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História La Vie - Life running through our veins.


Escrita por: cabellsfairy97

Notas do Autor


Foi um longo caminho para que esse capítulo saísse. Falo tanto sobre escrever como postar. Acho que ele está pronto há dois dias, mas eu me perdi algumas vezes, e fiquei triste sobre algumas coisas. Quero agradecer, de verdade, duas pessoas que estão na minha mente bem agora, tornando as coisas mais fáceis e adoráveis. Carol, e Fernanda (e duh, todas as garotas do nosso grupo incrível). Obrigada por serem adoráveis. Obrigada por me lembrarem que ainda existem pessoas adoráveis que querem ler coisas que saem da alma de alguém, do jeito que elas são. E obrigada por cada uma de vocês que deixam comentários. Meu coração explode de alegria. Vocês são adoráveis, e tudo o que dizem significa muito pra mim.

Capítulo 32 - Life running through our veins.


Fanfic / Fanfiction La Vie - Life running through our veins.

Às oito da manhã de um sábado, eu estou jogada na cama da minha namorada, usando um biquíni pela primeira vez em anos, e quase chorando. Quando avisei que iria para a praia com os Cabello e as garotas, minha mãe quase não conseguiu dar uma resposta. Chocada. Ela devia saber. Aquilo soava como algo terrivelmente assustador.

Eu sinto meu corpo tremer agora. Sinto cada parte de mim tremer e sacudir enquanto ela desliza os dedos por meu pulso, por minha barriga e por minhas pernas, por todas as cicatrizes que consegue sentir. É um toque delicado. Um toque doce. Um toque de amor. Como se estivesse colocando um band-aid em toda a dor.

— Passou... — Sussurra, tão baixo que eu quase não ouço. As lágrimas escorrem e eu quase não percebo. Estou quase adormecida —  Está passando, Lolo... Está sarando. Você sente?

— Eu s-só queria... que sarasse logo.

— Cariño... Vá devagar com você mesma. Você é tão gentil e paciente comigo quando eu estou fraca. Seja gentil com você mesma também. Eu sei que é tão mais difícil, mas eu quero muito que lembre que você é importante, e sua dor é válida. E essas aqui — Ela deixa um beijo delicado em apenas uma das cicatrizes. Estou tão anestesiada que não consigo sorrir ou piscar — São suas cicatrizes de guerra. As pessoas se machucam. E está tudo bem. Nada do que passou importa tanto que vá substituir o que eu vejo agora. Uma mulher forte. Bondosa. Corajosa. Eu estou orgulhosa de você, acredite em mim.

Fico em silêncio. De olhos fechados. Sentindo as palavras entrando em minha pele e curando. Quando abro os olhos de novo, seus olhos estão a um dedo de distância dos meus. A lua afogada em chocolate. Arrumo algumas mechas de cabelo castanho atrás de sua orelha, antes de sussurrar. 
— Obrigada por existir.

— Obrigada por existir ao meu lado.

Ela sempre tem uma resposta pronta para me dar, e sempre consegue  fazer o sol se abrir em meu peito. Reúno as forças que começam a surgir para puxá-la para meu colo e sentar na cama. Camila ri se tivéssemos seis anos.

— E se alguém me perguntar sobre... Eu devo... Devo mentir? — Pergunto, ainda com medo apesar de tudo. Ela continua sorrindo.

— Eu aposto que não vão. Mas se perguntarem, segure a minha mão, e você vai saber o que dizer.

— Por que você está sorrindo assim? — Camila sorri mais ainda, e desliza os dedos pela alça do biquíni. É algo leve, como se ela quisesse apenas sentir o tecido. Coloco minha mão sobre a sua — Ele é preto.

— Eu imaginei. Obrigada por ser meus olhos. Quer me ajudar a colocar o meu? Acho que ele é rosa.

Nós nos levantamos. Engraçado como tudo parece ter mudado de um segundo para o outro. Eu ainda não me sinto a deusa da confiança, mas parece que o sol e a luz invadiram aquele quarto. E tudo está bem.

O biquíni é mesmo rosa. Quando encontro a parte de cima em sua gaveta desorganizada e me viro, ela está de costas para mim. Usando apenas a parte de baixo do biquíni. Não percebo o quão trêmula estou até estar muito perto. E só então eu percebo. De novo. Nós crescemos.

