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História Lados opostos - Roupa humilde, pele escura, rosto abatido pela vida dura...


Escrita por: LaurinahJane

Notas do Autor


Então...esse capítulo é baseado em duas músicas de hip-hop brasileiras que eu acho phodas...uma é do Expressão Ativa e a outra do Racionais Mcs. Espero que gostem, ficou triste, mas bem real, de acordo com a proposta da fiction. Apareçam e digam o que acharam!!! Bjs no coração

Capítulo 15 - Roupa humilde, pele escura, rosto abatido pela vida dura...


Fanfic / Fanfiction Lados opostos - Roupa humilde, pele escura, rosto abatido pela vida dura...

“...2 de Novembro era finados, eu parei em frente ao São Luís, do outro lado; e durante uma meia hora olhei um por um e o que todas as senhoras tinham em comum: a roupa humilde, a pele escura, o rosto abatido pela vida dura, colocando flores sobre a sepultura...podia ser a minha mãe, que loucura!” – Fórmula Mágica da Paz - Racionais Mcs

POV DEMI...

A vida segue o sentido a caminho da morte, eu sei, mas não me acostumei em ver pessoas, muito menos crianças dentro de um caixão...lágrimas e dores dentro de um coração de mãe. Não me importa como esta o tempo, dia de luto é muito sofrimento pra quem fica, e nesse momento a família de uma criança de nove anos é quem ficará com essa dor. Quando Dinah ligou no meio da madrugada eu sabia o que ela diria, já esperava por aquela notícia, mas ainda assim, bem no fundo do meu coração, eu esperava um milagre, esperava que, por ajuda divina, Pedrinho fosse sair daquela situação. Quando atendi ela simplesmente chorava do outro lado da linha, e eu só soube dizer que cuidaria de tudo, para que ela cuidasse apenas do bem estar da família dele...desliguei correndo, precisava chorar, chorar muito, chorar até evaporar, e foi o que fiz até o dia amanhecer. Selena, que estava ao meu lado e despertou assim que o telefone tocou, me amparou e me deu seu ombro o tempo que precisei, ela sabia que eu só podia chorar ali junto a ela, e que depois eu teria que voltar a ser forte e imbatível, precisaria proteger o resto do meu povo. Eram nos momentos de fraqueza dos líderes que as favelas eram invadidas, e eu não deixaria isso acontecer...

Eu sei que uma palavra de lamento não pode amenizar esse momento triste... quem deixou de existir nunca mais vai chorar ou muito menos sorrir, e quem fica sabe disso, sabe que nada vai trazer a pessoa que amava de volta. Eu queria poder estar no lugar dele, queria e trocaria de lugar com ele se me fosse permitido, mas infelizmente não tenho esse poder de decisão. Eu preferia não ter descido o morro para acompanhar o sepultamento do meu menino, do meu moleque favorito soltador de pipas...mas Selena insistiu, disse que eu precisava estar junto à família de Pedrinho, mesmo que me sentindo a pessoa mais culpada do mundo por sua morte tão prematura. O céu escuro sustentava um temporal que parecia vir a qualquer momento, e eu me sentia escura e cheia de trevas no coração...era como se um misto de culpa e desejo de vingança se apossasse de mim enquanto carregava o caixãozinho branco do meu pequeno...sim, ao contrário do que eu sentia, a família de Pedrinho me via como uma boa pessoa, uma pessoa que o moleque adorava, quase idolatrava, e me deram a incumbência de ajudar a carregar seu pequeno caixãozinho, o que me fez sentir como se eu estivesse enterrando meu próprio filho, o que acentuou ainda mais a minha dor e escureceu ainda mais minha alma.

Enquanto Louis, Cyrus, Emily e Niall faziam a segurança do cemitério junto aos outros meninos, Dinah, Ally e Normani ficaram com a incumbência de cuidar da família de Pedrinho, que estava devastada...era mais uma dessas famílias chefiadas por mulheres, onde sua mãe e sua avó eram responsáveis pela casa, pela educação e estrutura familiar das crianças, como a maioria das famílias da favela. Pai ausente, várias crianças para cuidar, mas cada um tinha um amor, um cuidado especial das duas, que trabalhavam de sol a sol para que não faltasse nada na casa...Pedrinho era um dos mais novos, e um dos mais carismáticos também. Passava da escola gritando meu nome no portão e os meninos que faziam minha segurança já sabiam que podiam deixar ele entrar portão adentro...era hora dele me mostrar seus Pokemons, suas pipas novas, catar meus biscoitos de chocolate...eu me divertia com a paixão que ele tinha por mim, era meu mascotinho.

