Dizem que o destino é algo do qual não se pode lutar contra. Quanto mais você tenta fugir dele, mais ele insiste. E em algum momento, ele acaba te encontrando e fazendo você seguir o caminho que já estava traçado, mesmo antes de você nascer.
Cidade do México.
Anos antes.
Em uma casa na periferia da cidade.
- Como pôde, Frederico?!… Eu sempre te amei! Como pôde mentir pra mim?! - ela exclamava aos prantos.
- Dolores, por favor, me deixe explicar… - dizia Frederico.
- Explicar o quê?!… O quanto eu fui ingênua?!… O quanto eu fui boba em acreditar que você era um homem honesto, quando na verdade você é…!
- Dolores, por favor! - disse Frederico. - Eu ia te contar. Depois que nos casassemos eu ia te contar toda a verdade, eu juro! - disse ele tentando se aproximar dela, mas ela se afasta.
- Fique longe de mim! - dizia ela.
- Dolores, não faça isso, meu amor. Eu te amo. - dizia Frederico.
- Se me amasse, teria me dito a verdade desde o início! - disse Dolores. - Mas não, preferiu me enganar e mentir!
- Não queria te perder. Tive medo que se você soubesse, se afastasse de mim. - disse Frederico. - Dolores, eu te amo tanto! Não saberia viver sem você!
- Mas vai ter que aprender! Porque eu vou embora! - disse ela virando de costas para ele.
Frederico se espanta com a atitude de sua amada.
- Como assim, vai embora?! Não pode!… Vamos nos casar, Dolores! - dizia ele.
- Nos casar?!… Acha que eu me casaria com você depois do que eu descobri?! - dizia Dolores.
A verdade era que aquela decisão estava machucando o coração de Dolores profundamente. Ela amava Frederico com toda a sua alma. Poderia perdoar a mentira, o fato de Frederico não ter lhe contado o que ele realmente fazia. Porém, a situação era diferente naquele momento, ela tinha um motivo muito forte para deixá-lo.
- Não acredito que tenha deixado de me amar de uma hora pra outra! - disse Frederico zangado.
- Pois deixei! - disse ela se virando para ele e tentando ser convincente. - Eu vou embora, vou sumir e você nunca mais me verá!
Frederico não queria se dar por vencido. Era o seu grande amor que estava ameaçando partir. E ele tentaria de tudo para impedir que aquilo acontecesse.
- Agora que sabe o que faço, sabe também que posso te encontrar em qualquer lugar que se esconda. - disse ele.
- Então é isso?! Vai me obrigar a ficar ao seu lado?! Me ameaçar?!… É assim que pessoas como você agem, não é?! - dizia ela dando murros no peito de Frederico.
Ele se deixava esmurrar, sabia que ela estava zangada, ferida, magoada. Ela chorava compulsivamente tentando colocar para fora toda a dor que sentia. Frederico segurou as mãos de sua amada e as colocou sobre o seu peito.
- Não, Dolores. - disse ele. - Se é isso mesmo que você quer, então você pode ir. Eu não vou te seguir, te procurar ou obrigar você a ficar comigo, se não quiser. Eu te amo demais pra querê-la ao meu lado à força.
Ouvir aquilo só fez Dolores se sentir pior. Mas era necessário. Eles ainda dão um último beijo, era o fim.
- Adeus, Frederico.
- Adeus, Dolores.
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Dias atuais.
Villahermosa.
Uma cidade bem desenvolvida que fica ao sudeste do país, quase fazendo fronteira com a Guatemala. Um lugar de gente simples e trabalhadora, como Eliza.
- Bom dia, Eliza!
- Bom dia, senhor Gutiérrez! - ela responde com um sorriso no rosto.
- Sabe que dia é hoje, não é? - ele pergunta.
- Claro que sei, senhor!… Não se preocupe, vou preparar um buquê bem lindo para sua esposa.
- Ah, Eliza!… Se não fosse por você e seus arranjos de flores, acho que meu casamento já teria “ido pro brejo”! - disse o senhor sorrindo aliviado.
Eliza trabalhava em uma loja de flores, que aos sábados colocava uma barraca na praça central da cidade para vender buquês e arranjos, todos feitos delicadamente por ela.
Apesar das dificuldades, e de viver sozinha, Eliza era feliz. Não era uma moça que pensava em luxo ou extravagâncias, vivia um dia de cada vez e conseguia ver a beleza nas coisas mais simples da vida.
