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História La Vie - A rainy day


Escrita por: cabellsfairy97

Notas do Autor


Oi, bolinhos, Como vocês estão?

Esse capítulo é bem importante, porque apesar de tudo, a Lauren tem depressão. E tem dias que a depressão torna o dia escuro e chuvoso. Espero que vocês entendam bem. Qualquer dúvida, estou aqui. Sempre.

Capítulo 25 - A rainy day


O dia seguinte amanhece nublado. Não lá fora, onde um belo sol brilha. Mas dentro do meu quarto. Dentro de mim.

Não consigo me levantar da cama. Algo me faz querer ficar deitada, algo me faz querer chorar por todo o passado. Algo me faz querer ignorar o mundo lá fora, e todas as suas cores vibrantes. Me faz querer esquecer totalmente o encontro que eu tinha com Camila para continuar tudo o que estávamos fazendo.

Não parece algo bom dali. Não agora que os fantasmas estão me rondando, tornando tudo escuro e me impedindo de levantar.

Então eu fico. Agarro o travesseiro e fico deitada, encarando um ponto fixo na parede e me sentindo anestesiada. Meus dias nublados não são raros. Eu achava que estar com Camila seria o suficiente, mas não foi. A depressão ainda é forte o suficiente para me derrubar. E tudo o que eu posso fazer é permanecer deitada, rendida. Sem chance de levantar.

Memórias começam a vir a tona, de repente. A morte do meu pai. A forma como minha mãe e eu nos afastamos bruscamente. Camila. A ambulância. Tento parar de pensar, tento me parar antes de explodir mas é impossível. Estou chorando antes de perceber.

Por que eu preciso ter esses dias? Por que eu tenho essa nuvem negra acima da minha cabeça tornando tudo cinza e escuro? Por que, por mais que eu lute, não parece ser o suficiente?

Como sempre, o pior momento chega. O momento em que minha mente vai até a lâmina de apontador escondida debaixo do travesseiro. E logo depois até os remédios escondidos cuidadosamente no banheiro. E depois até todas as formas possíveis e impossíveis de suicídio. Apenas acabe com isso.

— Eu não quero morrer — Falo, em voz alta, como se respondesse minha mente. Nessas horas, era tão difícil pensar diferente do que a depressão oferecia. Tão difícil recusar as ofertas. Mas havia algo ali, que sabia. Eu não queria morrer. Não queria deixar minha mãe só, e não queria deixar Camila. Eu tenho amigas agora. As coisas estão tão diferentes. Mas aquela tristeza aguda continua ali, fazendo seu lar.

O telefone começa a vibrar em algum lugar em cima da cama, e eu apenas cubro minha cabeça e me permito chorar por motivo nenhum. Não consigo falar com ela. Não hoje. Não assim. E é pensando em todas as mais escuras confusões que eu adormeço.

...

Acordo com o som de passos no corredor. Um vazio estranho parece ter tomado conta de mim inteira, depois do choro. Me sinto tonta e com os olhos totalmente inchados. Mas ainda consigo ver a porta ser empurrada.

— M-Mãe? — Me forço a dizer. A porta range várias vezes antes de ser aberta por completo.

— Sua porta é difícil, Lo.

Esfrego bem os olhos, checando se eu estou maluca. Não estou. É Camila Cabello, dentro do meu quarto depois de anos.

— Lolo? Sua mãe disse que ainda era a primeira porta a direita. Meu Deus, será que eu entrei em um banheiro? E se eu não sei mais o que é di...

— Camila... O que você está fazendo... aqui? — Não consigo falar alto. Minha cabeça dói. A garota se aproxima devagar depois de fechar a porta, com uma mão estendida para encontrar qualquer obstáculo no caminho.

— Ei, eu vim ver você... Sabia que algo não estava certo.

— Não... Eu não queria que você me visse assim... Quer dizer... Droga, Camila.

Ela finalmente encontra a cama e se ajoelha ao lado dela, no chão. Seus olhos castanhos com uma lua no meio encontram meu rosto de alguma forma e ela parece tão preocupada. Isso só me faz me odiar. Eu não mereço.

— Bem, eu não posso te ver de verdade. Mas eu posso ver sua alma, Laur. Posso ver através dessa voz embargada. Hoje é um dia difícil pra você, não é? — Não respondo, prendendo a respiração para não chorar. Ela tateia a cama até encontrar minha mão, e quando encontra, aperta com firmeza. O calor da sua mão aquecendo a minha — Está tudo bem. Todo mundo tem dias difíceis. Eu tenho...

Antes que ela começasse a listar todas as pessoas que tem dias difíceis, coloco outra minha mão sobre a sua, fazendo-a parar de falar.

— Eu sei que você é boa em ver o lado bom das coisas. Eu sei que você é toda radiante e positiva por dentro. Mas a depressão me derruba de vez em quando e eu não posso ficar feliz... por mais que eu queira. Eu sinto muito por não ter ido até sua casa hoje. Nós podemos só... remarcar? Pra um dia melhor?

