrás de mim.

Olhei para aquele corredor vazio e senti minhas pernas sem apoio. O que estava acontecendo? Hook mentiu. Algo muito ruim estava para acontecer e isso eu tinha exata certeza diante do entusiasmo do general Swan. Mantive-me de pé durante alguns minutos no mesmo lugar observando o movimento. Foi quando eu vi aquele alemão de queixo quadrado caminhando na outra ponta do corredor. Cerrei os olhos e os punhos e parti acelerada em direção a ele. Quando percebeu minha presença Kristoff abriu seu sorriso de sempre e parou diante de uma porta esperando que eu chegasse até ele.

- Como vai, major? - ao cumprimentar-me estendeu a mão e eu o agarrei pelos colarinhos prensando seu corpo contra a parede. Era mais alto e mais forte que eu, mas naquela hora não mostrou resistência, estava assustado - O que foi, major?

- O que pensa que está fazendo traindo minha confiança, major? - ele arregalou os olhos e tentou soltar minhas mãos do seu uniforme.

- Podemos conversar sem chamar tanta atenção, Emma? - ele olhou para os lados e percebemos que haviam soldados vendo aquela cena. Devagar o soltei. Ele ajeitou o casaco e lançou mão na maçaneta mais próxima e eu nem havia percebido que era o seu escritório. Isso fez-me lembrar que eu também tinha uma sala naquele prédio, mas há muito deixara de utilizá-la.

Entramos. Kristoff trancou a porta e foi até sua mesa indicando com uma das mãos a poltrona para que eu sentasse. Estando os dois acomodados ele olhou-me serenamente.

- O que está acontecendo, major? - foram as primeiras palavras civilizadas que saíram da minha boca quando consegui controlar minha respiração.

- Emma, por favor, seja paciente! Você é impulsiva e isso a coloca em risco. - ele falava da maneira mais calma e isso deixava-me mais agitada.

- Kristoff, eu tentei confiar que você não diria nada sobre aquele garoto, mas estava errada. - nesse momento ele sorriu baixando os olhos, meu peito queimou e agarrei-me aos braços da poltrona - Você admite, não é?

- Emma... - sua voz era mansa - ... Eu não reportei nada ao comando. Foi o próprio Hook quem a seguiu.

- E como espera que eu acredite nisso?

- Major, não sou eu quem está seguindo você ou a francesa. Desde o início eu permaneci em silêncio para que não comprometesse o que eu estou fazendo, mas diante de você cheia de dúvidas é impossível eu continuar calado.

- Major, nem tente enganar-me outra vez!

- Não, major Swan! Não sou eu quem a está enganando. Não fui eu que relatei seu encontro com Regina e nem denunciei sua contra-ordem sobre Henry.

- Como sabe o nome do garoto? Como eu posso acreditar que não está envolvido em nada? Você foi designado para dar-me apoio na primeira missão e depois que falhei você ainda continuou...

- Emma! - ele não perdeu a calma - Por favor, ouça o que tenho a dizer. - relutei, mas assenti. Ele buscou pelas paredes, pelo assoalho, mas resolveu, enfim, encarar meus olhos e firmou-se neles - Major, eu peço que ouça bem o que vou dizer, pois não posso repetir. Não aqui dentro. Eu não posso tê-la enganado, major. Eu tenho outra missão em andamento, mas garanti que ficaria por perto caso precisasse e, para minha sorte, seu pai consentiu. A partir disso deixei que Hook usasse meu nome para enganá-la, assim protegeria nós dois.

- Desculpe, Kristoff, mas nada disso está fazendo sentido!

- Deixe-me terminar, por favor!... - respirou fundo e continuou - A minha missão é descobrir quem é o traidor aqui dentro dessa sede, Emma. Desde então eu tenho mais tempo para dedicar-me a observá-la caso necessite de ajuda como aconteceu com Henry. Ao mesmo tempo tudo parece recair sobre mim e se você acreditasse na minha má conduta manteria distância... - ele sorriu novamente - Só não imaginei que sua fúria sobre mim tornaria tão depressa! - ele alisou as golas do uniforme e eu corei envergonhada.

- Eu ainda não compreendo, Kristoff. Por que precisa manter os olhos sobre mim?! O que isso tem a ver com sua missão aqui dentro da sede?

- Eu acreditei por algum tempo que você fosse a espiã da resistência, major. Fazê-la tomar distância de mim seria mais fácil observá-la. Nossos procedimentos em missões são bem distintos, não é?! - ele não tirava o sorriso enigmático do rosto.

- Espere! - eu estava mais confusa do que antes - E porque está me contando tudo isso? A sua suspeita sobre mim...

- Caso você fosse a espiã não teria entregado a mensagem para o general. Não era uma mensagem falsa, mas precisamos deixá-la sob seus cuidados para termos certeza se era confiável ou não.

- Por isso meu pai estava tão amável...

- Ele temia por você, Emma, acredite!... Quanto ao major Hook, esse não sabe de nada, garanto, mas ele tem uma certa fixação por você, então peço que tome cuidado.

- Por que está expondo tudo isso, Kristoff?!

- Para que não torne a amassar meu uniforme. - ele riu e dessa vez eu também não pude deixar de achar graça - Eu não preciso lembrar que conto com sua discrição sobre a minha missão, não é?!

- Claro, major! - eu sorri um pouco mais aliviada, mas não completamente convencida. Kristoff ainda mantinha o ar enigmático.

Ele não me contara toda a história.


Notas Finais


Obrigada por acompanharem!

Vejo vocês no próximo! Bjusss


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