Se meus companheiros eram responsáveis pela segurança e Lauren, Dinah e Ally pela família de Pedrinho, Selena ficara com a parte mais difícil, me fazer segurar a dor daquele momento e não desmoronar...e ela fez seu papel de forma assustadoramente perfeita, não saindo um único minuto do meu lado, parecendo minhas verdadeira guarda costas...minha verdadeira primeira dama. Às vezes buscava água ou algo para eu me alimentar, às vezes sentava-se ao meu lado e acariciava meu rosto, meus cabelos, outras vezes simplesmente me olhava à distância, mas nunca, nunca mesmo me perdia de vista. Quando Perrie chegou ao cemitério e eu cheguei a achar que precisaria intervir para que ela não atacasse a integridade de Selena foi o momento em que mais me surpreendi; Lauren foi em sua direção e a impediu de vir até mim, e Selena simplesmente saiu de onde estava e foi em minha direção, sentando-se ao meu lado e juntando nossas mãos, em uma clara demonstração não só para Perrie, mas como para toda a comunidade que estava em peso ali, que ela era a nova dona do meu coração, e que não deixaria que qualquer uma ameaçasse seu reinado. Deu-me um rápido selinho e logo depois olhou na direção de Perrie, que entendeu o recado e se afastou da capela onde o velório acontecia, ficando somente à distância.

Passava um pouco das quatro da tarde quando o sepultamento aconteceu...os familiares assim como todos da comunidade choravam demais, e o sino da capela tocou para fechar o caixão, um pastor fez uma última oração. Pela primeira vez não me segurei e chorei em frente a toda a minha comunidade...mesmo sabendo que naquele pequeno corpinho não havia mais vida, o sentimento de perda bateu na hora da partida do meu menino, um aperto no peito que eu não pude segurar e que se transbordou em lágrimas, que só foram contidas quando Selena me abraçou e disse baixinho em meu ouvido que estaria comigo até o fim...foi quando sequei as lágrimas e prometi a mim mesma e ao meu pequeno Pedro que vingaria a morte dele...mesmo que fosse a última coisa que fizesse em minha vida. Sairia dali e iria mudar aquele jogo, por Pedrinho, pela comunidade!!

 

 

POV SELENA...

Eram quase cinco da tarde quando retornei com Demi e o grupo das meninas até a comunidade. O dia tinha sido triste e intenso como eu nunca havia vivido nada igual...já havia perdido pessoas queridas próximas, mas nada se comparava a intensidade de enterrar uma criança de uma comunidade tão carente e unida. O cemitério parecia um mar de pessoas...um mar de pessoas que se solidarizavam com a dor da família de Pedrinho. Eu havia prometido a Demi que ficaria com ela, entendia que ela precisava estar junto à família do menino, e que eu estaria com ela para o que desse e viesse, mas era muito mais que isso, estava ali pelas pessoas, pelas famílias, pelas meninas que eu já havia aprendido a gostar e respeitar, estava ali pela comunidade. Sabe quando você percebe que está perdidamente envolvida não só com alguém, mas com todo um contexto?! Era essa a sensação que eu tinha...estava apaixonada por Demetria, já havia aceitado isso, mas também estava apaixonada pela comunidade de Demetria, pelas pessoas, por suas vidas, suas histórias, tudo que os envolvia. Eu tinha passado a semana pesquisando tudo que podia sobre saúde da família, sobre os programas implantados em comunidades carentes pelo país e estava verdadeiramente me importando com tudo que lia, que ouvia e via sobre a vida e a realidade daquelas pessoas, a ponto de pensar em me especializar em algo que pudesse fazer diferença na medicina para aquelas pessoas.