Nossas mãos se entrelaçam sobre a cama. Ela fica quieta por algum tempo, apenas apertando meus dedos entre os seus de vez em quando. E então, finalmente volta a falar.

— Me deixe ficar. Por favor. Não quero forçar sua felicidade. Eu só quero ficar perto de você. Eu posso?

Encaro seus olhos. Uma lua se afogando em chocolate. Estava cada vez maior e aquilo, de alguma forma, significava tempo. O tempo estava passando. Camila estava doente também. Aperto seus dedos duas vezes, de leve.

— Vem, sobe aqui.

— Ok, mas você tem uma escova de cabelo?

— Hã... S-sim, ali na cômoda. Por que? 
— Certo, cômoda.

Ela se levanta de repente e começa a andar pelo quarto, com a mão estendida, tateando a parede. Quando finalmente encontra a cômoda, desliza a mão por cima, derrubando um porta retrato de vidro vazio. Ele estala, mas não quebra. Mas é claro que ela não vê, então continua deslizando a mão tentando pegar de volta, o que derruba um frasco de perfume quase vazio no chão, e ele se espalha em vários pedacinhos de vidro.

— Ai meu Deus, me perdoa. Eu posso comprar outro pra você. Brrr, eu sou um desastre.

— Não, Camz. Tudo bem. Não se mova, me espera aí.

Pulo da cama, me calço e apresso o passo apenas para chegar até ela antes que quebre mais alguma coisa. Desde que éramos pequenas, Camila tropeça muito e derruba coisas. Agora, sem a visão, isso ficou mais forte. Seguro suas mãos entre as minhas para impedi-la de tentar pegar os cacos de vidro do chão.

— Está tudo bem. O chão vai ficar mais cheiroso agora, certo? Depois eu limpo isso. Vem, sobe aqui. Você vai furar seus pés — Guio suas mãos até meus ombros e me viro de costas para que ela suba, já que eu havia notado de repente que Camila havia deixado suas sapatilhas na porta. Um costume antigo. Talvez Camila ainda seja exatamente a mesma pessoa. E talvez ela tenha o poder de me trazer de volta em alguns detalhes, mesmo em dias difíceis.

Pego a escova antes de voltar para a cama, carregando a garota com peso de pena nas costas. Ela pergunta pelo objeto de novo quando deixo que ela desça na cama, e eu entrego, hesitante.

— Eu ouvi uma vez que você se sente melhor quando alguém escova seu cabelo. Eu sei que não vai melhorar cem por cento, mas me deixe fazer isso por você hoje.

Como todas as coisas no dia, aquilo quase me faz chorar. Não consigo dizer nada antes de me sentar na cama, de costas para ela. Eu sempre vou ceder, Camila. Sempre vou fazer o que você quiser que eu faça. Penso, de repente. E talvez isso seja verdade.

Ela começa a deslizar a escova por meu cabelo, devagar, com carinho. A carícia no meu couro cabeludo é doce, e me faz fechar os olhos. É bom, de verdade. É um nível de cuidado e carinho que não precisa de palavras ou coisas maiores. Só isso, e eu me sinto amada de alguma forma.

— Camz... — Chamo, baixinho.  Não quero que ela pare e ela não para, só faz um som nasal para que eu continue — Obrigada, tá?

— Não precisa agradecer, Lolo. Você faria o mesmo por mim.

Me movo para virar de frente para ela, e Camila para o que está fazendo, deixando a escova entre suas pernas. Encaro seu rosto, cada pedacinho dele. Analiso, e não consigo encontrar nada que não seja pureza, amor e bondade. Se hoje é um dia nublado e chuvoso, ela é como um guarda-chuva. Eu me sinto protegida mesmo que alguns respingos me atinjam. E naquele momento, o que me atinge de repente é saber que ela está indo embora. Ela está indo embora, bem quando nós nos reencontramos.

— Deus, Camila, o que diabos eu vou fazer sem você? — Volto a chorar como uma criança, inconsolável. Eu odeio chorar perto de pessoas, mas quando Camila abre os braços e sussurra um "vem cá" carinhoso, tudo que eu consigo fazer é quase me atirar em cima dela. E ela parece estar ok com isso, fazendo um doce cafuné em meu cabelo. Eu não pareço conseguir parar de chorar sentindo seu cheiro de bebê tão perto, e céus, como ela tem paciência. Nós deslizamos até estarmos, de alguma forma, deitadas. Meu rosto escondido no pescoço dela, uma mão sua em meu cabelo e a outra em minha bochecha, limpando as lágrimas grossas. Era uma tempestade, que levou algum tempo para se tornar uma garoa, e então cessar. E aquele sentimento de anestesia voltou. Ficamos em um silêncio confortável, meus dedos apertando o tecido da camiseta dela, e os seus perdidos nos meus fios de cabelo. Eu estou ficando sonolenta, quase pegando no sono, quando algo vem a minha cabeça, de repente.

