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História La Vie - Hourglass.


Escrita por: cabellsfairy97

Notas do Autor


Primeiro. Obrigada um trilhão de vezes por todos os comentários no capítulo anterior. Eu fiquei emocionada, eu espero que vocês saibam o quanto isso significa para mim e para qualquer escritor. Vocês são simplesmente incríveis, essa história é inteirinha de vocês, pessoas com sensibilidade.
Segundo. Esse foi o maior capítulo que eu já postei. 6252 palavras no total. Eu estive tão empolgada com ele, que escrevi mesmo estando cheia de coisas para fazer. Eu espero que gostem. Espero mesmo. E não tenham medo, (sério, podem confiar)

Capítulo 34 - Hourglass.



Quarta-feira

Depois de horas de espera, depois de todos os exames para ver tudo o que já sabíamos, depois de Tia Sinu, Tio Alejandro e Sofi, é minha vez de ver Camila. Quase corro para a sala. Ela não está acordada, e provavelmente não vai acordar tão cedo. A doença está tomando conta. Foi isso que eu os ouvi dizer quando cheguei, desesperada. O desespero tomou conta. Foram longos minutos para que me acalmassem e me impedissem de ir até ela, e depois disso, longos minutos de um choro desesperado.

Olhando para ela agora, a quase anestesia que havia consumido meu  corpo depois do choro pesado, desaparece para que as lágrimas possam cair de novo. Não há luz. Não há nada que me impeça de desabar.

— Não me deixe agora. Por favor, não agora... — Imploro, desabando. Seguro sua mão gelada entre as minhas, trêmulas — É tão injusto que tenhamos tão pouco tempo para amar. Eu não consigo entender. Eu não consigo mais ver com os seus olhos, não consigo ser luz como você. Sempre vou estar assim, pedindo mais algum tempo quando a vida quiser tirar você de mim. Eu preciso que volte para me ensinar que isso é a vida. Preciso que volte para me segurar e dizer que nenhuma de nós tem o controle e isso é algo bonito. Porque eu não consigo mais ver, Camz. Não consigo.

Deito a cabeça em seu peito, e choro até encharcar uma parte do fino lençol que cobre seu corpo. Ouço seu coração batendo, e me agarro a isso, em desespero. Não é a hora. Eu sinto que não. Antes que meus olhos pesados desistam de encará-la e de chorar, e minha mente desista de me manter acordada, sinto a mão delicada e gelada em minha nuca. Me agarro a sua vida. E durmo.

Quinta-feira.

Não fui para a escola. Passei o dia o mais próximo possível do hospital. Minha mãe veio me ver de manhã, e nós nos abraçamos com força e em silêncio por um bom tempo. Ela sabia. Agora ela sabia o que eu sentia. Ela precisou ir para o trabalho depois, mesmo com os olhos vermelhos de tanto segurar o choro. Deixou algum dinheiro para que eu pudesse comer, mas eu não tinha a menor vontade. O soco havia sido maior. Eu estava constantemente enjoada.

Os Cabello me levaram para uma lanchonete próxima, para tomar café da manhã. Fui apenas pela companhia, por ver que eles estavam tentando também, e o furacão também os atingia. A pequena Sofi não conseguia mostrar nem um sorriso. Só comeu seu waffle em silêncio, e passou o resto do tempo abraçada comigo.

Agora, eu estou na sala em que Camila está internada, com Sofia, e é minha parte favorita do dia, de alguma forma. Seus olhos estão abertos, mas ela não consegue falar. Só mover as mãos, bem devagar.

— Ela pode nos ouvir? — Sofi pergunta em um sussurro, com uma vozinha triste.

— Ela pode. Eu sei que é difícil, mas precisamos falar coisas boas perto dela, tentar deixá-la feliz. Ela pode sentir. Tudo bem?

A garotinha faz que não com a cabeça, e uma lágrima escorre por sua bochecha. E então eu entendo. Não há como fingirmos. Ela sente. Deixo que Sofi deite de um lado da maca e abrace a irmã, enquanto eu deito do outro para abraçar minha namorada. Nós duas choramos e eu posso sentir a mão gelada e trêmula de Camila em volta dos meus ombros. Ela está ali. E a tempestade vai passar. Não preciso ter medo de sentir a tempestade. Não preciso mais ter medo de sentir nada.

Sexta-feira.

No terceiro dia do tornado, encontro a pequena Sofia no sofá de casa quando chego da escola. Ela parece confusa e triste, mas fica feliz ao me ver. Minha mãe me explica que os Cabello deixaram a filha menor lá por aquela noite porque não queriam fazê-la passar tanto tempo no hospital. Eu quero correr para Camila. Quero falar com ela e esperar uma resposta como faço todas as noites. Mas penso em Sofia. Posso ver em seus olhos o quanto precisa disso. E talvez eu também precise. Então eu fico.

