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História La Revenge - Apostar no Outro, perdoar continuamente...


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 61 - Apostar no Outro, perdoar continuamente...



“Apostar no Outro, perdoar continuamente, dar sempre uma nova chance é fundamental para superar frustrações e criar novos vínculos”
Augusto Cury

- Mó doideira véi! – Cascão falou admirado após ouvir as novidades do Cebola. Os quatro estavam reunidos na fila do cinema para uma noite da turma clássica, coisa que não tinham há muitos meses.
- Doideira mesmo! Até a CIA e o FBI estão atrás dele, dá pra acreditar?
(Mônica) – Mas também, foi muito azar ele ter fugido. Aquele ali escorrega mais do que quiabo!
(Magali) – Ei! Não xinga o quiabo!

Depois da explosão no Monte do Desafio, Capitão Feio tinha fugido novamente. Como tinha dito certa vez, ele era como as baratas que sempre voltavam. Um dia ele ia voltar também, embora daquela vez as coisas iam ser muito mais difíceis porque ele estava sendo caçado por governos de vários países por causa dos seus crimes contra a humanidade.

O esfriamento acarretado pelos seus satélites causou centenas de mortes pelo mundo e bilhões de dólares em prejuízos. Inúmeras colheitas foram perdidas, várias espécies ameaçadas estavam a beira da extinção e os economistas previam uma forte crise no próximo ano pela falta de alimentos. Depois disso, ele não ia aparecer tão cedo.

- Ah, o bom mesmo é que o seu Quinzão vão reabrir a padaria! Nem acredito!
(Mônica) - Pois é. O Pai da Penha teve que desembolsar um dinheirão!

Inicialmente, somente os pais da Mônica e da Irene tinham decidido mover um processo contra Penha. Mas quando a notícia se espalhou, isso pareceu ter causado uma reação em cadeia no resto da turma que resolveu também ir atrás dela exigindo reparações. Uns ganharam mais, outros menos, mas todos acabaram levando uma parte da grande fortuna do pai da Penha.

Um dos que ganhou mais foi seu Quinzão, que conseguiu uma indenização bem generosa que permitiu pagar todas as suas dívidas e ainda fazer melhorias no seu negócio. A reinauguração estava marcada para o ano novo e ele pretendia dar uma grande festa. Magali e seu estômago mal conseguiam esperar.

Mônica também tinha conseguido uma ótima indenização, que tinha sido depositada no banco para pagar sua faculdade. As coisas tinham dado certo no fim das contas.

A fila foi andando até que eles compraram o ingresso e entraram para ver o filme. As garotas foram para seus lugares enquanto Cascão e Cebola providenciavam pipocas e refrigerantes.

- E aí? Quando você vai falar com a Mônica?
- Vou ver se dar pra falar com ela na festa de ano novo. Isso se o pai dela não ficar marcando em cima.
- Xi! Ele tá bolado com você até agora?
- Tá mesmo! Na festa de natal eu nem pude conversar com ela direito.
- E por que ela não foi atrás de você?

Cebola balançou a cabeça e falou.

- Ela não virá atrás de mim, Cascão. Se eu não tomar uma atitude e fizer acontecer, nunca mais vou ter outra chance.  
- Que coisa. Antes ela corria atrás de você. Agora é o contrário?
- Depois de tudo, eu tenho sorte de ainda ter lá alguma chance com ela. E dessa vez eu não vou vacilar de jeito nenhum!

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- Como andam as coisas entre você e o Cebola?
- Estão indo, eu acho. Ele vive me rodeando, ligando pra saber como eu tô, me deu um presente muito bonito no natal. – ela mostrou a Magali o belo pingente que o rapaz tinha lhe dado. – E tá muito carinhoso comigo.
- Então pode esperar que daqui a pouco ele vai te pedir em namoro!

Ela deu um sorriso e falou após certificar que os rapazes não tinham chegado.

