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História Lado Negro - Imaculada tolice


Escrita por: Semideus4

Capítulo 10 - Imaculada tolice


Nathan Miller 

Eu e Allyson já havíamos almoçado e fomos para a sala, ela estava sentada sobre o tapete fofo e escorada no sofá onde eu me encontrava deitado. Ela não parou de elogiar minha comida, e nós comemos até não caber mais, modestamente, eu cozinho muito bem, afinal, morei anos sozinho e não ia viver só de comida pronta. A TV estava ligada e nela passavam algumas reportagens chatas. O silêncio reinava, nós não tínhamos muito o que dizer ou fazer, na rua a chuva ficara mais forte e estava até trovejando, Ally se levantou e fechou as cortinas da janela da sala, o que deixou tudo escuro, apenas com o brilho da TV.

 – Tem medo de chuva? – perguntei e ri baixinho a olhando de relance enquanto se sentava novamente no chão.

– Geralmente são com tempos assim que tenho meus piores pesadelos – ela sussurrou tão baixo que quase não entendi o que disse.

– E você sempre tem pesadelos? – perguntei realmente interessado.

– Sempre – murmurou.

– Que tipos de pesadelo?

Ela suspirou e encarou a TV, mas sem realmente prestar atenção, fez uma longa pausa até se remexer e começar a falar.

– Não gosto de falar sobre eles, são horríveis – ela não falava alto, era como uma garotinha pequena com medo do escuro e do que pudesse vir dele.

– Talvez falar ajude – insisti, eu queria saber, talvez isso trouxesse algumas respostas das quais precisava para várias dúvidas que tinha sobre toda essa coisa de ser uma “Angnel”. Ally mal sabia o quanto era importante para coisas que nem sonha que existam, quer dizer, talvez desconfie, porque depois da noite passada na praia...

– Acho que piore – ela interrompeu meus pensamentos. – Mas quem sabe se eu falar de algum deles...

– São diferentes? – perguntei e ela assentiu. – O.k., mas há alguma coisa que seja significativa de todos eles? – vi ela assentindo novamente. – O que? – perguntei com calma e me apoiei em meu braço.

– Sangue – ela sussurrou novamente e se virou para mim, seus olhos encontraram os meus. – As coisas escurecem, e aí vem o sangue... – ela balanço de leve sua cabeça. – Porque está querendo saber sobre isso? – agora ela perguntou em um tom de voz normal. – Porque tanto interesse?

– Sei lá... Falta de assunto? – perguntei indiferente, se tinha uma coisa que sabia fazer perfeitamente era disfarçar.

Ally me analisou, talvez tentando decidir o que se passava em minha cabeça, algo que com certeza ela não descobriria. Ela suspirou e desviou o olhar, ficou mexendo em seus dedos, parecia pensativa, até que perguntou:

– Lembra aquela noite na praia? – perguntou voltando a me olhar, eu apenas assenti. – Você não viu, ou... sentiu algo estranho?

– Você está me cantando? – provoquei a fazendo revirar os olhos e rir.

– Óbvio que não, idiota. – Ela voltou a ficar séria, na verdade eu sabia sobre o que ela ia falar, se chegasse a falar. – É que... Ah! Esquece! Porque não vamos ensaiar? Sério, precisamos.

– Que tal assistirmos a um filme e depois ensaiar? – sugeri me sentando no sofá.

– O.k., seu preguiçoso, que filme quer ver? – ergueu uma sobrancelha. – Nada de terror!

– Pois é exatamente isso que vamos ver! – eu ri com a careta dela.. – Porque não vai lá fazer alguma coisa pra gente comer? Lembre-se que eu fiz o almoço!

 

Depois de tudo pronto, nos ajeitamos no sofá para ver o filme, estávamos vendo “A hora do pesadelo”. Ally havia reclamado um monte dizendo que não queria assistir este, e disse para colocar em um de romance, mas acabei a convencendo. Ela havia feito pipoca e tomávamos coca-cola.

 

O filme estava quase na metade e Allyson já se encolhia toda, ela estava abraçando suas pernas e roía a unha de uma das mãos, ela estava tão concentrada olhando para a TV com os olhos levemente arregalados que era até engraçado, eu ri e ela de tão “ocupada” nem me xingou como de costume. Ela se ajeito sentando-se normalmente e pegou o pote de pipoca, ainda sem tirar os olhos das cenas do filme, que estava naqueles momentos que te deixam apreensivo; e nesse momento trovejou tão alto que tremeu os vidros da casa, o que fez Ally dar um pulo e o pote saltou de sua mãos derramando toda a pipoca no sofá.

