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História La Vie - Sinu.


Escrita por: cabellsfairy97

Notas do Autor


Oi bolinhos. Vocês estão bem? Espero que gostem desse capítulo.

Capítulo 24 - Sinu.


A casa dos Cabello parece cem mil quilômetros mais longe, por conta da ansiedade. Primeiro, minha mãe quase não deixa que eu saia de casa, com um interrogatório enorme. Segundo, eu sei que assim que estiver naquela casa, terei que enfrentar Sinuhe primeiro, antes de ter qualquer contato com Camila.

Está tudo bem, Lauren. Sussurro para mim mesma na porta da casa, antes de bater três vezes. Cada segundo é uma tortura. Quase não consigo respirar enquanto ouço os passos se aproximarem da porta.

Quando a porta se abre, Sofia pula em mim, rindo e gritando "Lolo" várias vezes. Me pergunto se ela fica ali perto da porta, esperando que eu bata para atender.

— O-Oi, Sofi. Tudo bem?

— Tava com saudade. Você nunca mais veio aqui. Esqueceu, foi? Aposto que a Kaki tá com saudade também. Vem, entra — A garotinha me puxa pela mão para dentro, animada. Não tenho tempo de impedi-la quando ela vai indo em direção a escada, mas Sinu nos impede.

Paraliso bem ali, olhando fixamente para os olhos de esmeralda da mulher. Ela não parece brava. Mas seu semblante é sério. Sei que não tenho como escapar da conversa.

— Boa tarde, Lauren — Um sorriso formal aparece em seus lábios, e aquilo me deixa mais assustada por algum motivo. Talvez porque eu fico assustada com tudo — Sofi, deixe a Mama falar um pouco com a Lauren, ? Vá lá com sua irmã, logo ela chega lá.

A pequena hesitou, mas logo obedeceu e saiu correndo para o andar de cima. E eu fiquei ali, ainda paralisada.

— Sente-se um minuto comigo, querida.

Querida. É bom sinal, não é? Preciso que seja. Nos sentamos no sofá da sala, e a mulher segura minhas mãos entre as suas. Seu olhar é preocupado. Me pergunto se meu olhar é apavorado demais.

— Sabe que eu gosto muito de você, não sabe, Lauren? Como não poderia, te conheço desde pequenininha. Eu confio em você, essa conversa não significa o contrário, lembre disso, ok? — Assinto, trêmula e hesitante — Bem, nós duas sabemos que a Camila está doente. E que a doença faz com que ela seja... menos resistente do que nós somos. Você está entendendo o que eu quero dizer? — Não consigo assentir de novo, porque não estou entendendo qual é o ponto. Ela respira fundo. Aquela conversa parece ser tão difícil para Tia Sinu quanto é para mim — O que quero dizer, minha filha, é que Camila não é como você. Ela não vai poder ficar se aventurando pela noite ou pelo dia, ou vivendo tudo que você pode viver porque ela está muito doente. É tão duro dizer isso, mas é necessário. Você me entende? Eu não sei bem o que vocês fizeram ontem mas e se ela desmaiasse de novo? O que você poderia fazer, Lauren?

Não digo nada por alguns minutos. Só observo os olhos cheios de água da mulher em minha frente e tento entender sua dor. É compreensível. Seu medo é compreensível, e não me é estranho. Eu também sinto aquele mesmo medo. Mas eu quase posso ouvir Camila falando de como se sente viva, e aquilo me dá forças para responder.

— Tia Sinu... eu entendo o seu medo. Eu entendo que o que nós fizemos foi perigoso demais e que qualquer coisa pode acontecer a qualquer hora, e ela tem que estar protegida. Mas a sua filha tem tanta vida por dentro! Ela é infinitamente finita, é o que eu sempre digo. E pará-la assim seria quase matá-la. Eu sei que parece estranho o que eu estou dizendo, mas por favor, pense nisso. Camila não está doente por dentro. Ela me mostrou que isso é possível. Só observe, e a senhora vai ver o quão viva ela está, apesar de tudo.

As lágrimas descem pelo rosto da mulher mais velha. Aquela situação é difícil e compreensível, e eu percebo de repente que não estou com medo. Ela é bem parecida comigo. Nós duas só queremos proteger a garota dos olhos castanhos de algo que já está nela. Nós duas só queremos que aquilo desapareça.

— Se ao menos nós pudéssemos passar um pouco dessa vida para... — Ela não completa a frase, chorando. E então eu a abraço, como abraçava quando era criança e entrava correndo em sua casa. Ficamos ali por alguns minutos até que as lágrimas cessem. Tia Sinu se afasta um pouco, apenas para voltar a segurar minhas mãos entre as suas e me olhar nos olhos — Obrigada, querida. Eu... eu confio em você. Agora, preciso trabalhar um pouco. Pode ir com as meninas.

Me levanto do sofá em um salto, quase correndo até a escada, esperando que ela não me pare, esperando que ela não lembre, mas ela lembra.

— Lauren! — Chama, ainda do sofá — Me responda uma coisa.

Trêmula dos pés a cabeça, dou alguns passos para trás e espero que ela fale.

— Você e a Camila estão em algum tipo de relacionamento?

Meu ar se vai. e todas as palavras também. Fico olhando para ela como se não tivesse entendido, como se ela estivesse falando em latim. Nós somos amigas. Nós nos beijamos. Todo tipo de resposta ecoa em minha mente, e nenhuma sai pela boca. Até que Tia Sinu parece cansar de esperar, e levanta do sofá.

— Acho que entendi. Juízo, menina.

Sinto minhas bochechas esquentando e sei que estou virando um tomate. Subo as escadas mesmo assim, desesperada para chegar até o quarto de onde posso ouvir as vozes das irmãs Cabello.