— Camz... M-Minha mãe abriu a porta pra você, certo? Ela disse alguma coisa?

— Bem, ela ficou bem emocionada. Disse que eu estava linda e crescida e que lembrava de mim bem pequena, essas coisas que mães dizem. Hm... Ela também disse que não sabia que eu estava... bem, assim... doente. Começou a chorar, nós conversamos um pouco e eu a abracei. Foi só, antes de eu pedir pra te ver.

Sorrio fraco. Camila é encantadora. Eu tinha receio sobre o encontro de Clara com qualquer pedaço do passado depois da morte do meu pai, depois que nós nos distanciamos de todos que podiam nos oferecer apoio, mas aparentemente, ela ficou bem. Ela se saiu bem. Aquilo me dá um pouco de luz e ânimo sobre isso. Tento erguer um pouco minha cabeça, que repousa no peito de Camila, onde eu posso ouvir seu coração bater.

— Ei. Acabei de pensar em algo... O que você acha de nós... nós planejarmos alguma coisa para reunir a sua família e o que sobrou da minha? Como nos velhos tempos? Eu acho que minha mãe ficaria feliz e... eu não sei, pode soar idiota mas...

— Soa maravilhoso, Lo. E nós vamos fazer isso. Mas hoje, é só sobre você, ok? Só sobre você...

Respiro fundo e apoio minha cabeça em minha mão, olhando fixamente para ela. Camila quase não respira. Só olha para um ponto fixo, imóvel. Sua mão que estava em meu cabelo cai para o meu rosto, e ela inicia uma carícia leve em minha bochecha. Tão doce.

— Camz — Arrasto a fala sem querer para chamá-la. Ela faz um som indicando que estava ouvindo, parecendo sonolenta. Sempre sonolenta. Mas ainda tem os olhos abertos, se esforçando para prestar atenção em mim. E eu não consigo parar de prestar atenção nela. Nos seus olhos ainda castanhos e doces apesar de tudo. Nos lábios cheios e rosados. Cada traço latino, forte e inesquecível.

— Lo? — Chama minha atenção. E eu percebo que não há nada que eu queira dizer. Pelo menos não antes de fazer algo. E céus, como é difícil achar coragem...

— C-Camz, e-eu... — Suspiro pela dificuldade de me expressar. Palavras definitivamente não expressariam meus sentimentos. Não agora.

Conto até três mentalmente, de olhos fechados, e então me inclino um pouco até que a sua respiração se confunda com a minha. Ela para a carícia em meu rosto e deixa a mão parada, segurando. É claro que ela notou a proximidade. Estou tremendo.

Antes que eu possa me afastar, Camila me puxa para perto, cada vez mais perto até que finalmente estejamos em um beijo. Um arrepio percorre meu corpo inteiro quando ela deixa seus dedos se perderem no meu cabelo. Eu sinto seu rosto quente. Aquele beijo é cheio de eletricidade e ainda tem toda a magia que o primeiro teve. Talvez todos os beijos com Camila Cabello sejam cheios de mágica, assim como ela.

Nós quase não conseguimos nos separar. É algo novo, o formigamento nos lábios, as borboletas no estômago (eu não acreditava na existência delas até alguns dias atrás). Mas principalmente, a sensação de estar viva. A que eu não achava que fosse possível hoje. Mas ali está ela, me fazendo sentir.

— Obrigada — Sussurro, sorrindo, com os lábios ainda nos seus. Não sei se ela sabe pelo que eu sou grata, e o quanto eu sou grata. Mas o seu sorriso com o lábio inferior entre os dentes significa tudo. É tudo que eu preciso.

De repente, ela empurra meus ombros e me faz deitar, e então escorrega para o meu lado direito, deitando a cabeça em meu ombro.

— Ok, o que foi isso?

— Você ainda pergunta, Lauren Jauregui? — Ela quase sussurra, com o queixo apoiado na mão e um sorriso lindo nos lábios — Eu estava morrendo de sono, como sempre, e você me deixou elétrica. Agora, é seu dever me ajudar a dormir.

— Dever, é? — Coloco uma mecha do seu cabelo atrás da orelha. Ela sorri mais ainda — Eu não sei ajudar a dormir.

— Só fique aqui comigo. Eu sempre durmo de qualquer forma, você sabe.

A garota de cabelos castanhos deita a cabeça em meu peito e desliza a mão esquerda até encontrar a minha, e então entrelaça nossos dedos. Seus olhos já parecem pesar. As pálpebras abaixando, até se fecharem totalmente, como cortinas de teatro. Não tenho planos de me mover tão cedo. Não hoje, porque é um dia chuvoso. E Camila me faz sentir aquecida.


Notas Finais


Vocês gostaram? Por favor, comentem se puderem. Eu amo ler os comentários e responder, me deixa saltitando de felicidade. Obrigada por estarem aqui!


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