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História Labirinto - Decepções


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 3 - Decepções



Depois de muito chorar, ela acabou dormindo ao pé de uma árvore. Por quanto tempo ela dormiu? Não havia como dizer. Era como se tivesse passado muitos anos, mas podem ter sido alguns minutos. Magali levantou-se sentindo o corpo fraco de tanta fome. E para piorar, sua garganta estava mais seca do que biscoito sequilhos. Tão seca que chegava a doer e arranhar e não havia nenhuma água por ali. Só doces, doces e mais doces a perder de vista.

- Água... eu quero água... – ela foi murmurando enquanto caminhava cambaleante. Pelo menos a sede lhe distraía da sua fome, mas não era menos desagradável.

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- Por que não dificulta um pouco as coisas? Ela está com sede agora, não está? – Soranin falou para a entidade com uniforme de garçonete e cabelos compridos que assistia o sofrimento de Magali.
- Sim, está. Vejamos o que dá para fazer...

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A terra começou a tremer um pouco sob seus pés e Magali recuou procurando por um lugar seguro. Há alguns metros na sua frente, ela viu a terra se elevando e tomando forma diante dos seus olhos até surgir uma fonte.

- D-de onde veio isso?

Era uma bonita fonte colorida que parecia feita de balas e pirulitos. No topo, havia uma grande bengala doce e dela saia um líquido que mudava de cor a cada minuto. Em um momento era verde, depois vermelho, azul, cor de rosa... Magali chegou mais perto e sentiu um cheiro bem suave. Quando o liquido era verde, cheirava a limão. O vermelho tinha cheiro de morango e o amarelo de abacaxi.

- Nossa! Parece suco! Hum! Eu tô mesmo precisando disso! – ela colocou as mãos dentro da fonte e estava pronta para dar um bom gole quando uma dúvida surgiu. O que aconteceria se tomasse daquele suco? Será que acabaria ficando presa ali para sempre?

Será que valia a mesma regra? Suas mas afrouxaram, deixando o liquido cair de volta. Apesar de a sede ser muito grande, o medo de arriscar era muito maior. Para não correr riscos, ela saiu de perto da fonte rapidamente. Não adiantou muito, já que no seu caminho foram surgindo outras fontes iguais a primeira como se fosse uma provocação. Era um tormento que parecia não ter fim.

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- Dar um pouco de esperança e depois tirá-la bruscamente. Brilhante, acho que vou tentar isso também!
- Nesse monte de água sem graça nenhuma? Essa eu quero ver! – Akanin falou e se pôs a observar. Se a idéia fosse boa, ele poderia aplicá-la também. Kainin não se abalou.
- Veja e aprenda!

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Sua vista foi escurecendo aos poucos e por um segundo ou dois, ele fechou os olhos para abri-los rapidamente em seguida, num sobressalto. Não, ele não podia dormir daquele jeito, era suicídio! Era preciso ficar acordado ou acabaria afundando de vez.

Cascão respirou fundo e voltou a olhar ao redor tentando fixar a atenção em algo que o mantivesse acordado. A paisagem monótona não ajudava em nada. Seus olhos voltaram a ficar pesados novamente e o rapaz sentia muito sono, estava exausto e com as pernas doendo. Por que aquele pedaço de madeira tinha que ser tão pequeno? Dava somente para se segurar nele, mas não para subir e ficar mais confortável. A maior parte do seu corpo ficava submersa.

- Peraí... será? – ele fixou o olhar no horizonte, franziu os olhos tentando ver melhor e abriu um largo sorriso. Terra firme! Céus, era tudo o que ele queria naquele momento!

Com a energia redobrada, ele voltou a bater os pés freneticamente correndo na direção da pequena ilha que despontava no horizonte.

- Vamos! Força! Daqui a pouco vou ficar bem sequinho!

Ele nadava, batia os pés e dava o melhor de si, mas a ilha continuava no horizonte sem nenhuma indicação de que estava ficando mais perto. Ainda assim ele não desistiu. Seu desejo de sair daquela água era maior que tudo e ele continuou nadando parando poucas vezes para descansar.

Depois de muito nadar, aos poucos a ilha foi aumentando de tamanho e ele nadou com mais força ainda.

