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História La Vie - Alive.


Escrita por: cabellsfairy97

Notas do Autor


Oi, bolinhos. Me desculpem pela demora eterna. Eu realmente espero que entendam.
Tive um pouco de dificuldade de escrever esse capítulo. Mas eu coloquei muito sentimento nele. Espero que gostem. Espero que sintam.

Capítulo 22 - Alive.


Fanfic / Fanfiction La Vie - Alive.

Três dias depois do desmaio, meu telefone vibra as três da madrugada com uma ligação. Eu sei quem é, mesmo sem olhar. 

— Você não deveria estar dormindo? O doutor disse...

— Oi, Lo. Eu também senti sua falta— Ela sussurra, e eu sei que está sorrindo. Sorrio mesmo sem querer, e antes que possa falar qualquer coisa, ela volta a falar— Quer andar um pouco? 

  — O que?? Camila, você não pode... você precisa...

— Eu descansei por tempo demais, e vamos ter tempo o suficiente pra descansar quando morrermos, amém. Mas agora, eu preciso andar, e se você não for comigo, eu vou sozinha. 

Eu rio, porque é tudo que eu posso fazer. Ela sempre ganha, de alguma forma. Ela e o seu brilho intenso. Camila é quase o próprio sol. 

— Coloque um casaco. Está frio essa hora. Te encontro na frente da sua casa, e meu Deus, como você vai sair sem fazer barulho, Camila? Vão nos matar. Você não quer andar de manhã? Eu estava tendo uma adorável noite de insônia sem perigos e...

— Chata. Espírito de mulher idosa, sai desse corpo que não te pertence. Vamos, Lo! Vamos viver! Te vejo daqui a pouco. 

Há tanta vida na sua voz. Tanta saúde. Apesar de tudo, Camila passa exatamente como está por dentro. Viva, e brilhando. Isso é tão bonito e tão contagiante que minha única opção é começar a me arrumar para "andar", com Camila Cabello, ás três da madrugada. 

3:47. Estou parada em frente a casa dos Cabello há, provavelmente, dez minutos, e Camila não deu sinal algum de vida. Está tudo escuro demais e minha camisa de flanela não parece ser o suficiente para aquecer meus braços. Me pergunto se ela vestiu um casaco como eu pedi, ou se me ignorou totalmente. 

Depois de mais alguns minutos, Camila abre a porta e tropeça para fora. Ela parece apavorada, olhando em volta enquanto tenta esconder a chave abaixo do tapete. Ou achar o tapete. Preciso de alguns minutos para me mexer porque, mesmo tendo me ignorado quase totalmente, ela está maravilhosa. 

  — Aqui. Acho que você precisa usar óculos, Camz — Sussurro, depois de empurrar a chave para debaixo do tapete. Ela quase dá uma gargalhada escandalosa, mas lembra onde estamos antes — Como você saiu? 

— Ceguinhos tem seus truques —  Sussurra de volta e pisca. E então entrelaça seu braço ao meu, e começa a andar. Eu não tenho certeza de como ela sabe pra onde estamos indo, mas me deixo ser guiada, ajudando-a apenas com algumas placas ou pedras no caminho. E logo, por algum motivo, ela está pulando apoiada em minhas mãos, e sua risada cheia de vida está lá. 

— O que foi, Camz? O que aconteceu? — Rio com a empolgação semelhante á de uma criança. A garota de cabelos castanhos vira para mim e seu sorriso se abre mais ainda, como se pudesse me ver. 

— Nós estamos aqui, Lo. Eu e você, andando pelas ruas de Miami de madrugada. As madrugadas podem te fazer sentir só ás vezes, mas também podem te fazer sentir único e especial. Vem cá — Ela me puxa para perto e coloca minhas mãos em sua cintura. E então, suave e graciosamente, começa a nos conduzir até o meio da rua.

— Estamos no meio da rua — Aviso, mas minha voz sai baixa, e rouca. O canto dos seus lábios se curva em um sorriso.

— Obrigada, guia. Você tem sido muito útil — Por que diabos ela precisa falar sorrindo e sussurrando? Eu me rendo, Camila. Pare de me atacar!  — O resto da cidade provavelmente está dormindo, Lo. Não sente como se estivesse livre? Dos olhares, das coisas ruins. Como se aqui você pudesse ser o que quiser, dizer o que quiser...

Camila desliza os dedos por meus olhos e eu os fecho. E somos só nós no universo, definitivamente. Sozinhas o suficiente para rodar pelas ruas de madrugada, sendo o que queremos ser. Camila quer ser infinita. E eu quero me sentir viva. Exatamente como eu me sinto agora, o tempo inteiro.

Nós rodamos e rodamos pelas ruas de Miami até que eu não sei mais em que rua estamos exatamente, e então, paramos, e estamos quase no mesmo lugar. O céu está começando a ganhar alguns tons mais claros, permitindo que eu enxergue a garota a minha frente com mais clareza. Ela está vermelha e um tanto suada, mas continua sorrindo, ofegante.

