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História La La Love You - Girls Of Summer (Prólogo)


Escrita por: MattakiTsuki

Notas do Autor


Todo capítulo leva o título de uma música; transcrevo um pedaço da letra no início de cada. Espero que gostem.

Capítulo 1 - Girls Of Summer (Prólogo)


Some girls are all about it

Some girls, they love to let it fly

Some girls can’t live without it

Some girls are born to make you cry

Over and over again…

- Girls Of Summer, por Aerosmith.

 

Olhos castanhos encaravam a lista bem organizada na folha de papel timbrado, enquanto seus dedos brincavam com a caneta tinteiro, batendo de leve no queixo delicado. Escrito a mão, em uma caligrafia impecável, estavam os nomes de onze garotas... E desses nomes, restavam apenas dois que não haviam sido riscados.

Suspirou.

Quem diria que seria tão difícil encontrar colegas de apartamento?

“Irawo Natsuko...” Leu em voz alta e as palavras ressonaram suaves no escritório vazio. Suspirando novamente, levou seus dedos esguios ao aparelho à sua frente e as unhas perfeitamente cuidadas brilhavam enquanto apertava um botão. Não demorou a ouvir a resposta do rapaz do outro lado da linha.

“Kobayashi-san.” A voz masculina começou. “Devo enviar a próxima?”

“Hai.” A jovem respondeu sem entusiasmo, desligando antes que ele pudesse proferir mais palavras, mais entretida em brincar com uma das ondas do seu reluzente cabelo castanho-escuro.

As portas luxuosas de madeira se abriram e uma moça de aparentes vinte e poucos anos entrou, descontraída. Desfilava ao entrar no escritório, como se fosse dona do local, fazendo uma sobrancelha perfeita se arquear no rosto de beleza incomparável da mulher que sentava à cara escrivaninha que combinava com o design tradicional do cômodo. E, claro, falando em beleza incomparável, a asiática não pôde deixar de notar que a candidata era belíssima.

Cabelos longos, escuros e trançados à moda africana adornavam o rosto de traços exóticos, marcantes. Seu corpo escultural estava vestido de acordo com as mais recentes tendências da moda, porém ainda despojado, e ela era alta para os padrões japoneses. A pele morena denunciava descendência estrangeira, mas os olhos levemente puxados e o primeiro nome eram claros traços Japoneses.

Sem cerimônia, a moça sentou-se na confortável cadeira de couro e estourou uma bola de chiclete rosa, exalando um leve aroma de tutti-frutti.

“Boa tarde. Meu nome é Irawo Natsuko, mas você já sabe disso.” A morena começou, sorrindo de canto.

Na realidade, a outra mulher não estava esperando por tamanho relaxo. No entanto, não se deixou intimidar por aquilo. Sorriu de volta e acenou afirmativamente, olhando-a com atenção.

“Sim. Sou Kobayashi Naoko, mas você também sabe disso.” Retrucou, elegante. “Desculpe as circunstâncias tão formais...” Fez um gesto gracioso mostrando o escritório pomposo. “Achei melhor não revelar o local ainda. Creio que compreenda minha decisão.”

“Claro, claro...” O sorriso da outra apenas alargou-se. “Afinal, não é todo dia que a vice-presidente da Kobayashi Companies está procurando colegas de quarto. Confesso que estou curiosa... Porque alguém como você precisaria dividir apartamento?”

Naoko apenas fechou os olhos por um instante. Sequer sabia se aquela pessoa seria escolhida, se passaria no “teste”. Lógico que não iria começar a contar sobre sua vida pessoal. “Creio que eu sou a pessoa a fazer as perguntas por aqui.” Cortou, ainda que educadamente. “Vamos começar de uma vez por todas, sim?” Sorriu de leve, ainda meio incomodada com o rumo que a conversa tinha tomado em tão pouco tempo. “Irawo-san, o que faz atualmente? Estuda? Trabalha?”