- É isso aí! Tô quase lá!

Mas algo aconteceu. Depois de certa distância, à medida que ele foi chegando mais perto a ilha foi desaparecendo aos poucos até não ter mais nada além de água.

- Como é? Cadê a ilha? Não, mó sacanagem isso!

Por pouco ele não se deixou afundar de tanto desespero. Todo aquele trabalho para nada? Será que ele teve uma alucinação ou foi uma miragem? Quanta ironia! Nos desertos, os viajantes tinham miragens de lagos e oásis. No meio daquele oceano, as miragens eram de terra seca!

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Todos riam da aflição do rapaz e o autor do seu tormento continuou colocando várias ilusões em seu caminho. Eram ilhas, algumas até com palmeiras, barcos e canoas. Cascão nadava feito louco atrás de cada uma delas só para descobrir que eram somente miragens. Então ele chorava desolado, às vezes ria do absurdo da situação e sempre praguejava contra seu tremendo azar de ter ido parar num lugar maluco como aquele.

- Isso foi engraçado. Agora é a minha vez de brincar com a cabeça da dentuça! Olhem só!

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- Hum? O que é isso? – Mônica perguntou ao sentir uma rajada de ar frio batendo em seu rosto. Era ar fresco! De onde estava vindo? Só podia ser da saída! Ela se concentrou um pouco para descobrir a direção da brisa e saiu andando devagar, prestando bastante atenção para qual caminho seguir.

Depois de tanto tempo respirando aquele ar quente e fétido, era um verdadeiro bálsamo poder respirar ar fresco. Quando sentiu que a brisa estava ficando mais forte, ela se deparou com um beco sem saída.

- Mas que droga! Isso não é justo! Não é! – ela ia dar meia volta quando sentiu a brisa soprando novamente, o que a fez chegar mais perto da parede e ver que tinha uma rachadura ali. Era de lá que vinha aquela lufada de ar fresco.

Será que a saída estava do outro lado da parede? Se era assim, então ela não podia desistir estando tão perto da liberdade e ignorando a dor das suas mãos, vários socos foram desferidos na parede com a esperança de conseguir quebrá-la. E daquela vez estava dando certo, para sua alegria. Quando conseguiu fazer um buraco grande o suficiente para passar, ela não perdeu tempo e se esgueirou nele, ignorando a dor que as pedras pontudas causavam em seu corpo, arranhando e rasgando sua roupa.

Mas sua alegria não durou muito quando, ao chegar no outro lado, ela deparou-se com outro muro enorme. Era o mesmo labirinto de sempre.

- Não... – ela falou com a voz sumida, quase desabando. Todo aquele trabalho para nada?

Outra brisa soprou em seu rosto e ela percebeu que vinha de outra rachadura. Será que a saída estava atrás daquele muro? Valeria a pena tentar? Ela examinou a rachadura e viu que era grande. As pedras pareciam meio soltas, mostrando que não ia ser muito difícil afastá-las. Com isso, ela se animou e voltou a trabalhar achando que daquela vez ia dar certo.

Só que não deu. Quando conseguiu atravessar o muro, ela deparou-se novamente com outro muro. E tudo se repetiu novamente. Mesmo sabendo que havia a chance de encontrar outro muro, ela não conseguia parar. Sua teimosia e desespero a faziam seguir em frente mesmo seu bom senso lhe dizendo que era um esforço inútil.

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- Hahaha, isso não é engraçado demais? Olhem como ela sai quebrando as paredes! E olhem a cara de decepção dela quando vê que não deu em nada!
- Certo. Agora já sei de onde vem sua burrice.
- Como é? Olha que eu te dou um soco!
- Sempre usando a força bruta, não é? Claro que é engraçado vê-la quebrar paredes por nada, não nego, mas eu prefiro algo mais sofisticado. Observem!
- Blé, seu exibido!

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Ele olhou ao redor, tentando entender como era possível entrar por uma porta e sair por um alçapão. Certo, aquele lugar era totalmente maluco. Nem o Licurgo teria pensado em algo tão doido assim.

- Isso não está dando em nada! Eu só fico andando e não chego a lugar nenhum! Preciso bolar um plano! Claro, eu sou o cara mais inteligente da turma e esse labirinto mixuruca não vai me assustar, não mesmo!