— Vem, vamos pro meu quarto — Convido, segurando sua mão — Nós não temos quarto de hóspedes aqui. Tudo bem pra você dormir comigo?

— Abraçadinha. Igual eu dormia com a Kaki.

— Ei, ei — Me abaixo para ficar na sua altura quando chegamos no alto das escadas — Você ainda vai dormir com ela. Acredite em mim. Ela vai voltar. Eu... Eu também sinto falta. Mas precisamos acreditar, por ela.

Recebo um abraço apertado, tão doce. Tenho todas as respostas e toda a força que preciso. De alguma forma, consigo levantar com ela no colo e chegar até o quarto. Sofia fica maravilhada desde que nunca esteve lá. Aparentemente, também gosta da minha bagunça.

— Você quer... explorar enquanto eu tomo um banho? É rápido.

— Tudo bem. Vou ler revistinhas. Você pode demorar. Quando eu chego da escola, fico dez horas no banho e aí eu fico cantando, quando estou feliz. Mas Kaki sempre canta melhor que eu, acho que ela é cantora.

A garotinha que tanto me lembra Camila está agachada perto das HQs, examinando. Parece confortável ali, no meu universo. E eu fico feliz por isso. Antes de ir, deixo um beijo em sua cabeça, sussurrando que podia diagnóstica-la facilmente como uma camilizer. Assim como eu. E que é uma doença crônica.

*

Estou olhando para o teto enquanto Sofi lê as regras do novo Uno adaptado para Camila em voz alta. Sua voz soa tão animada, e isso me deixa animada, porque significa que ela tem esperança de poder jogar. E suas ideias são geniais. Sorrio para o teto ouvindo.

— Está na minha lista de coisas para fazer com ela. A lista tá enorme, mas eu completei várias coisas. Olha, olha só — Rio com a animação, com a forma que ela me balança para que eu me sente na cama. É engraçado o que eu estou sentindo. Como se aquilo fosse um oásis no meio do deserto. Um momento de paz no meio do furacão. Beijo sua testa enquanto ela procura o papel na mochila que trouxe, como forma de agradecimento por tudo  — Achei, Lolo. Agora você precisa levantar pra pegar a sua, pra a gente ver junta. Vamos, preguicinha.

— Ah, não. Pega pra mim, vai. Você é tão novinha... e cheia de energia. Vamos lá, cunhadas fazem essas coisas pelas outras.

Ela ri e levanta da cama, me olhando como se dissesse "não acredito que vou fazer isso". Sorrio, satisfeita. Sofia encontra minha lista sem muitas orientações, muito esperta, e então pula de volta na cama, quase em cima de mim. Nós rimos como eu não achei que fosse possível naquela semana, e então desdobramos nossas folhas juntas.

Há muito na lista dela. Coisas incríveis para se fazer. Coisas que eu conseguia imaginá-las fazendo. Coisas que eu tenho medo de não conseguirem fazer. Mas sei que, quantas conseguirem, serão boas coisas. Serão incríveis. Quando terminamos de ler todos os seus itens, nos abraçamos apertado por alguns minutos, e então começamos a ler a minha. Sofi ficou surpresa com o quão pouco eu havia escrito, mas gostou das poucas coisas, e me ajudou a imaginar mais coisas com detalhes. Acabamos deitadas, olhando para o teto, falando sobre os itens. Quando Sofi lê um dos últimos, silenciosamente, se vira na cama de repente, com os olhos brilhando por alguma coisa. Um sorriso enorme nos lábios.

— Você devia pedir a Kaki em casamento!

Me sento na cama mais rápido do que qualquer coisa que já fiz, e encaro a garotinha animada como se ela fosse louca. Mas algo em minha mente...

— Isso seria... loucura.

— É tudo loucura! Nós estamos correndo, certo? Nós temos que correr!

Aquilo é a maior loucura que eu já ouvi em todos os anos que vivi nessa terra e me faz sorrir como louca. Talvez eu seja louca. Porque isso faz sentido.

Sábado.

Nós acordamos cedo no sábado. Eu disse a uma criança de oito anos o quão incrível é poder acordar já que antes minha insônia não permitia nem que eu dormisse, e ela só gargalhou. Gargalhei também, era bom estar leve por um tempo. 

Os Cabello vieram buscá-la de manhã, com olheiras e parecendo exaustos. E então eu pedi para que deixassem a pequena lá, comigo, e descansassem. Não perguntei sobre Camila, mesmo querendo mais que tudo. Não queria fazê-los falar mais. Mas não me deixei ficar triste (não que isso seja possível, não com depressão, mas eu tentei) Tínhamos trabalho para fazer. 

Passamos o dia trabalhando em nossas ideias, conversando, fazendo desenhos e pensando. A ideia mais louca do universo apresentada por uma pessoa com 8 anos de vida fazia sentido. E era brilhante. 