- Eu já falei antes, Magá. Não vou mais esperar pelo Cebola. Vou viver minha vida, fazer as coisas que gosto e até consegui um emprego de meio período com a ajuda da Aninha.
- Mas você tem saído com ele e...
- Porque está sendo legal sair. Mas voltar ao que era antes, comigo esperando eternamente que ele me derrote, isso não. Se for pra ser assim, então não quero.
- Você não está sendo muito radical?
- Pode ser, mas eu preciso respeitar a mim mesma e os meus sentimentos. Se eu não fizer isso, quem vai fazer?
- Puxa, você mudou mesmo!
- Nem tanto. Ainda tenho defeitos, muitos e muitos defeitos!

Daquilo Magali sabia bem. Apesar de ter amadurecido, de vez em quando Mônica tinha aqueles rompantes de raiva embora não fossem tão intensos quanto antes. Ela ainda era teimosa, cabeça dura e meio mandona às vezes. Seus defeitos diminuíram bastante, mas não se acabaram.

- Magali, por acaso você lembrou de convidar a Irene pra festa de ano novo?

A outra fechou a cara.

- Depois do que ela fez?
- Você conhece a Penha tão bem quanto eu. A Irene, coitada, não sabia com quem estava lidando e caiu na armadilha dela. Vamos dar outra chance pra ela.
- Quem é você e o que fez com a Mônica?

As duas deram uma risada e os rapazes chegaram bem na hora de começar o filme. Aquela foi uma das melhores noites da turma clássica que eles tiveram. Durante todo o tempo, Magali e Cascão perceberam como Cebola ficava em volta da Mônica tentando agradá-la. Dava para ver que naqueles dias, ele tinha se esforçado mais por ela do que nos últimos dois anos.    

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De manhã, Irene foi olhar seus e-mails e pulou de alegria quando recebeu um convite para a festa de ano novo da padaria do seu Quinzão. Depois de tudo o que aconteceu, a turma inteira tinha deixado de falar com ela. Até o Cebola, o que lhe magoava muito já que ele era um dos poucos amigos que ela tinha naquele bairro. Com a ajuda da Mônica, ela estava conseguindo quebrar novamente o gelo aos poucos. Ainda havia desconfiança, nem todos tinham aceitado sua volta pacificamente, mas a situação estava bem suportável.

Seu medo era quando as aulas voltassem. Será que os outros alunos iam maltratá-la? Era disso que ela tinha medo, por isso tentava reatar as amizades e assim não ficar sozinha e a mercê dos outros alunos.

O mega-hair tinha sido abandonado há vários dias. Seus cabelos voltaram a ser curtos e loiros, o que poderia lhe ajudar um pouco. Ninguém lhe reconhecia mais quando andava na rua e ela tinha excluído todas as fotos onde aparecia com cabelos compridos. Sua esperança era que as coisas voltassem ao normal com o tempo.

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Souza estava lendo o jornal de domingo quando a campainha tocou.

- Pois não? – ele perguntou a um homem beirando os quarenta anos que estava diante da porta segurando uma caixa de tamanho médio.
- É aqui onde mora Mônica Souza?
- Sim, é minha filha.
- Eu sou o filho da D. Araci. Minha mãe mandou isso para ela.

O homem foi convidado para entrar e Luiza chamou Mônica, que veio correndo de tanta curiosidade.

- Como tá a D. Araci?

O rosto do visitante entristeceu.

- Minha mãe faleceu antes de ontem.
- Como é? Mas eu falei com ela uns dias atrás e tudo parecia bem!
- Foi de repente, ninguém esperava. Ela estava boa de manhã e de noite passou mal e faleceu em poucos minutos.

Souza abraçou a filha para lhe consolar. Ela chorava muito e seu coração doía.

- Quando a gente foi arrumar as coisas dela, encontramos essa caixa com um bilhete pedindo pra te entregar. Acho que ela esperava por isso.
- P-pra mim? Mas o que é?
- Não sei. Nós nem abrimos porque respeitamos a vontade da nossa mãe. Se ela queria que você ficasse com isso, então não vamos desobedecer.

