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História Lado Negro - Desajuizada


Escrita por: Semideus4

Capítulo 20 - Desajuizada


Jennifer Campbell

Me virei rapidamente em direção àquela voz feminina. Dei um sorrisinho meio sem graça e fechei o livro. Eu a conhecia, era a professora de teatro da Ally, seu nome é Claire se não me engano. Ela arqueou as sobrancelhas em direção ao livro que eu segurava.

 – Sabe falar latim? – perguntou analisando a capa.

 – Na verdade não, mas como o título estava na nossa língua, pensei que... – fui interrompida pela mulher.

 – O título está em latim – disse ela me olhando estranho. – Veneficas. A novum heram.

 Eu olhei para a capa, pensando que ela tinha probleminhas, mas na verdade, o título agora estava exatamente como ela acabara de recitar. Em latim, mas eu havia lido, estava em inglês, como alguém pode ser capaz de entender uma língua que não sabe?

 Eu o abri novamente e o folhei, voltando para a página que eu estava antes. Tudo continuava naquela língua estranha, até que... Arregalei um pouco os olhos e devo ter ficado pálida, as letras começaram a se movimentar e quando digo isso é literalmente, elas se embaralhavam e cada palavra se transformava em algo compreensível para mim.

 Olhei para a professora de teatro, para ver se ela via a mesma coisa que eu, mas na verdade tinha apenas um semblante de preocupação.

 – Você está se sentindo bem, querida? – ela colocou sua mão na minha testa para ver se eu estava com febre, eu balancei a cabeça freneticamente e me afastei um pouco dela.

 – Tenho que ir para a aula – forcei um sorriso e saí atordoada enquanto guardava o livro em minha bolsa.

 Eu devia estar enlouquecendo, era isso mesmo. Eu iria parar em um hospital psiquiátrico, nunca mais veria nenhum dos meus amigos e nem Jason, mas pelo menos seria tratada. Parei bruscamente no meio do corredor vazio. O que eu estou pensando? Devia ser acusada de loucura só por essas ideias absurdas passarem na minha cabeça. Sorte a minha que não existem clínicas para garotas dramáticas e exageradas.

 – Jenny? Você está bem? – acordei de meus devaneios e olhei para o garoto alto e loiro parado a minha frente.

 – Eu não sei – retorci o lábio. – E você, porque não está na aula?

– Ah, sabe como é, biologia é um saco – Matt deu de ombros e sorriu mostrando seus dentes perfeitamente brancos. – E você senhorita fujona?

 – Faço das suas as minhas palavras – sorri e lhe dei um soco fraco no ombro. – Acho melhor sairmos daqui antes que o inspetor ou a diretora resolva aparecer...

 – Como queira madame – ele estendo seu braço para mim e eu enlacei o meu no seu, como naqueles filmes antigos quando um homem convida uma dama para dançar. Eu gostava de Matt, era um bom amigo, sempre fora, desde que éramos pequenos.

 Nós ficamos de bobeira em um local do pátio fora da visão de qualquer professor ou qualquer outro que pudesse ferrar com a nossa vida, era atrás de uma grande árvore em um cantinho e ali ficamos rindo e conversando, como não fazíamos há muito tempo, pois nossa amizade ficou um pouco mais de lado com a chegada do Ensino Médio.

 

 No fim das contas eu e Matt ficamos lá até a hora do intervalo, depois nos separamos indo cada um para nossas respectivas aulas. Os dois últimos tempos eram de literatura, sorte a minha que Allyson a fazia comigo.

 – Não entendo porque você odeia essa aula se adora ler – comentei com ela enquanto a professora passava um trecho de sabe-se lá o que no quadro.

 Ally se virou para trás, apoiando seu braço na minha classe.

 – Quantas vezes vou precisar repetir que eu odeio essa mulher? – ela sussurrou. – E ela me odeia. Por isso não leio nenhum dos livros que ela manda.

 – E por isso vai mal – disse fazendo um coque em meus cabelos lisos e os prendi com uma caneta. – Faça que nem eu: leia resumos e resenhas na internet – sorri e pisquei para ela que riu baixinho.

 A loira se virou para frente assim que a Sra. González começou a falar, ela era espanhola, enquanto falava percebia-se um pouco do sotaque que ainda não largara. Até tentei prestar atenção em sua aula, mas me lembrei do livro velho em minha mochila, e fiz uma nota mental para não esquecer-me de mais tarde o analisar. Devia ter alguma explicação lógica para aquilo que vi. 

 

 Por fim o sinal bateu, fazendo todos guardarem suas coisas e se retirarem, assim como eu e Ally.

 – E aí meninas – Nathan se juntou a nós enquanto já descíamos os degraus da entrada.

 Não pude deixar de sorrir maliciosamente em me lembrar do que minha amiga me contara naquela manhã, ela percebendo isso me deu uma cotovelada discreta.

 – Você vai com o Jason para casa, não é? – ela me olhou com uma expressão assassina enquanto fugia de um provável constrangimento que eu a causaria, garota esperta.

 – Vou sim, e ele acabou de chegar – observei enquanto uma Ferrari vermelha era estacionada chamando a atenção da maioria dos alunos. O sonho de consumo de qualquer adolescente. – Tchau Nate. Tchau baby.