Decidido a decifrar aquele enigma, Cebola começou a olhar ao redor tentando encontrar algum padrão, talvez uma pista escondida no meio de toda aquela bagunça. Podia acontecer de no meio de toda aquela desordem, tivesse a solução bem escondida esperando ser encontrada.

Seus olhos iluminaram quando viu, debaixo de uma escada, algo escrito no chão.

- Rapaz, eu não tinha reparado nisso antes! Deixa eu ver!

Na verdade era um conjunto de números, como aquela expressões numéricas que ele tinha de resolver nas aulas de matemática. Somente ele, além da Cascuda, era capaz de resolver aquelas contas complicadas sem se atrapalhar todo.

- Vamos lá! Nossa, é bem comprido! Tudo bem, eu tiro de letra!

A expressão era mesmo comprida e levou bastante tempo até que ele conseguisse resolvê-la.

- Sete? O que isso significa? – sua cabeça voltou a trabalhar rapidamente. Pelo que ele sabia, sete era o número da perfeição. Sete cores do arco-íris, sete pecados capitais, sete dias da semana... – Sete, sete, sete... engraçado... essa escada tem sete degraus! As outras são bem grandes, mas essa é diferente. Então devo subir nela!

Ele foi seguindo a pista até encontrar outra, que daquela vez levou a uma porta que dava numa espécie de abismo. Não havia por onde seguir. Do outro lado, havia outra porta. Será que era um caminho que não dava em nada?

- Aposto que ali deve levar a saída, eu não posso desistir agora!

A distância não era muito grande, mas ainda assim não dava para saltar sem correr o risco de cair. Qual seria o próximo passo?

Como que respondendo a sua pergunta, surgiu a sua frente uma espécie de tabuleiro que flutuava no ar. Dentro do tabuleiro, havia o desenho de um rio e sobre esse desenho um barco em miniatura. Na margem, havia bonequinhos. Um homem com chapéu de caipira, uma galinha, uma raposa e um saco de milho. De cara ele entendeu o enigma.

Era preciso fazer com que todos atravessassem o rio, mas havia regras. O fazendeiro pode levar apenas um item de cada vez. Se a raposa for deixada sozinha com a galinha, ela comerá a galinha. Se a galinha for deixada sozinha com os grãos, ela comerá os grãos. Todos tinham que atravessar o rio sem que nada fosse comido.

- Bah, fácil demais!

Em poucos segundos, ele resolveu o enigma e uma ponte surgiu a sua frente. Mais confiante de que ia conseguir sair daquele lugar, Cebola continuou dando voltas e resolvendo todos os problemas, enigmas, quebra-cabeças e charadas que apareciam na sua frente. Com o passar do tempo, ele foi se sentindo cansado e impaciente.

Quantos enigmas ele teria que resolver até encontrar a saída? Pensando bem, esses enigmas por si só não diziam nada, apenas apontavam o próximo passo a seguir. E ele seguia todos já nem pensando mais no que estava fazendo.

- Resolver! Tenho que resolver! Eu sou o mais inteligente da turma! Tenho que resolver isso! Eu tenho! Hahaha!

Quando conseguia resolver, ele ria alegremente. Mas quando via que não tinha dado em nada, ele gritava, chorava e continuava resolvendo os outros enigmas que apareciam na sua frente sem nem ao menos se perguntar se faziam ou não algum sentido. Ele apenas seguia em frente, falando sozinho como um louco. Sua sanidade estava escoando lentamente.

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- Assim ele vai ficar maluco! – Akanin falou também sentindo a cabeça meio confusa com todos aqueles enigmas. Pensar não era exatamente seu forte.
- Essa é a idéia, meu amigo esquentado! Quanto mais ele perder a consciência, melhor! Afinal, é esse o nosso objetivo, não é? Que todos percam a consciência. Assim teremos nossa vitória absoluta!

Os outros concordaram e continuaram assistindo a tortura das suas vítimas. Mais cedo ou mais tarde eles iam acabar cedendo. Não tinha como alguém conseguir manter a sanidade dentro daquele jogo insano e Soranin estava muito confiante de que seu plano ia dar certo.

 



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