— Deus, se você desmaiar de novo, Camila, eu te mato. Sobe aqui — Guio-a até minhas costas e ela não tem dificuldade de pular e ficar ali — Koala Cabello. Agora, já que você me obrigou a sair de casa, vamos procurar algum lugar para ver o amanhecer. 

Não tenho um lugar especial nem nada do gênero. É só um gramado, de milhares de gramados em Miami, perto de nossas casas. Mas é madrugada e o mundo é nosso. E aquele gramado também pode ser nosso. Deixo que ela escorregue das minhas costas até que seus pés toquem o chão, e nós nos sentamos na grama.

  — A vista é bonita daqui? — Pergunto, brincando. Mas ela responde com um sorriso verdadeiro:

— É incrível. E está frio.

Ignorando a tremedeira que eu provavelmente teria e o fato de nem estar com uma roupa quente o suficiente para ajudar, puxo a garota para perto, para uma espécie de abraço com a intenção de aquecer. Ela fica no espaço entre minhas pernas e deita a cabeça em meu peito. Nessas horas, eu noto o quão magra ela está, e é assustador. Terrivelmente assustador.

— Obrigada, Lolo. Obrigada por tudo, a propósito. Parece que minha heroína está mesmo de volta.

—  Sua heroína está de volta?

— Você sempre foi minha heroína, Lo. Quando você me ajudava com a tarefa de casa ou quando você faz de tudo para me levar até o hospital. Você sempre me salvou de alguma forma, e eu sinto que devo agradecer.

Parece que eu vou ter um ataque cardíaco quando ela diz aquelas coisas. Parece que as estrelas e a lua estão brilhando demais e meu coração batendo demais, e ela sabe, porque sua cabeça está deitada no meu peito e ela provavelmente pode ouvir. Pode me ouvir.

— Você é minha heroína também, Camz. Mais do que eu consigo dizer. Você é tão insistente em me tirar de casa, me tirar do escuro. Eu sei que não pode me curar dessas coisas todas sozinha, mas eu quero que saiba que está fazendo boa parte só por estar aqui. Por não desistir de mim... mesmo quando eu desisto.

Camila abre um sorriso que brilha mais do que as estrelas e a própria lua, e então ficamos em silêncio, ouvindo a natureza e cada pequeno som dela. E Deus, aquilo me faz sentir tão leve, tão em paz. O céu vai ganhando tons mais claros e mais claros, e o sol ameaça aparecer, devagar, e nós continuamos ali, paradas e em silêncio, como se o mundo não existisse. E dali, realmente não existe.

Mas apesar de tudo, a ansiedade ainda existe, e as coisas ainda acabam. Tivemos que voltar porque eu não consigo lidar com a ideia de Alejandro saindo cedo para o trabalho e encontrando sua adorável filha na rua, no frio. Deixo-a na porta da sua casa, e ajudo a encontrar a maçaneta. Mas mesmo assim, ela continua parada e em silêncio, com um sorrisinho no rosto. De repente, Camila vira para mim, e está corada. Adoravelmente corada.

— Eu pensei uma coisa idiota agora...

—  Me diz, então. A gente nunca sabe o que pode acontecer amanhã, certo? E... eu não quero morrer de curiosidade.

Camila sorri fraco, como se lutasse para segurar o sorriso, e se aproxima mais um pouco. Mais um pouquinho, e eu vou desabar.

—  Parece que você está me deixando em casa depois de um encontro. É idiota, só...

— T-Talvez eu esteja, Camz. E talvez eu devesse te deixar em casa mais cedo mas eu fiquei tão distraída com você, que agora só posso tremer de medo do seu pai.

—E talvez... você vá me beijar antes de eu entrar, e eu vou entrar flutuando... — O sorriso que a menina tem nos lábios vai embora de repente, e ela fica mais vermelha do que antes — Uh, desc...

— Ei, ei. Não pede desculpa, Camz. Só... Toma cuidado pra não se bater... quando estiver flutuando.

Não sei como aquilo sai da minha boca. Não sei como eu consigo beijá-lá depois; com uma mão em sua cintura e a outra entre os fios castanhos de cabelo. Talvez seja a adrenalina dessa noite correndo por minhas veias, me tornando corajosa demais. Ou talvez seja só Camila Cabello, derrubando meus limites e perturbando minha razão. E ali, eu não sou a garota tímida e preocupada sobre toda e qualquer coisinha. Sou uma garota normal. Dando seu primeiro beijo verdadeiro em alguém que brilha como o sol. E céus, ela retribui. Retribui como se quisesse fazer isso tanto quanto eu. Mas ainda com doçura, como se quisesse memorizar cada segundo.

Camila interrompe o beijo de repente, e posiciona seu dedo indicador em meus lábios. E antes que eu pergunte o que está fazendo ou comece a corar ou enlouquecer, é tarde demais. A porta da casa dos Cabello se abre, e Sinuhe nos lança um olhar quase ilegível. É tarde demais.

