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História Lado Negro - Dúvidas sobre dúvidas


Escrita por: Semideus4

Capítulo 7 - Dúvidas sobre dúvidas


Nathan Miller

Já eram quase 15 horas, eu estava com a minha moto indo para a casa da Ally, e enquanto acelerava entre os vários carros não parava de pensar nela, não que estivesse apaixonada mas ela era diferente, não era como todas as garotas, ela era diferente, como alguém pode se sentir desse modo por alguém que mau conhece? Sem falar que foram anos de caça para quando eu finalmente encontro quem procurava me sinto desse modo, eu devia nesse momento ter um plano diabólico contra ela. Revirei os olhos com meus próprios pensamentos. Tudo bem, ela pode ser linda e como eu disse, diferente, mas é irritante, e é nisso que tenho de pensar.

Estacionei a moto em frente a casa dela, desci e apertei a campainha, logo a porta foi aberta e ela estava lá, me deu espaço para que eu passasse e quando ela fechou a porta escutei um suspiro, a segui até a sala de estar. Nós dois estávamos em silêncio e ela me olhava meio sem jeito. Eu sorri debochado.

– Você não vai falar nada? – perguntei erguendo as sobrancelhas.

 – Vamos ensaiar? – disse ela pegando o script em cima da mesinha da sala.

– Seus pais não estão em casa? – eu sabia que ela não tinha pais e que morava com um tal de Peter, vi isso mais cedo na ficha dela.

– Na verdade moro com meu tio, Peter, e ele está trabalhando – disse ela rapidamente e desviou os olhos de mim. Devia ser difícil não conhecer os próprios pais.

– Então estamos sozinhos? – sorri com malícia só para provoca-la.

– Idiota – revirou os olhos me entregando um papel. – Se vamos fazer isso você poderia evitar me irritar por favor?

– Só se você sair comigo – disse sério.

– Pare com essas brincadeirinhas!

– Eu estou falando sério, se você sair comigo, eu talvez pare de irritar você, mas não prometo nada porque é engraçado quando você fica toda estressadinha... – eu sorri.

– Não vou sair com você e não pode me obrigar – disse me cutucando no peito.

– Eu não duvidaria disso – me inclinei ficando cara a cara com ela e enrolei uma mecha de seu cabelo loiro no meu dedo, Allyson olhou para meus lábios e depois voltou a olhar para meus olhos, mordeu o lábio inferior nervosa e eu dei um pequeno sorriso com isso, me afastei dela. – Quer começar?

– Aham. – Ela pigarreou e se ajeito na minha frente em uma distância que ela deve ter achado segura.

– “Se minha mão profana o relicário em remissão aceito a penitência: meu lábio, peregrino solitário, demonstrará, com sobra, reverência.” – li no papel em minhas mãos.

– “Ofendeis vossa mão, bom peregrino, que se mostrou devota e reverente. Nas mãos dos santos pega o paladino. Esse é o beijo mais santo e conveniente.” – ela realmente sabia atuar.

– “Os santos e os devotos não têm boca?”

– “Sim, peregrino, só para orações”.

 – “Deixai, então, ó santa! que esta boca mostre o caminho certo aos corações”.

– “Sem se mexer, o santo exalça o voto”.

– “Então fica quietinha: eis o devoto. Em tua boca me limpo dos pecados”. – ergui uma sobrancelha para ela.

– Nem pense nisso, não vamos nos beijar – protestou ela.

– Mas não seremos nós, será Romeu e Julieta. – Eu ri quando ela me fuzilou com o olhar.

– Engraçadinho, e vamos pular essa parte direto para as últimas três falas da nossa cena – cruzou os braços e voltou a olhar o papel. – “Que passaram, assim, para meus lábios”.

– “Pecados meus? Oh! Quero-os retornados. Devolve-mos”.

– Só em sonhos, caro Romeu.

– Julieta não fala isso.

– Não, mas a Allyson falaria.

– Como vós sois teimosa. – Disse dramaticamente.

– Ó cavalheiro, se não me aguentas pode se retirar...

– Nunca minha jovem, estou com fome, o que me ofereces de alimento?

– Aceitas batatas em troca de feijões?

– Só se for batata-frita – nós nos olhamos sério e começamos a rir. 

