História La Magie Noire et L'amour - Nono: Antepassados

Antes que conseguisse voltar para casa de Adrien, Plagg fora parado por Tikki durante o trajeto. O Kwami de Gato encarou a joaninha com o rosto impaciente, querendo se retirar do local o quanto antes.

–Não temos mais o que conversar, o que você quer? –ele perguntou secamente.

–Me desculpe se eu lhe tratei grosseiramente, mas assim como você, eu temo que o passado se repita.

–E quem disse que eu temo alguma coisa?

–Você pode esconder isso do Grande Guardião, mas não de mim. Eu sou seu Yin, afinal –o pequeno gato arregalou os olhos em sinal de surpresa, fazendo Tikki  sorrir. –Eu sei o quanto você era apegado ao antigo Chat Noir.

–Eu não quero falar sobre isso –Plagg virou o rosto seriamente na tentativa de mudar de assunto.

–Você ainda trata o Adrien grosseiramente? Fica fingindo estar sempre com fome para irrita-lo e não se apegar a ele? –Plagg não respondeu, o que fez Tikki prosseguir após uma pausa: –Eu também era muito apegada a ela, sabe... Perde-los daquela forma foi doloroso demais. É por isso que devemos evitar, a todo custo, que nossos portadores descubram a identidade um do outro.

Tikki não obteve resposta do gato, pois quando menos percebeu, encontrara-se sozinha no ambiente. Suspirando pesadamente, a Kwami da Joaninha voou em direção à mansão, com a mente cheia de memórias dolorosas.

...Séculos Atrás...

Uma jovem garota de cabelo escuro solto e usando um simples vestido branco jogou-se em sua cama de barriga pra cima, fitando o teto.

–Eu estou completamente apaixonada pelo Chat Noir, Tikki! Mas e se ele for um nobre? E se ele não gostar de quem eu sou por trás da máscara? Estou tão confusa...

–Bridgette, você tem certeza? Descobrir a identidade de vocês por debaixo da máscara pode ser perigoso.

–Eu sei, e quero correr esse risco. Irei confessar meus sentimentos pelo Chat hoje à noite e, dependendo da resposta dele, nós iremos revelar nossas identidades.

–Eu tenho um mau pressentimento sobre isso... Mas como eu te conheço perfeitamente, você não irá dar o braço a torcer –a Kwami sorriu gentilmente, sentando no ombro de Bridgette. –Eu espero que você seja feliz e que dê tudo certo.

Chat Noir estava caminhando sobre o Palácio Francês que havia sido inaugurado recentemente, esperando por sua lady. Não podia negar, estava nervoso.

Por trás da máscara, Chat era o segundo príncipe do Império Francês, o Príncipe Félix. Bem, não que ele tivesse chance de assumir o trono, mas isso lhe incomodava bastante. Assim como seu irmão mais velho, quase não saíra do palácio durante sua infância. Por isso, como Chat Noir, ele descobriu um novo lado seu, assim como um novo amor: Ladybug.

–Bem que você poderia ter marcado para nos encontrarmos mais cedo. Sei que você é um gato vadio e adora andar por aí de noite, mas eu estou com sono, sabia?

Essa voz... Essa doce e inconfundível voz fez Chat virar de costas até seus olhos encontrarem-se com os de Ladybug. Como sempre acompanhada de sua roupa vermelha de bolinhas pretas e o cabelo preso por uma maria-chiquinha.

–Minha princesa –ele sussurrou com um brilho nos olhos, fazendo Ladybug corar levemente. –É bom vê-la.

–Chat, eu tenho uma coisa para te contar...

–Conte-me depois, pois você irá me ouvir primeiro –Chat disse, encostando seu dedo indicador nos lábios da joaninha e logo em seguida passando a mão pela cintura da mesma. –Ladybug, eu... eu te amo. Eu te amo desde a primeira vez que te vi e não consigo mais esconder esse sentimento em meu peito.

Ladybug arregalou os olhos, surpresa. Sentiu suas pernas fraquejarem e sua garganta secar. Como podia ser tão cega? Ele também nutria sentimentos recíprocos ao dela! Sentindo seu peito esquentar, a jovem pulou sobre Chat para abraça-lo o mais forte enquanto escondia seu rosto vermelho no peito do mesmo.

–Seu tolo... Eu também amo você! –ela sussurrou ainda com o rosto escondido, apertando ainda mais forte o abraço.

Chat não pôde conter a alegria que transbordava em si. Sorrindo como um garotinho ganhando um brinquedo, o loiro retribuiu o afeto gentilmente, no qual permaneceram por um tempo.

–Ladybug? –ele a chamou, nervoso.

–Sim? –a jovem assentiu, se desfazendo do abraço e dando um pequeno passo para trás.

–Pode ser egoísmo da minha parte, mas eu realmente quero muito saber quem você é por trás da máscara.

Ladybug sorriu como resposta. Céus, estava chegando o momento tão esperado por ambos. Depois de tanto pedir, depois de tanto sonhar...!

–Como o amor é lindo! Chega me dar náuseas.

