História La Magie Noire et L'amour - Vigésimo Primeiro: Traição

Quando Marinette despertou de seu sono profundo, percebera que Adrien já havia ido embora. Soltou um pequeno resmungo enquanto espreguiçava-se, ficando de bruços e fazendo uma careta, fechando novamente os olhos.

Sorriu levemente ao sentir o cheiro do loiro em sua cama, inalando o aroma tão adocicado e inebriante. Parecia uma adolescente apaixonada de colegial!

Porém não tinha tempo para pensar em namoro, tinha que concentrar-se em seu Reino. E foi exatamente isso que fizera durante todo o longo e cansativo dia: ajudou com a limpeza do salão, cuidou dos feridos, conversou com seus Conselheiros e os convidados... Enfim, fizera tudo que estava ao seu alcance.

            O momento mais doloroso, sem dúvidas, foi consolar a família e seus guardas e o Conselheiro Azul; eles choravam pesadamente e Ladybug teve que conter-se para não ir às lágrimas juntamente.

–Está tudo tão embaralhado em minha cabeça... –Marinette resmungou enquanto sentava-se na cozinha, trocando ideias com Alya. Havia contado tudo para a amiga: sobre Volpina ter lhe desmascarado e sobre a identidade de Chat Noit, a morena ficou boquiaberta.

–Você tem que seguir o seu coração, Mari –ela comentou enquanto preparava um suco. –Não importa se os Conselheiros vão aprovar ou não o seu namoro com o Adrien, você é a Rainha da França e a palavra final sempre será sua.

–Eu concordo com Alya –Tikki assentiu enquanto voava pelos ares.

–Eu sei, mas é tudo tão confuso. Tenho medo de estar fazendo alguma bobeira, mas também tenho medo de me arrepender por nunca ter tentado.

–Você vai achar a resposta para tudo, sei que vai –Alya disse com seu tom de voz amigável, sorrindo gentilmente para a amiga.

–Oh, elas estão aqui! –as vozes femininas tão familiares escoaram pelos ouvidos de Marinette, fazendo a mesma sorrir ao ver todas suas amigas reunidas. Sempre estavam tão ocupadas que nunca conseguiam ficar juntas.

–Sentem-se, estou preparando um suco –Alya comentou.

–Ah, eu aceito! –Rose comentou, sentando ao lado de Marinette. –Estou com muita sede.

Quando menos perceberam, já se encontravam sentadas ao redor da mesa e conversando animadamente sobre diversos assuntos. Brincavam, riam, soltavam farpas e comentavam sobre o futuro juntamente, sem nunca perderem o tom agradável da conversa. Marinette sorriu, pensando em como admirava todas elas.

–O que acharam do Chat Noir ter vindo capturar a Marinette durante o baile? –Alya perguntou para todas enquanto encarava a azulada com um olhar provocativo. Marinette sentiu vontade de sair correndo dali, mas permaneceu imóvel e corada com a pergunta repentina.

–No começo eu fiquei assustada, mas depois achei a atitude tão romântica –comentou Mylene, arrancando risadas de todas. –Está na cara que ele é apaixonado por você, Mari!

Todas assentiram em concordância, fazendo Marinette sorrir.

–Eu não gosto dele –acrescentou Lila. –Muito bobalhão, faz brincadeiras em momentos indesejáveis e isso me irrita. Sei que é ridículo eu pensar assim, mas se ele não tivesse vindo ao baile, Marinette estaria no palácio no momento em que o ataque aconteceu.

–Mas não tinha como ninguém prever o ataque surpresa de Volpina –Juleka disse ao defender Chat. –Nem sequer sabíamos da existência dela!

–Isso é verdade –Lila concordou. –Talvez ela seja tão perigosa quando Hawk Moth, devemos ficar de olhos abertos.

–Mas não vamos falar de coisa ruim –Rose comentou, mudando de assunto o mais rápido possível: –Nos diga, Mari: você está apaixonada por ele?