A morena riu divertida com a mudança de tom e de assunto, porém não pressionou. “Ambos. Estou no último semestre de Medicina Veterinária. Trabalho como modelo, também.” Pausou para estourar outra bola de chiclete. “Além disso, recebo uma pensão mensal da minha mãe.”

“Certo...” Naoko rabiscou algumas coisas, voltando a olhar para a outra. “Problemas em dividir tarefas de casa?”

“Não mesmo. Gosto de tudo bem organizado e limpo. Contanto que seja uma divisão justa, não me incomodo.”

“Claro.” A Japonesa concordou, rabiscando mais um pouco o papel impecável. Pausou por um segundo, mordiscando o lábio inferior enquanto pensava em algo fora do roteiro. “Responda rápido: X Japan ou L’Arc-en-Ciel?”

“X Japan, lógico!” Natsuko riu, surpresa com a pergunta.

“Azul ou marrom?”

“Azul. Indigo.”

“Noite ou dia?”

“Noite!”

“Hetero ou Homo?”

“Toda forma de amor.” A outra deu de ombros.

Naoko se permitiu uma risada baixa, batendo de leve com a caneta nos lábios. Sabia que era prematuro; deveria fazer mais perguntas, perguntas mais sérias inclusive. Porém, algo dizia que se daria bem com essa pessoa. 

“Bem, Natsuko, acho que acabamos por aqui.” Levantou-se e estendeu a mão delicada em sua direção, a qual prontamente aceitou o cumprimento, apertando-a em um acordo. “Espero que nos tornemos boas amigas.”

A modelo piscou, confusa. “Já acabou? Achei que ia pedir antecedentes criminais, ou algo do tipo.” Ela riu.

Naoko pensou por um instante, brincando com uma mecha novamente. “Entendo. Deveria?” Perguntou, disfarçando com um olhar indiferente o fato de já ter diversas informações sobre a garota. Cada uma das candidatas havia sido investigada rigorosamente por detetives a serviço da Kobayashi Companies. Um “costume” que a Naoko adquiriu do seu pai.

Natsuko apenas riu, balançando a cabeça negativamente. “Não, tudo certo.”

“Está decidido então.” Naoko sorriu, entregando-lhe um elegante cartão prensado a mão, com detalhes em azul claro e prateado. “Aí está meu telefone. Entre em contato e mandarei uma mensagem com o endereço.”

“Pode deixar, roomie.” Natsuko piscou, guardando o cartão. “A gente se vê em breve.”

A moça assentiu, olhando enquanto a morena se afastava e saía da sala. Seus olhos escuros se voltaram novamente ao papel, no qual um último nome parecia brilhar aos seus olhos apesar da tinta fosca empregada na escrita.

“Bem... Vamos lá.” Ela sussurrou.

*

“Mitsue Nori, prazer.” A moça sentou-se elegantemente, cruzando as pernas de forma polida. “Percebi que sou a última na fila de espera.” Sorriu de leve.

Naoko riu junto; o sorriso da mais jovem era contagiante. “Sim. Foi um dia longo. Entrevistas são realmente cansativas.”

“Deve saber então que sou boa em massagens.” Comentou, divertida. “Mas, sério, pode perguntar o que quiser.”  

Naoko riu mais alto dessa vez. Percebeu que a garota descansava as mãos sobre o colo, quem sabe por nervosismo ou apenas por educação mesmo. “Isso vale pontos extras, com certeza!” Disse, enquanto rabiscava, distraída, uma estrela no papel quase completamente preenchido. “Está estudando ou trabalhando?” Repetiu a pergunta pela décima primeira vez.

“Hai.” Nori confirmou. “Acabo de passar no curso de Design de Moda pela Todai.” Sorriu, orgulhosa. “Trabalho com maquiagem artística, cabelos e modelos. Acho divertido e adoro ver os resultados.”

Naoko dava pancadas leves com a caneta em seus lábios, um gesto que havia virado mania. Que coincidência... Pensou, ao lembrar da Natsuko que era modelo. “Interessante. E quanto a sua família?”