— T-Tia Sinuhe, e-eu juro que existe uma ex-explicação pra isso... — Por algum motivo, enquanto falo, me coloco na frente de Camila. É a mãe dela ali, e ela nunca faria nada, mas algo em mim grita para que eu proteja a garota.

— Camila, entre em casa — A mulher quase soletra, olhando fixamente para mim.

— P-Por favor, nós só... A ideia foi minha, ela não teve culpa de nada.

— Ei. Está tudo bem, Lo — Camila toca meu ombro delicadamente, e eu fico olhando, paralizada, enquanto ela anda devagar até sua casa. E então some lá dentro. Eu estou gritando por dentro. Por que as coisas sempre dão errado?

— É melhor ir para casa, Lauren. Conversamos depois, está bem? — Sinu fala baixo. E então entra.

A resposta fica sufocada entre o medo. A porta quase bate e o som ecoa na minha mente. Perturbador. Até que eu chegue em meu quarto, as ideias ruins ainda estão ali. O que eu devo fazer com as ideias ruins? O que Camila faria?

Pego um lápis e uma folha em branco o mais rápido que posso, e então anoto todas as ideias, uma a uma.

Estamos tão ferradas.

Tia Sinu não vai mais me deixar vê-la. Eu vou ficar só de novo.

Ela vai sofrer.

Nós nos beijamos.

Paro por um segundo, e toco meus lábios. Eles ainda estão quentes como se os dela estivessem ali. Sorrio involuntariamente.

Pensamentos bons matam os ruins.

Eu só consigo pensar no beijo. Eu sei que é clichê pra caralho e mais clichê ainda escrever sobre isso, mas eu não  consigo manter meu pensamento em nada que não seja Camila Cabello, a garota que eu beijei depois de rodar pela rua. A garota que me fez sentir mesmo quando achei que não pudesse mais. Eu pareço tão diferente. Uma versão diferente de mim. Meu único medo é perder tudo isso de uma vez se perdê-la...

Meu celular vibra e eu quase salto de onde estou. Ele está jogado em cima da cama, e de novo,  mesmo antes de atender, sei quem é.

— Oi... — Sussurra — C-Como você...

— Vem até a janela — Peço, fazendo o que digo. Alguns barulhos e uma leve batida depois, ela chega até lá. Tão. Bonita. Ainda é surpreendente pra mim o fato de que minha amiga de infância, mesmo depois de anos, ainda é um ser incompreensívelmente belo pra mim. Me mantenho em silêncio, observando a garota apoiada na janela, como se estivesse em um transe.

— Lolo? — Sua voz e o leve tom assustado nela me tiram do transe.

—Oi, desculpa. C-Como você está?

—Eu estou bem. Sou indestrutível. Estou só meio preocupada com você. Você ficou muito assustada ou algo assim? Eu não deveria ter forçado essa saída, não é?

— Camila Cabello, — Chamo seu nome, devagar. Estou sorrindo por dentro e por fora — Eu não acho que tenha me sentido tão viva assim nos últimos 8 anos. Tão viva quanto eu me sinto agora. Então obrigada, moçinha.

Ela ri, e depois permanece sorrindo. E nós permanecemos em silêncio. Aposto que ela está tentando imaginar como eu estou. Ou talvez  pensando no beijo, como eu estou.

— Camz?

— Hm?

— Nós nos beijamos.

— É, Lolo. Nós nos beijamos.

Fixo meus olhos na janela a minha frente. Ela está afundando o rosto em uma mão e sorrindo.

— Você está corada. Eu aposto.

— Estou, babaca. Eu vou corar pelo resto da história do universo, mas eu não vou pedir desculpas por ter beijado você. Nunca. Porque eu não me arrependo — Ela quase sussurra a ultima parte. É verdade, cada palavra. Eu sinto isso. E quero responder. Reagir. Mas o nervosismo me impede de fazer ou falar alguma coisa, e ela continua antes, falando rápido — Huh, enfim. Preciso ir dormir. Estou meio cansada e se minha mãe me pegar acordada... Aliás, ela quer falar com você, quando vier aqui. Não de um jeito bravo, eu acho. Só não tenha medo. Minha mãe não é o dragão da torre, você vai saber o que fazer. Então, eu já vou. Eu...

Dali, da janela, eu posso vê-la gesticulando e arrumando o cabelo, fazendo tudo o que faz quando está nervosa. Posso ver a Camz, a que se sente invencível e infinita, a que eu conheço e não posso evitar me apaixonar; e isso acelera meu coração. 
— Dorme bem, Camz — O impulso me faz falar — E eu t-também não me arrependo.

É tudo. É tudo que eu preciso assegurar para que ela sorria e desligue a ligação. E eu ainda encaro a janela por mais alguns minutos, me sentindo finalmente viva.



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