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História Labirinto - Delírios


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 5 - Delírios



Ela mal entrou empurrando o carrinho e os três foram para cima dela babando como animais.

- Sorvete! Sorvete! Eu quero o maior de todos! – Akanin falou no seu tom agressivo e eles comiam com toda falta de educação.
- Você não vai comer? – Soranin falou ao ver que ela só observava em silêncio.
- Já comi no caminho. – Ela respondeu voltando a olhar para a tela. – Alguma coisa de diferente?
- Só o mesmo chorume de sempre. Está ficando chato!
- É... acho que vou mudar a paisagem. Vamos ver no que vai dar.

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Magali andava olhando para o chão, evitando olhar para todas aquelas gostosuras. Por isso só percebeu que tudo tinha mudado ao seu redor quando um cheiro diferente chegou ao seu nariz. Ela levantou a cabeça e gritou de susto ao ver que não estava mais na terra dos doces.

- O que aconteceu aqui? De onde veio toda essa comida?

Não havia mais doces, bolos, balas, pirulitos e nem chocolates. Agora a paisagem era composta pelos mais diversos pratos salgados. Macarronadas, pizzas, sanduíches, cachorro-quente, almôndegas, omeletes, ovos com bacon, grandes vasilhas com feijoada, arroz a grega, lasanhas, frango assado, bifes de diversos tipos de carne, espetinhos e todo tipo de prato salgado que ela conhecia. Daquela vez ela se sentia naquele filme “tá chovendo hambúrguer”. Só que aquela comida não tinha caído do céu e sim aparecido do nada.

- Nossa, que cheiro bom! Hum... esse arroz de forno parece tão gostoso! Ai, nossa! Rocambole de carne recheado! Igual o que a mãe faz lá em casa! Será que eu posso... Não! Eu não posso!

A comida podia ter mudado, mas ela sabia que a regra era a mesma. Se comesse algo, ia ficar ali para sempre. Ao invés de melhorar, as coisas pioraram já que antes o cheiro constante dos doces já estava lhe dando enjôos e assim ela conseguia esquecer a fome. Agora que a comida mudou, a tentação ficou ainda mais difícil de evitar.

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- Você só sabe pensar em comida? Que patético! Parece até que está com pena dela! – Kainin falou com pouco caso. Ela não reagiu. E nem podia, já que era a mais fraca dos três. E eles sempre davam um jeito de lembrar isso, bando de idiotas!

“Eu não sou fraca, eles é que são! Eu levei anos para ser derrotada enquanto eles caíram em poucos minutos! Quando conseguir minha força de volta, aí eles vão ver uma coisa!”

- Melhor correr antes que eles comam todo o sorvete. – Ela respondeu lacônica e ele acabou avançando contra o carrinho, disputando com os outros dois pela melhor taça de sorvete.

Licurgo estava certo ao dizer que satisfação era a única coisa que acalmava os monstros do ID. Ao ver que os três patetas estavam muito distraídos, ela fez um gesto com as mãos e uma jarra de água limpa apareceu na frente da Magali, que bebeu tudo avidamente. Aquilo ia ajudá-la a agüentar por mais tempo.

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- Uma sorveteria? O que tem de perigoso aqui? – DC perguntou olhando os monstros que tomavam sorvete sem criar nenhum problema.
- Aqui é o lugar mais seguro do mundo dos ID’s. Nesse lugar eles ficam mais calmos e não causam confusão.
- E como o sorvete daqui vai resolver nosso problema?
- Não vai. Eu irei a outro lugar enquanto você me espera aqui.
- Como é? Que trairagem é essa?
- Não tem trairagem nenhuma. Eu te trouxe para a terra dos ID’s, não trouxe? Agora senta e toma seu sorvete.

DC cruzou os braços e fez a cara mais feia do mundo. Licurgo não importou e antes de sair, recomendou enfaticamente.

- Olha, eu sei que você adora contrariar e tudo, mas dessa vez é sério. Não saia daqui por nada, entendeu? Lá fora estão monstros que representam toda a crueldade humana. Se eles quiserem te machucar, farão isso sem constrangimento algum. Fui bem claro?
- Tá, tá... eu fico aqui mesmo. Que chato!
- Muito pelo contrário, garoto! Aqui você poderá pedir sorvetes de quaisquer sabores que sua imaginação mandar. O céu é o limite. Agora tenho que ir.

Licurgo saiu e DC continuou emburrado em sua mesa quando alguém se aproximou.

- Posso anotar seu pedido? – O rapaz levou um susto.
- Heim? Marina? O que você tá fazendo aqui?

Ela o olhou com malícia, deixando o rapaz meio nervoso. Marina não tinha aquele olhar tão endurecido.

