História La Magie Noire et L'amour - Vigésimo: Coração

Marinette permaneceu imóvel no local, sentada sobre suas próprias pernas. Um filme contando tudo que acontecera horas atrás passou pela sua mente, deixando-a mais aflita: havia beijado Chat. Fora derrotada por Volpina da maneira mais estúpida possível. Descobrira a identidade do felino.

E, provavelmente, estava se apaixonando por ele.

Mordeu o lábio inferior ao pensar nisso. Não poderia ama-lo, mesmo se quisesse. Seus Conselheiros nunca aprovariam, seu povo nunca aprovaria. Precisava casar com um nobre que pudesse trazer boas ações e influências a França. Adrien é um bom rapaz, mas é um plebeu. Nunca conseguiria ter um futuro com o loiro.

Quando percebeu no que pensara, deu um pulo e ficou de pé. A jovem azulada abriu os lábios em surpresa e arregalou os olhos: Adrien sabe sua identidade. Adrien sabe a identidade da Rainha da França. Cobriu os lábios ao soltar um pequeno grito abafado com tal pensamento. Céus! E se Adrien contasse para alguém? E o pior: e se o Império descobrisse? Eles prenderiam Adrien, o torturariam ou até...

Balançou a cabeça para os lados e fechou o punho com força, mandando esse pensamento horrível embora.

–Desculpe por fazê-la esperar, my lady.

A voz que tanto queria ouvir despertou próxima de si, afastando todos os problemas e dúvidas de sua mente. Virou-se o mais rápido até seus olhos se encontrarem com o do felino e sorriu aliviada ao vê-lo bem.

–Adrien! –ela gritou eufórica, correndo em direção ao felino e tocando em cada parte de seu corpo para certificar que ele estaria bem. –Você se machucou?

–Não se preocupe comigo, acha mesmo que seria derrotado por uma raposa de meia pataca? –ele sorriu brincalhão, fazendo Marinette sorrir de volta. –Isso é seu.

Ele esticou sua mão direita e abriu o punho, revelando o par de brincos que segurava. Marinette arregalou os olhos em surpresa e sorriu, dando pulinhos de alegria. Havia o subestimado.

–Você conseguiu!

–Sim, mas Volpina escapou –Chat disse seriamente enquanto Marinette colocava seus brincos. –Não consegui capturar o Miraculous dela, mas fiz uma ferida em seu pescoço ao tentar arranca-lo à força. Se você encontrar uma cidadã com um arranhão no pescoço pelas ruas de Paris, já sabe.

Marinette riu, ele realmente conseguia fazer graça em qualquer momento. Ficando na ponta dos pés, ela o beijou na bochecha delicadamente e sussurrou:

–Obrigada, meu gatinho.

O felino corou com o ato, mas logo em seguida sorriu gentilmente.

Marinette o surpreendeu em seguida se transformando em Ladybug. Vestida como joaninha, ela virou-se e costas e disse enquanto caminhava:

–Irei ver como estão os feridos no castelo, eles precisam de minha ajuda. Afinal, eu sou Marinette Dupain-Cheng, a Rainha da França.

Chat Noir sorriu ao ouvi-la dizer seu verdadeiro nome. Queria beijá-la, abraçá-la. Tinham muito que conversar, mas sabia que esse não era o momento certo. Mesmo entristecido, ele acenou com a cabeça para despedir-se da mesma.

–Até a próxima, Marinette.

–Até a próxima, Adrien.

~X~

Ladybug jogou-se em sua cama, exausta. Tudo estava ficando nos eixos conforme o tempo permitia. Alya e seus Conselheiros cuidaram de todos os feridos, Juleka e Rose ajudaram os convidados a irem para seus aposentos, os empregados começaram a limpar o salão e os corpos de seus guardas e o Conselheiro de Manto Azul já seriam enterrados amanhã de manhã. Sorriu timidamente, grata a todos que sempre lhe ajudaram.

–Vá descansar por hoje, Marinette –Alya dissera enquanto preparava um chá para os feridos. –Amanhã será um longo dia e você precisa estar disposta. Eu e as meninas estaremos cuidando do resto, não se preocupe.