Domingo. 

Camila está acordada quando chego no hospital pela manhã, para visitá-la. Meu coração parece querer sair voando quando eu ouço sua voz do lado de dentro da sala. Se essa é a surpresa que Tia Sinu, Tio Ale e minha mãe tinham, é a melhor surpresa do mundo. 

Um doutor está para checar sua pressão ou algo assim quando eu entro. Estou usando as mesmas botas que estava usando quando vim visitá-la uma vez. E aposto que mesmo que não estivesse, ela saberia. Nossa conexão é capaz dessas coisas.

— Lolo? 

Não tenho mais controle nenhum do meu corpo. Apenas a emoção tem. Corro até sua maca, corro o mais rápido que posso mesmo a distância sendo curta, e paro quase em cima dela. Suas mãos trêmulas encontram meu rosto e as minhas encontram o seu. Mal posso respirar. Mal posso acreditar que ela está acordada. E então não consigo segurar a saudade e junto nossos lábios. Ela aprofunda o contato com todas as forças que parecem ter restado, que não são tantas assim, mas ainda é como se fossemos nos tornar uma só. O doutor ainda deve estar na sala, nos olhando como se fossemos loucas, mas eu não dou a mínima. Eu sou louca. Totalmente louca por ela. O cheiro de hospital me lembra que eu preciso deixá-la respirar. Uma tarefa difícil quando estou morrendo de saudades e quando ela tem o poder de ser atraente o tempo inteiro. 

— Amor... eu não trouxe sua margarida — Sussurro. Ofegante como se tivesse corrido uma maratona.  Camila sorri. Oh, céus, como eu senti falta daquele sorriso. 

— A-Ainda t-temos...uh  — Ela acaricia meu rosto, a testa encostada na minha. Sua fala está mais lenta, e enrolada. Quando ela balança a cabeça, nervosa, eu deixo um beijo casto em seus lábios, para mostrar que está tudo bem — Temos... tempo. Sempre há... mais tempo.

— Deus, senti tanto sua falta. Eu amo tanto você. 

Ela sorri, e segura em meus ombros para se aproximar mais um pouco, bem devagar. Olho para o Doutor que está fingindo muito mal que não está olhando, para ver se preciso impedir que ela se mova. Mas ele parece tranquilo com os movimentos, ou nervoso demais para dizer algo. Não importa. Camila está com os braços em volta do meu pescoço, me abraçando com mais força.

— Vamos continuar correndo juntas.

A frase sai perfeita daquela vez. Talvez a motivação ajudasse mesmo. E se ajuda, me mostra o quanto ela quer isso. E como estamos no caminho certo. 

Segunda-feira. 

Dinah, Normani, Ally, Lucy, Halsey e Ashlee Juno estão comigo atrás da escola, escondidas entre as árvores. Todas estão quase enlouquecendo depois que eu contei sobre os planos. Há muito para planejar, mas é difícil com Ally quase chorando, Halsey fazendo piadas, Ashlee me encarando, talvez checando se sou confiável, Dinah e Normani quase desmaiando. Lucy é a única que parece calma, sorrindo para o chão. Deixo que elas enlouqueçam e enlouqueço junto. Me permito pular e comemorar porque ela acordou, e agora tudo parece tão bonito. Nós perdemos uma aula para planejar a surpresa, e eu só posso agradecer mentalmente a Camila por ter me colocado perto dessas pessoas incríveis. 

No fim das aulas, saio quase voando da escola, e corro até o hospital com uma margarida na mão. Há algum tempo atrás, eu fiz o mesmo caminho com minha antiga melhor amiga com quem não falava há anos. E agora, estou levando uma margarida para minha namorada. Incrível como as coisas mudam, e como depois de um tempo, nós percebemos que passamos pelas mudanças. Inteiras. 

Ela está toda emburrada quando eu chego, porque precisa ficar ali até sexta-feira, e precisa ficar "perdendo tempo de vida repousando". O médico que a estava observando me disse que ela havia arrancado uma agulha que passava um remédio calmante. Camila normalmente não faria isso, mas nós sabíamos que o câncer podia ser malvado às vezes, mexendo em áreas que ela não pode controlar.

Quando entro na sala e me aproximo, minha namorada desaba em um choro que faz seu corpo balançar com os soluços. Subo na maca ao lado dela, quebrando as regras de novo apenas para ficar o mais perto possível. Ela se agarra a mim tão rápido, soluçando e chorando. E por algum motivo eu não entro em desespero. Não daquela vez. 

— Quer que eu chame um doutor, Camz? Você sente dor? 

Ela afasta a cabeça do meu peito apenas para negar devagar, e então deita de novo.  

— N-não chama. S-só você. Não ag-aguento mais c-chorar, mas eles... vão me fazer dormir... por favor, L-Lo. 

