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História Lados opostos - Sobre se apaixonar pela pessoa errada...


Escrita por: LaurinahJane

Notas do Autor


Boa noite lovers...capítulo sagrado de todo domingo. Acho que nem tudo são flores quando se está apaixonado por uma traficante...acho que Selena vai começar a cair na real!! :(

Preparados (as) para ver Demi divando no MTV Video Music Awards hoje?! Eu estou mega empolgada, pois além dela terão minhas lindinhas do Fifth Harmony, então a noite promete!!

Capítulo 12 - Sobre se apaixonar pela pessoa errada...


Fanfic / Fanfiction Lados opostos - Sobre se apaixonar pela pessoa errada...

 

POV SELENA...

 Era domingo de manhã...aquele dia em que estava acostumada a acordar depois das dez, tomar um belo café da manhã e depois ir para o clube, ou mesmo pegar uma praia com Camila ou Justin. Justin...ele já havia me ligado inúmeras vezes e mandado várias mensagens, respondi algumas dizendo que estava com Camila fazendo um programa de amigas e depois simplesmente ignorei o resto, até que ele cansou. Era domingo de manhã e eu acordei em pleno Complexo...o sol amanheceu lindo, tínhamos ficado até quase seis da manhã namorando na varanda, vimos ele nascer e depois entramos para pelo menos cochilar. Não que Demi fosse um bicho que dormia, ela simplesmente não dormia, mas eu precisava pelo menos de algumas horinhas de sono.

Quando me dei conta já eram quase nove, e só acordei porque ouvi a voz estridente de Camila em algum cômodo da casa. Ela e Lauren discutiam sobre alguma coisa relativa a ovos cozidos, e Demi assistia a tudo, caindo na gargalhada.

- Cara, vocês pobres tem uma mania estranha de comer ovo em tudo...pão com ovo, misto com ovo, ovo mole com café, ovo com ovo!! Pelo amor de Deus, vamos mudar esse cardápio quando eu estiver aqui!! Reclamava Camila, enquanto Lauren, para variar, fritava um ovo.

- Camila acho bom você começar a se acostumar...Lauren é doente por ovo no meio de tudo!! No café da manhã, no almoço, no lanche da tarde, na janta...ela combina ovo até com sexo se deixar. Dizia Demi, rindo da briga das duas.

- Pois vamos mudar isso a partir de agora!! Se eu ameaçar vir aqui e tiver ovo eu volto pra minha casa, ouviu dona Lauren?! Resmungou Camila, que mesmo reclamando, já estava com seu “pão com ovo” na mesa, esperando que Lauren trouxesse o café. Fui até onde Demi estava sentada e dei-lhe um selinho de bom dia, sentando-me ao seu lado. A mesa era farta, com pães, bolo de milho, queijo, torradas, café, leite, suco, além, é claro, dos ovos de Lauren.

- Vocês tem tudo isso em casa sempre para o café da manhã?! Perguntei pela quantidade, e não pela variedade.

- “Nois” é pobre mais “nois” come bem patricinha!! Disse Lauren, rindo da forma como falava.

- Na verdade a gente não come esse monte de coisa todo dia não, temos preguiça de ir na padaria comprar, ai normalmente é pão com café ou leite, depende do dia; mas a mãe de Lauren, sabendo que você ia dormir aqui, fez questão de vir e trazer tudo isso. Disse Demi, olhando para mim.

- Quer dizer que a sogra postiça já tá te enchendo o bucho, pra te prender pela barriga amiga?! Disse Camila, aproveitando para me zoar. Como eu não perderia a oportunidade, dei uma zoada nela também.

- Já que a mãe postiça de Demi é a mãe de Lauren, então será sua sogra também né amiga?! Porque eu assumi que peguei a marrenta, agora você parece que se faz de besta né. Disse olhando diretamente para ela e Lauren, que coraram.