***
Cancun.
Mansão Ibáñez.
A família Ibáñez era uma das mais ricas e influentes da cidade. Seu patriarca, Don Frederico era um homem poderoso, que não brincava quando o assunto eram os seus negócios. Era casado com Malvina e tinha dois filhos, Demétrio, que lhe ajudava nos negócios, e Sophia, que gastava todo o dinheiro, assim como sua mãe. Pessoas que precisavam, acima de tudo, manter as aparências, e “camuflar” quase tudo o que faziam.
A razão de todo esse cuidado?… Simplesmente, porque a família Ibáñez estava ligada à Máfia!
- Não quero desculpas, Demétrio! Quero explicações! - esbraveja Don Frederico. - Aquele carregamento de diamantes era inestimável e imprescindível para os nossos planos! Faz ideia de quantos compradores já tínhamos reservado para essa operação?!
- Eu sei, pai! Mas eu não tive culpa! - disse Demétrio.
- Como não teve culpa?!… Eu disse a você que tomasse todas as precauções! Você me disse que daria conta e agora, por causa do seu deslize, eu estou milhões de dólares retido na alfândega! - disse Don Frederico.
- Mais que escândalo é esse, Frederico?! - disse Malvina descendo as escadas.
- Pergunte ao imprestável do seu filho! - disse Frederico. - E depois ainda quer herdar os meus negócios! - disse ele entrando no escritório.
Demétrio ficava possesso de ódio cada vez que era humilhado por seu pai.
- Esse velho infeliz!… Só o que sabe é me diminuir! - disse Demétrio.
- Não ligue pro que seu pai diz, meu filho. - disse Malvina. - Ele sempre foi um grosseiro! Muito me admira como um homem como ele conseguiu ser dono do império que tem hoje.
- Um império que um dia vai ser meu, mãe. Pode apostar nisso. - disse Demétrio.
- Com toda a certeza, meu filho.
No escritório, Don Frederico parecia estar sentindo dor. Ele procura alguns comprimidos na gaveta de sua mesa. Eram dores que lhe molestava há algum tempo.
#Flashback Frederico on#
Um ano antes.
- É terminal, doutor? - pergunta Frederico.
- Infelizmente sim, Don Frederico. - disse o médico desanimado. - O seu tipo de câncer está muito avançado, não pode ser operado e o senhor não aguentaria a quimioterapia. A única coisa que posso lhe receitar são remédios para as dores que o senhor certamente vai sentir.
- Eu compreendo, doutor. - disse Frederico se mantendo calmo e centrado. - Quanto tempo tenho, doutor? E seja preciso.
- Nesse ritmo, um pouco mais de um ano, no máximo.
#Flashback Frederico off#
“Meu tempo está se esgotando.” pensou Don Frederico.
Ele pega o telefone e faz uma ligação.
- Sou eu. Frederico.
- Eu sei, senhor.
- Preciso que venha até a mansão. Tenho uma missão muito importante pra você. - disse Frederico.
- Pode me adiantar do que se trata? - pergunta a voz do outro lado.
- Prefiro que seja pessoalmente. - disse Frederico.
- Como quiser, senhor.
- Até mais, então. - despede-se Frederico.
- Até. - disse a outra voz desligando.
“Só posso recorrer a ele. Ao Héctor.” pensou Frederico.
Mas quem era Héctor?
***
Em uma casa afastada da cidade.
Um homem se preparava para sair. Colocava seu terno (sempre preto.), uma camisa e uma gravata da mesma cor do terno. Ele era discreto, gostava disso, e seu trabalho também exigia que fosse.
Esse homem era Héctor. Simples assim, sem sobrenomes ou complicações. Seu passado?… Um mistério. O que ele faz para viver?… Vamos dizer que o seu tipo de trabalho era algo que nem todo mundo era bom o bastante para realizá-lo, mas ele era. Héctor era o melhor no que fazia. Era seu dom e sua maldição.
***
Enquanto isso, na mansão…
Sophia se arrumava em seu quarto, quando Malvina entra.
- Será que posso saber o motivo dessa produção toda, acima do normal? - pergunta Malvina.
- Ora, mamãe!… Uma mulher não precisa de motivos pra estar bonita. - disse Sophia. - disse Sophia.