— L-Love Only — Digo o mais rápido que posso antes de entrar e me jogar na cama. Nem mesmo olhei para as duas. Para Camila, porque eu sei que ficaria mais vermelha ainda.

— Que é que a mamãe conversou com você, Lo? Quando ela diz que vai conversar comigo, às vezes ela quer mesmo é me dar uma bronca — Sofia perguntou, se aproximando de mim — Olha, você tá toda vermelha.

A pequena riu, e eu quase pude sentir o olhar de Camila naquela direção. Oh, eu tinha certeza de que ela riria.

Ela não riu.

— Sofi, deixa a irmã falar um pouco com a Lo? Você pode ir escolhendo um filme pra a gente assistir.

— Todo mundo quer falar com a Lolo sem mim hoje. Todo mundo — Ela reclama, saindo do quarto. E eu fico sozinha com Camila.

Uma vez que meus olhos pousam sobre a garota, eu não consigo mais tirá-los dela. Usando uma camiseta preta cheia de desenhos de bananas, ela consegue parecer incrível e casual ao mesmo tempo. Me pergunto se é normal achar alguém tão bonito o tempo todo.

— Onde você ta, Lo?

— Aqui — Murmuro, como se ela soubesse onde fica "aqui". Mas Camila é esperta, e se guiando pelo som da minha voz, consegue chegar até a cama.

— Quer enganar uma pobre ceguinha, hm?

— Não conseguiria nem se eu quisesse.

Ela ri baixinho e cai ao meu lado na cama. Tão. Perto. Minha respiração é tudo menos regular.

— Como foi? Você tem que me contar se não quiser que eu fique maluca. Eu estava aqui te esperando e roendo minhas unhas. Como foi?

— Ei, calma. Não foi nada demais — Tento soar convincente. Mas ela não parece convencida. E então que escolha eu tenho? — Ela... sua mãe está preocupada com você por causa da doença. Está preocupada com essas aventuras; que você queira... acompanhar meu ritmo. Entende?

— Por favor, me diga que você não ouviu nada disso. Por favor.

Seus olhos estão fechados e seus punhos também. Eu não posso compreender o que a menina que é sempre um poço de serenidade sente nesse momento.

— Eu ouvi, Camz. Ela só tem medo de perder você rápido demais...

— Ela só pode ver minha doença, Lo. Se ela visse quanta vida eu tenho, quanta força...

— Eu disse, Camz. Mas nós três sabemos que isso não impede o câncer de agir — Sussurro. Ela respira fundo e se vira para a minha direção — Não vamos parar. Eu não quero parar com tudo isso que estamos fazendo porque está me tirando do lugar escuro onde eu estava. Está me salvando. Mas nós vamos precisar ir com cuidado. É só isso. Ok?

Ela só assente, parecendo hipnotizada com algo, mesmo sem enxergar. Suas mãos sobem devagar por meus braços e alcançam os ombros, e então saltam até as bochechas. De repente, seu dedo indicador está deslizando por meus lábios.

— E a... outra parte, Lo?

Não consigo respirar. Só olhá-la. E isso ainda é o suficiente.

— Eu nem mesmo sei como chamar a outra parte, Camila. Nós...

— Nós. Será que só isso pode ser o suficiente por enquanto? — Ela me olha mesmo com a lua em seus olhos,  e há tanto sentimento em sua expressão... me faz sentir totalmente desarmada — Ontem eu me senti viva de um jeito totalmente novo e incrível. Eu... sinto... Sinto um monte de fogos de artifício por dentro com você, Lo, e estou reunindo toda a minha coragem pra dizer isso. Será que isso pode continuar, seja lá o que isso for?

Ela está tão próxima agora que sua respiração quente bate contra meu rosto. E também está próxima demais da minha alma, escancarada para que ela veja. Eu estou me rendendo, bem ali. Me deixando ser vulnerável. Simplesmente porque eu não posso mais lutar contra mim mesma. Todas as minhas forças para resistir fugiram. Só restou o sentimento. E eu espero que ele não me quebre ao meio.

— Seja lá o que isso for, Camz. Pode continuar.

Meus lábios formigam enquanto eu olho para os da latina, que estão curvados em um sorriso adorável. Eu tenho quase certeza de que ela vai me beijar agora. Falta tão pouco... 

De repente, a porta se abre, e Sofia entra quase correndo, dizendo que encontrou o melhor filme de todos. Em uma reação rápida, me afasto de Camila e consequentemente, caio da cama. 

— Lauren? O que foi isso? — Ela pergunta, tateando a cama. 

— Eu só caí sem querer...

— Não, Lolo. Você se jogou quando eu cheguei. Tomou um susto, foi? — Sofi vem até mim com a mão estendida, para me ajudar a levantar do chão. Eu devo estar vermelha, e espero que ela não comente nada sobre isso.

Me levanto do chão e dou um abraço na pequena, esperando que ela esqueça do que aconteceu. 

  — Que filme você escolheu? Vamos assistir! —  Tento não soar nervosa, e ela parece convencida, começando a falar de Mulan, sem parar. Camila chega até nós (ela parece estar ficando boa em se guiar pela voz) e então segura a mão da irmã mais nova. A pequena parece tão feliz em nos ter ali que só fala mais e mais enquanto nós descemos a escada até a sala. Bem, eu também estou feliz. Algo dentro de mim brilha e pisca como luzes de natal todas as vezes que eu olho para a garota de cabelos castanhos e seu sorriso de canto. E eu sei que aquilo é poderoso o suficiente pra me destruir, mas pela primeira vez, eu estou me jogando de olhos vendados. E por enquanto, não sinto nenhum medo da queda. 



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