- Não foi nada além de um beijo, nada mais. Somos só amigas. Antecipou-se Camila, deixando Lauren com uma carinha de desapontada. A sensação era de que tinha rolado muito mais que um beijo, mas Camila não iria admitir, preferia bater na tecla de algo casual e sem importância. Na dúvida, eu e Demi preferimos mudar de assunto, já que parecia ter incomodado Lauren o fato de Camila não assumir que tinham ficado juntas. Logo começamos a falar do nascer do sol, da vista linda que o Complexo tinha e outras amenidades, Demi começou a me contar sobre a formação da comunidade, a questão das lideranças comunitárias e outras coisas relativas ao local, coisas que me interessaram muito, pois eu nunca tinha me tocado que cada lugarzinho do Rio de Janeiro tinha uma história de formação, de lutas e reivindicação por melhores condições de vida.

Depois do café fomos dar uma volta pela comunidade, e tamanha foi minha surpresa ao ver como as pessoas eram receptivas, cada cantinho que entrávamos alguém oferecia um café, convidava para entrar, ou mesmo cumprimentava Demi e Lauren nas pequenas vielas. Enquanto Camila e Demi iam na frente brincando de chutar uma o pé da outra, parecendo duas crianças, Lauren ia mais atrás comigo, me explicando que o morro tinha passado por uma transformação desde que Demi havia assumido o “movimento”; de um lugar dominado pelo medo e pela pobreza, ela tinha optado por ampliar a formação comunitária das pessoas, interagindo com eles nas associações, levando cursos para os espaços coletivos e principalmente investindo uma parte da grana do tráfico na reforma tanto da escola como da unidade de saúde do local. Aquilo me intrigava.

- Porque essa mudança de olhar para o morro Lauren?! Traficantes não são bons, não visam à melhoria da qualidade de vida da população, traficantes visam grana e nada mais. Perguntei surpresa com as coisas que ela ia me falando.

- Demi, ao contrário da maioria dos traficantes que ficam pouco tempo no poder e logo são mortos, tem um olhar mais amplo sobre a comunidade. Ela sempre diz que o exército dela é formado não só pelos vapores, gerentes e fogueteiros da boca, mas principalmente pelas pessoas de bem da comunidade. Quando você investe, o menos que seja nessas pessoas, elas passam a te ver como parte da vida delas, e não como um inimigo. Então como o Estado esqueceu que no morro moram pessoas de bem, ele não chega aqui...não temos escolas de qualidade, saúde, habitação...aqui então quem faz o papel do Estado é o “estado paralelo”, somos nós, os traficantes da comunidade. Ao invés de subjugar as pessoas, escolhemos investir nelas, melhorar a vida delas de alguma forma, dando o básico para um vida mais digna. Assim Demi gastou um pouco do dinheiro do tráfico reformando as duas escolas e a unidade básica de saúde, montando aquele postinho de emergência, que nós usamos, mas que em qualquer emergência também é usado pela comunidade e na reforma de algumas praças e quadras.

- Vocês conseguem ver resultado prático nisso?! Perguntei intrigada. Lauren me olhou sorrindo e apontou para Demi, que estava na porta de uma senhora idosa, tomando a benção antes de seguir até a parte mais alta da favela.

- O resultado prático está na sua frente...Demi está viva. Das últimas duas invasões que sofremos no morro tivemos certeza que alguém do nosso grupo nos traiu, entregando o esconderijo onde eu e ela estávamos. Sabe quem nos acolheu e nos escondeu por dias, até que a polícia desistisse e descesse o morro?! Perguntou já sabendo que eu havia entendido.

- A comunidade...

- Exatamente isso Selena!! A comunidade nos acolheu, aquela senhora ali, que tem mais de setenta anos, nos escondeu e ainda peitou os gambés, impedindo que eles chegassem até a gente. Se essa comunidade não fosse nossa aliada eu e Demi teríamos sido mortas aqui em cima mesmo; a policia não tem interesse em nos prender, querem a gente morta. Então, se não tivermos a comunidade do nosso lado, não temos nada. Disse, indo em direção ao mirante do Complexo, local mais alto da favela.