Enquanto esperava Dinah passar um café e ouvia Lauren contando a história da família de Pedrinho, todas essas coisas habitavam meus pensamentos...os afetos que me invadiam em relação a Demi, a paixão que se instalava em relação a comunidade, o desejo de levar a medicina mais pra perto daquelas pessoas tão sofridas, tão sem acesso a nada. Sabia que meus pais me matariam, esperavam que eu me especializasse em cirurgia, e de fato, era algo que eu gostava, mas uma porta parecia se abrir em minha frente, e eu me sentia apaixonada...talvez seguir meus instintos pela primeira vez seria algo que me faria feliz na medicina. Meus pais...esse era um assunto delicado...o telefone já havia tocado várias vezes desde a noite anterior quando eu saíra mentindo da casa de Justin, e eu sentia que minha mentira havia sido descoberta, pois os mesmos insistiam em falar comigo. Camila já havia me mandado mensagem dizendo que eu estava ferrada, mas simplesmente ignorei tudo que não dizia respeito à favela, me sentia parte deles naquele momento e era o mais certo a fazer, viver aquele momento com eles.

Logo todas estavam reunidas na sala da casa de Demi, conversando, tentando acalmar os corações umas das outras, contando histórias de quando ainda eram pequenas e presenciaram alguma morte, a perca de um ente querido ou mesmo falando da guerra que agora estava declarada entre as facções rivais. Tudo aquilo era novo pra mim, mas me fascinava, estar com elas me fascinava. Demi, mesmo triste e calada, participava de tudo, e sentada todo o tempo agarrada comigo, não largava minha mão um único minuto...era como se eu sempre tivesse feito parte dela, do grupo dela, do momento difícil que todas elas estavam vivendo. Começava a anoitecer quando Lauren me perguntou o que era pra fazer com meu carro, que estava estacionado na subida do morro...se deixava ele lá para que eu fosse embora naquele dia ainda, ou se pedia para um dos moradores guarda-lo mais uma vez, em sua garagem provisoriamente. Naquele momento senti todos os olhares se direcionarem a mim, e foi Dinah que tomou a iniciativa de responder por mim...

- Não sei o que Demi quer, muito menos o que Selena pensa em fazer, mas acho que seria uma boa se ela pudesse dormir por aqui hoje e só ir embora amanhã...o que acha aprendiz de Greys Anatomy?! Disse a loira, dirigindo o olhar a mim e posteriormente a Demi. Quando pensei em dizer que precisava ir embora, Demi se pronunciou...

- Tudo o que eu mais queria era que você pudesse ficar só por mais essa noite Selena. Eu sei que sua família deve estar louca atrás de você, vi que eles não param de ligar e mandar mensagens, mas se você puder ficar será a melhor coisa que poderia acontecer nesse dia tão escuro e sem sentido. Sei que estamos em guerra, mas prometo que aqui nada vai te acontecer, e amanhã bem cedo uma escolta te leva até o seu carro para que você possa ir embora. Disse me olhando de forma doce e quase chorosa, não tinha a menor chance de eu dizer não.

- Ok, eu fico, mas com a condição de todas passarem a noite aqui. Acho que dona Demetria precisa de mim e precisa de vocês também...o que acham de fazermos uns cachorros quentes e lancharmos, conversarmos mais um pouco para a hora passar e depois todo mundo ficar por aqui?! Disse sabendo que elas topariam, precisavam estar juntas naquele momento triste, queriam estar juntas, e eu me sentia feliz por ser um porto seguro não só para Demi, mas também para elas. Lauren logo se pronunciou...

- Eu só aceito se você pegar esse seu celularzão caro e chamar a patricinha da Camila pra cá, topa?!

- Fechadíssimoooo!!! Disse sorrindo e já discando o número da minha parceira de todas horas, sabia que ela estava só esperando o convite para subir o morro, viria correndo. Logo Dinah saiu para comprar os ingredientes para o cachorro quente e Ally tratou de ir para a cozinha para começar a preparar o lanche...ficaríamos ali com nossas dores, mas todas juntas como uma família...eu não podia negar, me sentia em família!! 


Notas Finais


Músicas:

- Na dor de uma lágrima - Expressão Ativa

- Fórmula Mágica da paz - Racionais Mcs

PS> Os dois capítulos estão totalmente sem correção, então desculpem os erros.


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