Ele se despediu da família e foi embora, deixando Mônica na sala com a caixa no colo. Não dava para acreditar que Araci tinha morrido, era tão surreal! Na última vez que as duas tinham se falado, a senhora parecia muito bem. Elas conversaram quase duas horas inteiras e Araci ouviu suas aflições, respondeu suas dúvidas e deu muitos bons conselhos. Como aquilo pode acontecer tão de repente?

- Nós sentimos muito, filha. – Luiza falou afagando seus cabelos.
- E eu nem pude ir ao enterro!
- É muito longe e os filhos dela devem ter entendido.
- Acho que ela não ia querer que eu a visse no caixão, sei lá.

Ela foi para o quarto e sentou-se na cama para abrir a caixa. Ali dentro, havia os maiores tesouros da sua ex-patroa. Eram talismãs, livros, cristais e imagens sagradas. Coisas que os filhos dela não iam saber cuidar e dar valor. Junto com os pertences, havia uma carta que Mônica se apressou em ler.

“Mônica

Meu desenlace está próximo. Não fique triste. Eu vivi uma vida muito boa, aprendi muitas coisas e agora está na hora de seguir em frente. Entenda que a vida não termina com a morte do corpo. Ela continua em outros planos de existência porque na natureza nada se perde.

Sei que uma coisa ainda aflige seu coração. Ainda existe amor, embora você tente ignorá-lo por causa do medo de sofrer novamente. Mas esse medo está lhe trazendo sofrimento porque te impede de viver e arriscar novamente.

Não tranque seu coração dessa forma. Não deixe que seu sofrimento crie uma carcaça endurecida ao seu redor. Use o que lhe aconteceu para elevar e te tornar melhor, não para lhe tornar uma pessoa amarga e desconfiada com todos.

As pessoas aprendem, evoluem e mudam. Isso não aplica somente a você. Se aplica aos outros também. As pessoas mudam constantemente e se renovam a cada dia.

Dê uma chance. Pelo menos pense nessa possibilidade. Sempre existirá o risco de se machucar de novo, porque a vida não dá garantia nenhuma. Mas sei que você se fortaleceu, está madura e consciente dos seus atos. Saberá seguir em frente com dignidade caso as coisas não saiam conforme o esperado.

E lembre-se de que amor não é se envolver com a pessoa perfeita, aquela dos nossos sonhos. Não existem príncipes nem princesas. Encare a outra pessoa de forma sincera e real, exaltando suas qualidades, mas sabendo também de seus defeitos. O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser.

Só não esqueça de que para ser feliz com outra pessoa, você precisa ser feliz consigo mesma. Não deposite sua felicidade em nada externo a você. Coisas se quebram, estragam, envelhecem, se perdem ou são roubadas. Pessoas vão embora, nos decepcionam e nem sempre agirão conforme esperamos. Então o que nos sobra? Somente nós mesmos.

Viva um dia de cada vez, aproveite cada oportunidade que aparecer e nunca esqueça de parar para contemplar as flores em seu coração. Seja feliz, minha pequena. A vida é muito curta para desperdiçarmos com tolices.


Araci”

Ela terminou de ler a carta sentindo o coração muito mais leve e tranqüilo. As lágrimas tinham secado, pois já não havia mais razões para chorar. Seus dedos seguravam o pingente que Cebola tinha lhe dado no natal.

Será que valia a pena confiar nele de novo? Suas atitudes nos últimos dias mostravam que ele tinha mudado, mas só o tempo ia dizer se aquela mudança era real e definitiva. Talvez valesse a pena esperar para ver, talvez dar outra chance. Claro que ela não pretendia voltar ao que era antes, isso não.

Ela tinha mudado e amadurecido muito, então o Cebola tinha que mostrar alguma mudança também. Se fosse assim, então valia a pena lhe dar outra chance. Ele tinha defeitos, mas suas qualidades compensavam correr esse risco.  

 



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