Eu acabara de ter uma aula sobre ciência política e organização comunitária, estava assustada e deslumbrada ao mesmo tempo. Demi me assustava e me deslumbrava ao mesmo tempo...as vezes parecia tão fria, calculista, em outros momentos parecia a pessoa mais calma, afetuosa e apaixonante do mundo. A interação dela com as pessoas na rua me deixava confusa...conhecia cada morador pelo nome, perguntava pelas crianças, entrava, fazia uma graça, tomava um café. Eu não sabia se aquela Demi era real ou estratégica, mas ela era brilhante. Logo chegamos no ponto mais alto da comunidade e de lá pude ver todo o Rio de Janeiro, era lindo!! Demi me levou até a beira de um penhasco e sentou, me convidando a sentar do seu lado. Afastadas, Lauren e Camila conversavam com algumas senhoras.

- Aqui para mim é o lugar mais triste de todo o complexo. Disse ela, pensativa.

- Por quê?! Perguntei com medo da resposta.

- Historicamente aqui é o lugar dos julgamentos e das condenações daqueles que aprontam na comunidade...quem rouba na favela, quem é X9 e entrega os parceiros, quem usa drogas e não paga. A comunidade tem suas próprias leis, e se as pessoas aprontam elas são julgadas e condenadas aqui mesmo. Apontou para a ribanceira.

- Mas pelo que percebi até agora você é a lei aqui Demi. Então sua palavra é a palavra final que define vida ou morte das pessoas?! Perguntei assustada.

- Às vezes sim...eu não me sinto bem definindo quem vive e quem morre, meu pai morreu aqui nas mãos de outro traficante; eu ainda era pequena, mas a mãe de Lauren me conta essa história sempre com lágrimas nos olhos. Ela fala que ele era um viciado e começou a roubar para manter o vício, até que foi pego, julgado e condenado pelo traficante que era chefe na época. Pra fugir disso acabei criando um “conselho”, que na maior parte dos casos define o que fazer. Eu só entro na história se o conselho não entra em um consenso, ou se o caso for passível de dúvida. Normalmente corro disso, deixo para os mais sanguinários do grupo, como Louis, Cyrus, Emily e Niall.

- Mas você já matou pessoas não é mesmo?! Perguntei sabendo a resposta, mas queria ouvir dela.

- Sim, matei. Matei dois vagabundos que armaram pra minha cabeça, querendo me tomar a boca, mas ou eu matava ou morria. E matei uma filha da puta que fez mal a Dinah e Ally quando elas eram mais novas...essa foi com vontade, com desejo. Fora esses três eu até acertei uns tiros em algumas pessoas, mas acho que não morreram; mas já decidi pela morte de algumas pessoas aqui nesse “tribunal”. Disse me olhando, meio que esperando minha reação. Eu não sabia se caia na real que estava começando uma história com alguém que tinha crimes gravíssimos nas costas ou se continuava vivendo meu conto de fadas da mocinha e do plebeu...minha cabeça começava a dar um nó.

- Acho que eu e Camila precisamos descer, já esta na hora, mais cedo ou mais tarde nossas famílias vão começar a desconfiar desse nosso sumiço desde ontem. Disse interrompendo bruscamente nossa conversa. Demetria percebeu que aquela conversa tinha me deixado em parafusos, e não se opôs a irmos embora. Camila não entendeu muito bem, mas ainda assim quando voltamos para a casa de Demi e nos arrumamos rapidamente para descer, ela sacou que algo não estava bem, afinal me despedi de forma fria, quase mecânica das meninas, e na hora em que Demi nos levou até meu carro foi bem enfática...

- Acho que você não vai voltar não é mesmo?! Perguntou escorada na janela do carro, olhando em meus olhos.

- Não sei...não consigo te responder isso Demi. Disse sendo sincera, eu não conseguia definir o que sentia dentro de mim...um misto de vontade de tê-la para mim, mas ao mesmo tempo um sentimento de repugnância por saber que ela havia tirado a vida de pessoas por conta de desavenças, disputas...talvez eu realmente nunca mais voltasse, talvez a minha vida pacata, segura e morna fosse o melhor a seguir!!



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