Camila é minha amiga de infância. Mas ela é minha namorada agora. Uma mulher. Com todas as curvas, mesmo bem mais magra do que nós gostaríamos. Deixo que meu rosto esquente, todo o resto do meu corpo também. Deixo que minhas mãos deslizem pela pele macia, devagar, como se eu reconhecesse o corpo mudado. E ela não se move. Confiança. Sorrio. E espero que ela sinta o que eu quero dizer. "Você é tão bonita.". Começo a colocar a parte de cima do biquíni, com toda a delicadeza que existe em meus dedos, terminando com um laço atrás. Camila se vira de repente e me abraça, com força. Sua pele diretamente na minha. Me sinto como se fossemos a mesma pessoa.

— Seu corpo é lar de uma alma linda, e é meu lar também. Você me promete que vai cuidar bem dele?

Assinto um milhão de vezes, sem palavras, e puxo seu corpo para mais perto e mais perto até que não haja espaço para respirar. Nós somos. Somos uma pessoa só.

...

Quando piso na areia quente da praia, e sinto a brisa do mar no rosto, tudo o que eu consigo fazer é abrir um sorriso enorme. Aquele é um bom lugar. E eu senti falta. Sofia pega minha mão e balança, chamando minha atenção para ela.

— Você vai ficar comigo, né Lolo? Eu sou a única criança aqui, e...

Antes que ela termine a frase, Ally, Dinah e Normani passam correndo por nós, gargalhando e gritando antes de caírem juntas na areia, e rirem mais ainda.

— Você não é mesmo a única criança, Sofi. Mas nós vamos ficar juntas. Vamos esperar a Camz.

Atrás de nós, minha bela namorada vem devagar até nós, acompanhada de Lucy, no que parece ser uma conversa leve. Vives havia vindo com a mesma relutância que eu, porque ainda estava tentando ficar melhor, e não conseguia parar de esconder seu corpo de todos os olhares. Mas nós insistimos. Queríamos sua companhia. Queríamos mostrar que ela é importante. E que estar com algumas boas pessoas podia ser como estar em casa.

— Vou ficar fazendo castelinhos na areia. Com ela  — Lucy informa, apontando para Sofi. A garotinha comemora com uma dancinha engraçada.

—Eu quero sentir o mar.

O tom de voz que Camila usa faz parecer que ela está sonhando. Seus olhos estão fechados, e um leve sorriso cresce em seus lábios. Paro para ouvir o barulho do mar, de olhos fechados. Como deve ser não enxergar nada do que eu vejo? Me coloco no lugar dela, e tudo o que eu quero é abrir os olhos de novo e ver. Deve ser tão difícil, mas tão importante pra ela sentir o mar. Por isso, eu preciso que fazer disso algo especial. Não que muito esforço vá ser preciso, já que ela já torna tudo especial.

— Sofi, você quer vir para o mar agora?

— Não, Lolo. Vou ficar com a Lucy, e depois nós vamos pegar água pra fazer o castelo, e...

Ela continua falando, mas o vento leva suas palavras enquanto ela se afasta. E logo só estamos eu e Camila.

— Pronta? — Falo baixinho. Ela segura minha mão e sorri. E eu tenho minha resposta.

Nós caminhamos em direção ao mar, bem devagar. Eu quero que seus pés sintam a areia quentinha, quero que ela consiga visualizar a praia.

— O céu está azul. E as nuvens estão parecendo algodão doce. E nós estamos cada vez mais perto do mar. Está ouvindo o som?

— Estou, Lo. E estou vendo tudo.

Continuamos andando. Gosto tanto de ser seus olhos porque consigo ver a vida de forma mais bonita assim. Como ela vê. Não literalmente.

Chegamos tão perto do mar que a água alcança nossos pés. Camila já está só de biquíni enquanto eu ainda preciso tirar o vestido leve antes de entrar.

— Você pode entrar, não pode? Eu não quero piorar... — Explico, enquanto me livro do vestido tremendo, tentando pensar em tudo o que ela me disse de manhã. Quando termino, jogo a roupa na areia atrás de nós, sem nem checar se joguei baixo demais e o mar pode levar minha roupa para longe. Só preciso prestar atenção nela.

— Eu não... Não sei. Só quero correr para o mar como uma criança. Vem comigo.

