Marinette jogou-se em sua cama exausta, resmungando algumas palavras enquanto sua cabeça estava pressionada contra o travesseiro. Queria dormir e acordar somente no dia seguinte, mas ainda era de tarde e uma Rainha deve ter compromissos e responsabilidades.
A heroína de joaninha olhou para Tikki, que já estava dormindo em cima da mesa. Sorriu e agradeceu internamente para sua Kwami por existir.
Ainda deitada em sua cama, Marinette virou-se de barriga para cima e fitou o teto de seu quarto, tendo inúmeros pensamentos em mente. Se não tivesse nascido filha de Reis, sua vida teria sido diferente? Será que, se tivesse nascido uma plebeia, Tikki jamais apareceria em sua vida? Essas dúvidas fizeram sua mente direcionar-se até Chat Noir.
Corou levemente ao pensar nele. Será que o homem por trás da máscara é um nobre, assim como ela? Qual será o verdadeiro nome dele? O que ele faz durante o dia enquanto não é Chat Noir?
–Por que estou pensando nisso? Não devemos saber a verdadeira identidade um do outro! –a jovem sentou-se em sua cama, bufando. Chat Noir nunca será nada mais do que Chat Noir, seu parceiro de lutas.
Marinette decidiu tomar um banho para afastar os pensamentos. Amanhã terá uma reunião com os Conselheiros do país e deveria focar apenas nisso, mas é difícil quando se tem que proteger França de Hawk Moth sozinha. Sentia que iria desabar a qualquer momento tendo que lidar com tudo sozinha.
Chat Noir apareceu no momento em que eu pensava que não poderia suportar mais sozinha... Deitou-se por completo na banheira assim que seus pensamentos se voltaram novamente àquele gato.
–Estou entrando, Marinette! –a jovem deu um pulo da banheira e cobriu os seios quando Alya adentrou a sala de banho, agindo como se fosse uma situação normal ver sua melhor amiga nua. –Até que enfim parou em casa, Ladybug! Pensei que não poderia conversar com você hoje.
De todas as princesas que havia no castelo, Alya era a sua melhor amiga. Claro, Marinette ama e será grata a todas, mas é inegável o laço e a forte amizade que ela e Alya construíram ao longo dos anos: foi a primeira a descobrir que Marinette ganhou o Miraculous da Criação e também foi a primeira a ver a transformação da Ladybug. Alya também é a única pessoa do castelo, com exceção de Marinette, que já viu Tikki pessoalmente, já que a Kwami não gosta de sair do quarto.
Alya é filha da Família Césarie, com descendentes do Reino Português. Com a pele e cabelo moreno, além de ter uma pinta no lado esquerdo da testa, Alya tem um rosto e um belo corpo. Já fora pedida em casamento inúmeras vezes, mas sempre recusou por acreditar que só iria casar-se por amor. Ela usa um vestido comprido laranja com detalhes brancos e dourados, além de sempre segurar um óculos redondo para leitura.
–O que você quer, Alya? Nem para me esperar sair do banho!
–Olha, eu acho que a minha amiga está bastante exausta por combater seus inimigos como Ladybug, por isso eu vim convida-la para dar um passeio pelas ruas de Paris comigo, como Marinette.
–Não sei se é uma boa ideia, eu não costumo sair do palácio como Marinette. Então não sei...
–Exatamente por isso, boba! –Alya gritou ao apoiar-se na porta. –Você é uma super heroína, mas também merece se divertir.
–Eu concordo com ela, Marinette –a voz de Tikki ecoou pelo banheiro, fazendo Alya dar um sorriso vitorioso.
Ainda sem estar cem por cento convencida, Marinette respirou fundo e deu-se por vencida, sussurrando:
–Então eu irei, mas espere eu trocar-me de roupa do lado de fora! –ela gritou, apontando o dedo em direção à porta.
–Opa, como quiser, Majestade! –Alya disse entre risadas, saindo do cômodo e logo em seguida fechando a porta.
~X~
Não demorou muito para que Marinette saísse da sala de banho já vestida de trajes adequados. Usava um longo vestido vermelho e uma pena preta com pena vermelha do lado esquerdo. Por ter lavado o cabelo, decidiu mantê-los soltos durante o passeio.
Quando adentrou seu quarto, vira Alya sentada em sua cama acariciando a cabeça de Tikki, que dormia serenamente.
–Ás vezes, acho que exijo demais dela... Olha como a deixo esgotada –Marinette disse quando Alya notou sua presença no cômodo.
–Eu tenho certeza que a Tikki não se importa com isso, muito pelo contrário, fica extremamente feliz por ser útil para você.
–Eu sei, mas... Gostaria de fazer mais por ela.
–Oras, então compre uma mansão cheia de biscoitos! –quando Alya disse tais palavras, Marinette começou a gargalhar. –Pode parar de rir e vamos logo antes que escureça.
