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História La Vie - Friends.


Escrita por: cabellsfairy97

Notas do Autor


Demorou meio século, mas está aqui. Eu estava tendo dificuldades com esse capítulo e ainda acho que ele está meio muito ruim. Me perdoem por isso.

Boa leitura!

Capítulo 23 - Friends.


Durmo como um bebê até alguma hora da tarde e acordo com um sentimento estranho. Como se eu tivesse tido um sonho muito bom e não conseguisse lembrar. Aos poucos, o que aconteceu vai voltando devagar, momento por momento até o beijo, que me faz tocar meus lábios devagar e fechar os olhos, e então do beijo até a ligação.

Deus, que memórias. Eu não consigo parar de sorrir por um segundo sequer. Quando saio do quarto, tudo é silêncio. E o silêncio naquela casa é algo que eu estou realmente acostumada. Vou até a cozinha e como uma maçã, ainda sorrindo. Não costumo ter muito apetite, mas de repente, comer parece algo legal para se fazer. Penso que talvez Camila esteja mesmo conseguindo ajudar. 

Depois de mais algum tempo sozinha, a campainha toca. E a campainha da minha casa não toca. Isso me deixa mais assustada do que uma garotinha sozinha em casa. A campainha continua tocando enquanto eu ando em círculos em frente a porta, com medo de olhar a janela. Por fim, decido perguntar:

  — Q-Quem é?

— Dinah Jane, a abelha rainha. As outras nem são zangões dela. 

—  Ridícula — Ouço Ally retrucar.

— Psst. Não falo zangonês.  Não vai abrir a porta, Jauregui?  

Abro a porta para encontrar Dinah, Normani e Ally, me encarando com um sorriso um tanto bizarro. Recuo um passo.

 — Ei... O que vocês estão fazendo aqui? 

 — Acabamos de sair da casa da Cabello. Ou devo dizer, da versão extremamente apaixonada dela. Você sabe algo sobre isso, Jauregui? Seus olhos me dizem que sim. 

Imagino que minha expressão seja a mesma de alguém que foi pego fazendo algo errado e está apavorado. Eu posso me ver correndo para longe das perguntas e dos olhares questionadores. Mas ao invés disso, apenas tropeço para trás e abro mais a porta. Elas entendem o recado e entram. 

Minha casa não recebe visitas há um bom tempo. Principalmente visitas da luz. Todas as cortinas estão fechadas e só então eu percebo o quão triste o ambiente parece. As meninas entram devagar e subitamente parecem intimidadas. Ou assustadas. Seus olhos correm por todo o ambiente e eu me sinto quase envergonhada por morar ali. 

— Laur... — Dinah chama, agora sem o tom brincalhão — Você está bem? 

— Sim. Estou. E-Eu sei que parece meio escuro mas é que... eu não costumo ficar muito... aqui. 

— E os seus pais? — Ally pergunta, mas logo parece perceber algo, e então encolhe os ombros.

— Está tudo bem, meninas — Olho para as cortinas. Não está tudo bem. Aquela casa não tem luz desde que meu pai se foi. Nós nunca somos corajosas o suficiente para abrir a janela e deixar a luz do sol entrar — Vocês querem ir até o meu quarto?  

Aquela pergunta soa estranha até para mim. Eu nunca pensei que estaria chamando pessoas para irem até meu quarto. Não depois de tudo. Mas ali estou eu, colocando minha confiança naquelas meninas. Sim, eu confio nelas.

— Adoraríamos — Normani responde, doce. Tenho vontade de abraçar todas elas, por algum motivo.  Talvez só por estarem ali.

Guio-as pela escada até meu quarto, e felizmente elas não comentam sobre a cama desarrumada. Ou sobre o quarto desarrumado. A vida desarrumada. Só sentam na cama,  a vontade, como eu peço que fiquem.

— Hm.. então. O que vocês querem saber?

— Bem, nada demais. Só tudo o que aconteceu — Mani responde com uma expressão séria e sincera. Elas realmente estão ali para me fazer queimar.

— Nós só... Fomos dar uma volta. De madrugada. Eu disse que não deviamos mas ela é a Camila. Então nós fomos e-e foi incrível apesar de tudo, eu me senti tão... livre e leve. Eu não me sentia assim desde... não importa, é. Foi isso que fizemos.