Seguro sua mão, olhando para trás tentando encontrar alguém. Preciso que alguém esteja olhando de longe, porque não sei o que vou fazer se ela desmaiar ou passar mal e o mar puxar seu corpo para o fundo. Não sou forte o suficiente. Camz puxa minha mão.

— Algo errado? — Ela chega bem perto para sussurrar, porque o mar grita em nossos ouvidos.

— Só um minuto, a-amor. Eu preciso encontrar alguém... Não posso perder você de jeito nenhum.

Camila sorri contra minha bochecha. Finalmente, Tia Sinu nos vê, e apesar de parecer extremamente preocupada, assente como se disesse "eu permito". Por obra do destino, Dinah, Ally e Normani passam correndo ao nosso lado, gritando algo como "FLEEEEX" não sei porque. Dinah para perto de nós.

— Vocês vem? Estaremos por perto.

Sem que eu possa responder, sem mais nem menos, de repente, Camila me puxa pela mão em direção ao mar. E nós corremos, rápido como eu não achei que poderíamos. Até a água nos cobrir como em um abraço. E mergulharmos.

Não solto a mão de Camila. Não solto por nada. Nem mesmo com o espetáculo que é estar no mar depois de anos. O som. O barulho de um mundo inteiro ali debaixo. O azul infinito que é visto de forma embaçada pelos meus olhos abertos na água. Levanto quando meu ar acaba, muito depois do de Camila ter acabado. Levanto para ver seu sorriso que brilha mais do que o sol.

— Sinta a vida, meu amor — Suas mãos fazem um caminho delicado por meu braço até chegar de alguma forma ao coração. Seus movimentos são tão delicados. Eu posso jurar que seu toque faz parte do mar — Sinta a vida correndo por suas veias. Está em tudo em volta de você. Está em você.

Seus lábios alcançam os meus, e me fazem explodir com tanta vida. Está em mim.  Isso é uma das melhores coisas que ela poderia dizer para uma garota que quase desistiu de sentir qualquer coisa várias vezes. Para alguém que pensou, um dia, que nunca conseguiria segurar o peso da vida. Bem, eu não estou mais segurando. Ela está em mim. E eu posso fazer disso algo bonito.

— Obrigada, Camz. Eu sou tão grata..

— E eu amo você. Do tamanho do oceano — Rio da forma que ela fala isso, como uma criança tentando medir o amor com os braços esticados — As meninas estão por perto?

— Sim. Vou levar você até elas, e vou até Sofi, okay? Eu disse que ficaria com ela.

Camila assente, e sobe nas minhas costas. Não pesa absolutamente nada no mar. Parece que estamos voando. Quando chegamos perto das meninas, Dinah já está rindo, preparando a piada.

— Eu não posso segurar vela agora, dêem licença.

— Que vela, Cheechee. Você vai é me segurar.

Minha namorada me solta quando sua mão encontra Dinah, e então se agarra a ela como um bebê koala. A loira não consegue resistir. Abre um sorriso e abraça a amiga de volta. Sorrio com elas. Tenho certeza de que Camila vai fazê-las sentir a vida logo.

— Eu vejo a felicidade estampada no seu rosto, Laur — Mani diz, com um sorriso genuíno. Um daqueles sorrisos só dela.

— Espero que você esteja orgulhosa de onde está agora. Porque nós estamos — Ally sorri gentilmente. Abraço as duas na falta do que dizer, e sou bem vinda ali. Pertencimento. É exatamente isso.

Explico pra as meninas que preciso ir, pensando nos olhinhos de Sofi me procurando no mar. Quando estou quase indo, Camz rouba um selinho quando as meninas estão distraídas. E eu volto com o maior sorriso do universo para onde eles estão.

Agora nós podemos nos beijar.

É engraçado, e faz meu rosto pegar fogo. Pego o vestido branco na areia no caminho. Quando chego até eles, percebo que é visível pelos sorrisinhos, mesmo que eu tente abaixar a cabeça, o sorriso não sai do meu rosto. Então eu deixo. Ali é seguro.

— Ela ficou com as meninas? — Tia Sinu pergunta, seus olhos de mãe fixos no mar.

— Sim. Segura. Dinah não deixa ela sair de perto nem um pouquinho — Tento deixar a mulher tranquila. Ela sorri para mim, os olhos verdes quase se fechando por conta do sol, e assente. Está tudo bem.