O olhar da outra tornou-se indiferente. “Fui criada pela minha avó. Ela faleceu há alguns meses atrás e me deixou uma casa de herança. Acabei de vendê-la e por isso estou procurando um local para dividir. O aluguel em Tóquio é bastante caro para morar sozinha.”

A Naoko apenas assentiu, preferindo não adentrar em assuntos que pudessem ser dolorosos para a outra garota. “Entendo. Sinto por sua perda.”

“Não tem problema.” Nori sorriu de leve, nostálgica. “Eu gostava muito da minha avó, mas ela já sofria há algum tempo e acho que apenas era a hora dela. Pelo menos sei que está em paz, agora.”

Naoko retribuiu o sorriso dela, assentindo. “É uma forma gentil de pensar.”

“Não costumo ser lá essa gentileza toda...” A Nori confessou, passando os dedos pelo cabelo de cor ébano, revelando os apliques multicoloridos que o adornavam. “Posso ser uma pessoa antissocial, muitas vezes preciso do meu espaço e de silêncio. Preciso da concentração, pois gosto de desenhar e criar novos conceitos e até tenho algumas coleções já prontas... Mas pode ter certeza que sou leal e esforçada, sou organizada e não tenho problemas com escalas de tarefas e nem com variados estilos de vida. Afinal, se tivesse, acho que nunca daria certo na carreira que escolhi seguir.” Ela terminou, sorrindo e corando quase imperceptivelmente ao perceber que falara demais.

Naoko, no entanto, estava satisfeita com a honestidade da mais nova.

“Vi na sua ficha que tem 19 anos.” Naoko começou, sorrindo. Sentia aquela mesma coisa que sentiu com a Natsuko; que se dariam bem, ela e a Nori. “Será a mais nova da casa.”

Os olhos verdes da moça brilharam por um segundo. “Sério? Já vai me escolher?”

“Não temos tempo a perder. Sei que não vou me arrepender.” Naoko piscou, marota, entregando-lhe o cartão. “Seja bem-vinda. Aí está meu contato. Mande uma mensagem para que possamos combinar o restante.”

Nori sorriu radiante e apertou a mão da mais velha. “Pode deixar, eu não vou te decepcionar, Kobayashi-san!”

Enquanto a garota sumia de vista, a expressão no rosto da Naoko tornou-se soturna e ela suspirou. Não queria ser mais a “Kobayashi-san”.

Queria tudo diferente.

Finalmente havia escolhido as duas pessoas que seriam suas companheiras nessa nova fase de vida... Sentiu um frio na barriga; antecipação. Não sabia explicar, mas estava animada e receosa ao mesmo tempo.

Sair da mansão aonde morava com os pais havia sido uma libertação, mas sentira-se solitária. Era filha única, nunca teve muita atenção vinda da mãe adúltera e do pai viciado em trabalho. Formou-se em administração de empresas como o pai desejara e trabalhava na multinacional que carregava seu nome. Nada disso impedia a frequência de desentendimentos e brigas que tinha com o pai. A gota d’água foi ouvir dele a sugestão de um casamento arranjado, em prol dos negócios da família. Conhecia o pretendente desde criança... Ela era alguns anos mais velha, mas isso não importava para seus respectivos pais, que sempre incentivaram os dois a ficarem juntos. Inclusive, o rapaz havia sido seu namorado por alguns anos.

Agora solteira e vivendo sozinha, a noção de que teria duas colegas de apartamento era empolgante. Nunca havia passado por algo parecido. No máximo, poderia talvez comparar à sua época de colegial, quando era a líder do grupo de cheerleaders. Mesmo assim, sabia que seria completamente diferente... A maioria das suas amigas do colégio eram fúteis e superficiais, assim como ela mesma era antes. Ela era a abelha rainha de uma colmeia que só se importava com aparência, fama, status e dinheiro...

Ela havia mudado e muito.

Guardou a caneta cuidadosamente e fechou os olhos, suspirando outra vez.

Mal podia esperar pelas novas mudanças que estavam por vir.


Notas Finais


E então?


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