- Eu sou o ID dela.
- Ué, mas parece com ela direitinho!
- Não poderia usar esse uniforme gracioso na minha forma original.
- Você também trabalha aqui?
- Sim. É muito mais organizado e limpo do que o caos que reina lá fora. E então? Qual é o seu pedido?
- Deixa eu ver... já que eu posso escolher qualquer sabor, então quero sorvete de alcaçuz, alho e gorgonzola com cobertura de caviar e calda de mostarda com pimenta.

Após fazer careta de repulsa com aquela combinação tão fora do comum, ela foi cuidar do pedido deixando-o ali observando os monstros do lugar. Até que não era tão ruim assim.

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Ele não gostava de andar pelo mundo dos ID’s. Era um lugar inóspito e perigoso, cheio de monstros perversos. Felizmente ele sabia como andar ali sem ser notado e causar confusão. No lugar mais afastado e escondido, enterrado numa espécie de gruta, ele encontrou uma grande cela com paredes acolchoadas, como se fosse a cela de um hospício. Dentro dela, havia um prisioneiro fortemente amarrado numa camisa de força reforçada com correntes. Em seus pés, enormes grilhões garantiam que ele não fosse a lugar algum. Seu rosto era coberto por uma máscara semelhante a de Hannibal Lecter, de “O silêncio dos inocentes”.

Quando iluminou o local com sua lanterna, ele se esforçou para disfarçar a repulsa ao ver que por debaixo de tudo aquilo havia uma pessoa muito parecida com ele. O prisioneiro o recebeu com ironia.

- Ora, ora, ora! A que devo a honra dessa ilustre visita?
- Sem piadas, Bikuri, estou aqui para tratar de algo sério.
- Ah, sim! O seqüestro dos seus quatro heróis!
- Como sabe disso?
- Todo o mundo dos ID’s sabe. Alguma coisa sempre acaba chegando nesse buraco escuro e frio onde você me aprisionou.
- Sem dramas, está bem? Quero saber o que aconteceu com eles.
- Foram seqüestrados. Simples assim. Pena que você viajou para tão longe só para constatar o óbvio.

Licurgo massageou a testa com o polegar e o indicador para manter a paciência e voltou a falar.

- Que eles foram seqüestrados, eu já sei. O que quero saber é onde eles estão agora e por que seus ID’s fizeram isso.

Bikuri deu uma risada.

- Eles estão fazendo o que eu queria ter feito e não pude. A nova geração está ficando bem esperta!
- E o que você queria ter feito?
- Me responde uma pergunta: Você tem sonhos lúcidos? Já sonhou que saiu sem calças e depois as colocou de volta, mas apareceram viradas do avesso?
- O que isso tem a ver com o assunto?
- Responda que você saberá!
- Está bem, que coisa! Sim, eu tenho sonhos lúcidos de vez em quando e algumas vezes sonhei que fui trabalhar sem minhas calças. Mas nunca consegui recolocá-las do avesso. Satisfeito? O que isso tem a ver com o seqüestro dos quatro?
- Nada. Só queria mesmo saber.

Ele deu outra risada, transmitindo em cada som toda sua insanidade. Quando conseguiu fazê-lo parar, Licurgo perguntou outra vez.

- Pela última vez: para onde os ID’s os levaram e o que querem com eles?
- Pela última vez? Quer dizer que você não irá perguntar de novo? Que jogo mais engraçado! Ora, Licurgo, não perca a lucidez! Quando ela se perde, tudo se acaba.
- Responda a minha pergunta!
- Responda a minha: o que veio primeiro, o ovo ou as torradas? Por que os humanos sempre vivem dentro da caixa? Quem guia a manada? Quem fragmentou as pessoas em pedacinhos?
- Você não está falando coisa com coisa!
- Estou sim, mas parece que você está se tornando um zumbi igual a todo o resto da humanidade e agora não enxerga a desconcertante verdade:
- Que verdade?
- A de que tudo não passa de um sonho, uma ilusão. Um sonho manipulado de acordo com o interesse de quem guia a manada. Bem... pode-se dizer que os quatro estão em situação parecida, porém de forma extrema.
- Ainda não entendo!

Bikuri falou num tom sério.

- Então entenda isso: da próxima vez que você se sentir confuso...

Licurgo apurou bem os ouvidos.

- ...feche os olhos e acenda a luz. Só assim pra enxergar o seu nariz. Hahahaha!

Ele desistiu de conversar com aquela criatura desmiolada e resolveu sair dali tentando encontrar algum sentido nas sandices que o outro havia falado. Haveria algum sentido no meio de tantos delírios?

- Talvez eu devesse procurar informações por aí. Acho que aquele moleque pode esperar mais um pouco.

 



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