História La Magie Noire et L'amour - Décimo Nono: Identidades (Ato II)

–Marinette...? É você? –Chat Noir ainda permanecia em choque com a cena que acontecera em sua frente. Não conseguia associar nada, como se seus neurônios tivessem explodidos. Jamais imaginou que Marinette, a menina desastrada que surgiu na padaria, pudesse ser Ladybug: a rainha da França!

Ainda atordoada e cambaleando, Marinette se desvencilhou do colo do mesmo, dando alguns passos para frente. Encarando Volpina, ela gritou:

–É isso que você queria? Então tome! –ela não pensou duas vezes antes de jogar seu par de brincos em direção à raposa.

–NÃO! –Chat Noir gritou, porém já fora tarde demais. Volpina segurou os brincos nos ares e fechou seu punho, rindo malignamente como vitória. Havia derrotado a rainha da França.

–Agora solte-os! Deixe meus pais!

–Você manda, Majestade!

Então ela os soltou. Literalmente. Os largou para cair do topo do castelo até o chão, no qual eles gritaram desesperadamente pelo nome de sua filha.

–O QUE VOCÊ FEZ? –Marinette gritou, incrédula.

–Ops, escorregou –Volpina disse após rir novamente. –Foi um prazer derrotar você, Ladybug. Até a próxima.

Dito isso, ela voou pelos ares até desaparecer. Sem pensar nas consequências, Marinette correu em direção à sacada para salvar seus pais. Havia se esquecido completamente que não era mais a Ladybug nesse instante.

Chat Noir a segurou pela cintura, trazendo-a para longe da sacada. Ela tentava lutar contra ele, em vão.

–ME SOLTE!

–Eles são uma ilusão, Marinette –Chat continuava tentando acordá-la, mas estava sendo difícil. Não tinha forças para gritar com ela. Queria abraçá-la e dizer que tudo ficará bem. –Não é real.

Porém ela permanecia cheia de ódio e tristeza, acabando por assim descontar em cima do felino.

–Porque você não fez nada?! Você não tentou salvar meus pais! Você... Você não fez nada!

Empurrando-o com suas forças restantes, Marinette caminhou até a descida do teto para entrar no castelo, mas fora inutilmente. Como suas pernas estavam bambas, deu apenas dois passos e jogou-se no chão.

Agindo como uma criança desamparada, ela encolheu-se em começou a chorar alto. Tinha ódio de si mesma. Perdeu seu Conselheiro, seus guardas e agora seus pais. Seu castelo estava destruído por dentro. E o pior: não era mais a Rainha Ladybug. Acabou de entregar o seu trono para Hawk Moth de mão beijada.

–Eu sou uma inútil... –ela disse baixinho para si mesma, soluçando entre pausas. –Me desculpe mãe, pai... Eu jamais serei boa como vocês dois...

Chat sentiu seu peito ser esmagado ao vê-la de tal forma. Tão frágil, tão vulnerável. Não podia deixá-la assim. E não deixaria. Sem pensar nas consequências e nos sermões de Plagg, o felino ajoelhou-se em frente a ela.

–Marinette, olhe para mim... –ele sussurrou suavemente, levando as mãos para tentar encontrar o rosto da mesma.

–Me deixe sozinha, Chat! –ela resmungou, dando leve tapas na mão dele para afastá-lo. Mas, de alguma forma, sentiu seu peito esquentar quando Chat lhe chamou pelo seu verdadeiro nome.

–Me desculpe por não ter sido útil para você, my lady. Sei que você está assustada, mas por favor, olhe para mim...

–Eu já pedi para você me deixar soz...

Não pôde completar a frase, pois quando seus olhos finalmente se encontraram com o rapaz a sua frente, ficou boquiaberta: não era Chat Noir que estava na sua frente.

Era Adrien Agreste.

–Que...?

–Olá, Marinette –Adrien coçou a cabeça sem graça, mostrando seu Miraculous fora de seu dedo anelar e guardando-o. –Surpresa?

–CHEGA! –ela gritou novamente, o empurrando para longe de si e caminhando de volta para a sacada, onde ficou andando em círculos com as mãos na cabeça. –Pare! Eu estou cansada de ilusões e truques!

–Mas... Eu sou real! –ele disse, caminhando até a jovem azulada. A menina continuou fazendo não com a cabeça até o momento em que o loiro segurou seu braço esquerdo e o levou até seu peito. Determinado, ele respondeu firmemente: –Ouça.

Marinette o encarou confusa até entender do que ele se referia: aos batimentos cardíacos dele. Então, pela primeira vez, ela o encarou seriamente. O modo como seu peito subia e descia a cada respiração, sua mão segurando delicadamente seu pulso, o cabelo loiro desgrenhado e esses olhos verdes tão fascinantes...

Céus! Em quesito de aparência, Adrien e Chat são realmente muito parecidos. Mas... não podiam ser a mesma pessoa quando o assunto é a personalidade.

Sorrindo gentilmente, Adrien disse:

–Olhe para baixo. Você vê os corpos dos seus pais?

–N... Não... –ela respondeu após uma pausa, olhando da sacada. Como pôde ter sido tão burra e caído no truque sentimental barato de Volpina?! Mas agora não é hora de chorar pelo leite derramado.

–Porque eles foram uma ilusão criada pela Volpina para te enganar. Mas eu não –Adrien segurou delicadamente a mão dela, entrelaçando seus dedos. –Eu sou real. Eu sou Adrien Agreste, eu sou Chat Noir. Acredite em mim, Bugboo.

Bugboo. O apelido irritante que Chat lhe dera, mas que nesse momento fez seu coração bater mais depressa. Sentindo todo seu sangue circular mais rápido pelas suas veias, a verdade começou a aparecer em sua mente.

Adrien e Chat são a mesma pessoa.

E ela está perdidamente apaixonada por ele.

–S... Seu... IDIOTA!

Gritando furiosamente, Marinette pulou em cima do loiro e o abraçou fortemente. Adrien permaneceu parado por alguns segundos, até o momento em que escutara a azulada chorar em seu peito. Não fazia a mínima ideia se ela chorava de tristeza ou alívio, porém ele sorriu e retribuiu o afeto.

Permaneceram assim por longos minutos. Apenas sentindo o contato quente da pele e inalando o cheiro doce um do outro. Quando a respiração da mesma começou a ficar normal, Adrien deu um passo para trás e respirou fundo antes de dizer:

–Bem, acho que temos muito que conversar, mas não agora. Eu tenho que capturar uma raposa e devolver o Miraculous de uma princesa –enquanto colocava seu anel de volta, Adrien pôs suas mãos nos ombros de Marinette e aproximou seu rosto do dela, beijando a testa da mesma. –Fique aqui e eu logo voltarei pra você, my lady.

Marinette deu um pulo para trás, extremamente corada. O loiro apenas sorriu como resposta e correu apressadamente antes de gritar:

–Plagg, me transforme!