— Uma gracinha você falando, toda vermelhinha — Ally comenta, soando como uma mãe ou como Camila. Abaixo a cabeça, tentando me forçar a parar de demonstrar, esperando que elas tenham piedade. Bem, Ally e Normani podem ter. Dinah Jane não.

— Interessante. Eu podia jurar que tem mais do que isso.

Ok. Por que eu tive a ideia de deixá-las entrar, em primeiro lugar? 

— Pare de assustar a garota, Dinah! — Normani repreende, dando um tapinha na perna da amiga — Lauren, você sabe que nós somos suas amigas agora, certo? Estamos aqui caso queira nos contar sobre isso, compartilhar faz bem, você não tem ideia. É isso que amigas fazem.

As encaro por um momento. As três, ali, só pra me ouvir falar sobre meus sentimentos. Eu sei que elas são boas. Eu sei que não estão ali para rir de mim ou me fazer sentir mal. Mas algo dentro de mim não sabe disso, e grita para que eu não confie. Não diga. Engula os sentimentos e segure a respiração. É uma verdadeira batalha dentro de mim até que eu finalmente fale.

— É muito di-di... difícil pra mim falar. Eu sei que parece e-estranho mas eu não consigo me sentir segura ou em paz mesmo que eu confie em vocês. Eu sempre tenho essa sensação de que alguém vai rir de mim ou me tratar mal por... alguma coisa. Me desculpem.

— Você acabou de compartilhar algo com a gente. Viu só? Leve o seu tempo pra compartilhar o resto. Nós não vamos rir, nem tratar você mal.

Ally sorri depois de demonstrar ser um anjo. Todas elas sorriem.  E então, algo vem do meu coração, subindo, e eu sei que vou falar.

— E-Eu a be... Ela... Deus, nós nos beijamos. Eu e Camila Cabello...

— EU SABIA! — Dinah quase pula da cama, e faz uma dancinha estranha — Posso pedir pra você contar tudo? Eu estou morrendo pra saber. Por favor, não me faça morrer sem informações sobre esse beijo.

As encaro por minutos antes de começar a falar sem nenhum tipo de limite. Elas me escutam atentamente, não me interrompendo nem com os pequenos surtos repentinos. E no fim, eu estou quase chorando porque de repente eu tenho três garotas para me ouvir com o coração, olhando em meus olhos. Finalmente, eu tenho amigas.

— Você sabe que foi o primeiro beijo dela? — Normani pergunta, segurando minhas duas mãos delicadamente, olhando bem em meus olhos.

— N-Não — Respondo, tentando controlar um sorriso. As meninas quase enlouquecem, com gritinhos e suspiros.

— Parece fofo. Mas... Lauren... sobre o que nós conversamos...

Olho para Dinah por alguns minutos, pensando na nossa conversa no quintal dos Cabello.

"— Só caso você não tenha notado em todos esses anos, Jauregui, Camila é perdidamente, estupidamente, irremediavelmente e todas as palavras terminadas com "mente", apaixonada por você. Eu não deveria estar te dizendo isso. Você sabe que não. Eu deveria me manter quieta, e deveria deixá-la fazer o jogo lento dos apaixonados; mas ela não tem tempo. Nós todas sabemos disso, mas ela sempre esquece. Camila é infinita por dentro. Ela não aceitaria seu limite de tempo. Só acho que você tem que saber.

[...]

— Ela é? No presente?

— É. No presente. E o presente aparentemente não é um bom tempo para estar apaixonada, certo? — Dinah finalmente me olha, o par de olhos castanhos brilhando — Eu entendo que você teve motivos para se afastar, Lauren. Eu entendo e ela perdoou você. Mas eu preciso saber que você não vai sumir de novo. Eu preciso saber que você vai ficar ao lado dela até o último dia. Não estou pedindo pra gostar dela ou se apaixonar. Mas ela ama você e ela está morrendo e a gente não pode mudar nada disso. A única coisa que eu preciso é que você não quebre o coração dela. Por favor. Ela é minha melhor amiga."

A lembrança faz meus ombros pesarem. Apesar de nunca querer magoar Camila, algo em mim me faz pensar em quando eu o fiz pela primeira vez, sumindo. O que me impediria de fazer de novo? 