— E se eu te fizer dormir?— Ela se afasta um pouco, assustada, quase chorando mais ainda, mas eu a seguro perto — Ei, não com remédios, pequena. Eu sei que você está cansada disso. Só quero que você descanse sua mente bonita. Vou ficar aqui, com você. Pode descansar, meu amor.

O carinho e o amor saem junto com minhas palavras. Eu sei que o câncer está ali, maltratando. Sei que ela está com dor de cabeça. Sei que quer ir para casa. Sei que quer passar tempo comigo e esse é um dos motivos porque não quer dormir. Sei que está tentando entender que é infinitamente finita, mas que é tão difícil. Eu sei. Tenho um mapa mental de todos os seus sinais. E mesmo que seja difícil, estou aprendendo a lidar com todos eles. 

Ela parece pensar por alguns segundos, apoiando o corpo em um braço, ainda relutante. Mas acaba quase caindo no sono assim mesmo. Quando a acordo, ela mostra uma expressão que me lembra muito a pequena Camila. Um biquinho nos lábios. Está mesmo com muito sono, e não quer aceitar. 

  — Eu te faço cafuné —  Tento a chantagem, sentando um pouco para pegar o cobertor do hospital nos pés da cama. Jogo o cobertor sobre nossas pernas, e Camila ainda parece pensativa, o rosto vermelho de tanto chorar e os olhos inchados. Eu estaria chorando também. Mas algo me fez forte —  Vem.

Beijo seu nariz, e deixo um selinho delicado em seus lábios. Ela se rende devagar, enquanto eu beijo as lágrimas que escapam dos seus olhos. E logo está deitada em meu peito, uma das mãos espalmadas em minhas costas, por baixo do uniforme da escola. Deslizo os dedos por seu cabelo devagar, em uma massagem cuidadosa para não causar mais dor. Me movo para pegar a margarida na mesinha ao lado quando acho que ela dormiu. Mesmo murcha, ainda é sua flor favorita. Coloco em seu cabelo e fico suspirando, encantada. 

— Você é meu lar... Lolo — Sussurra, a voz fraca e sonolenta entrando em meus ouvidos e em minha mente, me anestesiando, me fazendo flutuar. Isso é como uma confirmação. Eu finalmente sou habitável. Fecho os olhos, aproveitando o sentimento enquanto ele toma conta de mim. 

Terça-feira. 

Não vou visitar Camila. No dia anterior, havia chegado mais tarde do que tinha avisado em casa, sorrindo muito, com o coração acelerado. Encontrei minha mãe na sala, olhando a janela com olhos preocupados. E então, não consegui segurar e contei todos os planos. Eu deveria falar isso direito, mas estava transbordando e não conseguia segurar. Ela ficou assustada no começo, confusa. Mas logo entendeu, e ficou emocionada sobre isso. Nós conversamos sobre tudo até tarde, parecendo mais como mãe e filha do que nunca. 

Tenho que ir a escola, mas quando chego, minha mãe não está em casa. Cumpriu sua parte no combinado, e está no Hospital, fazendo companhia para Camila. Os Cabello estão em casa, tentando descansar. E é minha chance. Tomo banho, e tento ficar o mais apresentável possível, pensando mil coisas ao mesmo tempo. Vou até a casa do lado quase correndo, meu coração batendo em minha cabeça, em minha garganta.

Mas não estou desesperada. Nem prestes a desmaiar. Estou apaixonada, e estou tão melhor, percebo isso todos os dias. Foi uma bela ascensão.

A conversa com os Cabello tem mais choro do que qualquer coisa. Acho que enquanto falo, meu amor pela filha deles escapa e inunda aquela casa, nos faz flutuar. Parece compreensível para eles, ainda louco, mas compreensível. A ficha ainda não caiu pra mim como caiu pra eles. Sou uma garota de 18 anos pedindo a mão da namorada aos pais. E não entendo porque não cai, já que é a coisa mais louca que já fiz. E mais certa.

Quarta-feira.

O sol ainda nem nasceu e eu estou correndo em direção ao hospital. Depois de deitar na cama e esperar o sono vir por seis horas, tudo o que eu consegui foi um ataque inesperado de pensamentos ruins, desespero e um ataque de pânico. Nada mais fazia sentido. Nada mais significava algo se ela estava indo embora. Eu precisava vê-la porque não queria ficar assim. Queria que ela iluminasse quando ficasse escuro. Queria segurar sua mão quando me perdesse. E então eu me vesti, e saí. Correndo para ela.

Quando chego, não passo pela recepção. Dou um jeito de passar direto para os corredores. Ninguém nota. Todos ali estão exaustos. Quase corro para o seu quarto, sentindo uma vontade enorme de chorar. Ela não deveria estar ali...