Então ela obedeceu, já se encontrando deitada de barriga pra cima em sua cama. Uma lágrima solitária escapou de seus olhos. Há males que vem para o bem, não é mesmo? Provavelmente essa tragédia e a aparição de Volpina serviram para que Ladybug percebesse que seu coração batia por Adrien. Infelizmente algumas pessoas tiveram que morrer para ela perceber isso.

Fora arrancada à força de seus pensamentos quando uma voz familiar soou pelo seu quarto, dizendo:

–Demorou em aparecer, achei que não iria dormir hoje.

Pulou de sua cama com o susto e rodou até seus olhos encontrarem o dono dessa voz. Adrien estava sentado sobre a sacada de sua janela, sorrindo gentilmente. Seu Miraculous estava desativado em seu dedo anelar.

–O que você está fazendo aqui?! –Ladybug perguntou em nervosismo.  Estava sozinha em seu quarto. Com Adrien. Com Chat. Corou com tal pensamento.

–Temos muito que conversar, você não concorda?

–M... Mas eu falei para nos vermos amanhã! Agora eu estou cansada, tenho que dormir e acordar cedo amanhã e... Afinal, como você entrou no meu quarto?!

–Esqueceu-se que eu sou o Chat Noir? –ele deu um sorriso zombeteiro, fazendo Ladybug emburrar a cara. –Entrar pela janela foi fácil para mim, graças ao Plagg.

–Plagg?

–Oh, é mesmo, você não o conhece.

Dito isso, o loiro abriu o bolso de seu casaco, fazendo sair um pequeno e cabeçudo animal semelhante a um felino. Ele encarava Ladybug com a cara emburrada, provavelmente devia estar dormindo.

–Olá, Marinette. Prazer conhecê-la.

–Como ele sabe meu nome? Você contou? –Ladybug perguntou para Adrien, com a sobrancelha franzida.

–Nossos Miraculous sabiam de tudo o tempo inteiro, my lady. Estava conversando com Plagg e, quando eu contei que sabia sua identidade, ele acabou revelando tudo. O nome de sua Kwami é Tikki, não?

A jovem arregalou seus olhos em surpresa. Porque Tikki escondeu isso durante todo esse tempo? Sempre fora tão sincera com sua Kwami, achava que não havia segredos entre as duas. Com certeza teria uma conversinha com a mesma mais tarde.

–Bem, eu não estou com vontade de ser vela entre vocês dois, então voltarei a dormir. Boa noite –Plagg dissera, entrando novamente no bolso e permanecendo lá, deixando a azulada sozinha com o loiro.

Ela virou-se de costas, ficando vermelha. Se acalme, se acalme! É apenas o rapaz no qual você está apaixonada em seu quarto, APENAS isso! Não tem motivo para entrar em colapso, Mari! Ela gritava com si mesma em pensamentos.

Adrien, por sua vez, quebrou o silêncio com uma pergunta que a pegou totalmente desprevenida:

–Porque você ainda está como Ladybug?

Arregalou seus olhos, esse loiro tinha mesmo o poder de ler seus pensamentos mais profundos. A joaninha tratou de virar-se para encará-lo, mesmo sem dizer nenhuma palavra. Porém arrependeu-se quase no mesmo instante:

Adrien não estava mais apoiado na janela, e sim, perto de si. Parou de respirar no mesmo segundo em que ele sorriu gentilmente. Seu cérebro parou de funcionar e suas pernas voltaram a tremer.

–Eu queria tanto te ver como Marinette... –o Agreste sussurrou, enquanto colocava sua mão para acariciar o delicado rosto da azulada. Ladybug fechou seus olhos por alguns segundos, se permitindo aproveitar a sensação de seus dedos correndo pelo seu rosto, seu pescoço...

Porém, ao perceber que sua mão ia de encontro aos seus brincos, deu um pulo para trás em recuo.

–N-Não faça isso –ela sussurrou em vergonha, voltando-se a ficar de costas para o mesmo. Fechou seus olhos com força. Não queria ser Marinette.

–Como eu havia suspeitado.

–Que? –ela virou seu rosto, somente para encará-lo por alguns segundos.