Tikki ficou dormindo nos aposentos de Marinette, estava exausta demais e a Rainha da França preferiu deixa-la descansando.
Como sempre, saíram pelos fundos do palácio para que a população não as veja. Em questão de minutos já estavam no meio da multidão, andando pelo longo corredor de comércio do centro de Paris. Inúmeras lojas de diversos conteúdos, cada pessoa fazia Marinette sorrir encabulada. O meu povo, meu país.
Algumas pessoas diziam que a Rainha Ladybug guardava rancor dos franceses por ter visto seus pais serem mortos na guilhotina, mas Marinette sabe que isso é apenas um rumor. O seu povo errou, mas jamais o odiaria por tal coisa. Afinal, os humanos erram não é mesmo?
Alya e Marinette passaram ótimas horas juntas. Não pôde negar: divertiu-se muito esta tarde. Além de ter conhecido o lado mais gentil da sua população, comprou tecidos e roupas novas com sua amiga, e claro, conversaram muito entre risadas e chacotas. Sua amiga e Tikki estavam certas: realmente precisava sair como Marinette às vezes.
Gostava do seu lado Ladybug, até demais. Muitas vezes tentou apagar o seu lado Marinette, por serem totalmente opostas: enquanto a Ladybug é estrategista, inteligente, destemida e amada, a Marinette é tímida, desastrada e não sabia fazer nenhuma atividade doméstica! A mesma pessoa, mas tão diferente...
–Por falar nisso –Alya sussurrou em seu ouvido, despertando Marinette de seu transe. –O que achou o Chat Noir?
–O que? –ela perguntou, fazendo uma careta.
–Você sabe que a Rainha Ladybug agora tem um parceiro –Alya disse calmamente, conversando com Marinette como se ela e Ladybug não fossem a mesma pessoa, para evitar suspeitas caso alguém estivesse ouvindo. –Você não o viu em ação com ela?
–N-Não vi –Marinette disse, cruzando os braços com o rosto levemente avermelhado.
–Entendi... Bem, o que acha de pararmos em algum lugar para comer? Estou com fome –Marinette concordou com a cabeça, fazendo Alya prosseguir: –Eu vi uma confeitaria nessa rua, vamos lá.
~X~
Adrien saiu da cozinha bufando, retirando a touca que cobria o seu cabelo enquanto preparava os doces. Nino havia o chamado para ajuda-lo no caixa, já que o movimento da loja estava grande.
–Atende algumas pessoas que acabaram de chegar, eu estou concluindo o pagamento dessas clientes e já vou –Nino pediu e o loiro apenas concordou com a cabeça, saindo detrás da banca. –E ajeita esse rosto que está sujo de farinha!
O jovem apenas revirou os olhos e passou a mão no rosto de qualquer forma, atendendo algumas mulheres que lá haviam. Quando ele finalmente achou que estava livre para voltar à cozinha, ouviu o sino da porta tocar, indicando que mais alguém havia entrado.
Ele virou o rosto e ficou surpreso ao ver que, pelos trajes, eram duas garotas nobres. Geralmente a nobreza pede para seus empregados comprar os alimentos e assim leva-los para casa. É raro ver uma nobre andando pelo comércio de Paris. Pensou. Por dúvidas, ficou parado apenas observando-as.
–Anda logo, Marinette! –a garota morena gritou, resmungando com a amiga de cabelo azulado. –Eu já escolhi meus doces, falta só você.
–Estou em dúvida qual levar. Esses dois parecem maravilhosos, mas também tem esse aqui que eu sempre comi quando criança e...
A garota não conseguiu completar a frase, pois segurava dois doces em cada uma das mãos e tentou pegar o terceiro, fazendo assim os três voarem pelos ares. Ela deu um grito e arregalou os olhos tamanha sua lerdice.
Antes que todos os doces caíssem no chão e de despedaçassem, Adrien aproximou-se das garotas e segurou-os firmemente, fazendo ambas respirarem aliviadas.
–Muito obrigada e me desculpe por ser tão desastrada! –a garota de cabelo azulado disse, fazendo uma breve reverência.
–Não precisa se desculpar, mas tome cuidado da próxima vez –Adrien sorriu levemente para as duas. Generoso, ele colocou os doces em uma sacola e a ergueu em direção à azulada. –Tome, dessa vez é por conta da casa.
–V...Você está falando sério? –Marinette perguntou ao pegar a sacola, com seu rosto corado e o coração batendo rapidamente.
–É claro, até porque não é todo dia que uma menina desastrada entra na minha loja e me faz rir –ele disse entre risos, e em seguida complementou: –Apareça mais vezes se quiser. Eu me chamo Adrien Agreste.
–Ma-Marinette –e então, seus olharem se cruzaram e Marinette sentiu seu mundo parar.
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