A azulada arregalou os olhos e ficou vermelha quando todas lhe encararam ao mesmo tempo, ansiosas pela sua resposta. Ela entreabriu os lábios, mas não era capaz de emitir nenhum som.

–Mudarei para outra pergunta: o que aconteceu entre vocês dois depois que saíram do baile?

Fitando os próprios pés em vergonha, Marinette corou violentamente enquanto procurava as palavras certas para dizer:

–N-Nos beijamos...

Em seguida, escutou inúmeros gritinhos agudos de comemoração vindo de Mylene e Rose –enquanto Juleka e Lila tapavam os outros entre risos. Alya comentava com Tikki em seu ombros sobre alguma coisa. A Rainha da França sentiu vontade de esconder-se em um buraco tamanha vergonha.

~X~

Anoitecendo, Marinette decidiu tomar um bom banho para relaxar antes de dormir e foi exatamente isso que fizera. A azulada sentiu-se renovada e pôs seu longo pijama de seda branco, pronta para dormir. Estava exausta de qualquer forma.

–Marinette, estou com fome! –Tikki resmungou, deitada em sua cama.

–Sinto muito, Tikki! –a azulada se desculpou ao lembrar que não havia dado alimento para sua Kwami. –Eu vou buscar seus biscoitos na cozinha, não demoro!

Dito isso, a Rainha da França caminhou em largos passos pelos corredores e descendo às escadarias silenciosas do palácio à noite. Ao chegar à despensa, não demorou em pegar o pequeno pote de biscoito e retirar-se do local tão apressadamente como adentrou.

Escuro, muito escuro. Essa assim que o palácio se encontrava, dando calafrios na mesma. A azulada estava tão nervosa e caminhando olhando para os próprios pés que acabou esbarrando-se em alguém.

–Desculpe, Mari! –a voz de Lila fez a azulada respirar aliviada. –Estava andando distraída e nem te vi.

–Não tem problema, Lila. Eu também estava distraída.

–Vai comer essa hora? –ela perguntou, apontando para o pote em suas mãos.

–Oh, não –Marinette sorriu enquanto disse: –É para a Tikki, minha Kwami.

Lila assentiu com a cabeça, sorrindo gentilmente. Marinette estava prestes a despedir-se quando percebeu que a morena tinha um pequeno arranhão em seu pescoço, fazendo a mesma franzir a sobrancelha em curiosidade. Quando estava prestes a perguntar onde a mesma feriu-se nesse local, ficou boquiaberta quando a voz de Chat Noir veio em sua mente:

“Volpina escapou. Não consegui capturar o Miraculous dela, mas fiz uma ferida em seu pescoço ao tentar arranca-lo à força. Se você encontrar uma cidadã com um arranhão no pescoço pelas ruas de Paris, já sabe.”

Arregalou os seus olhos logo em seguida, observando Lila a sua frente: mesma estatura e cor do cabelo, voz similar, sabe sua identidade... Céus, isso não pode ser verdade. Não queria acreditar.

–Mari? –Lila perguntou, encarando o rosto confuso de Marinette. Balançou as mãos nos ares para despertar a outra do transe. –Você está bem?

Em questão de milésimos de segundos, Lila sentiu seu rosto ser atingido por um forte tapa, arregalando os olhos enquanto pusera a mão no local atingido. Marinette lhe encarava com um olhar fuzilante.

–M-Mari...? –ela perguntou, confusa.

–Volpina.

A morena arregalou os olhos em seguida, mordendo o lábio inferior. Céus, estava em maus lençóis agora.

–Como você pôde? –a voz de Marinette soou carregada de ódio. –Me traiu da maneira mais baixa possível. Por sua culpa os meus guardas e o Conselheiro... Porque, Lila? POR QUÊ?!

–Porque você não é digna de liderar a França.

Marinette arregalou os olhos ao sentir o peso de tais palavras ditas pela sua amiga, ou ela achou que fosse. A morena apenas sorriu de forma maligna enquanto deu dois passos e trás e tratou de caminhar, dizendo:

–Você quer conhecer o Hawk Moth? Me siga.