A luz está apagada, e ela está deitada. Provavelmente dormindo. Me enfio ao seu lado na maca, puxando seu corpo para mim, cheirando seu cabelo, seu pescoço. Eu já estou chorando, sem saber de que. Não parece ser tristeza ou felicidade. Parece ser amor. Puro amor. Os olhos castanhos se abrem, e ela toca meu rosto, parecendo confusa e assustada.

— Lauren. Deus... amor, v-você tá chorando?

— Eu não pude dormir, isso tudo é tão assustador. Eu precisava correr pra você. Precisava vir descansar de tudo nos seus braços, sentir sua vida.

Ela me puxa para mais perto, de forma que minha cabeça cai em seu peito e meus braços em volta da sua cintura. Suas mãos encontram meu cabelo, e ela inicia um cafuné, balançando nossos corpos suavemente de alguma forma.

— Você está comigo agora. Está sentindo? Vou esquentar seu corpo, e seu coração. Durma, Cariño. Eu vou cuidar de você.

Suzanne falou sobre calmantes uma vez. Falou que poderia me encaminhar para um psiquiatra para que ele me receitasse algo para dormir ou para tomar quando a tempestade viesse. E eu não aceitei por dois motivos.

Um. Medo de perder o controle e tomar demais.

Dois. Camila Cabello parecia fazer o mesmo efeito de um calmante em meu corpo.

Quinta-feira.

O dia é uma correria. Me escondo com as meninas durante todo o intervalo para organizar, na escola mesmo, os preparativos para sexta feira. Nada de muitos enfeites na casa, porque é tudo para ela e ela não pode vê-los. Só alguns balões e nós podemos nos concentrar nas coisas importantes.

— Vocês vão mandar todo mundo fechar o olho, ou eu vou ficar nervosa demais e não vou falar nada. Eu já falei de como eu pedi ela em namoro?

— Eu criei aquela menina tão bem que ela disse que foi o pior na hora, nem precisei dizer — Dinah comenta, rindo com Mani que tenta não rir.

— Viado, a gente não só vai estar olhando, como gravando também. Vai estar no YouTube em segundos.

Halsey me avisa, não ajudando em nada na ansiedade, mas é engraçado, então eu rio.

— Laur, não liga, vai ser a coisa mais linda, eu estou ansiosa pra ver — Ally diz, os olhos brilhando. Se tem uma coisa que realmente mexe com Ally Brooke, essa coisa é ver pessoas apaixonadas. Sorrio para minha amiga e mando um beijo.

— Vai ser lindo de qualquer jeito. O amor de vocês é muito genuíno — Ashlee comentou, exibindo um sorriso gentil.

— E você vai saber o que dizer. Digo, quando estiver... Com ela. Esse é o tipo de amor... De conexão que vocês tem. Tudo vai dar certo — Lucy fala um pouco mais alto do que falava quando nos conhecemos, e eu sorrio por isso. Está evoluindo. Espero que ela veja isso.

— Muito fofas, mas eu ainda sou a capitã do ship. Vou falar melhor que todo mundo no casamento, E vou ser a madrinha mais bonita. Bah, felicia. Aliás, deixa eu contar o que aconteceu hoje. Um louco chato pra caralha chegou em mim e ficou puxando assunto, eu achei que estivesse dando em cima de mim, e aí disse que namorava com a Mani, eu hein. E aí ele começou a cagar pela boca, eu juro! Ele disse exatamente assim, olha — Já estávamos rindo feito loucas antes que ela complete, minha barriga dói. Ela se coloca em uma posição toda rígida e então volta a falar, engrossando a voz — "Eu vi que você é amiga daquela menina de olhos verdes, e eu achei ela bem bonitinha. Acho que ela me quer também, uma vez estava me olhando" Nessa hora, eu juro, fiquei revoltada. A Normani ficou com medo. Eu levantei e disse assim, "Ela é muito mais do que bonitinha. E ela quer a Camila. Bah Felicia!" e saí rebolando. Todo dia um macho diferente passando vergonha. Todo dia.

Eu devo estar um tomate de tanto rir da forma que ela fala e da situação. Feliz. Que ele saiba, que o mundo inteiro saiba. Eu quero Camila, mais do que qualquer coisa.

*

Sofi e eu estamos em meu quarto, a noite, terminando minha surpresa para Camila. É tão bom estar em sua companhia, é leve. Ela está me contando sobre quando foi ao parque de diversões com a irmã, quando Camila tinha 16 anos. Tantas memórias boas. De repente, ela diz.

— Ela tentou várias vezes em um jogo para ganhar um unicórnio de pelúcia. E aí finalmente ganhou, e deu o nome de Lolo. É por isso que eu sabia quando você se abaixou e me olhou nos olhos que era a Lolo. Porque ela escreveu um texto, O Planeta Olhos Verdes, e disse que era sobre Lolo. Eu achei que fosse o unicórnio, ele tinha olhos verdes também. Mas era você.