 Com isso segui em direção a minha carona, mas não sem antes notar que minha nem tão querida melhor amiga embarcava na garupa da moto de Nathan. Eu ri internamente, era meio irônico já que ela dizia que não gostava dele e que nunca ficaria com tal, mas agora estava agarrada em sua cintura.

 

 Assim que chegamos à minha casa aproveitei que meus pais não voltariam para o almoço por causa do trabalho e convidei Jason para entrar, pelo menos assim temos paz e eu poderia ficar sozinha com ele, não pensem que sou uma vadia que sai por aí colocando qualquer garoto dentro de casa, por que não sou, mas ele é quase meu novo namorado, então não há problema algum, pelo menos na minha cabeça não há. Nunca tive muito juízo mesmo.

 – Vamos subir – disse me dirigindo as escadas enquanto ele me seguia. – Se caso meus pais chegarem de surpresa não quero que minha mãe tenha um ataque em te ver na nossa sala de estar e te expulse daqui com violência...

 – Esse não seria seu pai? – perguntou erguendo as sobrancelhas com um pequeno sorriso enquanto entrávamos no meu quarto.

 – Ele provavelmente faria alguma piadinha idiota e subiria para tomar banho – joguei minha bolsa no chão.

– Já minha mãe... bem... é melhor ser pisoteado por uma manada de elefantes do que enfrentá-la. Pode se sentar. – Jason riu desacreditado e se sentou em um dos lados da cama.

 – Pelo que você diz dela, parece ser uma mulher difícil – comentou me olhando tirar os coturnos.

 – Não faz ideia – sentei-me ao seu lado e suspirei. – Não tem muitas coisas para fazer... Tem alguma ideia?

 – Que tal isso? – ele me beijou e eu correspondi aprofundando o beijo, Jason se deitou sobre ­mim e apertou com sua mão uma das minhas coxas, enfiei meus dedos em seus cabelos negros e me arrepiei quando senti sua outra mão entrar por dentro da minha blusa e espalmar-se em minhas costas, desci meus dedos para seus braços, os arranhando de leve e ouvindo-o gemer baixinho.

 Giramos na cama, invertendo as posições, encaixei as pernas uma de cada lado de sua cintura e distribuí beijos em seu pescoço enquanto ele erguia minha blusa para tirá-la, eu o ajudei e logo o ele mesmo tirou sua camiseta. Joguei meus cabelos para um lado e nós voltamos a nos beijar, ele levou suas mãos para os botões do meu short.

 Eu sabia exatamente onde tudo aquilo iria dar, e não tinha a menor intenção em parar.

 Pelo menos pretendia que aquilo continuasse, se não fosse pelo som da porta do andar de baixo sendo aberta e em seguida fechada.

 – Droga. Droga. Droga! – exclamei saindo de cima de Jason enquanto o mesmo se levantava e vestia sua camiseta. – Você tem que sair daqui – sussurrei e então ouvimos uma batida na porta. Toc, toc, toc. Torci com todas as minhas forças para que a porta estivesse trancada, mesmo que eu não o tivesse feito. E então ouvi um click.

 – Filha? – era a mamãe, e ela tentou girar a maçaneta, mas a porta não se abriu. – Porque a porta está trancada Jennifer?

 – Você a trancou quando entramos? – Jason indagou murmurando.

 – Não sei. – falei no mesmo tom. – Só um pouquinho, mãe! Estou trocando de roupa. – gritei em resposta. – Sai daqui, rápido.

 Jason me deu um selinho rápido e abrindo a janela saiu pela mesma, espero que ele consiga descer sem cair. Tirei meu short e peguei um vestido florido que estava pendurado no cabide ao lado do closet e o vesti rapidamente, logo destrancando a porta enquanto arrumava os cabelos da melhor maneira possível, então a abri, tendo uma visão de uma mulher parecida comigo e de braços cruzados.

 – De quem é aquele carro lá fora? – exigiu saber. Caralho, havia me esquecido desse detalhe.

 – Vou saber – dei de ombros. – Deve ser de algum amigo da vizinha que estacionou aqui na nossa casa – menti da melhor maneira despreocupada que podia. – Aliás, pensei que você estaria em turno integral hoje...

 – Mudança de planos, só seu pai precisou ficar – ela passou os olhos pelos meu quarto e me olhou desconfiada. – Vou lá preparar algo para nós, dessa daqui a pouco.

 Sorri amavelmente e fechei a porta aliviada. Olhei pela janela e a Ferrari de Jason não estava mais lá. Ótimo. Me escorei na parede e suspirei, cara, que sufoco. Pendi minha cabeça pro lado e avistei o livro sobre Bruxas saindo pela metade na minha bolsa, resolvi pegá-lo e me sentei no pequeno colchão embaixo da minha janela, que ficava em cima de um suporte de madeira branca, era tipo um sofá. Ajeitei as almofadas coloridas e olhei primeiramente para a capa do livro. O título estava novamente na minha língua. Eu o abri novamente na mesma página de antes e lá estava: permanentemente em inglês depois do embaralho de letras que ocorrera hoje na biblioteca. Isso era muito louco e no fundo eu estava torcendo para que fosse realidade e não coisa da minha cabeça.



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