  — Eu sei exatamente no que você está pensando, Jauregui. E eu quero que olhe em meus olhos e me escute bem —  Dinah fala de repente em um tom autoritário — Eu sei do que aconteceu uma vez. Ainda não entendo tanto os seus motivos mas eu acredito que você não fez isso por mal. Você não poderia, Lauren. Você ama aquela garota e eu vejo isso nos seus olhos.  Vocês não vão se afastar de novo se você não quiser, porque ela não quer. Entende? Você pode ficar dessa vez. Você tem que ficar.

  — Eu tenho medo de não ser o suficiente para ficar ao lado dela. Ela está doente e eu quase não me aguento. Eu sei que deveria estar fazendo uma terapia, mas... eu nunca consigo ir.  

  — Nós podemos ir até lá com você se quiser —  Ally oferece, com um sorriso gentil que me faz querer chorar — Nós podemos te dar força quando você não tiver. É para isso que servem as amigas.

 Normani e Dinah concordam, sorrindo também. E eu não posso evitar que algumas lágrimas de emoção caiam. Eu consigo disfarçar minha tristeza diante de qualquer pessoa, mas eu sou incapaz de fazê-lo diante daquelas garotas. Talvez porque meu coração saiba que elas são minhas amigas. Que é seguro ali. 

Elas me abraçam com carinho, e me fazem sentir totalmente segura. Depois de anos, eu volto a experimentar a esperança que faz os olhos brilharem. Depois de anos, eu acredito que tudo vai ficar bem. Pelo menos naquele momento. 

  — Agora eu tenho que ir, disse pra os meus pais que ia voltar logo — Ally lembra. Normani diz que vai com ela, e Dinah diz que também precisa ir para ver o que a "peste da Regina" está fazendo.

Guio-as de volta para a porta da frente, mas congelo quase lá. Minha mãe nos encara com uma expressão surpresa e confusa, segurando duas sacolas de compras. Droga. 

  — M-Mãe. Essas s-são minhas a... minhas...

— Amigas. É um prazer conhecê-la —  Dinah cumprimenta com um sorriso. Minha mãe demora um pouco para estender a mão, mantendo os olhos fixos em mim. 

  — Bem, olá. Me perdoem, fui pega de surpresa. Não costumamos receber visitas. Mas é um prazer tê-las aqui.

Clara coloca as sacolas de compras na mesa, e eu continuo guiando as meninas até a porta. Nós nos despedimos rapidamente, porque eu estou trêmula e um pouco nervosa. Fecho a porta torcendo para que não tenha tratado nenhuma delas mal.

Encontro minha mãe na cozinha, o rádio ligado, um leve sorriso no rosto.

— Você está... bem? — Pergunto. Ela me olha com aquele sorriso que eu não estou acostumada a ver.

— Eu estou contente de ver você com amigas, Lauren. Não gosto de te ver sozinha — Sorrio fraco. Eu também estou contente — Sabe, as coisas parecem diferentes desde que você... voltou a passar algum tempo com os Cabello.

— T-Tem sido bom — É tudo que eu consigo dizer, e então percebo o quão estranho é não saber como falar com minha própria mãe. Ela sorri de novo, e leva alguns legumes para a geladeira. Aceito que a conversa acabou ali e subo as escadas, seguindo até o quarto preparada para não fazer mais absolutamente nada. Meu celular está em cima da cama, a tela piscando com uma notificação.

2 chamadas perdidas de CamEEla.

Meu ar some com a preocupação, e eu ligo de volta quase que imediatamente. Cada toque, uma ideia pior.

Até que ela finalmente atende.

— Você hiberna, Lo?

—Não como você, mocinha — Respondo, sorrindo — Está tudo bem?

— Está. Mas minha mãe está me fazendo um interrogatório a cada minuto.

— Suponho que eu deva ir até aí explicar as coisas.

Silêncio por uns minutos. Uma risadinha adorável do outro lado, seguida de um suspiro.

— Te espero por aqui, Lolo.


Notas Finais


O que vocês acharam? Vou tentar escrever os próximos logo, sei como é ruim esperar. Obrigada por cada comentário, meu coração fica pulando de felicidade. <3


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