- No seu caso, minha filha, não. Mas quando uma mulher como você, que já é linda, quer ficar mais… Existe um motivo.
- A senhora é realmente muito esperta, mamãe. - disse Sophia.
- Sou uma raposa, minha filha. Nada me escapa. - disse Malvina. - Aposto que você já sabe que seu pai mandou chamar Héctor aqui, e é por isso que você está assim.
- Acertou!
- Não sei o que você viu nesse homem, minha filha. - disse Malvina.
- Ah, mamãe!… O Héctor é tão intendo, tão misterioso, tão bonito… Na cama ele é uma loucura! - disse Sophia.
- Me poupe dos detalhes, Sophia. - disse Malvina. - Eu não nego que seja um homem atraente. O que me incomoda é o fato de seu pai confiar tanto nele!
Héctor chega e aguardava na sala. Nesse momento, Sophia vem descendo as escadas.
- Olá, Héctor. - disse ela com uma voz sedutora.
- Como vai, Sophia? - disse ele.
Sophia era uma mulher bonita, provocante e pior… Ela sabia disso. Gostava de usar vestidos que destacassem seu belo par de pernas e que abusassem nos decotes.
- Você tem andado sumido. - disse ela se aproximando de Héctor.
- Muito trabalho. - ele responde.
- É. Eu imagino que um homem como você, deve ser muito ocupado. - disse ela deslizando a mão pelo peito de Hector.
- Controle-se Sophia. Estamos na casa do seu pai. - disse Héctor.
- Essa casa é minha. E posso fazer o que eu quiser. - disse ela. - E no momento, o que eu quero é isso. - disse ela puxando Héctor e o beijando.
O beijo estava ficando intenso demais para o lugar onde estavam. Até que são interrompidos por Demétrio.
- Desculpe interromper esse momento “pegação” de vocês, - disse ele com ironia. - mas o nosso pai quer falar com o Héctor.
- Com licença. - disse Héctor indo para o escritório.
- Você sempre chegando na hora errada, não é Demétrio?! - disse Sophia zangada.
- Pois pra mim, foi a hora certa antes que você e seu namorado misterioso começassem a fazer uma sessão de cine prive no sofá da sala. Existem motéis pra isso, sabia? - disse Demétrio.
- Babaca.
- Vadia.
No escritório, Héctor entra e encontra Don Frederico divagando enquanto olhava pela janela.
- Senhor?
- Olá, Héctor. - disse ele. - Sente-se, por favor. Pelo que vejo, você encontrou a Sophia antes de entrar. - disse Frederico se referindo a mancha de baton nos lábios de Héctor.
- Desculpe por isso, senhor. - disse ele limpando a mancha.
- Não se preocupe, Héctor. Conheço bem a filha que tenho. E é por isso que lhe digo que não deveria perder seu tempo com ela. Sophia não é mulher pra você.
- Não devia falar assim da sua filha, senhor. - disse Héctor.
- Acredite, Héctor. Tanto Sophia como Demétrio herdaram o caráter de Malvina. São todos uns aproveitadores que só estão esperando eu morrer pra ficarem com tudo.
- Falando nisso, senhor, como está? - pergunta Héctor.
- Cada vez pior, meu amigo. - suspira Frederico. - Sinto que minha vida está se esvaindo.
- Por que não procura um especialista, senhor?
- Já procurei todos os especialistas que podia, Héctor. Eu não tenho salvação. - disse Frederico.
Héctor era o único que sabia sobre a doença de Frederico. E o mesmo lhe pediu que guardasse segredo sobre o assunto.
- Mas não foi pra falar da minha doença, ou ficar me lamentando, que eu o chamei aqui. - disse Frederico.
- Sim, o senhor me disse que tinha uma missão muito importante pra mim. - disse Héctor.
- Exato. A natureza dessa missão é de suma importância, e eu não pediria isso a outra pessoa que não fosse você, Héctor. - disse Frederico.
- Estou ouvindo, senhor.
- Mas antes, eu vou lhe contar uma história, pra que entenda melhor o que terá que fazer. Tem tempo? - pergunta Frederico.
- Sempre tenho tempo para o senhor, Don Frederico. - disse Héctor.
Héctor via em Don Frederico o pai que nunca teve, assim como Don Frederico o via como um filho.
Mas qual será essa missão tão importante que Héctor terá que realizar?
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