Sofi ri, e eu não consigo fazer nem isso. Ela esteve apaixonada por mim todos esses anos mesmo estando distante. Mesmo que eu a evitasse na escola e estivesse sempre fugindo, observando de longe, ela esperou por mim. Talvez algo em nós sabia. Algo em nós sempre vai saber.

— Uma vez eu ouvi umas meninas mais velhas da escola dizendo que o amor não existe, que é uma mentira que alguém inventou. Eu queria dizer pra elas que existe. Que sinto muito se algo fez com que elas acreditassem nisso. Queria falar sobre você e sobre a Mila, sobre papai e mamãe. Ensinar pra elas o que a Kaki me ensinou, que o amor está em todo lugar. E que você pode encontrar amor dentro de si mesma.

Abraço a menininha, fazendo com que ela solte o presente na cama para me abraçar de volta. Estou chorando porque estou emocionada. Tão emocionada. Ela é um pedacinho de Camila. E mesmo com todas as possibilidades, saber que ainda vou tê-la por perto me faz sorrir entre as lágrimas.

Sexta-feira.

Em 18 anos, não lembro de ter ficado tão ansiosa por algo. Não consegui ir para a escola, porque a ansiedade me deixou com dores no estômago. Minha mãe foi para o trabalho preocupada, mas também ansiosa. Finalmente, ela voltaria para casa.

Eu tinha um texto enorme para falar, e podia jurar que havia decorado, mas falando em frente à uma foto dela, eu só conseguia gaguejar. Ela é tão bonita e eu estou tão apaixonada.

Não sei se deveria, e não me importo muito, mas logo eu me pego correndo até o hospital. Não havia falado com ela no dia anterior, e todos os segundos precisavam ser aproveitados. Encontro Tia Sinu com olhos cansados, no primeiro corredor depois da recepção com um copo de água, provavelmente para Camila. Ela sorri fraco.

— Perguntou por você mais do que respirou — Ela responde sem que eu pergunte. Sorrio, quase sem querer, e abraço a mulher dos olhos verdes.

— A senhora quer ir para casa descansar? Eu fico aqui com ela. Vamos, a senhora merece isso.

— Querida... e sua surpresa?

— Nós vamos conseguir. As meninas vão até sua casa para organizar assim que saírem da escola, pode ser? Não será nada muito grande, como eu disse pra vocês. Mas a senhora precisa de um descanso depois de passar a noite aqui. Vá.

Ela sorri. Um sorriso cansado, mas seus olhos sorriem para mim e isso é incrível. Nos abraçamos mais uma vez, com força, como se estivéssemos passando energias. Era um grande dia para nós duas, precisávamos estar bem.

— Minha filha não poderia ter se apaixonado por alguém melhor.

Depois disso, saio sorrindo pelos corredores com o copo de água na mão. Tão ansiosa para vê-la. Tão ansiosa para dizer todas as coisas que eu preciso dizer essa noite. Quando entro na sala, na ponta dos pés, tenho que me controlar para não suspirar alto demais. Ela está de pé, ao lado da maca, apenas encostada nela. E está jogando o cabelo para o lado bem quando eu entro. Me faz querer sair gritando que essa garota terrivelmente bonita é minha namorada.

Me aproximo devagar, e ela não sente. Parece estar pensando, os olhos fixos em algum lugar no teto. Deixo a água na mesinha ao lado, e ela só percebe quando chego bem perto, e puxo seu corpo para perto pela cintura. Ela sorri, de canto, do jeito mais provocador existente na história da humanidade, e eu não estou preparada.

— Você demorou.

— Eu sempre... volto. Eu...

Camila não espera que eu termine. De repente, segura meu rosto entre as mãos e me beija. Há tanta paixão e tanta intensidade, que eu não consigo retribuir imediatamente. Sua língua se encontra com a minha de forma dolorosamente lenta, enquanto seus dedos puxam alguns fios de cabelo. Quando ela quase comete o pecado de parar, se afastando um pouco, eu a puxo pela cintura para dar mais um beijo, tão intenso quanto. Quando nos separamos com toda a dificuldade e voltamos ao mundo, eu percebo que estamos no hospital. E que ela está de pé.

— Preciso de água. Está calor aqui — Ela pisca, com um sorrisinho nos lábios vermelhos e meio inchados.

— Você é louca — Levanto o corpo leve pelas coxas para sentar de volta na maca. Não me lembro onde coloquei o copo nem a cabeça. Preciso respirar por alguns segundos para voltar a pensar em coisas que não são Camila Cabello e o beijo de fogo. E então lembro onde está o copo de água — E você me deixa louca também. Onde é que vamos parar com isso?

— Você quer que eu diga ou quer descobrir sozinha?

— Ca.mi.la.