Ambos viraram o rosto rapidamente assim que escutaram um voz soar perto onde estavam. Mais a frente, havia uma mulher vestida como uma raposa e segurava uma flauta em sua mão direita.

–Volpina! –Ladybug gritou, encarando a mulher. –Então você realmente decidiu se unir a Hawk Moth? A minha Kwami realmente estava certa quando dizia que o Miraculous da Raposa não é confiável.

–Raposas são traiçoeiras, assim como os gatos pretos tão azar –Volpina disse entre risos, fazendo Chat emburrar a cara. –Agora me entreguem os seus Miraculous!

–Nunca! –ambos gritaram ao mesmo tempo.

–Será que vocês não entendem? Hawk Moth é bem mais apto para governar a França do que o primeiro príncipe –Chat Noir se segurou para não responde-la quando Volpina falou de seu irmão.

–Não cabe você decidir quem deve ou não governar a França –Ladybug respondeu seriamente, esticando seu ioiô para batalha. –E se Hawk Moth fosse mesmo digno de ser o novo Rei, viria nos eliminar pessoalmente.

Dito isso, Ladybug e Chat Noir em direção à sua oponente para um duelo que não acabaria tão cedo.

Provavelmente já fazia uma hora que ambos estavam lutando, os três se encontravam desgastados. Tinham que usar logo seus poderes antes que o cansaço os vença. Foi quando Volpina criou inúmeras ilusões de si mesma, porém essas conseguiam se mover por conta própria.

–Chat Noir, eu vou destruir todas as ilusões. Se prepare para usar o seu Cataclismo quando for a hora e destruir o colar dela! –Ladybug gritou enquanto lançava seu ioiô nos ares e destruindo as Volpina’s pouco a pouco.

–Não pense que será tão fácil assim, Ladybug!

Ao ver Chat Noir se aproximando, Volpina criou ilusões de Ladybug para confundir o gato. Chat parou por um instante atordoado, pensando em um plano. Todas as Ladybug’s estavam ao redor da raposa, céus!

Porém, quando vira uma Ladybug se mover mais rápido que as outras, não teve dúvida: era a sua princesa.

–Cataclismo! –ele gritou, correndo em direção as joaninhas com sua mão negra destruindo as ilusões.

Antes que pudesse ser o próximo alvo, Volpina deu um longo pulo para trás em recuo. Chat sorriu vitorioso e olhou para a raposa, que ao invés de estar com raiva, tinha um sorriso maroto nos lábios.

–Qual é a graça? –ele perguntou enquanto se apoiava em seu bastão.

–Você realmente trás má sorte, inclusive para as pessoas ao seu redor.

Confuso e em entender do que ele falava, Chat virou o rosto para o lado e foi quando o seu mundo caiu. Sentiu seu coração travar ao passo que abria os lábios lentamente, sem murmurar nenhuma palavra.

Em choque, Chat Noir olhou para as duas Ladybug que haviam a sua frente: uma estava ferida seriamente na barriga, onde seu Cataclismo atingiu e a outra estava parada mais distante... Quando a Ladybug ilesa desapareceu, ele deduziu tudo.

Acertou o Cataclismo na verdadeira Ladybug.

–Muito obrigada por facilitar o trabalho para mim, Chat Noir –Volpina disse.           

–C... Chat... –Ladybug sussurrou com dificuldade, sentindo o sangue escorrer pelos seus lábios. –O que você fez...?

Ladybug caiu inconsciente e, com a forte pancada que seu corpo tivera ao encostar no chão, seus brincos saíram de sua orelha.

–BRIDGETTE! –Tikki gritou em prantos ao sair do brinco, sentindo as lágrimas escorrerem pelo seu rosto. –O que você fez?!

A Kwami olhava com ódio para Chat, mas ele sentia que esse olhar não era para ele e sim... para o seu anel. Quando escutara o “bip bip” de seu Miraculous sentiu a realidade cair sobre si como pedras.

–O que aconteceu aqui?! –Plagg gritou em choque quando saiu do anel de Chat, olhando para Tikki e logo em seguida para o corpo de Bridgette.

Bridgette. Félix conhecia essa garota. Havia estudado com ela e sua irmã mais nova na infância. Brigdette é sua princesa. E Ladybug está morta.

–NÃO! Não pode ser! –Volpina gritou ao retirar o colar em prantos, revelando sua identidade: Sabrina, a irmã de Brigdette. Com lágrimas no rosto, a jovem correu para abraçar o corpo de sua irmã. –Eu não sabia que... Bridgette! Era você esse tempo todo?! Porque?!

Félix sentiu as lágrimas escorrerem pelo seu rosto após alguns minutos, não conseguia se mover mesmo querendo. Um sentimento de dor, ódio e culpa cresceu sobre seu peito como nunca antes.

Depois de tanto sonhar quem era sua princesa por trás da máscara, por quê tinha que saber de tal forma? Era por isso que Plagg dizia que não podiam descobrir a identidade um do outro?! Inúmeros pensamentos circularam sua mente em milésimos de segundos, mas quando ele finalmente percebeu que Brigdette não acordaria nunca mais, jogou-se no chão e gritou como nunca antes:

–LADYBUG!!!

*LEIAM AS NOTAS FINAIS*