– Droga! – esbravejou ela.

– Você é muito medrosa! – debochei rindo e a ajudando a colocar as pipocas de volta no pote enquanto a personagem do filme gritava.

– Você adora tirar sarro da minha cara né?! – Ela mais exclamou do que perguntou.

– Fazer o que, você sempre me dá motivos...

Eu toquei uma pipoca na cara dela, que logo pegou um punhado e jogou em mim, alguns pegaram no meu cabelo. Eu fiz o mesmo com ela e a doida começou a rir, eu ri junto, sua risada era muito engraçada, mas até que era gostosa de se ouvir... Balancei minha cabeça me livrando desses pensamentos, e toquei mais pipocas nela, Ally começou a me “bombardear”. Era bom ficar assim, apenas me divertindo e esquecer de todas as responsabilidades que tinha de exercer. Até que fomos cessando as risadas e a "guerra" aos poucos.

– É melhor limparmos isso tudo... - ela suspirou vendo aqueles grãos de milho arrebatados espalhados pela nossa volta.

Apenas concordei e recolhemos todas as pipocas colocando de volta ao pote e levamos para a cozinha, juntos com as outras coisas.


~ || ~

 

Eu já estava voltando para casa na minha moto e vestindo minhas roupas, que haviam secado. Passei praticamente a tarde toda na casa de Allyson. Agora já estava anoitecendo e o tempo melhorava aos poucos. Enquanto corria entre os carros e passava em frente a lojas iluminadas eu pensava, e quanto mais o fazia, mais confuso ficava. Estava tudo virando de cabeça para baixo, uma coisa que devia ser tão simples estava se complicando cada vez mais, e eu ainda ficava adiando tudo.

O que eu estou fazendo? Nada vai se resolver se eu ficar parado e ver as coisas se desenrolarem. Eu não entendia porque simplesmente não pegava aquela garota e entregava aos arcanjos, seria tudo mais fácil, tudo mais simples... Seria o certo. Mas porque parecia tão errado? Afinal, era para isso que me aproximara dela, era com essas intenções, e agora nada parecia fazer sentido, nem para mim e duvido que fizesse para outra pessoa.

Quando cheguei no apartamento, o segurança me deixou entrar e deixei a moto no estacionamento. Peguei o elevador e subi para meu andar, várias coisas se passavam em minha cabeça. Quando entrei no apê, Jason estava atirado no sofá olhando Tv. Tranquei a porta e ele me olhou, tinha certeza que ia perguntar onde eu estava, por isso interrompi mesmo antes de ele falar algo.

– Casa da Allyson – me sentei ao seu lado.

– E o que vocês estavam aprontando? – ele ergueu uma sobrancelha com um sorriso malicioso.

– Nada do que esteja pensando – o repreendi.

– Já decidiu o que vai fazer? Sabe, sobre essa história toda de Angnel...

Eu sabia o que ia fazer, pelo menos de uma coisa eu sabia.

– Não vou deixar os arcanjos porem as mãos nela. – Disse convicto, mas não tinha certeza se conseguiria fazer isso. Me escorei no sofá, mais cansado do que deveria estar.

Jason deu um pulo, se levantando e me olhou como se fosse louco. Passou a mão pelo cabelo, ele parecia preocupado.

– Velho, você não pode fazer isso – ele andava de um lado para o outro. – Quero dizer, ela parece ser bacana e tal, mas sabe o que isso significa para você? – ele parou e me encarou, eu fitei a parede branca, que me parecia muito interessante nesse momento. – Adeus asinhas de anjo.

Engoli em seco. Eu sabia que se os arcanjos soubessem que estou tendo esses pensamentos e essas decisões, minhas asas seria arrancadas no mesmo instante e seria expulso do Céu. Nada mais justo, porém também não queria isso, tinha que ter alguma coisa a fazer, ou pelo menos tentar entender toda essa história na qual me meti.

Jason se sentou de novo me olhando com expectativa, talvez esperando que meu momento de asneira tivesse passado. Estava se iludindo. Me levantei sem dizer nada e fui tomar um banho, por enquanto era o melhor a fazer.

Afinal, que pecados tinha esse meu ato de tolice?


Notas Finais


Eu provavelmente vou demorar um pouco para postar o próximo... Só para avisar! Beijos meus amores >.<


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