–Volpina estava certa quando disse que você não gosta do seu lado Marinette, não é mesmo? –ela arregalou seus olhos em resposta, virando o rosto. Então Adrien prosseguiu: –Por que? Porque você não me deixa vê-la como Marinette? Do que tem tanto medo, my lady?

Sentindo seu coração explodir em mil sentimentos, ela gritou com os olhos cheios de lágrimas:

–Porque você ama a Ladybug, não a Marinette!

–O que? Do que você está...? –fora interrompido.

–A Ladybug é inteligente, gentil, corajosa e querida pelo povo. Como Marinette, eu não passo de uma humana qualquer. Sou fraca, desastrada, inútil e boba! Ninguém irá me amar quando souber minha verdadeira identidade! A Marinette... a Marinette não é digna de ser chamada de Rainha Ladybug. Eu não...

Suas palavras de ódio contra si mesma foram interrompidas quando Adrien a abraçou fortemente por trás, tombando sua testa no ombro direito da mesma. Ladybug arregalou seus olhos com o ato, sem saber como reagir.

–A-Adrien, o que você...?

–Não diga mais essas palavras, por favor. Nunca mais.

Ele sussurrava com dor em seu tom de voz. Havia o magoado, com certeza. Não conseguia fazer nada direito, céus! Sentiu todo seu mundo virar de cabeça pra baixo quando ele a virou bruscamente para encará-lo nos olhos.

Esses olhos verdes esmeralda tão lindos...

Com um olhar sério e a expressão franzida, Adrien dissera em voz alta enquanto a segurava pelos ombros:

–Eu amo a Ladybug, é verdade. Mas eu somente a amava porque não sabia quem ela era por debaixo da máscara. Mas agora eu sei que Ladybug e Marinette são a mesma pessoa. E eu amo as duas. Eu amo você.

O coração de Ladybug falhou uma batida. No momento, se encontrava petrificada e maravilhada com tudo que escutara. Aproveitando o silêncio repentino da mesma, Adrien levou suas mãos ao rosto da mesma delicadamente. Mesmo sabendo o que ele faria, Ladybug apenas fechou os olhos enquanto sentia sua transformação se desfazer.

Agora estava ali: sendo apenas Marinette, na frente de Adrien. O loiro colocou seus brincos sobre a mesa mais próxima e voltou a fitá-la com amor. Estava apaixonada, muito apaixonada.

–Você é linda, Marinette. Você é engraçada, carismática, atenciosa... Você e a Ladybug se completam. Nenhuma é melhor que a outra. Por isso, não tente apagar seu lado Marinette. Eu a amo de todas as formas, e sei que seu povo também.

Sem conseguir mais esconder o sentimento em seu peito, Adrien levou sua mão à nuca da azulada e a beijou apaixonadamente. De inicio, Marinette arregalou seus olhos em surpresa, mas depois retribuiu o afeto com a mesma intensidade. Os lábios dele são tão doces e macios como os de Chat. Sorriu ao pensar nisso, deixando sua mão perder-se no meio das madeixas loiras.

Adrien a pegou no colo como uma princesa e a deitou na cama, sem parar de beijá-la por nenhum segundo. Quando finalmente seus pulmões sentiram falta do ar, eles afastaram seus lábios e permaneceram se encarando por alguns segundos, assimilando tudo que acontecera.

–Eu preciso ir, my lady –ele sussurrou antes de encostar seus lábios novamente para dar um selinho. –Está ficando tarde e você precisa descansar. Nos vemos amanhã, talvez. Até mais.

O Agreste levantou-se para ir em direção à janela, porém fora interrompido ao sentir seu pulso ser agarrado. Quando virou a cabeça, viu que Marinette se encontrara sentada em sua cada lhe encarando.

–Err... –ela sussurrou, completamente vermelha. –Fique comigo esta noite...

Provavelmente Adrien nunca sorriu tanto em toda sua vida. Sem pensar duas vezes, o loiro deitou-se ao lado da azulada e a puxou para mais perto de si, ficando abraçados. Com seu coração batendo rapidamente e o rosto corado, ele beijou a testa da mesma e sussurrou enquanto adormecia:

–Boa noite, my lady.