Entrego a água em suas mãos, tremendo. Não sei se tremo mais pela ansiedade ou por causa dela. Está pegando fogo e colocando fogo em mim. Parece com uma nova Camila mas ao mesmo tempo minha Camila dizendo tudo o que nós só pensávamos. E eu gosto disso.

Vejo-a virar o copo de uma vez, e então se curvar para frente, com a mão estendida para se apoiar em mim. Está tonta. De vez em quando ela se esquece e se move rápido demais. Tiro o copo de sua mão, e deixo que encoste a cabeça em meu ombro. Sem dizer nada. Quero manter a mesma áurea confortável, ou a áurea de fogo, qualquer coisa que não a faça lembrar tanto que está doente.

— Eu ouvi que alguém vai para casa hoje... — Falei baixinho, nossas mãos se encontrando no ar. Ela sorri contra minha pele e deixa um beijo em meu pescoço.

— Eu mal posso esperar, amor. Estou tão ansiosa, dessa vez mais do que as outras, por algum motivo. Vamos fazer coisas incríveis.

Ah, nós vamos, Camz. Nós definitivamente vamos.

*

Só consigo ir para casa quatro da tarde, quando Tio Ale chega para trocar comigo e levá-la mais tarde. Eu até teria saído antes, em alguma das vezes que Dinah me ligou para dizer que estavam trabalhando como escravas (claramente exagerando) e me mandando chegar logo, mas 1) seria muito óbvio se eu saísse de repente, 2) eu não podia deixá-la sozinha e 3) era incrível passar tempo com ela.

Quero ajudar com algo, mas não há mais nada para ser feito quando chego. A decoração está incrível, feita apenas por pisca piscas. Tenho uma ideia de que isso é porque ela só pode perceber luz. As meninas me arrastam para uma sessão de beleza quase assim que eu chego, só me deixando tomar um banho antes. Sofi tem toda uma programação na cabeça, e eu a deixo falar mesmo sabendo que sempre acontece diferente.

Recebo uma ligação do Tio Ale as cinco e meia da tarde dizendo que não consegue mais segurá-la lá, e que vai tentar vir o mais devagar possível, mas está vindo. E então a ficha cai, junto com minha pressão.

— Eu vou pedir ela em casamento. Eu vou pedir ela em casamento. Eu vou...

— Nós sabemos, Laur. E ela vai dizer sim.

As meninas riem enquanto se arrumam, e eu continuo me balançando na cama de Camila.

— E se ela achar que é loucura? E se ela achar que é demais? E se ela...

— Ei. Não esqueça de quem é sua namorada — Ashlee diz, tocando gentilmente em meu ombro.

— Nem do quão recíproco é o amor de vocês — Lucy continua, sorrindo orgulhosa por não gaguejar. As garotas continuaram sendo tão doces e incríveis me dando vários motivos para entender que isso era apenas um título para tudo o que nós já tínhamos. É tudo sobre amor. Em alguns minutos, já estou bem melhor. E continuo quase assim, até quando Sofi entra correndo no quarto, dizendo "Kaki chegou, Kaki está aqui".

— Olha, não fica nervosa, ok? Nós vamos descer e gritar "surpresa" como sempre. Depois de um tempinho, você pode surgir, e deixar o coração falar. Sofi sabe onde está a surpresa, apenas avise ela. Pronta? — Dinah explica pela milésima vez quando saímos do quarto. Assinto — Bom. Estou tão orgulhosa, mas estou controlando as lágrimas. Vamos lá, vamos arrasar.

Nós descemos correndo, porque Camila deve estar confusa de estar esperando na porta da própria casa. Quando a porta se abre e a surpresa acontece, eu consigo ver o sorriso da minha bela namorada de longe. Ela usa um moletom amarelo, calça e tênis. Não está muito arrumada nem nada, e seu rosto quase diz "acabei de sair do hospital", mas eu sinto meu coração acelerar com o quão linda ela está.

Espero algum tempo vendo-a em volta das meninas, rindo, contando piadas. Me sinto feliz por vê-la feliz. De pé. De repente, alguém se aproxima.

— Querida, ela está perguntando por você. Chegou a hora.

É minha mãe. Suspiro e a abraço, agradeçendo mentalmente por estar ali, por apoiar, por ter mudado tanto comigo. Então busco alguns minutos de coragem insana, e vou até lá.

As meninas se afastam quando eu me aproximo. Só estamos nós, então elas sabem. Quando chego por trás de Camila, encontro os olhinhos ansiosos de Sofi, e pisco. Ela entende. Então chegou a hora.

— Camz. Tenho uma coisa pra você.

As luzes se apagam e os pisca-piscas iluminam bem quando eu toco sua cintura e puxo para perto. Camila se vira para mim, parecendo assustada.