 

Depois de mais alguns ensaios fomos comer, fizemos sanduíches e nos sentamos na mesa redonda, Ally estava de frente para mim, conversamos pouco mas ela parecia mais a vontade e ao invés de me chamar de idiota quando falava coisas bestas ela apenas ria ou dava alguns sorrisos. E eu por algum tempo consegui esquecer completamente de quem eu realmente era e do que eu tinha de fazer, até esses pensamentos me ocorrerem, mas logo os mandei para longe, ainda mais quando uma voz invadiu o ambiente.

– Quem é este? – olhei para trás e vi um homem loiro e alto parado ali, me olhando com desconfiança.

– É o Nathan, eu disse para você que ele viria aqui – ela advertia aquele homem apenas com o olhar.

– É, ta – ele resmungou e veio até nós, estendo a mão para mim e eu a apertei. – Sou o Peter, responsável por ela – ele me lançou um olhar ameaçador, aquilo não me deixou com medo nem nada mas acho que qualquer outro garoto já teria saído correndo.

– Certo – disse Ally se levantando. – Já está na sua hora, não está?

– Na verdade... – ela me pegou pela mão e me puxou para a porta de entrada da casa antes que eu pudesse falar mais alguma coisa para provoca-la. – Credo, quanta violência.

– Olha só, me desculpe pelo Peter, mas ele é muito protetor por causa da história toda...

– Que história? 

– Só me desculpa – ela pareceu ficar abalada com a minha pergunta, como se lembranças ruins viessem. – Em fim, melhor você ir, nos vemos na escola. – Por fim abriu a porta, e assim que saí a fechou.

Peguei minha moto e fui para meu apartamento, chegando lá estranhei o fato de que a porta estava destrancada, pois eu tinha certeza que a havia trancado. Entrei com cautela e apurei os ouvidos para qualquer barulho, na sala de estar não havia ninguém e nem na cozinha, então fui para meu quarto e o encontrei lá olhando pela janela quem menos esperava.

– É crime invadir a casa das pessoas sabia? – cruzei os braços, ele virou com um sorriso no rosto.

– Desde quando você liga, Nate? – Jason e eu fizemos um comprimento e nos abraçamos, ele era o único que me chamava pelo apelido. – Adorei o cafofo.

– O que você ta fazendo aqui? – ergui as sobrancelhas.

– Cá entre nós, deixei minha protegida quase morrer – ele se sentou na ponta da cama de lençóis de seda azul marinho e suspirou consternado. – Não sou mais um anjo da guarda.

– Sorte dos humanos – brinquei e sentei ao seu lado fitando a parede branca a minha frente, que continha algumas prateleiras e uma TV de plasma. – E agora?

– Tirei férias e adivinha? Vou morar com você! Nem se preocupe, eu durmo no sofá – ele deu de ombros. – Fiquei sabendo que está em uma escola, muitas meninas gatas? Alguma para me apresentar?

– Tenho outros problemas para me preocupar do que só garotas...

– Mas sempre tem espaço para as garotas – ele disse como se fosse um absurdo o que eu acabara de dizer.

– Só que o problema está na garota... – ele já estava abrindo seu sorriso malicioso quando eu o repreendi com o olhar. – Achei a Angnel.

– Sério? Mas isso não é bom? - perguntou confuso.

– Claro que não! Eu não consigo me ver a entregando para os arcanjos, porque eu sei o que seu futuro reserva...

– Isso realmente é um  problema – ele ficou em silêncio por uma fração de segundo antes de se levantar bruscamente e me olhou incrédulo, seus olhos azuis se estreitaram. – Não vai dizer que está apaixonado?!

– Não estou apaixonado! – aquilo parecia até ridículo. – Só que ela não é o que eu esperava, ela é diferente para alguém que é filho dos traidores.

Jason me lançou um olhar de consolo. Ele sempre fora meu melhor amigo, é o único em  quem eu confio, isso pode até parecer meio gay, mas o cara é foda e se tem alguém com quem posso contar para resolver meus problemas é ele. Me levantei, peguei uma jaqueta dentro do closet, a vesti e olhei para o cara parado ali me encarando meio atônito.

– Quer se divertir ou não? Vai rolar uma festa na praia hoje a noite. Garotas de biquíni...

– Festa? Praia? Garotas de biquíni? – ele pareceu gostar da ideia.

– Você tem uma moto ou carro? Porque não vou deixar você ir na minha garupa me agarrando na cintura – nós dois rimos.

– Relaxa brô, te dou carona na minha Ferrari – ele girou as chaves que tirara do bolso da calça e as girou no dedo indicador com um sorriso convencido.



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