— Papa, agora o senhor vai me levar no mar? Eu e Lolo e a Lucy vamos fazer um castelo enoorme mas a gente precisa de água e eu também queria muito nadar. E agora a Lolo chegou e a Lucy não vai ficar sozinha. Vamos, Papa.

A garotinha fala tudo de uma vez, saltitante, olhando para mim e para o pai. Ale finge que está dormindo, só para irritar a pequena Sofia. Uma cena adorável atrás da outra. Olho para Lucy. Ela mexe na areia, distraída.

— P-parece que você é algum tipo de... arquiteta de castelinhos de areia... quando a Sofi fala — Falo para Lucy, gaguejando, quando me ajoelho na areia quentinha. Ela ri, mas não me olha. Parece concentrada na areia. Fico em silêncio, observando enquanto Sofi e Ale correm para o mar de mãos dadas. De repente, vejo meu pai e a pequena Lauren, correndo na praia, sentindo a vida. Sua gargalhada invade cada pedacinho de mim. Me completa. Me abraça. E então some.  Não sei como acontece, e é tão rápido que eu entro em desespero para que aquilo volte. Meus olhos estão cheios de lagrimas antes que eu perceba, e os olhos castanhos de Lucy estão em mim. Ela não diz nada. Só olha. Algo acontece dentro de mim, e eu falo.

— Quando meu pai morreu, eu era só uma criança. Não sabia como reagir, não sabia nem o que estava acontecendo ou para onde ele estava indo. Não entendia "nunca mais" ou "para sempre". Eu não chorei ou senti a queda quando aconteceu. Desde então eu tenho esses flashes. Como se eu o sentisse aqui, plenamente, e então ele fosse embora. Isso dói.

Sinto uma mão carinhosa em meu ombro, apoiando, confortando. O carinho era tão maternal. Tia Sinu sempre foi exatamente isso para mim. Meus olhos ansiosos encontram os de Lucy. Ela continua concentrada. Ouvindo.

— É como o luto vem para algumas pessoas, querida. Aos poucos — A voz de Sinu é tão suave quanto seu toque. Lucy assente, e sorri fraco. E eu sei que é tudo que ela consegue fazer. Apoiar em silêncio. Eu já estive onde ela está e isso é tão compreensível. Significa muito pra mim que consiga estar ali.

Nós começamos a cavar um buraco na areia, meio do nada, em silêncio. E isso é confortante, de alguma forma. Ficar em silêncio, mexendo na areia quentinha, ao lado de pessoas que se importam. Logo ouvimos risadas, e eu forço meus olhos para enxergar apesar da claridade. Eles vem correndo de volta. Alejandro com Sofi nas costas, Dinah com Camila e Normani com Ally. Todos rindo e tentando correr até a barraca. Seus sorrisos me fazem sorrir. E a gargalhada de Camila faz meu coração acelerar.

Dinah vence a corrida. Assim que chega até nós, cai de joelhos na areia, ofegante, mas ainda tem fôlego para se gabar. O que é normal. Camila desce dos ombros da amiga com a mão estendida, parecendo um pouco tonta. Apesar de estar sorrindo, seus pés ainda parecem desnorteados. Sua mãe consegue perceber isso e se mover para ajudá-la a sentar antes de mim. E aposto que todos os olhos estão nela. Assustados. As coisas sempre acontecem tão rápido. Em um minuto, ela está pálida.

— Hija? Querida, o que você está sentindo?

— Eu estou... Bem... Bem, mama. Deus. Me perdoem. Eu sempre esqueço... Disso.

— Bem, nós podemos ir embora. Talvez seja muito para você — Ale sugere. E eu vejo exatamente o que Camila pensa antes mesmo que ela fale.

— Não! Eu... Eu não quero que... Eu estou bem. Só me perdoem. Eu queria que... Vocês sentissem a vida... Mas a vida continua fugindo de mim.

Me aproximo dela, e fico de joelhos entre suas pernas. Ela foca seus olhos em mim, e seus dedos encontram meu cabelo. Estamos em uma bolha.

— Você ainda é o sol. Lembra? Você brilha o tempo todo mesmo que não sinta. Você nos fez sentir a vida. Você conseguiu. E não importa onde nós estivermos, você sempre consegue. Mas você lembra do que me disse hoje cedo? — Ela assente, os olhos cheios de lágrimas tentando sair. Sofia entra em nossa bolha e abraça a irmã, em silêncio —Disse que eu precisava cuidar bem do meu corpo porque ele era lar de uma alma linda, e seu lar também. O seu corpo também é, Camz. Nós precisamos que cuide bem dele.