— Lolo... A luz... Oh, isso é incrível — Ela olha em volta com um sorriso. A lua agora é uma lua cheia, e se antes ela podia ver borrões e pontos luminosos, agora deve ver apenas pontos luminosos. Aquilo deve estar parecendo algo como uma pintura de Van Gogh. Deixo que aproveite por um tempo — Obrigada, eu amei isso.

— As meninas fizeram. A minha surpresa é outra — Me afasto um pouco para pegar o presente nas mãos de uma Sofi empolgada ao meu lado. Entrego nas mãos de Camila com cuidado, já que é de vidro e eu odiaria quebrar nossa surpresa. Ela desliza os dedos devagar pelo objeto, sentindo. Leva até perto do ouvido para tentar ouvir algum som, e então olha em minha direção. 

— É uma ampulheta.

— Isso — Coloco minhas mãos sobre as suas — Eu e Sofi trocamos a areia fina de dentro por uma mais pesada, para que você possa ouvir. Para que seja mais fácil para você ver que isso nos representa de tantas formas que eu temo que vá esquecer algo quando for te dizer — Ela sorri, e me dá toda a coragem para continuar, mesmo tremendo — Parece que nós sempre estamos dependendo do tempo de alguma forma. Diretamente relacionadas com ele. Às vezes, ele corre devagar demais. Todas às vezes que precisamos esperar para estarmos juntas demoram toda uma eternidade. E às vezes, ele corre rápido demais. Corre rápido demais e isso nos faz tropeçar, e machuca às vezes. Mas o que eu mais amo, de todas as formas que isso nos representa, é que nós sempre podemos — Giro a ampulheta em suas mãos para que a areia possa cair do outro lado — Começar a contar de novo. Eu amo como você me fez entender que sempre há mais tempo. Tempo de consertar; tempo de amar. E essa é a vida.

Camila parece hipnotizada. Os olhos cheios de água. Estou tentando segurar o choro, ou não vou conseguir falar.

— Eu amei você desde que eu te vi pela primeira vez, Camz. Antes que eu entendesse o significado disso. Eu amei você mesmo fugindo disso, mesmo que tudo que eu conseguisse enxergar fosse escuridão, você sempre esteve lá de alguma forma. Eu amei você quando nós reencontramos. Amei você do jeito mais perdido, mesmo ainda não entendendo como amar, mesmo ainda não estando habitável; cheia de bagunça por dentro. E eu melhorei por você. Melhorei por nós. Porque eu via amor nos seus olhos mesmo que você não pudesse ver os meus, e isso me fez querer procurar por ajuda. Amar você me fez bem. Me deu forças para melhorar. E é assim que eu sei que nós somos o encaixe perfeito  — Tarde demais, as lágrimas já caem sem minha permissão. As dela também, mesmo que toda a fala esteja uma confusão só — Você me ensinou muito sobre a vida, Camila. Me ensinou muito sobre tudo. Me fez sentir a vida passando por minhas veias. Você me ensinou a correr com o tempo, me ensinou que nós nunca ficaremos cansadas demais se tivermos uma a outra para ajudar a dividir o peso. E agora, eu quero fazer algo que pode soar grande demais para outras pessoas. Pode soar um absurdo. Mas não para nós. Porque nós estamos correndo. 

Tiro a pequena aliança (que havia sido comprada com ajuda de todas as meninas e dos pais dela) do bolso com as mãos suando. Minhas pernas estão tão bambas que se eu ficar de joelhos, talvez caia no chão e não consiga mais levantar. Então não fico. Em vez disso, chego bem perto dela. Tão perto que consigo sentir sua respiração bater no meu rosto. Deixo que ela sinta o objeto em minhas mãos, e sorrio para a expressão surpresa. 

  — Casa comigo, Camz. Eu realmente não posso perder a chance de casar com o amor da minha vida. 

Ela ri enquanto chora e então eu rio enquanto choro. Estamos rindo e chorando, e então ela balança a cabeça negativamente, devagar, e encosta nossas testas da forma mais doce. 

— Eu achei que já fossemos casadas — Sussurra, e por alguns minutos eu me preocupo que ela esteja esquecendo coisas. Mas então seu sorriso aparece outra vez — Talvez em outra vida. Então eu aceito nessa também. E em todas as outras. Sim, meu amor. 

Só temos um segundinho para um selinho antes que Dinah Jane comece a ser ela mesma. 

— IT'S CAMREN YO!  —  Grita, com a voz de quem acabou de chorar. Todas as outras começam a festejar, inclusive nossas mães, que também estavam chorando. Toda uma explosão de felicidade. 

— Aposto que a Dinah chamou uma emissora de TV e estamos ao vivo agora — Camila sussurra em meu ouvido — Obrigada por isso. Eu amo você. 

Só então a areia da ampulheta termina de cair. E então eu viro de novo, nas mãos da minha agora noiva. Nós parecemos ter o infinito inteiro juntas naquele momento.


Notas Finais


Terminei de escrever chorando, sim.


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