Minha garota assente, devagar, e abraça a irmã. Eu sei que ela entende, mas não quer que seja verdade. Parece irreal quando ela se sente tão viva por dentro. Não faz o menor sentido. Mas é o que nós temos, e ela me faz acreditar que podemos trabalhar com isso da melhor forma.

...

Às oito da noite de um sábado, na casa dos Cabello, o sorriso não sai do meu rosto nem por um segundo. A risada dos adultos é tão alta, e tão feliz, que entra por minhas veias e chega ao coração. Felicidade. Depois da praia, as meninas ficaram até o fim da tarde (depois que Lucy teve que ir, agradecendo mil vezes pela oportunidade, nós todas caímos no sono na cama de Camila, até Sofi dormiu entre nós) e quando acordaram, era hora de ir. Mas os Cabello anunciaram de repente que fariam um jantar e convidariam seus pais, então elas não precisavam se preocupar em ir. Corri até minha casa para avisar minha mãe e trocar de roupa. Ela ficou nervosa antes, claro. Mas aqui estamos agora, posso ouvir sua risada.

Sofi vem correndo até mim de algum lugar, e quando me alcança, quase derruba meu copo cheio de refrigerante de laranja. Empolgada.

— Oi, Sofi. Eu estava procurando...

— Estamos lá fora para olhar as estrelas. Falta você. Vem.

Seguro a mãozinha entre a minha e deixo que ela me guie até o lado de fora. Está fresco, e o céu tem mais estrelas do que eu havia visto ultimamente. Tudo parece tão certo que eu me pego saltitante ao lado de Sofi.

As meninas estão sentadas na grama, rindo de alguma coisa. O tempo para na minha mente enquanto eu tento gravar aquela imagem. Uma família.

— Era uma vez uma garota chamada Lauren Jauregui. Ela estava tão visivelmente caída por sua namorada que nunca mais conseguiu sair do lugar porque se afogou na própria baba — Dinah provoca, sorrindo para mim como irmãs mais velhas devem sorrir quando estão brincando. Mostro a língua como uma garotinha enquanto Sofi me puxa para sentar ao lado de Camila. Deixo que ela se encolha entre nós. É importante que sinta que eu não roubei sua irmã. Que ainda tem um espaço entre nós só para ela.

— China, nós vamos  ver um eclipse, hoje? — Sofi pergunta, apertando os olhos em direção ao céu. Camila encontra minha mão atrás dela, e aperta sutilmente. Já sorrio feito boba.

— Não, pequena. Só estamos admirando. Sentindo a vida.

Vejo minha garota sorrir com a resposta da amiga. Isso é tão importante para ela. Esse é seu legado. É tudo o que ela quer. Nos ensinar a sentir a vida, das formas mais bonitas. E está conseguindo.

— Ai meu Deus! — Dinah e Ally gritam juntas, e Mani só abre a boca, em choque.

— O que foi? O que aconteceu?

— Uma estrela cadente, vocês não viram? Ai, porque é que elas não passam em câmera lenta? Vocês tinham que ter visto.

— Eu não vi nada. Literalmente.

Todas nós olhamos para Camila, tentando ler sua expressão. Ela ainda sorri, radiante. A primeira risada é a de Sofia. Alta e divertida. Uma risada de criança, leve. Camila ri com ela, e então todas nós começamos a rir juntas. Rir por um motivo triste. Mas rir mesmo assim. Eu sinto que é tão melhor do que chorar.

Sofi pula para o colo de Normani e Dinah para atacar com cócegas por algum motivo, e meu corpo age mais rápido do que meu cérebro quando pulo para perto de Camila e toco seu rosto.

— Eu realmente quero beijar você, agora — Sussurro, como se contasse um segredo. Não sei de onde vem a coragem para falar, mas quero que fique. Ela vira o rosto em minha direção e nós estamos tão perto que nossos narizes se tocam e nossas respirações se encontram. O sorriso não deixa seu rosto por nem um minuto.

— Vou guardar seu segredinho.

Nos beijamos sorrindo. É a melhor sensação do mundo. Como se a nossa felicidade não pudesse ser contida nem mesmo com um beijo. E como se a vida estivesse bem ali, passando entre nós. E nosso único dever é sentir.



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